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Rs 6.1-7
INTRODUÇÃO
Entender os princípios que
fundamentavam a escola de profetas é de suma importância para a educação cristã
do século XXI, pois através deles é possível fazer um contraste entre o ensino bíblico
e o paradigma educacional emergente. O que a escola de profetas, liderada pelo
profeta Eliseu, tem a nos ensinar? A escola é uma fábrica de cultura, isto é,
como uma instituição que cuida da formação do homem em sociedade, e que para
ela realizar essa função, deve ter em vista o cultivo do homem. Como isso
acontecia no antigo Israel? Quais ensinamentos podemos extrair da escola de
profetas no AT?
I
– DEFINIÇÃO DE ENSINO
O discipulado é o relacionamento
entre um mestre e um aluno onde o mestre reproduz no aluno o conteúdo do aprendizado,
capacitando-o a treinar outros para que também ensinem novos discípulos. Nas
páginas das Escrituras encontramos vários termos equivalentes ao ato de
ensinar. Vejamos: Paideuõ “instruir, treinar”, Didasko “dar
instrução”, Didaktos “aquilo que pode ser ensinado”, Didaké
“ensino”, Didaskalia “instrução”, Didaskalós “mestre,
professor”, Didaskein “ensino”, Theodidaktos “ensinado
por Deus”.
II
– CONCEITOS E DEFINIÇÃO DE PROFETA E PROFECIA
As Escolas de Profetas realmente
existiram, mas há pouca informação sobre essas instituições. Muito do que
ensamos não passa de suposições, já que as passagens bíblicas não apontam de
forma direta o propósito dessas escolas. Na verdade, é muito difícil responder
sobre os objetivos, conteúdo e a formação delas. Não há elementos para uma
explicação detalhada. Há até teólogos que acham que “escolas de profetas” é linguagem figurada, mas não que tenha sido
uma organização. Apesar disso, os textos das Sagradas Escrituras nos dão
algumas informações sobre o assunto. Para uma melhor compreensão dessa lição, enumeramos
alguns conceitos e definições:
Ø
Profecia. É a revelação inspirada,
sobrenatural e única da vontade de Deus. A profecia não é, necessariamente, uma
previsão do futuro, e sim, a revelação do conhecimento de Deus à humanidade (Am
3.7; Jr 36.1-3; Ez 2.3-8; 3.4-11).
Ø
Profeta.
A palavra
profeta deriva-se do termo hebraico nabbi que significa “falar”
ou “dizer”,
e do termo grego prophete, que significa “falar de antemão”.
Portanto, o profeta é um mensageiro de Deus. Sua principal função é tornar conhecidas
as revelações divinas e transmitir os oráculos de Deus ao povo (Êx 7.1; Nm
12.6; I Sm 3.20; Hb 1.1,2).
Ø
Ministério
Profético. A
palavra ministério significa “ofício”, “cargo, “função”,
etc. Nas Sagradas Escrituras esse termo é coletivo e aponta para vários
oficiais e autoridades religiosas e civis, bem como denota ofícios específicos,
tais como ministério cristão, ministério dos anjos, etc. Assim, podemos afirmar
que o termo Ministério Profético refere-se ao ofício ou função exercida
pelos profetas de Deus.
III
- A ESCOLA DOS PROFETAS
As escolas de profetas eram “instituições”
de ensino do AT cujo objetivo era a transmissão dos valores morais e espirituais
que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra. Não tinham como
propósito ensinar os alunos a profetizarem. A profecia é um dom divino,
por isso, somente o Senhor pode ensinar os seus servos quanto ao profetizar. Todavia,
um dos objetivos desta escola era passar às gerações mais jovens a herança
cultural e espiritual da nação. Os estudiosos acreditam que as escolas
de profetas surgiram com o profeta Samuel (1Sm 10.5,10; 19.20) “E todos
os profetas desde Samuel, todos quantos depois falaram, também anunciaram estes
dias” (At 3.24 cf. 13.20; Hb 11.32) e, posteriormente, consolidaram-se
com os profetas Elias e Eliseu (2Rs 6. 1-2). As escolas de profetas
forneciam instrução e encorajamento aos alunos a fim de que eles buscassem uma
melhor compreensão da Palavra de Deus. Eliseu não era apenas um homem
com dons sobrenaturais, mas também um profeta que possuía uma “missão pedagógica” (2 Rs 2.15, 19-22;
4.1-7, 42-44).
IV – EXEMPLOS DE ESCOLAS DE
PROFETAS
Ao que parece, como foi dito
acima, as primeiras “escolas teológicas” foram organizadas pelo
profeta Samuel (1Sm 10.5; 19.20), e então foram mais firmemente estabelecidas
pelos profetas Elias e Eliseu, no Reino do Norte ou reino de Samaria (2Rs 2.3;
4.38; 6.1). Essas escolas seguiam o modelo do ideal hebreu de relação entre o
professor e o aluno. Eles viviam em comunidades e o ensinamento era bíblico e
também através do exemplo pessoal. Vejamos alguns exemplos:
Ø Escolas de profetas de Ramá e
Gibeá (1Sm
19.20; 10.5, 10);
Ø Escolas de profetas de Gilgal,
Betel e Jericó (2Rs
4.38; 2.3,5,7,15; 4.1; 9.1);
Ø Cerca de 100 alunos, isto é,
discípulos dos profetas acompanhavam Eliseu (2Rs 4.38, 42-44);
Ø Cerca de 50 desses discípulos
achavam-se com Elias e Eliseu quando eles foram até ao Jordão (2Rs 2.7, 16-17);
Ø Viviam em casas comuns, na
companhia dos profetas (2Rs
6.1);
Ø Alguns deles eram casados, e
tinham suas próprias casas (2Rs
4.1);
Ø Há alguma indicação de que havia
música e poesia envolvida no “currículo escolar” (1Sm 10.5).
V
– A ESCOLA DOS PROFETAS E O ENSINO
As escolas de profetas eram
centros de vida religiosa, onde se buscava a comunhão com Deus mediante a
oração e meditação. É evidente que estudavam as profecias, inquirindo sobre o
tempo de seu cumprimento (1 Pd 1.10-12), além de recordarem os grandes feitos
de Deus no passado. Através dessas escolas, cresceu em Israel uma ordem
profética reconhecida (2 Rs 2.3,5). No contexto do AT temos uma relação de
homens usados por Deus para ensinar Seu povo: Samuel (1 Sm 12.23), Josafá (2 Cr
17.7-12), Esdras e Neemias (Ne 8.17), Davi (Sl 51.13 cf. Sl 25.4; 27.11) e
Isaías (Is 28.10). Analisemos como funcionava o ensino na escola dos profetas:
Ø
Através
do treinamento.
O texto de 2 Reis 2.15,16, mostra que fazia parte desse treinamento trabalhar
sob as ordens do líder, obtendo assim permissão para a execução de determinadas
tarefas;
Ø
Através
do encorajamento.
Os expositores bíblicos observam que o profeta Eliseu não limitava o seu
ministério à pregação itinerante e à operação de milagres, mas agia também como
um supervisor de várias escolas de profetas nos seus dias;
Ø
Através
das Escrituras.
Quando fazemos um acompanhamento do ministério do profeta Elias, vemos que a
Palavra de Deus fazia parte do conteúdo ensinado nas Escolas de Profetas;
Ø
Através
da sua experiência. Tanto
Elias como Eliseu eram homens experientes e compartilhavam com os outros aquilo
que haviam aprendido (2 Rs 2.15; 2.19-22; 4.1-7,42-44);
Ø
Através
do exemplo.
Os estudiosos estão de acordo que essas Escolas de Profetas seguiam o idealismo
hebreu concernente à educação. Havia uma relação entre professor e aluno na
comunidade onde viviam;
Ø
Através
da Palavra. Eliseu
não deixou nada escrito. O que sabemos dele é através do cronista bíblico. Mas
esse fato não significa que esse profeta não usasse a Palavra de Deus em sua
vida devocional e também como instrumento de instrução na Escola de Profetas.
VI – A PRÁTICA DO ENSINO NAS
ESCRITURAS
Vemos diversas vezes a expressão “filhos
dos profetas” do hebraico “bene ba-nabiim” aparecer nos
livros de 1 e 2 Reis. Observamos pelas Escrituras que os filhos dos profetas
estavam radicados em locais como Betel, Jericó e Gilgal (1Rs 20.35; 2Rs
2.3,5,7,15; 4.1,38; 6.1). O contexto dessas passagens não deixa dúvidas de que
esta expressão pode ser entendida como sendo sinônimo para “Escola de
Profetas”. Esse fato serve para nos mostrar que a educação religiosa ou
formal já recebia destaque no Antigo Israel. Todavia a Escola de Profetas
é um testemunho vivo de que o povo de Deus em um passado tão distante se
preocupava em passar às gerações posteriores sua herança cultural e espiritual.
Sempre pesou sobre o povo de Deus a responsabilidade de ensinar a Palavra de
Deus. Vejamos como se desenvolveu a instrução religiosa nos tempos bíblicos:
Ø
Nos
dias de Moisés.
Examinando o
Pentateuco, vemos que no princípio, entre o povo de Deus, eram os próprios pais
os responsáveis pelo ensino da revelação divina no lar. O lar, então, era de
fato uma escola onde os filhos aprendiam a temer e amar a Deus (Dt 6.5-9;
11.18,19);
Ø
Na
época dos Reis e Sacerdotes.
Os sacerdotes
eram mediadores entre Deus e o homem. Além do culto divino, eles tinham o
encargo do ensino da Lei (Dt 24.8; I Sm 12.23; II Cr 15.3; Jr 18.18). Já os
reis de Israel, quando piedosos e tementes a Deus, tinham a preocupação com a
leitura e o ensino da Palavra de Deus para a nação (II Cr 17.7-9);
Ø
Durante
o Cativeiro Babilônico.
Nessa época, os
judeus no exílio, privados do seu grandioso templo em Jerusalém, instituíram as
sinagogas, que eram usadas como “escola bíblica”, casa de cultos e escola
pública.
Ø
No
pós-cativeiro.
Nos dias de
Esdras e Neemias, quando o povo retornou do cativeiro, houve um grande
avivamento espiritual, originado pela leitura e ensino das Escrituras, como
podemos observar nos capítulos 8 e 9 do livro de Neemias;
Ø
Durante
o Ministério de Jesus.
Jesus exerceu um
tríplice ministério de cura, pregação e ensino da palavra de Deus (Mt
4.23; 9.35; Lc 20.1). Esse mesmo ministério tríplice foi ordenado e confiado à
Igreja (Mt 28.19; Mc 16.15-18);
Ø
Nos
dias da Igreja.
Após a ascensão
do Senhor, os apóstolos e discípulos continuaram a ensinar. A igreja dos dias primitivos
dava muita importância a esse ministério (At 5.41,42). Paulo e Barnabé, por
exemplo, passaram um ano todo ensinando na igreja de Antioquia (At 11.26). Em
Éfeso, Paulo ficou três anos ensinando (At 20.20,31) e em Corinto, ficou um ano
e seis meses (At 18.11). Seus últimos dias em Roma foram ocupados com o ensino
da Palavra de Deus (At 28.31).
CONCLUSÃO
Observamos nesta lição que
através do ministério do profeta Eliseu os filhos dos profetas pertenciam a uma
escola dedicada ao ensino formal. Vimos também que ali era ensinado a Palavra
de Deus tanto na sua forma oral como escrita. Esse fato é por si só de grande
relevância para nós porque demonstra a preocupação desse homem de Deus em
passar a outros o conhecimento correto sobre Deus.
REFERÊNCIAS
Ø
ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
Ø
SOARES,
Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
Ø
SOARES,
Esequias. O Ministério Profético na Bíblia. CPAD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de
Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação
Venho agradecer aos irmãos que registraram a lição 12 ultima
ResponderExcluirdo primeiro trimestre de 2013. agora nos serviu, para compreender o III topico da lição 7 15/08/2021.
Deus abençoe.