Dt 11.18-21; II Tm
3.14-17
INTRODUÇÃO
No
lar, os conceitos mais importantes da vida são ensinados e o caráter da família
e principalmente dos filhos, é formado. Por isso, devemos compreender e ensinar
sobre a importância do culto doméstico. Nesta lição, definiremos a palavra culto
e também a expressão culto doméstico. Veremos ainda à luz da Sagrada
Escritura o registro da prática do culto no lar nas páginas do Antigo e do Novo
Testamento; destacaremos ainda que apesar de ser a Igreja o lugar onde a
família adora e aprende a Palavra do Senhor, não é o único lugar, pois o lar
deve ser uma extensão da Igreja. Por fim, elencaremos alguns motivos que podem
impedir a prática do culto doméstico e quais os benefícios que a família
usufrui quando tem um lar piedoso.
I
- DEFINIÇÃO DA PALAVRA CULTO
De acordo
com o Aurélio, o termo “culto” significa “uma adoração ou
homenagem à divindade em qualquer de suas formas e em qualquer religião”.
Teologicamente significa: “tributação voluntária de louvores e honra ao
Criador” (CLAUDIONOR, 2006, p. 127). Já a expressão “culto
doméstico” é definida como “uma reunião da família, sob a
liderança dos pais cristãos, com a finalidade de cultuar a Deus no lar” (RENOVATO,
2013, p. 115).
II – A PRÁTICA DO CULTO DOMÉSTICO NO
AT
2.1
Adão e filhos. Quando o registro
bíblico nos mostra que os filhos de Adão ofereceram ao Senhor as primícias do
seu trabalho (Gn 4.3,4), demonstraram haverem recebido de seus pais conceitos
sólidos sobre Deus e seu relacionamento com o homem. Do contrário, como
poderiam eles saber acerca do culto verdadeiro?
2.2
Abraão. O patriarca Abraão,
considerado “pai da fé monoteísta” pelas três maiores religiões do mundo
(judaísmo, cristianismo e islamismo), não foi somente chamado por Deus para
servi-lo e cultuá-lo (Gn 12.1-3), como também recebeu a missão de ensinar a sua
posteridade o caminho de Deus (Gn 18.19). Vemos que Abraão cumpriu sua tarefa
espiritual ensinando o seu filho Isaque a cultuar ao Senhor. Destacaremos
algumas indicações disso: (1) Isaque sabia quais os elementos do culto a
Deus (Gn 22.7,8); (2) se dispôs a ser o cordeiro em holocausto ao Senhor
(Gn 22.9); (3) mantinha uma vida de oração (Gn 24.63; 25.21); e (4) edificou
altar ao Senhor (Gn 26.24,25).
2.3
O povo de Israel. O lar era a unidade
básica da sociedade bem como a primeira escola que um menino judeu conhecia. O
Antigo Testamento mostra o grande valor dado às crianças e a grande
responsabilidade que pesava sobre os ombros dos pais, porquanto os filhos eram
tidos como dons de Deus (Jó 5.25; Sl 127.3; 128.3,4). As crianças eram
treinadas em seus deveres religiosos ou outros (I Sm 16.11; II Rs 4.18). Porém,
o elemento religioso ocupava sempre o primeiro plano, seguindo a orientação
divina (Dt 6.4-9; Sl 78.3-6; Pv 4.3) (CHAMPLIN, 2004, p. 271).
2.3.1
A parte pedagógica das festas e dos memoriais. O próprio Deus determinou por meio de Moisés, o seu
servo, que era dever dos pais usar as festas religiosas para ensinarem os seus
filhos, a fim de que eles soubessem o sentido que estava por trás de todo
cerimonial da Páscoa e assim entendessem o porquê da celebração “E
acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então
direis: Este é o sacrifício da páscoa ao SENHOR, que passou as casas dos filhos
de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas” (Êx
12.26,27). Semelhante orientação deu o Senhor a Josué assim que o povo
atravessou o Jordão, ordenando-lhes que pegassem as pedras que estavam no meio
do rio, a fim de que erguessem um memorial, para que, quando os seus filhos
lhes perguntassem o sentido daquele ato, eles lhes lembrassem as grandezas do
Senhor (Js 4.1-7).
2.3.2
Onde deveriam ensinar. A
incumbência dos pais incluía ensinar os filhos a adorarem somente ao Senhor (Dt
6.4); a amá-lo de todo coração, alma e força (Dt 6.5); e falar-lhes as
Escrituras, e isso deveria ser aplicado principalmente no lar: “E as
ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em TUA CASA, e andando pelo
caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão,
e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de TUA
CASA, e nas tuas portas” (Dt 6.7-9). A palavra “casa” nesse texto vem
do hebraico “bayth”, e significa “casa, habitação ou
edificação na qual vive uma família” (Dt 20.5), mas também “pode
se referir à própria família” (Gn 15.2; Js 7.14; 24.15). O que Deus
estava transmitindo é que o principal local de ensinamento das verdades
espirituais e morais aos filhos é no seio familiar, pois é no lar onde os
filhos gastam a maior parte do seu tempo.
III – A PRÁTICA DO CULTO DOMÉSTICO NO
NT
3.1
O exemplo de Jesus. O lar em que
Jesus foi criado seguia a mesma orientação mosaica quanto a responsabilidade
dos pais de educarem seus filhos no temor do Senhor. Pois desde o seu
nascimento, Jesus fôra encaminhado para o templo, como na ocasião em que foi
circuncidado com oito dias de nascido (Lc 2.21-24); a narrativa bíblica ainda
diz que seus pais o levavam a Jerusalém para as festas religiosas anualmente
(Lc 2.42); ainda está registrado a respeito do próprio Jesus que “chegando
a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na
sinagoga, e levantou-se para ler” (Lc 4.16).
3.2
O exemplo de Timóteo. O jovem obreiro
Timóteo, sem dúvida alguma, é outro exemplo de um filho que foi criado em um
lar onde havia culto doméstico, que também seguia as ordenanças contidas em
deuteronômio. A influência de sua mãe Eunice e de sua vó Lóide sobre a sua
formação moral e espiritual, eram dignas de elogios por parte de Paulo (II Tm
1.4,5). Estas servas de Deus empreenderam esforço na vida de Timóteo desde
quando era muito criança (II Tm 3.15).
IV – O LAR COMO EXTENSÃO DA IGREJA
Embora
a Igreja seja o ambiente propício para o louvor, adoração e pregação da Palavra
de Deus (Sl 27.4; II Cr 7.15,16), não é o único lugar onde a Palavra deve ser
ensinada (At 5.42). O lar do cristão deve ser uma extensão da igreja onde os
pais reproduzem a sã doutrina (II Tm 3.14,15). Os pais cristãos têm a
incumbência e séria obrigação de transmitir sua herança espiritual e moral aos
filhos (Ef 6.4). Esse legado gira em torno da experiência pessoal do livramento
divino do pecado (Rm 6.23); da revelação de Deus em Jesus Cristo (Jo 14.6; Hb
1.1); e, da sua morte por nós na cruz (Jo 3.16- 18; Tt 2.11-14). Logo, os pais
cristãos devem aproveitar todas as oportunidades de tratar com seus filhos
dessas questões fundamentais e passar a eles gratidão pessoal por aquilo que
Deus fez. Ainda que a criança tenha na igreja professores da Escola Dominical e
outros mestres importantes em sua vida, os pais não devem jamais se omitir da
responsabilidade que receberam de Deus de ser a fonte principal de instrução
espiritual e moral dos seus filhos (Pv 22.6).
V – OBSTÁCULOS PARA REALIZAÇÃO DO
CULTO DOMÉSTICO
5.1
Desencontros dos horários da família. Não
podemos negar que diante das atividades diárias (ativismo), muitas vezes
torna-se difícil, mas não impossível reunir toda a família por
causa dos desencontros de horários. No entanto, somos mordomos daquilo que Deus
nos confiou, inclusive do tempo (Ef 5.16; Cl 4.5). Temos debitado em nossa
conta diariamente 24hs que devemos administrar com sabedoria a fim de não
ocuparmos todo o tempo com coisas triviais em detrimento das coisas que
realmente são importantes. Portanto, temos que nos esforçar para realizar o
culto doméstico constantemente. Lembremos das palavras de certo pensador “não
ter tempo para Deus é viver perdendo tempo”.
5.2
Fadiga do dia. Muitos pais alegam não
fazer culto doméstico em seus lares por causa do cansaço consequente do
trabalho diário. É importante salientar que mesmo com a correria do dia a dia,
não podemos negligenciar esse momento espiritual tão importante, simplesmente
por causa da fadiga (Pv 13.4; 15.19; I Ts 5.17; Hb 6.11,12).
5.3
Pouca importância. Em alguns lares a
espiritualidade da família está em crise. A frieza e a mornidão espiritual têm
impedido que os membros da família vivam em comunhão com Deus. Isto se dá pelo
fato de alguns lares, darem pouca importância a oração, adoração e leitura bíblica
no seio familiar. A preocupação de muitos pais atualmente é apenas com a
formação intelectual e profissional dos filhos. Todavia, a Bíblia nos mostra o
que devemos priorizar (Mt 6.33; Cl 3.1).
VI – BENEFÍCIOS DO CULTO DOMÉSTICO
PARA A FAMÍLIA
O pastor Orlando Boyer, em seu livro TODA A FAMÍLIA,
enumera dez benefícios que o culto doméstico pode trazer a família:
ü Torna o
ambiente familiar agradável;
ü Enriquece a
comunhão entre os membros da família;
ü Evita desavenças
e acaba com os focos de desunião;
ü Leva os
filhos a perseverarem em seguir a Cristo;
ü Prepara-nos a render melhor o serviço e a glorificar a Deus no trabalho diário;
ü Dá-nos força
para enfrentar, com coragem, os problemas e tentações do dia;
ü Faz-nos passar
o dia na presença do divino Amigo e Ajudador, o Espírito Santo;
ü Aumenta a
influência e a obra da Igreja no mundo;
ü Anima outros
lares a seguir o exemplo;
ü
Honrar ao nosso Pai celestial e manifestar nossa gratidão a
Ele.
CONCLUSÃO
Através
do culto doméstico os princípios bíblicos são ensinados pelos pais aos filhos a
fim de que eles jamais esqueçam. Esse momento é imprescindível à estabilidade
espiritual da família porque é o momento em que todos estão reunidos para
louvar ao Criador desta instituição e aprender como servi-lo.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
KOSTENBERGER,
Andreas. Deus, casamento e Família. VIDA NOVA.
Por
Rede Brasil de Comunicação
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