Fp 4.1-7
INTRODUÇÃO
Na aula passada, abordamos a importância de mantermo-nos firmes na fé
em Cristo observando os bons exemplos de fé que ainda há entre nós. Também
tratamos do devido cuidado que devemos ter com aqueles que ensinam heresias, a
quem Paulo chama de “inimigos da cruz de
Cristo”. E, por fim, explicamos o principal perfil dos que servem ao Senhor
em contraste com aqueles que são “inimigos
da cruz de Cristo”! Na aula de hoje, estaremos tratando mais uma vez da
temática da epístola: A Alegria. Veremos que esta alegria é necessária para nos
mantermos firmes na fé, por ser ela quem sustenta a nossa vida cristã. Também
trataremos sobre a ansiedade, o que é ela, quais as suas causas e sintomas;
além de abordamos a paz de Deus, que como a alegria, é fruto do Espírito! Boa
aula para todos!!
I. EXORTAÇÃO À ALEGRIA E FIRMEZA DA
FÉ (4.1-3)
Em
conclusão de sua narrativa do capítulo 3, em que Paulo trata dos “inimigos da cruz de Cristo”, ele inicia
o capítulo 4 fazendo um desfecho do assunto, dizendo: “Portanto, meus amados e mui
queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados”
(v.1). Assim como em outras epístolas suas, o Apóstolo conclui sua narrativa no
capítulo seguinte, algo que lhe é bastante peculiar (ver Rm 2.1; 8.1; 12.1; Ef
4.1; Cl 3.1). No entanto, o que atrai nossa atenção não é a conjunção “portanto”
(conjunção utilizada para iniciar uma oração que inclui uma conclusão de
uma ideia ou raciocínio explicitado na oração anterior) utilizada aqui
por Paulo, mas sim, o fato dos crentes filipenses serem “minha alegria e coroa”,
afirma o Apóstolo e logo em seguida faz seu apelo: “estai assim firmes no Senhor,
amados”. O bem-estar espiritual
daqueles irmãos era algo prioritário no ministério de Paulo, bem diferente de
muitos “ministros” da atualidade! Logo, percebe-se a alta estima que Paulo
tinha daqueles amados irmãos, fato este que fez com que ele não economizasse no
vocabulário, que é riquíssimo de nobres sentimentos. E, falando sobre
sentimentos, Paulo aproveita a ocasião para exortar a duas importantes mulheres
que cooperaram na fundação daquela igreja, mas que até agora se encontravam no
anonimato (para nós), ele diz: “Rogo a Evódia e rogo a Síntique que sintam o
mesmo no Senhor” (v.2). Segundo o Dr. Davison, estas mulheres tinham
certa posição de destaque na igreja, cada uma possuía um grupo de seguidores, pelo
que a semente da discórdia estava sendo semeada no seio da igreja. Por esta
razão, Paulo inicia dizendo: “Rogo... e rogo”. No grego, o
verbo é parakaleo, que vem de duas palavras: para, uma preposição
grega que significa “ao lado de”; e kaleo,
o verbo “chamar”, traduzido no Novo
Testamento por “exortar, apelar,
recomendar, solicitar”. Assim, rogar é pedir com instância; é suplicar.
Paulo está suplicando a essas irmãs a que “sintam o mesmo no Senhor”, ou seja,
que “como eleitos de Deus, santos, e
amados, revesti-vos de compaixão, de benignidade, de humildade, de mansidão, de
longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos uns aos outros, se
alguém tiver queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim
também perdoai vós” (Cl 3.12,13). Observa-se, então, que o problema de relacionamento
dessas duas irmãs era tão sério, pois estava perturbando a comunhão da igreja e
expondo a saúde espiritual do rebanho de modo que, Paulo solicita o auxilio de
um obreiro de Filipos para intermediar a situação, dizendo: “E
peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que
trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores,
cujos nomes estão no livro da vida” (v.3). Não estão assim muitas
igrejas da atualidade? Mas, por que ainda estão assim? Pois Paulo dá o exemplo
de como resolver esta situação!
O Apóstolo pede para quem ele chama de “meu
verdadeiro companheiro” que juntamente com Clemente e os outros
cooperadores ajam em prol dessa situação, promovendo a pacificação entre Evódia
e Síntique e restabelecendo a relação harmônica e fraterna entre elas. Embora
não sendo pastor, Paulo agiu como um cuidadoso e zeloso pastor, bem diferente
de muitos que se chamam “pastores” na atualidade, mas que não passam de
impostores e gestores de igreja! Nada se sabe deste a quem Paulo chama de “meu
verdadeiro companheiro”, e semelhantemente não se pode identificar quem
é Clemente; é possível que fizessem parte do ministério local daquela igreja
(Fp 1.1). No entanto, Paulo ressalta que mais importante que qualquer outra
coisa (seja posições, status, cargos, etc.), ter os nossos nomes “no
livro da vida” é o que, de fato, deve ocupar os nossos corações. O
termo “livro da vida” aqui é simbólico, e no Novo Testamento só encontra-se
neste texto e em Apocalipse (Ap 3.5; 13.8; 17.8; 20.12,15; 21.27). Assim, enquanto
muitos brigam por coisas que passam, foquemo-nos no realmente interessam: a
vida eterna (1 Tm 6.12; 1 Jo 2.25). Para isso, é preciso estar em paz com
nossos irmãos, do contrario, nem nossa oração será ouvida pelo Senhor: “E
quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para
que vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará as vossas ofensas. Mas se
vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, não vos perdoará as
vossas ofensas” (Mc 11.25,26). Portanto, não se iluda, pois não basta
dizer: Senhor! Senhor!
II. A ALEGRIA DIVINA SUSTENTA A
VIDA CRISTÃ (4.4,5)
No
versículo 4, que é o versículo-chave da referida epístola, Paulo recomenda aqueles
irmãos a que: “Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez vos digo: regozijai-vos”.
A alegria, que é a temática desta carta, é aqui, mais uma vez mencionada pelo
Apóstolo. Sabemos que, tal alegria não é uma alegria meramente humana, pois ela
é fruto da graça de Deus e da habitação do Espírito Santo na vida do crente,
sendo, portanto, uma alegria espiritual. O Salmista deixou isto claro ao dizer:
“Alegrei-me
quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1). E também: “Tu me
farás ver a vereda da vida; na tua presença me encherás de alegria, com
delícias perpétuas à tua mão direta” (Sl 16.11). O autor da epístola da
alegria a conhecia muito bem, por isso ensinava e estimulava aos filipenses a
assim procederem (Fp 1.3,18; 2.2,18; 3.1; 4.1,4,10). Mas, como ter esta alegria
em nossas vidas sem ter comunhão com nossos irmãos? A comunhão entre irmãos é
um instrumento de Deus para levar alegria ao coração daqueles que se sentem
solitários ou deprimidos. À luz do relato de Evódia e Síntique, o crente em
Jesus é estimulado a resolver a diferença com o seu próximo e viver a alegria
de Deus com os irmãos. Porquanto, “a alegria do Senhor é a nossa força”
(Ne 8.10). Não há dúvida quanto à fonte da nossa alegria! Por essa razão, insiste
o Apóstolo e diz: “outra vez vos digo”. Que significa isso? Ora, no capítulo 3.1,
Paulo já havia exortado aos irmãos para que se regozijassem no Senhor, agora,
de forma mais enfática, ele repete tal apelo. Porquanto, por não ter origem nas
coisas terrenas tampouco nas humanas, esta alegria que é fruto do Espírito, nos
leva a termos equidade, pois diz Paulo: “Seja a vossa equidade notória a todos os
homens. Perto está o Senhor” (v.5). A equidade é a disposição para se reconhecer
imparcialmente o direito de cada um; equivalência ou igualdade. Já a moderação
é o comportamento ou característica
de quem evita excessos; comedimento. Logo, Paulo está dizendo aos filipenses
que tratem todos com igualdade e comedimento, não agindo com parcialidade, pois
“Perto está o Senhor”.
De fato, o Senhor está perto de nós e
contempla todas as nossas obras (Is 66.18; Mc 2.8; Ap 2.2,19; 3.1,8,15). Porém,
muitos agem como se o Senhor estivesse bem distante, pois procedem de forma
contrária aos seus ensinamentos. Mas, Paulo nos alerta quando a isto dizendo: “E
fazei isto, conhecendo o tempo. Já é hora de despertarmos do sono, porque a
nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé”
(Rm 13.11). Portanto, pratiquemos os ensinamentos do Senhor procedendo com
moderação e equidade, sabendo que Ele está mais perto de nós do que possamos
imaginar, e lembrando-se da advertência do Apóstolo Pedro: “Pois
já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se primeiro começa por
nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus?”
(1 Pe 4.17). É bom atentar para o que diz o Apóstolo!
III. A SINGULARIDADE DA PAZ DE DEUS
(4.6,7)
No
versículo 6, o Apóstolo Paulo aconselha aos irmãos de Filipos a que: “Não sejais inquietos por coisa
alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela
oração e súplicas, com ação de graças” (v.6). Isto denota que a alegria do Senhor é
eficaz para desfazer a ansiedade.
A ansiedade é um estado emocional de
inquietude, medo e perturbação do Sistema Nervoso Central. Ela está no topo da
lista dos grandes males que afligem a sociedade dos nossos dias. Mesmo entre os
crentes em Jesus, há os que se deixam dominar pela ânsia, agitação e medo,
anulando a fé em suas vidas. Por isso, Paulo assevera aos irmãos a que: “Não
sejais inquietos por coisa alguma”. Dentre os fatores que geram a
ansiedade podemos citar: 1) Drogas (lícitas e ilícitas); 2) Cuidados excessivos com a vida; 3) Fé vacilante, medo, insegurança e
desesperança. Já alguns dos sintomas são: Sudorese, fadiga, cefaleia,
taquicardia, nervosismo, medo, confusão mental, dificuldade para relaxar,
insônia, dificuldade para orar, santificar-se e ler a Bíblia. Observa-se, aqui,
quão terrível é esse mal chamado ansiedade, por isso Paulo orienta aos irmãos
para que apresentem a Deus todas as suas necessidades, ao dizer: “antes,
as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus”. Mas, como
fazer isto? Paulo responde: “pela oração e súplicas, com ação de graças”.
Então, alguém pode questionar: “Mas como
orar se um dos sintomas da ansiedade é a dificuldade para orar?”. É
verdade! Porém, observe que o Apóstolo diz “antes”. Antes de quê?
Antes de sermos acometidos por esses mal, ou seja, Paulo ensina que o melhor
antidoto para ansiedade é a oração tanto corretiva como, e principalmente,
preventiva! Assim, dominando a ansiedade e não sendo dominado por ela, Paulo diz:
“E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os
vossos sentimentos em Cristo Jesus” (v.7).
Esta paz, que assim como a
alegria, é fruto do Espírito (Gl 5.22) não tem como ser compreendida por
nenhuma ciência humana, seja filosofia, seja psicologia, ou qualquer outra,
pois não depende das circunstâncias. Pois disse o Mestre Jesus: “Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (Jo
14.27). Portanto, para usufruirmos essa paz, como também a alegria do Senhor,
faz-se necessário que tenhamos um ambiente onde aja união e comunhão. Este é o
ambiente propício para não haver inquietações das almas e confusão de espírito.
A igreja local precisa ser este ambiente. Um lugar de Comunhão, Paz, Oração e
Ação de Graças entre os irmãos.
CONCLUSÃO
Diante
do exposto, aprendemos que mesmo nos momentos difíceis da nossa vida é possível
termos alegria. O Apóstolo Paulo é um grande exemplo disto! Ele mostra na
pratica que “alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10). É essa alegria
que sustenta a nossa vida nos momentos de adversidades, e encoraja-nos a
permanecermos firmes no Senhor. Portanto, que vivamos em comunhão com nossos
irmãos, para que desfrutemos não só desta alegria, mas também da paz de Deus.
Assim, estaremos vacinados contra a ansiedade e procederemos com equidade e
moderação. Que Deus em Cristo abençoe a todos!
REFERÊNCIAS
CABRAL, Elienai. Lições Biblicas (3º trimestre/ 2013) CPAD.
GABY, Wagner dos Santos. Lições Biblicas (3º trimestre/ 2008) CPAD.
DAVISON,
Francis. O novo comentário da Bíblia. VIDA NOVA.
Revista
Ensinador Cristão,
nº 55. CPAD.
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