sábado, 28 de julho de 2012

LIÇÃO 04 - SUPERANDO OS TRAUMAS DA VIOLÊNCIA SOCIAL


Gn 6.5-12 



INTRODUÇÃO
Nesta lição, definiremos o termo violência e abordaremos sobre a sua origem e multiplicação com o passar dos anos. Pontuaremos ainda alguns tipos de violência que existem e são praticadas atualmente. Veremos que um cristão fiel não está livre de sofrer atos de violência como roubo, assassinato entre outros, porque enquanto estivermos no mundo sofreremos aflições e também porque Deus é Soberano e pode permitir que estes males sobrevenham a qualquer pessoa. Por fim, destacaremos o papel da igreja como lugar de cura, libertação e amor, socorrendo as pessoas vitimadas por traumas decorrentes da violência social, bem como na ressocialização daqueles que foram autores da agressão.


I - DEFINIÇÃO DE VIOLÊNCIA
O dicionário Aurélio define o termo violência como: “constrangimento físico ou moral; uso da força ou coação”.  Nas páginas do Antigo Testamento o termo “violência” do hebraico “hãmãs” quer dizer: “maldade, malignidade, agravo”. Podendo ser traduzida também como uma “maldade violenta”. É este o sentido que aparece em (Gn 6.11): “A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência”.


II - ORIGEM E MULTIPLICAÇÃO DA VIOLÊNCIA
Deus criou o homem um ser gregário, ou seja, tendente a se relacionar com o outro, constituindo-o em família (Gn 1.28), porém a desobediência de Adão e Eva trouxe o pecado para a raça humana (Gn 3.16-19), desestabilizando todo tipo de relacionamento (Rm 5.12). Com certeza, o casal não imaginava que sua desobediência traria tantos males ao mundo, no entanto, percebemos como a natureza pecaminosa se desenvolveu em seus descendentes (Rm 3.23; 6.23). Vejamos alguns exemplos de violência registrados pela Bíblia:

  • Caim, movido pela inveja, mata Abel seu irmão: “E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou” (Gn 4.8).
  • Lameque gloria-se por ter cometido um duplo homícidio: “E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar” (Gn 4.23).
  • Na geração antediluviana o mal começou a multiplicar-se sobre a terra de tal forma que, o escritor do livro do Gênesis nos mostra um panorama de um mundo sem Deus, da seguinte forma: “A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gn 6.11,12).
  • O apóstolo Paulo nos dá uma dimensão de como estava o mundo corrrompido de sua época: “Estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia” (Rm 1.29-31

III - TIPOS DE VIOLÊNCIA
3.1 Violência física. Este tipo de violência diz respeito ao uso da força com o objetivo de ferir. Vivemos numa sociedade tão corrompida pelo pecado quanto no período antediluviano, pois são inúmeros os casos de violência mostrados diariamente na mídia televisiva, escrita, rádio e internet. Maus tratos com mendigos nas ruas e com idosos, brigas dentro de estádios. Os jovens principalmente, têm sido incentivados por filmes e esportes que exaltam a violência, provocando neles o desejo de vingança quando contraditados ou por nenhum motivo. 

3.1.1 Violência sexual. Este tipo de agressão tem sido muito praticada. As pessoas encontram-se estarrecidas diante de tantos estupros e casos de pedofilia que geram muitos traumas, conduzindo as vítimas ao suicídio, depressão, problemas psicológicos etc. Essas práticas pecaminosas se tornaram tão corriqueiras, que têm deixado as pessoas assombradas, com medo de saírem de casa. Alguns personagens bíblicos sofreram estes males: (Gn 34.2; II Sm 13.13,14). 

3.2 Violência psicológica. Este tipo de agressão ataca o ser humano na sua auto-estima. A violência psicológica ou agressão emocional, é tão ou mais prejudicial que a física, e é caracterizada pela rejeição, depreciação, discriminação, humilhação e desrespeito. Atualmente muitas crianças e jovens sofrem bullyng nas escolas. O dicionário Houaiss da Língua Portuguesa indica a palavra “bulir” como equivalente a mexer com, tocar, causar incômodo ou apoquentar, produzir apreensão em, fazer caçoada, zombar e falar sobre, entre outros. Este tipo de agressão atinge a alma (a sede das emoções) do homem, gerando traumas psicológicos, fazendo com que alguns não queiram mais ir a escola, contraindo complexo de inferioridade entre outros males. O patriarca Jó sofreu violência psicológica, por parte daqueles que vieram “consolá-lo”, quando na verdade acusaram o patriarca de pecado (Jó 2.11-13; 16.2).


IV - O CRENTE NÃO ESTÁ IMUNE A VIOLÊNCIA
Os adeptos da Teologia da Prosperidade afirmam que Deus têm que livrar o seu servo da aflição, no entanto, a Bíblia não ensina assim. Lembremo-nos dos cristãos primitivos que enfrentaram os piores tipos de sofrimentos e morte por causa da fé que professavam (At 6.8-15; 7.54-60; 8.1-4; 12.1-5; 14.4-28; Hb 11). E que ainda hoje muitos se deparam com situações de extrema perseguição e constrangimento em países intolerantes. O cristão não é adepto da Teologia Prosperidade (que diz que o crente não passa por aflição), mas da Teologia da Possibilidade, que ensina que Deus pode livrar se Ele quiser. Foi isso que confessaram os judeus ameacados a serem lançados na fornalha por não se curvarem diante da estátua erigida por Nabucodonosor: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste” (Dn 3.17). 

4.1 A vontade permissiva. Refere-se àquilo que Deus permite, ou deixa acontecer, embora Ele não deseje especificamente que ocorra. De fato, muita coisa que acontece no mundo é contrária a perfeita vontade de Deus, como por exemplo: o pecado, a conscupiscência, a violência, o ódio e a dureza de coração. Portanto, muitas aflições e males que nos acometem são permitidos por Deus (I Pe 3.17; 4.19). Portanto, os cristãos não estão livres de enfrentar esses tipos de violência acima citados. Pois enquanto estivermos no mundo estamos sujeitos a qualquer coisa (Ec 9.2). Isto significa dizer que apesar de crermos que Deus pode livrar-nos de aflições, nem sempre Ele o faz. Isto está dentro da vontade permissiva de Deus.


V- O PAPEL DA IGREJA DIANTE DO MUNDO VIOLENTO
Como sabemos, a Igreja de Cristo promove campanhas em socorro às vítimas de catástrofes, faz um serviço de utilidade pública ao desenvolver projetos que visam ressocializar indivíduos imersos nas drogas, delinquência, etc. através da ministração da Palavra e utilização de recursos afins visando a transformação social. Sem dúvida alguma, a Igreja é a luz que irradia e promove transformação nas relações humanas (Mt 5.16; 1Pe 2.9,10). Ela busca realizar a intervenção no espaço público, transformando a sociedade por meio da: oração ( At. 4.23-31; 1 Tm 2.1-5); e da evangelização (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20), onde vidas são transformadas pelo poder do Evangelho, libertando os cativos oprimidos do diabo que antes estavam no mundo da delinquência, vícios e idolatria (Ef. 2.1-3; 4.17-31; 1 Ts 1.6-10). Vejamos como a igreja atua diante de um mundo violento: 

5.1 Como lugar de cura. Apesar de uma pessoa que tem traumas decorrentes de uma violência sofrida, procurar prioritariamente um auxílio psicológico, não podemos deixar de dizer que a Igreja é um lugar onde os traumas podem ser curados. A vítima encontra na Palavra de Deus e no poder do Espírito Santo, condições de vencer e superar toda e qualquer consequência do mal que sofreu. A exemplo disto, temos vários exemplos de pessoas que foram restabelecidas para glória de Deus (Sl 103.3; Lc 4.18; 5.17-26; Tg 5.14,15). 

5.2 Como lugar de libertação. Definitivamente as cadeias públicas não conseguem regenerar uma pessoa delinquente, apesar de ser o propósito principal pelo qual foram criadas. No entanto, na Igreja encontramos a maior agência de ressocialização para indivíduos infratores. A pregação do evangelho tem contribuído para a libertação de vidas, resgatando-as de sua vil maneira de viver e regenerando-as, fazendo com que homens violentos se tornem pessoas de bem e pacificadores (Mc 5.1-20). 

5.3 Como lugar do amor. O que as pessoas não encontram no mundo cheio de violência, encontram na Igreja, pois, o amor de Deus está derramado no coração daqueles que a compõem (Rm 5.5). A convivência com os santos proporciona bem estar físico, emocional e espiritual para todos aqueles que se tornam participantes de sua comunhão. Envolvidos nesta atmosfera somos impelidos a amarmo-nos uns aos outros, fazendo pelo próximo o bem que desejamos receber (Rm 12.10; I Ts 4.9).


CONCLUSÃO
Como pudemos ver, não temos como evitar sermos vítimas desta violência que há ho mundo. Enquanto estivermos nele estaremos sujeitos a todo tipo e forma de sofrimento. No entanto, devemos confiar em Deus que pode nos livrar, mas se Ele não quiser, continuará sendo Deus e nós permaneceremos seus servos. Neste mundo sofreremos aflições porém, aguardamos a restauração de todas as coisas e um lugar onde a maldade não habitará (II Pe 3.13)


REFERÊNCIAS
  • STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
  • VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD
  • ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.


Por Rede Brasil de Comunicação

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