Dn 1.1,2; 7.1; 12.4
INTRODUÇÃO
Neste
último trimestre de 2014 estudaremos mais uma riquíssima lição que tem como
título: “Integridade Moral e Espiritual - o Legado de Daniel para a
Igreja Hoje”. O livro de Daniel nos mostra a história de um judeu que
apesar de ser deportado para a Babilônia, uma terra estranha e pagã, preservou
a sua identidade moral e espiritual. Sua vida exemplar como servo de Deus se
constitui num paradigma para todo aquele que deseja servir a Deus de forma
agradável.
I -
INFORMAÇÕES SOBRE O LIVRO DE DANIEL
1.1
Autor. O nome
Daniel significa “Deus é juiz” ou “Deus é
meu juiz”. A palavra Dã, significa “juízo ou justiça” (Gn
30.6; 49.16), e a expressão El é a abreviação do nome de Deus “Elohim” (Gn
1.1; Nm 23.8). Outras informações acerca de Daniel merecem destaque: “(1) era
membro da família real e nasceu em Jerusalém, em 623 a.C. aproximadamente,
durante a reforma de Josias e no principio do ministério de Jeremias;(2) foi
levado a Babilônia por ocasião do primeiro exílio em 605 a.C., foi selecionado
para o serviço real depois de um período de três anos de estudos especiais,
tendo recebido o nome de “Beltessazar”, uma das divindades
da Babilônia; (3) Em 603, aos 20 anos aproximadamente, Daniel
foi declarado governador da província da Babilônia e chefe supremo de todos os
“sábios”. (4) Durante um período de quase setenta anos, Daniel
serviu a seis governadores babilônios e a dois persas. No governo de três deles
(Nabucodonosor, Belsazar e Dario I) foi elevado a primeiro-ministro. Ocupou
essa função durante o cativeiro final de Judá e o regresso dos cativos”
(ELLISEN, 2012, p. 258).
1.2
Provas da autoria de Daniel. Seguem
alguns indícios que comprovam a autoria de Daniel: “(1) Do mesmo
modo que Moisés, Samuel, Esdras e outros reconhecidos autores do Antigo
Testamento, Daniel registra os capítulos históricos na terceira pessoa. Ao
narrar as quatro visões (Dn 7-12), escreve sempre na primeira pessoa,
identificando-se muitas vezes: “eu, Daniel”. (2) Ezequiel
reconheceu a historicidade de Daniel na sua época, mostrando com isso que sua
notável sabedoria e seu caráter integro eram legendários, comparáveis aos de
Noé e Jó (Ez 14.14, 20; 28.3). (3) O autor demonstra cabal
conhecimento dos hábitos, costumes, história e religiões do sexto século a.C.
(Dn 1.5, 10; 2.2; 3.3, 10 etc). (4) Jesus reconheceu Daniel
como o autor das visões de (Dn 9.27, 11.31 e 12.11), as últimas partes do livro
(Mt 24.15). E, (5) “Josefo, historiador judeu do primeiro
século, mencionou que Alexandre o Grande foi anunciado no Livro de Daniel e na
sua profecia sobre o poder em ascensão na Grécia e o primeiro rei que
conquistaria a Pérsia (Dn 8.21; 11.3)” (JOSEFO, apud, ELLISEN, 2012, pp.
258,259 - acréscimo nosso).
1.3 Data
e Lugar. “O livro
de Daniel foi escrito entre 606-534 a.C., durante o exílio do povo de Deus em
Babilônia. (O exílio foi mesmo de 606 a 536 a.C.). Babilônia era a capital do
império” (GILBERTO, p. 08, 2010).
1.4
Divisão do livro e tema. O livro
de Daniel pode ser divido em duas partes, a saber: “(1) Parte
histórica (capítulos 1 a 6) - Uma espécie de biografia de Daniel,
havendo também o elemento profético, especialmente no capítulo 2. (2) Parte
profética(capítulos 7 a 12) - Visão geral e pormenorizada dos últimos
impérios mundiais dos tempos dos gentios, sucedidos pelo reino dos santos do
Altíssimo (Dn 7.22). O tema do livro é: Deus revela o profundo e o escondido, e
governa os reinos dos homens, como está escrito: “Ele revela o
profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a
luz” (Dn 2.22). “Até que conheças que o Altíssimo tem
domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer” (Dn 4.25-b)”
(GILBERTO, p. 08, 2010 - acréscimo nosso).
1.5
Características especiais desse livro. “Oito características principais assinalam o livro de Daniel. (1) É
o mais breve dos quatro profetas maiores e o mais lido e estudado de todos os
profetas do AT. (2) Nos trechos proféticos do NT, Daniel é
mais frequentemente citado ou aludido do que qualquer outro livro do AT. (3) É
o “apocalipse” do AT e, como o de Apocalipse do NT, revela grandes temas
proféticos de vital importância para a igreja do tempo do fim. (4) Contém
o resumo profético mais detalhado de toda a história final do AT. É a única
profecia do AT que estabelece a data do primeiro advento de Cristo (Dn
9.24-27). (5) Revela mais a respeito do autor humano do que
qualquer outro escrito profético do AT (com a possível exceção de
Jeremias). (6)Contém o melhor exemplo de intercessão pela
restauração do povo de Deus baseada nas inspiradas promessas da Palavra de Deus
(ver cap. 9, baseado em Jr 25.11-16; 29.7,10-14). (7) As
histórias de Daniel e dos seus amigos estão entre as mais queridas da Bíblia.(8) O
episódio da “escritura na parede” durante o banquete de Belsazar é muitíssimo
conhecido por toda a parte (Dn 5)” (STAMPS, 1995, p. 1243).
1.6 O
livro de Daniel ante o NT. “A
influência de Daniel no NT vai muito além das cinco ou seis vezes que o livro é
citado diretamente. Muito da história e da profecia de Daniel reaparece nos
trechos proféticos dos Evangelhos, das Epístolas e do Apocalipse. A profecia de
Daniel a respeito do Messias vindouro contém uma descrição dEle como (1) a
“grande pedra” que esmagaria os reinos do mundo (Dn 2.34,35,45); (2) O
Filho do homem, a quem o Ancião de Dias daria o domínio, a glória e o reino (Dn
7.13,14); e (3)“O Messias, o Príncipe” que viria e seria tirado (Dn
9.25,26)” (STAMPS, 1995, p. 1243).
1.7
Propósito do livro. “Há duplo
propósito no livro de Daniel: (1) dar ao povo do concerto do
AT a certeza de que o juízo de seu cativeiro entre as nações gentias não seria
permanente; e (2) legar ao povo de Deus, no decurso da
história, as visões proféticas da soberania de Deus sobre as nações, e do
triunfo final do seu reino na terra. Este duplo objetivo é demonstrado no
decorrer do livro, nas vidas de Daniel e de seus três amigos, e na mensagem e
ministério proféticos de Daniel. O livro afirma que as promessas de Deus, de
preservar e restaurar o seu povo, são tão firmes como o reino messiânico
vindouro que durará para sempre” (STAMPS, 1995, p. 1242).
II -
DANIEL, O APOCALIPSE DO ANTIGO TESTAMENTO
O livro
de Daniel é tido por muitos estudiosos da Bíblia como o Apocalipse do Antigo Testamento, por
causa da abundância de previsões escatológicas que ambos possuem de forma que,
um não pode ser entendido sem o outro. “Daniel é o primeiro grande livro do
Apocalipse. Embora apocalipse seja simplesmente uma palavra grega significando
“descobrimento” ou “revelação” e é portanto com bastante propriedade um nome
para todas as Escrituras, especialmente as porções preditivas, os teólogos e os
exegetas costumam agora aplicá-la exclusivamente a certos tipos de literatura
da qual Daniel é o único exemplo no AT e o Apocalipse é o único no NT” (MOODY,
sd, p. 24-acréscimo nosso). Há uma
estreita afinidade entre os temas escatológicos de Daniel e Apocalipse, como se
segue:
TEMAS
ESCATOLÓGICOS ABORDADOS NO LIVRO DE
DANIEL E APOCALIPSE
|
|
A
grande tribulação
|
Dn
9.27; Ap 7.14
|
O
anticristo
|
Dn
11.36-45; Ap 13.1-8
|
A
segunda fase da segunda vinda de nosso Senhor Jesus Cristo
|
Dn
7.13,14; Ap 1.7
|
O
triunfo do reino de Deus
|
Dn
7.18; Ap 20.4
|
A
ressurreição dos justos e dos ímpios
|
Dn
12.2; Ap 20.5,6; 20.12,13
|
O Juízo
final
|
Dn
7.9,10; Ap 20.11-15
|
III -
DANIEL, UM MODELO DE SERVO DE DEUS
O
conteúdo histórico do livro de Daniel relata a sua vida piedosa. Os desafios
que ele enfrentou, retratam a realidade contemporânea, e a postura que assumiu
diante da hostilidade a sua fé, nos ensina como devemos agir diante dos embates
atuais. Elencamos aqui alguns traços do caráter desse justo servo de Deus:
VIRTUDES
DO PROFETA DANIEL
|
|
Foi um
homem exemplar, moderado e capaz de renunciar
|
(Dn
1.8-11)
|
Corajoso
|
(Dn 2.1
3 -1 6 ; 6.7-11)
|
Humilde
|
(Dn
6.4)
|
Grande aos
olhos de Deus
|
(Dn
10.11,19)
|
Fiel em
tudo
|
(Dn
6.4)
|
Pessoa
de oração
|
(Dn
6.10 ; Ez 14.14)
|
Reconhecido
e honrado
|
(Dn
2.48; 6.23; 12.13)
|
CONCLUSÃO
O livro
da Daniel nos traz um duplo ensinamento: primeiro, sua história se constitui
num testemunho de que é possível servir a Deus fielmente em uma cultura hostil;
segundo que Deus tem o controle do futuro em suas mãos e que apesar da maldade
humana, seu plano soberano será estabelecido.
REFERÊNCIAS
ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
GILBERTO,
Antonio. Daniel & Apocalipse. CPAD.
SILVA,
Severino Pedro da. Daniel versículo por versículo. CPAD.
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação
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