Jo 10.7-18
INTRODUÇÃO
Não
são poucas as pessoas que conceituam qualidade de vida ou vida abundante como:
conforto, riquezas, saúde, longevidade, ausência de sofrimento etc. É o que
também creem e ensinam os adeptos da Teologia da Prosperidade. Contudo, nesta
lição, definiremos o verdadeiro significado do termo “vida abundante” que se
referiu Jesus em um de seus sermões. Analisaremos também os equívocos cometidos
quanto ao conceito de pobreza e riqueza, como supostos aferidores de
espiritualidade sadia; observaremos ainda em que realmente consiste a vida
abundante prometida por Cristo; e por fim, veremos quais benefícios desta vida,
para o cristão, no presente e no futuro.
I. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO: VIDA
ABUNDANTE
Para
entendermos o significado da expressão “vida abundante” examinaremos a palavra
“vida” e por conseguinte o termo “abundante”, a fim de compreendermos o que
Jesus queria dizer com esta expressão:
No
grego, há duas palavras usadas para o termo: “vida”. A primeira é
bios: que é a vida comum, não somente aos seres humanos, mas a
todos os animais (Gn 2.7;7.22). A segunda é zoeh: que significa a
vida que o pecador recebe ao nascer de novo; é a vida sobrenatural que procede
do próprio Deus (Jo 5.24; Rm 6.4). Portanto, enquanto bios é a
vida extensiva, zoeh é a vida intensiva.
O
adjetivo “abundante” que indica qual tipo de vida a que Jesus se
refere, segundo Aurélio, significa: superabundante (em quantidade) e superior
em (qualidade); já que Cristo veio redirecionar nossa atenção para valores
eternos (Mt 6.19,20). Está claro que ele não se referia a quantidade, mas a
qualidade de vida (Gl 2.20).
Diante
disso, podemos concluir que a expressão “vida abundante” diz respeito a um
nível de vida superior ao da existência. Pois a vida bios, é
terrena e passageira. Porém, a vida zoeh é espiritual e eterna.
Ela é desfrutada, parcialmente no presente (Pv 15.15), e por conseguinte
totalmente no porvir (Cl 3.4), por aqueles que nascem de novo.
II. ERROS ACERCA DA POBREZA E DA
RIQUEZA
Infelizmente,
não são poucos os equívocos cometidos por alguns cristãos quanto à visão de
pobreza e riqueza. Veremos abaixo quatro extremos, que devem ser evitados:
1.
Pobreza é sinal de piedade.
O
monasticismo (um movimento religioso surgido do Cristianismo), difundiu a ideia
de que um cristão para ser considerado piedoso, para agradar a Deus, devia
viver isolado da sociedade e renunciar a tudo o que possuía, vivendo em
pobreza. Esta visão encontra-se totalmente distorcida da Palavra de Deus, visto
que a pobreza não pode aferir o caráter de um servo de Deus. Um autêntico homem
de Deus é conhecido por sua fé e por suas obras, tal qual a árvore é conhecida
pelos seus frutos (Mt 7.17,18; Lc 6.43,44; Gl 5.22).
2.
Pobreza é sinal de pecado.
Como
podemos ver, este pensamento é antagônico ao primeiro. Se pobreza não pode ser
evidência de uma vida piedosa, tampouco de uma vida de pecado. Estaria
porventura em pecado o mendigo Lázaro que morreu e foi ao Seio de Abraão? (Lc
16.20-22); ou estaria debaixo de maldição o apóstolo Paulo que passou fome,
frio e nudez? (II Co 11:27); teria o Filho de Deus pecado por ter preferido ser
pobre para que pudesse enriquecer a outros? (II Co 8:9). É evidente que não.
3.
Riqueza é sinal de comunhão.
Este
é um pensamento defendido pela Teologia da Prosperidade. No entanto, é um ponto
de vista totalmente contrário ao Cristianismo, que ensina a prioridade pelas
coisas que são do céu (Mt 6.33); que condena veementemente a riqueza mal
adquirida (I Co 6.10) e a avareza, que é idolatria (Cl 3.5).
4.
Riqueza é sinal de pecado.
Se
não encontramos base bíblica para a Teologia da Prosperidade, também não
encontraremos para a Teologia da Miséria, que procura demonizar (atribuir
características demoníacas) a posse de bens materiais. Não esqueçamos de Jó, um
homem riquíssimo de bens materiais, e que era justo (Jó 1.1); ou de Abraão, o
pai da fé, que de igual modo era possuidor de grandes riquezas (Gn 13.5,6). Na
verdade, os que defendem essa ideia tropeçam numa declaração paulina, citando-a
de forma equivocada, como por exemplo: “o dinheiro é a raiz de todos os males”,
quando na verdade o apóstolo disse assim: “o amor ao dinheiro é a raiz de todos
os males” (I Tm 6.10). A idolatria não está nas coisas ou pessoas, mas no
sentimento que devotamos a elas.
III. EM QUE CONSISTE A VIDA ABUNDANTE
Existe
uma compreensão humana errônea acerca de vida abundante. Muitos acreditam que
ela está baseada em uma vida de conforto, riquezas, saúde, longevidade,
ausência de sofrimento. Assim também pensam e ensinam os seguidores da Teologia
da Prosperidade. Mas, será isso mesmo o que alude Jesus quando disse: “Eu
vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10.10b).
Vejamos detalhadamente em que esta vida consiste:
1.
A vida abundante consiste em qualidade de vida.
A
vida abundante prometida por Jesus, não se caracteriza em conforto, riquezas,
posse de bens, como ensinam os Teólogos da Prosperidade. Se assim o fosse, os
ricos deste mundo já a possuíam. Também não significa vida longa. Na verdade,
esta expressão diz respeito a qualidade de vida (Rm 6.4;7.6), que é oriunda de
Cristo - a fonte (Jo 4.14; Jo 14.6; Ap 21.6).
2.
A vida abundante consiste em vida espiritual.
No
Éden, o homem desfrutava da vida abundante dada por Deus. Mas, apesar de ser
advertido que se pecasse morreria, o homem transgrediu e foi afastado da
presença de Deus (Gn 2.16,17; Rm 3.23). Em Adão morremos espiritualmente (Rm
5.12). Todavia, quando o pecador aceita a Cristo como Salvador, a vida
espiritual outrora perdida, é restituída (Ef 2.1,5; Cl 2.13). Quando este nasce
de novo, pela Palavra e pelo Espírito (I Pe 1.23; Tt 3.5).
3.
A vida abundante consiste em vida eterna.
A
vida que Cristo trouxe ao homem foi a vida eterna. Esta é experimentada
parcialmente no presente (Jo 3.15,36; I Jo 5.11-13) e completamente no porvir
(Lc 18.30; Rm 6.22; Gl 6.8), quando no arrebatamento da Igreja o nosso corpo
mortal se revestirá de imortalidade e a nossa corrupção será revestida pela
incorruptibilidade. Então, tragada será a morte na vitória. Aleluia! (I Co
15.52-54).
IV. BENEFÍCIOS DA VIDA ABUNDANTE
A
vida abundante ou vida eterna por meio de Cristo, inclui todas as condições,
todos os efeitos e operações do Espírito Santo sobre o homem, tanto no aspecto
presente quanto no futuro. Vejamos alguns benefícios oriundos desta vida:
1. No presente
- Justificação: Processo judicial que se dá junto ao Tribunal de Deus, através do qual o pecador que aceita a Cristo é declarado justo. “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1);
- Regeneração: Milagre que se dá na vida de quem aceita a Cristo, tornando-o participante da vida e da natureza divina. Através da qual o homem passa a desfrutar de uma nova realidade espiritual. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (II Co 5.17);
- Santificação: É a forma pela qual o nascido de novo é aperfeiçoado à semelhança do Pai Celeste, por meio do sangue de Cristo, da Palavra e do Espírito Santo. “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (I Co 6.11).
2. No futuro
- Glorificação: No plano da salvação, a glorificação é a etapa final a ser atingida por aquele que recebe a Cristo como Salvador e Senhor de sua alma. A glória de Cristo será partilhada plenamente com seus santos no arrebatamento da igreja. “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3.20,21).
CONCLUSÃO
Como
vimos, os Teólogos da Prosperidade afirmam que o cristão não pode ser pobre,
nem deve passar privações, sofrimentos e enfermidades, porque Jesus veio trazer
vida abundante. Infelizmente, esta visão deturpada tem sido largamente
difundida no meio evangélico, através de livros, da mídia televisiva, rádios
etc. No entanto, como vimos, o verdadeiro sentido de vida abundante ultrapassa
esse falso conceito, pois diz respeito a qualidade de vida pela regeneração; a
vida espiritual de comunhão com Deus; e por fim, a vida eterna, como coroa da
justiça prometida aos fiéis que amam a vinda de Cristo (Ap 2.10; II Tm 4.8).
REFERÊNCIAS
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário
Vine. CPAD.
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø BOYER, Orlando. Pequena
Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø BÍBLIA de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário