1Pe
1.13-22
INTRODUÇÃO
Estamos caminhando para o final de nossa jornada, e na aula
de hoje precisaremos analisar o desdobramento mais importante desde o dia em
que resolvemos andar com Cristo: manter-se ao seu lado na caminhada. Hoje
estudaremos sobre Santidade e seus desdobramentos. Veremos nesta aula a
perspectiva bíblica e teológica da santidade, seus estágios e o porquê devemos
viver em santidade.
I. A SANTIDADE À LUZ DA BÍBLIA
1. Definição do termo.
O substantivo “qodesh”, que se traduz como “santidade”,
bem como a palavra grega “hagiosyne”, significam basicamente: “estado
de separação do que é comum ou impuro; é a característica do que é consagrado
exclusivamente a Deus” (Lv 20.24-26; At 6.13; 21.28; 1Ts 3.13)
(WYCLIFFE, 2012, p. 1760 – acréscimo nosso). Segundo Jones (2015, p. 76): o
substantivo “qodesh” é usado como raiz das demais formas, incluindo a forma verbal,
“qodash”, normalmente traduzida por “ser santo”, “santificar”
ou “consagrar”. Santidade e o adjetivo santo ocorrem mais de 900 vezes
na Bíblia (TYNDALE, 2015, p. 1656), ficando clara a importância dada pelas
Escrituras a tal doutrina.
II. A NATUREZA DA SANTIDADE
A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida
santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl
3.5-10). A responsabilidade do crente quanto à santificação, é destacada pelo
escritor aos Hebreus (Hb 12.14a) (CHAMPLIN, 2002, p. 647). Sobretudo, a
necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[...] sem a santificação
ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14b). A vontade de Deus tem sido sempre de que
seus filhos reflitam seu caráter (Tt 2.14). A palavra “santo” tem os seguintes
sentidos. Notemos:
1.
Santidade é uma ordem divina.
Sendo Deus Santo exige dos seus filhos a santificação (Lv
11.44; Lv 19.1, 2; Lv 20.6; 1Pe 1.16). Santidade é o alvo e o propósito da
nossa eleição em Cristo (Ef 1.4); significa ser semelhante a Deus, ser dedicado
a Deus e viver para agradar a Deus (Rm 12. Ef 1.4; 2.10). A perfeita obra de
Deus realiza uma santidade real que conforma ao padrão de Deus (Rm 8.3-4; 1Pe
1.15-16).
2. Santidade
é separação.
A palavra descritiva da natureza divina é santidade, e seu
significado primordial é “separação” (Lv 20.24,26; Is 52.11; Ml 3.18);
portanto, a santidade representa aquilo que está em Deus, que o torna separado
de tudo quanto seja imundo ou pecaminoso. Quando Ele deseja usar uma pessoa ou
um objeto para seu serviço, ele separa essa pessoa ou objeto e em virtude dessa
separação tomam-se “santo” (2Co 6.14,15; 2Tm 2.21).
3.
Santidade é consagração.
No sentido de viver uma vida santa e justa, em conformidade
com a palavra de Deus e dedicada ao serviço divino; o cristão passa a viver em busca
da remoção de qualquer impureza que impossibilite esse serviço. Sendo assim,
Deus deu ao seu povo, a nação de Israel, o código de leis de santidade que se
acham no livro de Levítico. Entendemos então que o padrão de vida de um povo
que busca a santificação é viver uma vida de consagração (2Co 6. 16b). A
santificação é praticada e aplicada ao viver diário do crente (Pv 4.18; 2Co
3.18; 7.1; 2Pe 3.18), é a santificação vivencial (2Co 7.1; Hb 12.14).
4.
Santidade é dedicação.
Santificação inclui tanto a separação “de”,
como dedicação “a” alguma coisa; essa é a condição dos crentes ao
serem separados do pecado e do mundo e feitos participantes da natureza divina,
e consagrados à comunhão e ao serviço de Deus por meio do Mediador. Israel é
uma nação santa, por ser dedicada ao serviço de Jeová (Êx 19.6); os levitas são
santos por serem especialmente dedicados aos serviços do tabernáculo (Nm
8.6-26). A palavra “santo” quando referente aos homens ou objetos, expressa o
pensamento de que esses são usados no serviço divino e dedicados a Deus, no
sentido especial de serem sua propriedade (2Co 6. 17,18).
5.
Santidade é purificação.
Embora o sentimento primordial de “santo” seja
separação para serviço, inclui também a ideia de purificação. O caráter de Deus
age sobre tudo que lhe é consagrado. Portanto, os homens consagrados a ele participam
de Sua natureza. As coisas que lhe são dedicadas devem ser limpas e puras (2Co
7.1) Sendo assim, entendemos que pureza é uma condição de santidade (1Jo 3.3).
A santidade é a marca característica de um verdadeiro servo de Deus, tanto no
AT, pois, o caráter santo de Deus deveria ser refletido na vida de Israel (Lv
11.44; Nm 15.40), como no NT, onde nos é dito que a nossa santificação é a
vontade direta e perfeita de Deus para nós (1Ts 4.3).
III. A NECESSIDADE DE UMA VIDA SANTA
A Bíblia mostra claramente a necessidade de vivermos uma vida
santa por meio de várias exortações (Rm 13.13,14; Ef 4.17-24; Fp 4.8,9; Cl
3.5-10). No processo da santificação progressiva o homem não é de todo
passivo como na regeneração, antes, os cristãos recebem a ordem de mortificar
os desejos da carne (Rm 8.13), nesse texto, Paulo indica que é pelo Espírito
que fazemos isso, porém, diz que a atitude é nossa (Cl 3.5). A responsabilidade
do crente quanto à santificação, é destacada pelo escritor aos Hebreus (Hb
12.14a), ao usar o termo “segui”, do grego “dioko”, que
significa: “perseguir, pressionar, correr após, esforçar-se por”,
palavra usada figuradamente para indicar uma busca moral e espiritual bem
definida, tendo um alvo em vista (Champlin, 2002, p. 647). Sobretudo, a
necessidade de uma vida santa é vista ao afirmar que: “[...] sem
a santificação ninguém verá ao Senhor” (Hb 12.14b), ficando claro que
os que se moldam às paixões da carne e do mundo, tornam-se reprováveis diante
de Deus, não podendo estar em sua presença (Sl 15.1-5; 24.1-3; Mt 5.8; Gl
5.19-21; Ap 21.8; 22.14,15). A vontade de Deus tem sido sempre de que seus filhos
reflitam seu caráter (Tt 2.14), revelando sua identificação com Cristo (Rm 8.29-30;
2Co 3.18; 7.1; Gl 4.19; Ef 1.4; 2.10; 4.13; 1Ts 3.13; 4.3,7; 5.23).
IV. A ABRANGÊNCIA DA
SANTIFICAÇÃO
1. A santificação como marca de uma vida guiada pelo
Espírito.
Para um cristão cuja vida é consagrada a Deus, a divisão entre
“secular” e “sagrado”, em certo sentido não são
duas coisas diferentes. Ao viver para a glória de Deus, a vida do servo de Deus
em todos os aspectos deve ser marcada pela santidade, como exorta o apóstolo
Pedro: “[...] em toda a vossa maneira de viver”
(1Pe 1.15; ver Sl 103.1; 1Ts 5.23). Nenhum aspecto da nossa vida está excluído
desse imperativo divino, até mesmo atividades comuns, como comer e beber, devem
ser realizadas para a glória de Deus, como afirma o apóstolo Paulo: “Portanto,
quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para
glória de Deus” (1Co 10.31). Semelhantemente o apóstolo Paulo nos
encoraja a nos manter puros no corpo e no espírito (2Co 7.1; ver 1Co 7.34).
Sendo assim, nosso procedimento deve resplandecer o caráter de Deus, a
santidade daquele que nos chamou por Seu Filho para a salvação (Rm 8.29; Ef
1.4) (Lopes, 2012, p. 50 – acréscimo nosso).
V. CARACTERÍSTICAS
DE UMA VIDA SANTA
Segundo Perlman (2009, pp. 255,256 – acréscimo nosso), são
meios divinamente estabelecidos para a santificação do homem: “o sangue
de Cristo (Hb 10.10,14; 13.12; 1Jo 1.7), o Espírito Santo
(1Co 6.11; 2Ts 2.13; 1Pe 1.1,2; Rm 15.16) e a Palavra de
Deus” (Sl 119.9; Jo 17.17; 15.3; Ef 5.26; Tg 1.23-25; 1Pe 1.23), que
atuam interna e externamente. Notemos algumas características relacionadas a
uma vida santa:
1. Desprendimento (1Pe 1.13a).
Os povos do oriente usavam túnicas longas, e quando desejavam
andar mais rápido ou sem impedimento, prendiam a túnica com um cinto (Êx
12.11). A imagem é a de um homem que prende as pontas do manto a seu cinto,
ficando livre, assim, para correr. Aos que desejam viver uma vida piedosa,
devem se abster de tudo que sirva de atrapalho em sua caminhada: “[...]
deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia,
e corramos com paciência a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1),
evitando qualquer distração que impeça a sua conduta (2Tm 2.4), ocupando a
mente com o que de fato é puro (Fp 4.8).
2. Obediência e reverência (1Pe 1.14,17).
Antes da conversão a Cristo o homem por natureza, é filho da
desobediência (Ef 2.2). O apóstolo Pedro ressalta que agora, após a experiência
da salvação, não podemos mais viver nas práticas do passado que determinavam o
nosso modelo de vida (1Pe 1.14,15); “não vos amoldeis” significa
não entrar no esquema, no modelo. Originalmente, a palavra significava assumir
a forma de alguma coisa, a partir de um molde de encaixe, os cristãos são
chamados a “mudar de forma”, e a assumir o padrão de Deus (Rm
12.2), vivendo respectivamente de maneira reverente, ou seja, tendo a atitude
de quem fala cada palavra, cumpre cada ação e vive cada momento consciente de
Deus tendo consciência de que nossas atitudes serão julgadas pelo justo juiz
(Dt 10.17; Rm 2.11; 1Pe 4.17).
3. Amor sincero (1Pe 1.22).
A vida santa também tem como marca a prática do amor sincero,
e isto Pedro afirma como resultado da regeneração: “[...] amai-vos,
de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados [...]”
(1Pe 1.22,23 – ARA). Esse amor esperado é o que evidencia que passamos da morte
para a vida (1Jo 3.14), e caracteriza o verdadeiro discípulo de Jesus (Jo
13.35; ver Rm 12.9; 1Jo 3.18). O amor é a marca do cristão, pois é a evidência
mais eloquente da nossa salvação (LOPES, 2012, p. 58).
CONCLUSÃO
A Palavra de Deus, como regra de fé e prática do cristão,
descreve os princípios divinos que direcionam e guiam a vida do verdadeiro
servo de Deus, independentemente de sua cultura, status social e época. Para os
que desejam agradar a Deus, devem entender a necessidade de ter como estilo de
vida, a santidade.
REFERÊNCIAS
ü ANDRADE, Claudionor
de. Dicionário Teológico. CPAD.
ü CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
ü JONES, Landon. O
Deus de Israel: na teologia do Antigo Testamento. HAGNOS.
ü LOPES, Hernandes
dias. Comentário Expositivo 1 Pedro: Com os pés no vale e o
coração no céu. HAGNOS.
ü PEARLMAN, Myer. Conhecendo
as Doutrinas da Bíblia. VIDA.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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