sábado, 10 de agosto de 2013

LIÇÃO 06 – A FIDELIDADE DOS OBREIROS DO SENHOR



Fp 2.19-29



INTRODUÇÃO
Na aula passada, tratamos de um tema teológico que foi a Soteriologia. Falamos sobre justificação, santificação e glorificação, além de abordarmos a postura de um salvo e as virtudes de uma nova criatura. Na aula de hoje, estudaremos sobre a fidelidade que devem ter os obreiros do Senhor para com a obra que a eles foi confiada. Trataremos do valor da fidelidade a nível eclesiástico através dos exemplos de dois nobres obreiros, Timóteo e Epafrodito, além do de Paulo. Boa aula para todos!!


I. PAULO, UM EXEMPLO DE FIDELIDADE E SERVIÇO.
Embora Paulo estivesse impedido de ir à Filipos, pois naquele momento encontrava-se aguardando seu julgamento em Roma, ele em nenhum momento se esqueceu da amada igreja de Filipos. Pelo contrário, sempre lembrou, orou e sentiu muitas saudades daqueles amados irmãos (Fp 1.3,4,8; 2.26). Por isto mesmo, agora, Paulo estava muito preocupado com a igreja de Filipos, pois sua ausência favorecia a ação dos “lobos devoradores” (Gnósticos e Judaizantes) que rodavam a amada igreja, e que não poupariam o rebanho. Aliás, por ser uma igreja nova na fé o perigo de seus obreiros se desviarem era iminente. Assim, Paulo revela aos irmãos de Filipos seus planos para o futuro, e que era: 1) enviar Timóteo (vv.19-23); 2) ir pessoalmente a Filipos (v.24); e 3) enviar Epafrodito (vv.25-30). Portanto, assim nos diz o Apóstolo: “E espero, no Senhor Jesus, que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios” (v.19). 
A primeira atitude de Paulo, diante da situação presente, é comunicar à igreja de Filipos o envio de Timóteo para trazer notícias do estado da mesma. Este ato do Apóstolo, de preocupar-se com a igreja estando ele preso, demonstra o zelo e o cuidado de Paulo pelo rebanho do Senhor. Aliás, o motivo de sua prisão era exatamente por sua fidelidade em expandir o Reino de Deus (At 25.8-11). Tudo o que esse grande Homem de Deus sofreu é prova suficiente de sua fidelidade pela Obra do Senhor (2 Co 11.23-28), inclusive, na fundação daquela igreja (At 16.20ss). Paulo é, portanto, um exemplo de verdadeiro pastor, pois era um líder que amava a igreja ao ponto de afirmar: “E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós” (Fp 2.17). Essas são características de um verdadeiro pastor, porquanto asseverou o Mestre Jesus: “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Lamentavelmente, muitos hoje que se intitulam “pastores” estão matando muitas ovelhas do Senhor em benefício próprio, ao invés de darem suas próprias vidas por elas. 
A esses, o Mestre Jesus chama-os de “mercenários” (Jo 10.12,13). No entanto, esses mercenários são denominados hoje de “gestores”, realidade essa confirmada pelo Pr. Antônio Gilberto, que diz: “Há igrejas que possuem obreiros-administradores em excesso, mas poucos pastores para cuidar das ovelhas”. Todavia, o Pastor não é dono da obra que dirige, pois esta pertence ao Senhor (Hb 4.13; 13.17). Por isso, Paulo é um exemplo, sem dúvida alguma, não só de pastor e obreiro, mas de fidelidade e serviço. O termo “fidelidade” vem do grego “aletheia” e significa “veracidade, confiança, probidade; verdade, realidade”. Aurélio define a fidelidade como ‘qualidade de fiel’. Já o dicionário Online define este termo como ‘exatidão em cumprir suas obrigações’. Essa é uma virtude que reside na vida daquele que ama a Deus de verdade, e se dispõe a fazer a vontade do Mestre Jesus, assim como Paulo!


II. TIMÓTEO, UM EXEMPLO DE OBREIRO BEM PREPARADO.
Entre os versículos 20 a 23, Paulo dá testemunho e referências do seu filho na fé e cooperador Timóteo, dizendo: “Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado; porque todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus. Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no evangelho, como filho ao pai. De sorte que espero enviá-lo a vós logo que tenha provido a meus negócios”.  
O nome Timóteo significa “que adora a Deus”. Ele era filho de uma judia crente e de pai grego (At 16.1). Sua avó Lóide, e sua mãe Eunice lhe ensinaram as Sagradas Letras (2 Tm 3.14,15). Todavia, foi Paulo quem o discipulou tornando-o seu “filho amado” e “cooperador do evangelho” (1 Co 4.17; 1 Tm 1.2,18; 2 Tm 1.2; Rm16.21). Foi separado para a obra de evangelista (1 Tm 4.14; 2 Tm 1.6; 4.5). Depois da separação entre Paulo e Barnabé, era companheiro de Paulo, na segunda viagem missionária (At 16.3; 17.14,15). Posteriormente, Timóteo tornou-se o pastor da igreja de Éfeso (1 Tm 1.3). Depois de tratamos um pouco da biografia deste jovem obreiro, voltemos ao texto em estudo. No versículo 20, Paulo diz: “Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado”. O termo “de igual sentimento” é, no texto grego, literalmente “de igual espírito”. Isto significa que, naquele momento, não havia alguém com o mesmo zelo e cuidado do Apóstolo do que seu filho na fé Timóteo. Portanto, a linguagem de igual espíritoseguramente expressa mais as especiais qualidades de Timóteo para ir a Filipos. Mas, quais seriam essas qualidades? Podemos ver algumas delas em 1Tm 6.11; 2 Tm 2.22. Timóteo conhecia bem o modelo de liderança de Paulo, fato este que é relembrado por Paulo em 2 Tm 3.10,14. Ele tinha como missão não apenas trazer noticias de Filipos, mas também de fortalecer a liderança local bem como toda a igreja. Porquanto, o sectarismo e o individualismo (já visto na lição 03), que também era um fator de preocupação do Apóstolo, são mencionados na frase: “porque todos buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus”. 
Assim, Timóteo que absorveu não só os ensinos, mas também a postura de seu mestre Paulo, era o mais indicado pelo Apóstolo a preencher-lhe o lugar nesta viagem. Pois, Paulo ao comentar a experiência eclesiástica de Timóteo para os irmãos de Filipos, faz uma comparação dizendo: “bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu... como filho ao pai”. Timóteo era, portanto, um obreiro de caráter e bem preparado por Paulo para ‘toda boa obra’. E, hoje? O que falta para termos obreiros igualmente preparados como Timóteo? Em outro comentário do Pr. Antônio Gilberto, ele afirmou: “As igrejas também não estão investindo como se deve na preparação de obreiros para ‘fazer discípulos’, conforme ordenou Jesus. Discípulos do Senhor não nascem assim; eles são feitos depois de nascidos. Do nascimento espiritual, Jesus cuida, mas a seguir, vem a missão da Igreja, que é a de ‘fazer discípulos’”. Dessas palavras, conclui-se que, se não estamos fazendo discípulos, então, quanto mais formando obreiros!


III. EPAFRODITO, UM EXEMPLO DE OBREIRO FIEL.
Nos versículos 25 a 29, Paulo faz menção do exemplar obreiro de Filipos, dizendo: “Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão, e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades. Porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente e quase à morte, mas Deus se apiedou dele e não só dele, mas também mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois, no Senhor, com todo o gozo, e tende-o em honra a homens como ele”.
O que se sabe deste notável obreiro de Filipos? Pouco ou quase nada se sabe deste brilhante obreiro, visto que esta carta de Paulo é a única do Novo Testamento que faz menção de Epafrodito (Fp 2.25; 4.18). Porém, Paulo nos dá importantes informações deste obreiro no texto acima. Seu nome significa “Amávele, provavelmente, esse cooperador era digno do nome, pois era muito amado pelos filipenses. Não deve ele ser confundido com Epafras (Cl 1.7; Cl 4.12; Fm 23).  Observemos os cinco títulos dados por Paulo a Epafrodito: 1) meu irmão; 2) cooperador; 3) companheiro nos combates; 4) vosso enviado (mensageiro) e 5) vosso auxiliar. Somente na versão atualizada de Almeida aparecem os cinco títulos dado por Paulo a esse nobre obreiro, nas outras versões aparecem apenas os quatros primeiros títulos. Não é de nos admirarmos de que Paulo não tenha desejado deixar Epafrodito voltar para Filipos, pois quem nos momentos difíceis da vida não quer um irmão? Ou nos desafios da vida não precisa de um cooperador? Ou nos embates da vida não necessita de um companheiro nos combates? Ou, ainda, de um mensageiro para nos consolar e confortar o coração, bem como de um auxiliar que nos ajude em nossas necessidades, quer sejam materiais ou espirituais? É verdade! Vivemos dias em que ecoa-se  um grito: Onde estão os Epafroditos dos nossos dias? Epafrodito havia sido enviado para “prover às minhas necessidades” diz Paulo. No entanto, em seu zelo para cumprir sua missão, Epafrodito adoece em Roma chegando “quase à morte”. Nada se sabe sobre qual seja a doença de Epafrodito, porém ela deixou Paulo ainda mais preocupado e até angustiado, pois diz ele: “e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente”. Não bastasse às preocupações de Paulo com a igreja de Filipos, agora se preocupava ainda mais, devido o estado de saúde de Epafrodito.
Certamente, por que a posição que Epafrodito ocupava na igreja devia ser importante e seu trabalho entre eles muito apreciado, daí o grande afeto que os filipenses sentiam por ele. Todavia, o que nos chama atenção é que, embora a carta de filipenses seja a carta da alegria, ela não omite a tristeza e angustia do Apostolo: “e estava muito angustiado”, “para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” e “e eu tenha menos tristeza”. Mas, o que motivou esses sentimentos em Paulo? Por certo, suas preocupações pela igreja “porquanto tinha muitas saudades de vós todos”, o estado de saúde de Epafrodito “E, de fato, esteve doente e quase à morte”, e o conhecimento dos filipenses sobre o estado de saúde de Epafrodito “e estava muito angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente”. Assim, Deus apiedando-se de Epafrodito bem como de Paulo, logo Paulo envia de volta Epafrodito para Filipos, pois diz: “mas Deus se apiedou dele e não só dele, mas também mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, vo-lo enviei mais depressa, para que, vendo-o outra vez, vos regozijeis, e eu tenha menos tristeza. Recebei-o, pois, no Senhor, com todo o gozo, e tende-o em honra a homens como ele”. Portanto, Epafrodito era um obreiro fiel, a ponto de morrer para cumprir a missão a ele dada, além de ser um exemplar obreiro local, cujo caráter é descrito por seu nome e títulos. Sejamos, pois, como Epafrodito neste presente século mal!



CONCLUSÃO
Diante do exposto, apliquemos em nossas vidas os ensinos e lições desta maravilhosa aula. Tendo o devido cuidado com os “lobos” bem como com os “mercenários” que “buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus”. Sigamos, pois, os exemplos de obreiros fieis, dedicados e, acima de tudo, que amam o Senhor da Obra e a Obra do Senhor. Não esquecendo que a fidelidade é uma virtude imprescindível àquele que almeja chegar às mansões celestiais, pois assevera o Senhor: “Bem está servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Entra no gozo do teu senhor” (Mt 25.21). Portanto, sejamos fieis ao ministério que nos confiou o Senhor! Que Deus em Cristo vos abençoe a todos!



REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
GILBERTO, Antônio. Lições Biblicas (4º trimestre/ 1997) CPAD.
 DAVISON, Francis. O novo comentário da Bíblia. VIDA NOVA.
 BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Revista Ensinador Cristão, nº 55. CPAD.  


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