domingo, 18 de agosto de 2013

LIÇÃO 07 – A ATUALIDADE DOS CONSELHOS PAULINOS



Fp 3.1-10




INTRODUÇÃO
Na aula passada, estudamos sobre a fidelidade que devem ter os obreiros do Senhor para com a obra que a eles foi confiada. Tratamos do valor da fidelidade a nível eclesiástico através dos exemplos de dois nobres obreiros, Timóteo e Epafrodito, além do de Paulo. Hoje, nesta lição, abordaremos a que tipo de alegria, os irmãos filipenses, deveriam buscar; também veremos os significados das expressões: “cães”, “maus obreiros” e “circuncisão”. Além de definirmos o que é a circuncisão, bem como mostrarmos a diferença entre a falsa e a verdadeira circuncisão. Boa aula para todos!!


I. A EXORTAÇÃO PAULINA: “REGOZIJAI-VOS NO SENHOR”.
Parece que, ao iniciar o capítulo três da epístola aos filipenses, Paulo estava, na verdade, concluindo a mesma. Porquanto, diz o Apóstolo: “Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor”. Segundo as principais versões da Bíblia em português, os termos aqui serão: “resta”, “quanto ao mais” ou “finalmente”. Este último termo é o mais fiel ao texto original, pois aparece no texto grego “to loipon” que significa “finalmente”. Por isso, sugere que Paulo estivesse em conclusão de sua carta. A esse respeito, comenta o Dr. F. Davison: “O apóstolo tinha terminado de ditar Finalmente, meus irmãos, regozijai-vos no Senhor (1), quando alguma coisa aconteceu que fez voltar o curso de seus pensamentos felizes à corrente menos congratulatória. O que aconteceu, porém, não pode ser afirmado definitivamente. Pode ter ocorrido algo que impediu Paulo de continuar a escrever e, antes que voltasse novamente à redação da epístola, um grave relatório chegasse às suas mãos. Provavelmente alguma notícia de desordens em Filipos, juntamente com outras de agitações fomentadas contra ele próprio em Roma. Seja o que for, a verdade é que Paulo começa a falar rápida e veementemente, em indiscutível admoestação contra três classes de falsos mestres”. Todavia, outro fato que nos chama atenção, é a exortação paulina: “regozijai-vos no Senhor”. Com certeza, não se trata de uma alegria meramente humana. Pois, em gálatas 5.22, a palavra alegria (ou gozo) é tradução da palavra original chara. O termo charis, traduzido em português por graça, vem da mesma raiz. O termo bíblico chara não significa alegria proveniente das coisas terrenas, mas, do exemplar relacionamento com Deus. É mais que felicidade momentânea. A alegria, como fruto do Espírito, é uma qualidade de pleno prazer, e independe das circunstâncias, ou seja, é constante em qualquer situação, quer boa, quer crítica, porquanto está fundamentada em Deus. Logo, esta alegria é fruto da graça de Deus e da habitação do Espírito Santo na vida do crente, sendo, portanto, uma alegria espiritual. Lembra-se de Paulo e Silas na prisão de Filipos (At 16)? O que os motivava a adorar próximo à meia-noite depois de serem açoitados? O fruto da alegria!
Paulo ao escrever “A Carta da Alegria”, por duas vezes, afirmou ter aprendido a viver em qualquer situação (Fp 4.11,12). Naquele momento, ele estava na prisão esperando seu julgamento. Qual era a fonte de sua satisfação? Como poderia estar contente diante da falta de liberdade? Era o Espírito Santo que produzia em Paulo o fruto da alegria. Seu prazer estava fundamentado em Cristo, e não nas circunstâncias ou no bem-estar físico. Aliás, a alegria é o tema da referida carta (Fp 1.4,18; 2.2,17; 3.1; 4.1,4,10). A alegria, como fruto do Espírito, é uma virtude infinitamente melhor que a felicidade oferecida pelo mundo, é o que o Apóstolo Pedro chamou de “gozo inefável e glorioso” (1 Pe 1.8); está à parte de todos os níveis de contentamento puramente humanos. É resultado da fé em Deus (Rm 15.13). Lamentavelmente, muitos crentes não encontram motivos para se alegrarem porque possuem um conceito distorcido da alegria espiritual. Porém, a Bíblia é enfática: “Não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10). No entanto, tal fato ocorre porque não conseguem compreender a relação entre o sofrimento e a alegria. Há forte vínculo entre esses dois estados. Segundo as Bem-Aventuranças de Jesus, haverá o dia em que Deus recompensará os que, por amá-lo, suportaram as injustiças do mundo (Mt 5.3-11). Muitas passagens bíblicas associam sofrimento à alegria (1 Ts 1.6; Hb 10.34; Tg 1.2; 5.11; 1 Pe 4.13). Note que, nelas, a alegria está relacionada à esperança de cristão, a qual está baseada em sua futura glória no céu – o prêmio para os que vencerem as provas e tentações desta vida. Portanto, a alegria cristã não é uma emoção artificial, mas fruto da graça e da ação do Espírito na vida do crente.  


II. A TRIPLICE ADVERTENCIA PAULINA.
Como disse o Dr. F. Davison, Paulo começa a falar rápida e veementemente, em indiscutível admoestação contra três classes de falsos mestres. O texto diz: “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão!” (v.2). Para o Dr.Davison estas três classes de falsos mestres são: Os Judaizantes (Fp 3.2-11); Os Perfeicionistas (Fp 3.12-16) e Os Antinomistas (Fp 3.17-21). No entanto, veremos o que quer dizer Paulo com os termos acima:

Cães – Embora útil para guardar a casa (Is 56.10) e para guarda o rebanho (Jó 30.1), era um dos animais que mais desagradava ao povo, pois, em geral, uivavam, comendo cadáveres e lixo nas ruas (Sl 59.6; 1 Rs 14.11; 21.19,23), além de atacarem os viajantes (Sl 22.16, 20). Comparar uma pessoa a um cão era grande insulto (1 Sm 17.43; 24.14; 2 Sm 9.8; 2 Rs 8.13). Logo, é símile dos que são incapazes de apreciar o que é santo e elevado (Mt 7.6); dos que introduzem falsas doutrinas (Fp 3.2; 2 Pe 2.22).

Maus obreiros – Segundo Orlando Boyer, obreiro é aquele que coopera no desenvolvimento de uma empresa ou de uma ideia. Então, o que classifica aqui o obreiro, quanto ao tipo de obreiro é o adjetivo “mau”, que significa “nocivo; perverso; e individuo de má índole”. Estes maus obreiros ensinavam que os cristãos gentios deveriam, além da fé em Jesus, observarem a circuncisão, darem esmola, guardarem o sábado, observarem o kash’ rut – leis dietéticas dos judeus, etc. Porém, o concílio de Jerusalém (At 15), já havia determinado o que os cristãos gentios deveriam guardar, além da fé em Jesus, eles deveriam apenas abster-se das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da prostituição (At 15.29). Este foi o primeiro, de muitos concílios que surgiram depois deste, para combater as falsas doutrinas destes maus obreiros. O concilio era, portanto, uma reunião em que se trata de assuntos dogmáticos, doutrinários ou disciplinares. O termo “concílio” vem do latim “concilium” e significa “conselho, assembleia”.

Circuncisão – Este era um rito religioso com caráter moral e espiritual, e apesar de ser praticada também por outros grupamentos humanos, como os árabes, por exemplo, entre os israelitas adquiriu ela um significado todo especial. Através da circuncisão, o individuo habilitava-se a fazer parte do povo eleito. Era o sinal da aliança entre Deus e Israel (Gn 17.10-14; At 7.8). Assim, os “cães” e “maus obreiros” como chamou Paulo aos judaizantes, não apenas ensinavam como também obrigavam os cristãos gentios a praticarem tal rito como regra indispensável à salvação. Por isso, o Apóstolo foi contundente: “guardai-vos da circuncisão!”. Vale ressaltar ainda que, embora a circuncisão fosse uma cirurgia limpa e planejada, os judaizantes a realizavam de forma a rasgar, ferir e mutilar os fracos neófitos.  


III. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO
No versículo três, Paulo refuta a heresia ensinada pelos judaizantes, dizendo: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”. Já sabemos que a circuncisão é um rito religioso, e que consistia em cortar o prepúcio dos neófitos (Gn 17.12; 12.23; Êx 4.25; Js 5.3; Lc 1.58-61; Jo 7.22,23). Paulo mostra que a circuncisão do cristão não é exterior “a circuncisão somos nós”, e que, portanto, é espiritual “servimos a Deus no Espírito”, mostrando assim, que o cristão não necessita de nenhuma marca física para provar que pertence a Deus. Pelo contrário, o verdadeiro cristão não se gloria na circuncisão, como faziam os judaizantes, mas “nos gloriamos em Jesus Cristo”, ou seja, a graça de Deus é o verdadeiro motivo de nos gloriamos, pois dela advém nossa tão grande salvação (Jo 1.17; Ef 2.8,9; Tt 2.11). Por isso, Paulo é contundente em afirmar que “não confiamos na carne”. Paulo está dizendo que tal rito é vão quanto à redenção do homem, pois foi o que ele disse aos judaizantes da região da Galácia: “Em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum, mas sim o ser uma nova criatura” (Gl 6.15). Todavia, o que nos chama mais atenção ao texto de Fp 3.3, é termo grego usado por Paulo para a expressão “carne”. Ao invés de Paulo ter usado o termo grego “soma” em sua abordagem sobre a circuncisão (por trata-se de um sinal no corpo), ele utiliza o termo “sarx” que identifica a velha natureza herdada de Adão, conhecida como natureza pecaminosa (Rm 5.12; 7.15-17; 8.7,8; Gl 5.16,17). Este ato de Paulo, em substituir um termo grego por outro, reforça seu discurso em mostrar a ineficácia da circuncisão. Portanto, a verdadeira circuncisão é operada pelo Espírito Santo, no coração do arrependido, mediante a fé em Jesus Cristo (Rm 2.25-29; 1 Co 7.19; Gl 5.16; Cl 2.11). Quanto aos versículos 4 - 11, encontramos uma síntese biográfica de Paulo, na qual declara que ele tem todos os privilégios raciais dos judaizantes e ainda mais que eles. Revela como ele mesmo podia orgulhar-se em termos de lei.


CONCLUSÃO
Na presente lição, aprendemos que para cumprirmos a exortação do Apóstolo regozijai-vos no Senhor”, é necessário termos e mantermos uma vida de profunda comunhão com Deus, para que o Espírito Santo venha produzir em nossas vidas esta alegria que é fruto de sua graça (Gl 5.22). Aprendemos, também, sobre o valor da verdadeira circuncisão, que é uma ação do Espírito na vida do cristão. E, que é o nosso coração que deve está circuncidado!  Por isso, mais importante do que qualquer ritualismo, é ser uma nova criatura em Cristo Jesus e observar os mandamentos de Deus. Todavia, não podemos está desatentos quanto aos maus obreiros! Tenha bastante cuidado! Ouça a advertência do Apóstolo: “Guardai-vos dos cães... dos maus obreiros”.



REFERÊNCIAS

 ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
 ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Lições Biblicas (1º trimestre/ 2011) CPAD.
 GILBERTO, Antônio. Lições Biblicas (1º trimestre/ 2005) CPAD.
 SOARES, Esequias. Lições Biblicas (2º trimestre/ 1999) CPAD.
 DAVISON, Francis. O novo comentário da Bíblia. VIDA NOVA.
 BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.


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