Mt 6.25-31
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos a definição da palavra “provisão”; falaremos sobre os
propósitos da provisão de Deus na vida dos seus servos; pontuaremos o alcance
da provisão de Deus no meio do seu povo; e por fim, estudaremos as promessas de
provisão de Deus em Mateus capítulo 6.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PROVISÃO
1.
Definição do termo provisão.
O
dicionário Houaiss (2001, p. 2322) define provisão como: “ato ou efeito
de prover; fornecimento, abastecimento”. Sendo assim, podemos definir a
provisão divina como a atividade do Deus Soberano, em provê as necessidades da
sua criação, intervindo para sua preservação (Campos, 2001, p. 8). Diante das
crises que nos cercam é natural nos preocuparmos como será o nosso futuro, a
orientação do nosso Salvador é que não devemos estar ansiosos, mas, entender o
cuidado do Pai Celestial para com seus filhos (Mt 6.25-34); não significa dizer
que o cristão deva ser omisso quanto as suas responsabilidades, antes deve
lembrar de que Deus suprirá em meio aos tempos difíceis, as suas necessidades
(Sl 10.14; 68.10; 132.15).
II. PROPÓSITOS DA PROVISÃO DE DEUS
A
provisão divina possui propósitos pedagógicos. Abaixo citaremos alguns:
1.
Demonstrar a dependência do homem de seu Criador (Sl 40.17; Pv 16.1).
Embora
vivamos em uma sociedade extremamente antropocêntrica, em que o homem tende a
alimentar a sensação de total independência, sempre terá um momento em que o
homem precisará da provisão divina (Mc 5.25,26).
2.
Apresentar o controle absoluto de Deus (Rm 11.36; Rm 8.28; Sl 24.1).
Deus
é o Soberano da história, que tem não só o domínio geral, mas também o
individual das coisas (1Rs 19.9).
3.
Demostrar seu grande amor (Sl 145.9; Mt 6.26).
Através
de sua Palavra, o Senhor demonstra todo o seu amoroso cuidado para com os seus
filhos (Jo 3.16). Deus embora sendo autossuficiente e transcendente também se
revela imanente já que se mostra preocupado com todos, individual e
particularmente (Lc 12.7).
4.
Exercitar a fé no provedor (Hb 11.6).
A
ação providencial de Deus se dá mediante a fé obediente: “Foi, pois, e
fez conforme a palavra do SENHOR...” (1Rs 17.5); “Então, ele se
levantou e foi [...]” (1Rs 17.10).
5.
Fortalecer o caráter cristão (Rm 5.3-5; Tg 1.2-4).
A
provisão divina também tem como propósito trabalhar o caráter do cristão,
moldando-o à imagem de Cristo. Ao depender da provisão de Deus em meio às
tribulações, o cristão desenvolve virtudes como paciência, perseverança e
esperança. Esses momentos de aprendizado fortalecem a confiança em Deus,
ensinam a gratidão e promovem o crescimento espiritual. Assim, as provas não
são apenas desafios, mas oportunidades para amadurecer na fé e no compromisso
com o Senhor.
6.
Testemunhar o poder de Deus ao mundo (At 4.33; Mt 5.16).
Quando
Deus prova de maneira milagrosa ou inesperada, sua ação serve como testemunho
ao mundo de seu poder e cuidado. O cristão que experimenta a provisão divina
pode compartilhar esse testemunho, levando outros a glorificar a Deus e a
buscar conhecer mais sobre Ele. A provisão divina, portanto, não apenas abençoa
o indivíduo, mas também edifica a igreja e evangeliza aqueles que ainda não
conhecem o Senhor (Mt 6.25-31).
7.
Revelar a suficiência de Cristo (2Co 12.9; Fp 4.19).
A
provisão de Deus mostra que Cristo é suficiente em todas as áreas da vida. Seja
em necessidades materiais, emocionais ou espirituais, Deus supremo conforme sua
graça e vontade. Isso ensina aos cristãos que a verdadeira satisfação e
segurança não vem de bens ou situação, mas do relacionamento com Cristo, que é
fonte de toda provisão e sustentação. Com esses propósitos, a provisão divina
não é apenas um meio de suprir necessidades, mas também uma ferramenta de
ensino, edificação e testemunho, revelando o caráter de Deus e seu plano
soberano para a humanidade.
III. O ALCANCE DA PROVISÃO DE DEUS
Os
seres humanos são essencialmente dependentes de Deus (Jo 15.5); como seres
limitados por natureza a nossa subsistência está na provisão divina (At
17.25,28), que tem como alcance todas as dimensões da vida humana (1Ts 5.23; Fp
4.19). Tomando como exemplo o profeta Elias, veremos a providência de Deus.
Notemos:
1.
Necessidades físicas.
Após
apresentar-se ao ímpio Rei Acabe e profetizar um período de estiagem na nação
de Israel (1Rs 17.1) encontramos a ordem de Deus para o profeta: “Vai-te
daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que
está diante do Jordão” (1Rs 17.3). Para motivar a sua obediência, Deus
antecipa a informação de que proverá as necessidades físicas de Elias (1Rs
17.4); e como prometido Deus lhe envia pão e carne diuturnamente por meio de
corvos e bebia da água do ribeiro (1Rs 17.6). Enquanto a nação começava a
sentir os efeitos da seca, pois a Escritura afirma que: “a fome era
extrema em Samaria” (1Rs 18.2), Elias recebia as bênçãos da provisão,
que Deus havia prometido para os que são obediente (Lv 26.3-5). Durante o longo
período de estiagem de três anos e meio no Reino do Norte (Tg 5.17), observamos
o cuidado pessoal do Senhor com o profeta e aprendamos que Deus é um Deus
provedor. Há sempre uma provisão de Deus para aquele que o serve obedientemente
em tempos difíceis (Sl 23.1; Sl 37.3, 25).
2.
Necessidades emocionais.
A
provisão de Deus não se limita apenas no aspecto físico ou material, mas
alcança também as necessidades emocionais e/ou psíquicas ou ainda afetivas (Sl
34.4, 19; Sl 55.22). O profeta Elias após a grande experiência no monte Carmelo
(1Rs 18); demonstra sua fragilidade emocional e a necessidade da provisão
divina (1Rs 19.3,4,10,14).
3.
Necessidades espirituais.
Deus
sabia das necessidades de Elias, da forma como ele se encontrava abalado
fisicamente, emocionalmente e espiritualmente. Elias estava no seu limite, num
esgotamento espiritual; o homem que havia orado a Deus e ele lhe havia
respondido de maneira sobrenatural (1Rs 18.36, 38), agora está dentro de uma
caverna vivenciado uma crise. A provisão divina se manifesta quando vemos Deus
dizendo: “[...] Sai e põe-te neste monte perante a face do
Senhor”. O Senhor renova espiritualmente Elias. É no altar da oração que
Deus supre as necessidades espirituais (Sl 37.23, 24; 1Sm 1.10, 18; 1Pe 5.7; Fp
4.6,7).
IV. AS PROMESSAS DE PROVISÃO DE DEUS
EM MATEUS 6
As
promessas de provisão de Deus estão fundamentadas em sua natureza amorosa,
soberana e fiel. Em Mateus 6.25-31, Jesus nos convida a refletir sobre a
grandiosidade do cuidado divino, que transcende todas as nossas ansiedades
cotidianas. Este texto nos lembra que Deus é o provedor soberano, cuidando de
cada detalhe da criação, e promete suprir todas as necessidades de seus filhos.
Vejamos:
1.
Deus promete suprir as necessidades básicas.
“Não
andeis ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou beber; nem quanto
ao seu corpo, pelo que tenho de vestir” (Mt 6,25). Esta promessa é
reforçada em Filipenses 4.19: “O meu Deus, segundo a sua riqueza em glória,
há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de suas necessidades”. Ele cuida do
alimento, da água e do vestuário, assim como cuida das aves do céu e dos lírios
do campo (Mt 6.26-28).
2.
Deus garante seu cuidado paternal.
Jesus
destaca que Deus é nosso Pai celestial, e como tal, Ele está atento às nossas
necessidades. “Não são vocês muito mais valiosos do que elas?” (Mt 6.26). Este
cuidado é reiterado em Salmos 37.25: “Fui jovem e já agora sou velho, mas
jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão”.
3.
Deus promete paz em lugar de ansiedade.
A
preocupação com o amanhã é incidental, pois Deus já está no controle de tudo. “Portanto,
não vos inquieteis com o dia de amanhã” (Mt 6,34). Filipenses 4.6-7 nos
lembra: “Não andeis ansiosos por alguma coisa; antes, sejam os seus pedidos
plenamente conhecidos diante de Deus pela oração e súplica, com ações de
graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o teu coração
e a tua mente em Cristo Jesus”. Esta paz divina é fruto da confiança na
promessa de que Deus proverá tudo o que precisamos no momento certo.
4.
Deus nos convida a buscar o Reino em primeiro lugar.
Jesus
estabelece uma prioridade: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu Reino e a
sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).
Quando alinhamos nosso coração à vontade de Deus e colocamos Seu Reino como
prioridade, Ele se encarrega de cuidar das necessidades de nossas terrenas.
Este princípio é confirmado em Salmos 84.11: “O Senhor Deus é sol e escudo;
o Senhor conceda favor e honra; não recusa nenhum bem aos que andam retamente”.
5.
Deus cuida de toda a sua criação.
Jesus
usa exemplos da criação para fortalecer a profundidade de seu cuidado. Ele
cuida das aves do céu, que não semeiam, colhem ou armazenam, mas são
sustentadas por Ele (Mt 6.26). De igual modo, veste os lírios do campo com uma
beleza superior à de Salomão em toda a sua glória (Mt 6.28-29). Se Ele faz isso
com a criação, quanto mais não cuidará de Seus filhos, criado à sua imagem e
semelhança (Gn 1.27; Sl 8.4-6).
6.
Deus nos lembra da nossa dependência dele.
A
provisão divina é um lembrete constante de que somos completamente dependentes do
Senhor. Jesus ensina que não podemos acrescentar sequer um côvado à nossa vida
por preocupação (Mt 6.27). Esta dependência é sublinhada em Deuteronômio 8.3: “Ele
te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não
conheceste, nem teus pais conheço, para te dar a entender que o homem não
viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor viverá o
homem”. Assim como Deus sustentou o povo de Israel no deserto, Ele
continua a provar para aqueles que multa nele. Nossa total dependência de Deus
nos ensina a considerar que tudo o que temos vem das Suas mãos (Sl 24.1; Tg
1.17).
7.
Deus é fiel às Suas promessas.
As
palavras de Jesus em Mateus 6.25-31 ecoam a fidelidade de Deus ao longo de toda
a Escritura. Ele é o mesmo Deus que prometeu a Abraão: “Eu sou o teu
escudo, e o teu grandíssimo galardão” (Gn 15.1) e que assegurou ao povo
de Israel: “Porque eu sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor;
pensamentos de paz e não de mal, para você dar o fim que desejais”.
Baseados nas Escrituras, podemos crer que Deus nos ajuda em nossas
dificuldades, pois a Bíblia apresenta os precedentes necessários a essa
certeza. Ele tem o poder de providenciar os recursos necessários à nossa
subsistência. Aprendemos nesta lição, que devemos confiar em Deus
independentemente de qualquer situação em nossa vida.
REFERÊNCIAS
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. GEOGRÁFICA.
Ø COUTO, Geremias do. As
promessas de Deus para a sua vida. Lição 1: O caráter das promessas de
Deus. CPAD.
Ø HORTON, S. [Ed.]. Teologia
Sistemática: uma perspectiva pentecostal. CPAD.
Ø RHODES, Ron. O Livro Completo
das Promessas Bíblicas. CPAD.
Ø ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø CAMPOS, Heber. A Provisão e a
sua realização histórica. CULTURA CRISTÃ.
Ø CHAMPLIN, R. N. Dicionário de
Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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