Dn
1.1-8;17,20
INTRODUÇÃO
Viver uma vida irrepreensível
diante da sociedade e principalmente diante de Deus é algo que não é tão fácil diante
da sociedade contemporânea. Veremos nesta lição que é possível ser moralmente e
espiritualmente firme e íntegro diante de Deus baseados na vida do Profeta
Daniel. Estudaremos algumas características de seu caráter e analisaremos também
algumas de suas qualidades como um bom servo do Senhor.
I
– DEFINIÇÃO DAS PALAVRAS INTEGRIDADE E CARÁTER
Pode-se definir integridade
como “solidez de caráter”. Pode, também, significar o estado de “ser
inteiro”, “ser completo”. Deriva-se do verbo “integrar”, que significa “tornar
unido para formar um todo completo ou perfeito”,“retidão, perfeição”. Qualidade
de alguém de conduta reta, pessoa de honra, ética, educada, imparcial, pureza
ou castidade, o que é justo. Já a palavra caráter significa o
aspecto dinâmico da nossa personalidade. É aquilo que nos faz diferentes dos
outros, conjunto dos traços particulares de uma pessoa (FERREIRA, 2004, pp.
1116, 402).
II – CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS DE
DANIEL (Dn 1.3)
2.1 “E disse o rei a Aspenaz
chefe dos seus eunucos...” (Dn 1.3-a). Eunuco do hebraico “sarís”, era um
macho castrado. Por motivos óbvios, os eunucos eram frequentemente encarregados
dos haréns reais. Às vezes a palavra, por metáfora, era usada simplesmente com
referência a um oficial. Há quem defenda que exista uma grande possibilidade de
que Daniel e seus amigos tenham sido desvirilizados (castrados) baseados na
profecia de II Rs 20.18 e Is 39.7. No entanto, essa informação não
significa a literalidade da palavra, não há nada absolutamente que
prove que Daniel e seus três amigos foram castrados, mais sim, que tenham
apenas se afastado do contato com mulheres e preservado o seu estado de castidade
por uma livre escolha e devoção “Porque há eunucos que nasceram assim; e
há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se
fizeram eunucos por causa do reino dos céus..." (Mt 19.12).
2.2 “....que trouxesse alguns
dos filhos de Israel..” (Dn 1.3-b). Esses eram originalmente descendentes de Jacó ou
Israel. Tinham a reputação de serem da linhagem de Davi. Esses quatro jovens de
Judá, por intermédio dos seus nomes, testemunhavam do único e verdadeiro Deus.
Quaisquer que tivessem sido as limitações do seu ambiente religioso em Judá,
seus pais lhes deram nomes que serviam de testemunho ao Deus que serviam.
Daniel significava: “Deus é meu juiz”; Hananias significava: “O
Senhor tem sido gracioso ou bondoso”; Misael significava: “Quem é
como é Deus?” e Azarias declarava: “O Senhor é meu Ajudador”.
2.3 “...e da linhagem real e
dos nobres ou príncipes” (Dn 1.3-c). A palavra nobres no hebraico “partemím” é
um termo aparentemente usado com referência a pessoas importantes. Entre esses
cativos da primeira leva estava os melhores da nação judaica, inclusive membros
da casa real, provavelmente descendentes do rei Ezequias, conforme a profecia
de Isaías 39.6,7. Também refere-se a ilustres famílias, e não somente à casa
real de Davi. O sentido dos três termos, “Israel, linhagem real e nobres”,
indica que a seleção tinha de ser feita entre os hebreus, tanto da família real
como de outras famílias da nobreza.
III
- TRÊS QUALIFICAÇÕES DE DANIEL
Poucas personagens no AT são tão
conhecidas quanto Daniel, desarraigado da sua terra natal, educado numa sociedade
estrangeira, que manteve a firmeza do caráter moral e espiritual e uma
lealdade inabalável ao Deus do seu povo. As suas habilidades e a
integridade inspirada pela sua fé o conduziu a altos escalões de governo.
Vejamos algumas de suas qualificações:
3.1 QUALIDADES
FÍSICAS -
“Jovens sem nenhum defeito...” (Dn 1.4-a). Esta é a primeira de uma série de
qualificações estipuladas para a seleção de homens a serem treinados na corte
da Babilônia. Jovens no hebraico “yeladím”, entre quatorze ou quinze anos de
idade ou um pouco mais é o que parece certo. Ausência de defeito “...formoso e de boa
aparência...” (Dn
1.4-b). A mesma combinação de palavras se usou em relação à beleza de Raquel (Gn
24.16; 26.7), Bate-Seba (IISm 11.3), da Rainha Vasti (Et 1.11) e de Ester (Et
2.2; 3,7). Daniel e seus amigos nobres (ou reais) eram fisicamente “perfeitos”.
3.2 QUALIDADES
INTELECTUAIS -
“Instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, e versados no conhecimento”
(Dn 1.4-c). Essas
três expressões cumulativas “sabedoria, ciência e conhecimento” enfatizam
a capacidade natural. A redundância da expressão hebraica é para dar ênfase e
não para estabelecer distinções. Referia-se mais ao que os jovens já eram e não
ao que iriam se tornar. “O programa educacional que estes jovens iriam se
submeter provavelmente incluiu o estudo da agricultura, da arquitetura, da
engenharia, da astrologia, da astronomia, das leis civis, da matemática e da
difícil língua acádica” (CHAMPLIN, 2009, p. 3374).
3.3 QUALIDADES MORAIS
- “Que
fossem competentes para assistirem no palácio do rei” (Dn 1.4-d). Talentos naturais e adquiridos
que capacitassem esses homens a servirem um rei esplêndido em um edifício
magnífico é o que se quis dizer. Os rapazes deviam ser humildes, mas não tímidos.
“E lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus” (Dn 1.4-e). A
frase “competentes para assistirem no palácio”, indica claramente
que deveriam ter conhecimentos em diversas áreas mais também ser moralmente
justos.
IV
– A INTEGRIDADE DE DANIEL COMO MODELO PARA NOSSO DIAS
A decisão de não comer das
iguarias do rei era muito mais do que uma questão de conveniência ou saúde (Dn
1.8). A palavra traduzida por contaminar-se “gaal”, pode
significar contaminação física (Is 63.3), "mancha", contaminação
moral (Sf 3.1), ou, mais frequentemente, contaminação cerimonial (Ed 2.62; Ne
7.64). Vejamos algumas lições:
4.1 Daniel um modelo de
EXCELÊNCIA. Mesmo
tendo sido levado muito jovem para o exílio babilônico, Daniel conhecia a Deus
e não o trocaria por iguaria alguma que lhe fosse oferecida. É um modelo para
os jovens (Ec 12.1), como também foram outros jovens na história bíblica como
Samuel (1Sm 3.1-11), José (Gn 39.2), Davi (1Sm 16.12),Timóteo (2Tm 3.15).
Durante toda a sua vida, Daniel foi um exemplo de fidelidade, integridade e de
oração, pois orava três vezes ao dia, continuamente (Dn 6.10).
4.2 Daniel modelo de INTEGRIDADE
numa sociedade corrupta (Dn 1.6,7). Apesar
de todo o esforço de seus exatores que os trouxeram para uma terra estranha e
pagã, com costumes e hábitos, dedicados a outros deuses, Daniel soube, durante
toda a sua vida, manter-se íntegro moral e fisicamente. A mudança de nome não
os fez esquecerem de sua fé e seu Deus Vivo e Poderoso (Dn 1.6,7).
4.3 Daniel modelo de SUPERAÇÃO pela
fidelidade a Deus (Dn 1.20). Neste
versículo a poderosa mão de Deus dirigiu todo o curso dos acontecimentos, bem
como, a saúde física, o vigor intelectual e a capacidade de superar
inteligências comuns. O texto diz que “Deus lhes deu o conhecimento e a
inteligência em todas as letras e sabedoria...” (Dn 1.17), tudo aquilo
que os outros príncipes do palácio não tinham.
V
- OS PERIGOS E RISCOS DA ACULTURAÇÃO
Daniel era radical em sua posição
e não estava aberto a mudanças, se essas interferissem em sua fidelidade a Deus.
Ele e seus companheiros compreenderam que a “babilonização” era uma porta
aberta para a apostasia. Daniel não negociou seus valores, não se corrompeu e
nem se mundanizou. Também não satanizou a cultura, dizendo que “tudo era do
diabo”, mas percorreu com sabedoria os corredores da universidade e do palácio
sem se corromper. Analisemos:
5.1 O perigo da mudança dos
valores (Dn 1.7). Assim
que chegaram na Babilônia seus nomes foram trocados. Com isso a Babilônia
queria que eles esquecessem o passado e seu Deus. A Babilônia quis remover os
marcos e arrancar suas raízes. Entre os hebreus, o nome era resultado de uma
experiência com Deus. A universidade da Babilônia queria tirar a convicção de
Deus da mente de Daniel e de seus amigos e implantar neles novas convicções,
novas crenças, novos valores, por isso mudaram seus nomes. A Babilônia
mudou os nomes deles, porém, não mudou seus corações. Daniel e seus
amigos não permitiram que o ambiente, as circunstâncias e as pressões externas
ditassem sua conduta.
5.2 O perigo das iguarias do
mundo (Dn 1.8-a). Os
jovens, além de ter a melhor universidade do mundo de graça, ainda teriam
comida de graça, e da melhor qualidade. Os alimentos consumidos pelos pagãos
continham coisas consideradas cerimonialmente imundas para os judeus. A carne
da mesa do rei era sem dúvida morta de acordo com o ritual pagão e oferecida a
um deus. Os judeus estavam proibidos de comer carne sacrificada a um deus pagão
(Êx 34.15). Os judeus sempre enfrentaram este problema ao comer fora de sua
terra (Lv 3.17; 6.26; 17.10-14; 19.26; Os 9:3, 4; Ez 4:13, 14).
5.3 O perigo das ofertas
vantajosas (Dn 1.19). Muitos
judeus se dispuseram a aceitar as ofertas generosas da Babilônia. Esqueceram de
Sião e dos absolutos da Palavra de Deus. A Lei já não servia mais para eles.
Agora estavam num “estágio mais avançado” estudando as ciências do mundo. Além
do mais, a Babilônia oferecia riquezas, prazeres e delícias. A lei de Deus,
pensavam, é muito rígida, tem muitos preceitos. E assim, muitos se esqueceram
de Deus e de Sua Palavra (2Rs 24.14). Para eles, tudo havia se tornado relativo
e ultrapassado. No entanto, Daniel era ortodoxo, ou seja, vivia em plena
obediência a Palavra do Senhor (Dn 1.8).
CONCLUSÃO
Daniel, um jovem fiel a Deus
apesar de um passado de dor é um farol a ensinar-nos o caminho certo no meio da
escuridão do relativismo. Seu testemunho rompeu a barreira do tempo e ainda
encoraja homens e mulheres e jovens em todo o mundo a viver com integridade e
santidade em nossos dias.
REFERÊNCIAS
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico
Africano. Mundo Cristão.
CABRAL, Elienai. Integridade Moral e
Espiritual: O Legado do Livro de Daniel para a Igreja Hoje. CPAD
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia,
Teologia e Filosofia. HAGNOS.
PFEIFFER, Charles F. Comentário
Bíblico Moody: Daniel. Editora Batista Regular.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação