Tg 5.7-20
INTRODUÇÃO
Nesta
última lição deste trimestre, analisaremos diversos conselhos práticos para a
vida cristã ensinados por Tiago, tais como: a importância de se esperar em Deus
com paciência, tendo como exemplo a figura agricultor e do patriarca Jó; o
apóstolo exorta que utilizemos o eficaz recurso da oração nas aflições,
enfermidades e confissão de pecados. E, por fim, exorta-nos a resgatarmos os
irmãos que se desviaram fazendo-os regressarem a comunhão perdida.
I - O
AGRICULTOR: UM EXEMPLO DE ESPERANÇA, PACIÊNCIA E PERSEVERANÇA
“Tiago
agora passa a aconselhar o pobre oprimido. Suas instruções são no sentido do
pobre suportar com paciência sua situação econômica e social à vista da
iminente volta, do Senhor. Como exemplo de alguém que deve exercitar a
paciência, Tiago cita o caso do lavrador que espera “o precioso
fruto da terra”. Na Palestina, as primeiras chuvas (outubro/novembro)
vinha depois da semeadura e as últimas chuvas (abril/maio) quando os campos já
estavam amadurecendo. Ambas eram de suma importância para o sucesso da
colheita. Do mesmo modo o cristão, diz Tiago, não deve perder a paciência
diante das adversidades, mas deve estabelecer firmemente o seu coração à vista
do fato de que “a vinda do Senhor está próxima” (MOODY,
sd, p. 24 - acréscimo nosso).
CARACTERÍSTICAS
DO AGRICULTOR
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DEFINIÇÃO
E REFERÊNCIAS
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a) Esperança. “Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra” (Tg 5.7-a).
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No grego “elpis” que
quer dizer “expectativa favorável e confiante”. Tem a ver
com o que não se vê e o futuro (Rm 8.24,25).
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b) Paciência. “aguardando-o com paciência” (Tg
5.7-b).
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No grego “hupomone”,
que significa literalmente“permanência em baixo de”. A
paciência que só se desenvolve nas provas (Tg 1.3).
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c) Perseverança. “até que receba a chuva temporã e
serôdia” (Tg 5.7-c).
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No grego “proskarteresis” que
significa“constância”, “paciência”. A forma
verbal desta palavra significa “aderir”, “persistir”, “ocupar-se
em”, “passar muito tempo em” (Ef 6.18).
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II -
TIAGO EXORTA QUANTO A PACIÊNCIA, PRUDÊNCIA E A ORAÇÃO
2.1
Exortação a paciência tendo como modelo o patriarca Jó (Tg 5.10,11). “Além dos lavradores, também, os profetas são
citados como exemplos de “sofrimento e paciência”. Jó era
tradicionalmente considerado um profeta, e aqui foi explicitamente citado como
um exemplo de perseverança. Este é o único lugar do NT, onde Jó foi mencionado.
O ponto principal da ilustração de Jó é que a paciente perseverança mantém-se
sobre a convicção de que as dificuldades não são sem significado, mas que Deus
tem alguma finalidade e propósito nelas, o que Ele há de realizar” (MOODY, sd,
p. 24). A Bíblia ensina que a tribulação produz paciência (Rm 5.3; Tg 1.3).
2.2
Exortação quanto aos juramentos tendo como base o ensinamento de Cristo (Tg
5.12). “Uma vez
mais, Tiago menciona as palavras de Jesus em seu ensino doutrinário (Mt
5.33-37). O irmão de Jesus e pastor da Igreja em Jerusalém não está condenando
os juramentos solenes, pois eram uma antiga prática judaica, legalmente válida,
quando se precisava atestar uma palavra empenhada (Êx 22.11). Assim como foi
instado a fazer Jesus perante Caifás (Mt 26.63,64), e Paulo, ao expressar seu
zelo para com a Igreja (Rm 1.9; 9.1). Tiago está condenando o uso leviano do
santo nome de Deus ou de qualquer pessoa ou objeto sagrado para garantir a
verdade do que se diz. Os cristãos devem ser conhecidos como pessoas cujas
palavras são absolutamente dignas de crédito, sem nem mesmo a necessidade de
juramentos” (JAMES, 2007, p. 09).
2.3
Exortação quanto a prática da oração tendo como exemplo o profeta Elias (Tg
5.13-18). Para
exemplificar o poder da oração, Tiago cita o profeta Elias, que sendo um homem
com as mesmas limitações que temos, orou ao Senhor para que não chovesse e não
choveu; em seguida orou para que chovesse e assim foi (I Rs 17.1; 18.1).
Segundo Tiago, a oração de um justo realiza muitas coisas (Tg 5.16-b), entre as
quais podemos citar: (1) leva-o mais perto de Deus (Hb
7.25); (2) abre caminho para uma vida cheia do Espírito Santo
(Lc 11.13; At 1.14); (3) dá-lhe poder para servir e para a
devoção cristã (At 1.8; 4.31,33; Ef 3.14-21); (4) edifica-o
espiritualmente (Jd 20); (5) dá-lhe compreensão da provisão de
Cristo por nós (Ef 1.18,19); (6) ajuda-o a vencer a Satanás
(Dn 10.12,13; Ef 6.12,18); (7) esclarece a vontade de Deus
para ele (Sl 32.6-8; Pv 3.5,6 Mc 1.35-39); (8) capacita-o a
receber dons espirituais (I Co 14.1); (9) leva-o a comunhão
com Deus (Mt 6.9; Jo 7.37; 14.16,18,21) e, (10) outorga-lhe
graça, misericórdia e paz (Fp 4.6,7; Hb 4.16).
III -
CONSELHOS DE TIAGO PARA QUEM SOFRE, PARA QUEM ESTÁ ENFERMO E EM PECADO
Em sua epístola,
Tiago deu o devido valor a prática da oração mencionando-a várias vezes (Tg
1.5,6; 4.2,3; 5.13-18). A Bíblia ensina o cristão a orar em todo tempo (I Ts
5.17). Todavia, o apóstolo elenca alguns momentos e circunstâncias na vida onde
devemos buscar o socorro de Deus em oração:
3.1
Oração na aflição (Tg 5.13). Essa
palavra do apóstolo visa descrever aqueles que sofrem por qualquer tribulação,
aperto, necessidade, privação ou enfermidade. Diante de qualquer circunstância
difícil diz Tiago “ore”. Temos diversos exemplos de pessoas
que recorreram a Deus em momentos de aflição e foram por Ele aliviados (2 Cr
32.12,13; Sl 18.6; Lc 22.44; 2 Co 12.7-10). Mas, por quais razões devemos orar
na aflição? (1ª)Porque a oração é um ato de fé que pode solucionar
problemas e trazer alegria (Gn 25.21; I Sm 1.10-18); (2ª) porque
a oração pode ajudar o crente a mostra-se capaz de suportar suas tribulações
(II Co 12.8,9; Ef 6.18); (3ª) porque a oração pode distrair a
mente do salvo em suas tribulações (Fp 4.6,7; I Pe 5.7); e, (4ª) porque
a oração é um exercício espiritual que melhora a qualidade espiritual da alma,
ainda que o homem mortal continue a padecer sob circunstâncias adversas (Lc
22.44; At 7.60).
3.2
Oração quando se está enfermo (Tg 5.14,15). Certamente o texto em foco refere-se aos doentes no
corpo físico. A recomendação do apóstolo para aqueles que encontram-se nessa
condição é de recorrerem ao presbítero a fim de pedir oração, crendo que sua
saúde pode ser restaurada. Isto não é uma sugestão de que Deus sempre atende a
oração do crente com um sim. Toda oração, inclusive a oração pela cura, fica
sujeita à vontade de Deus (II Co 12.8,9; I Jo 5.14). Deve-se destacar também
que a prática de ungir a cabeça do enfermo, não indica que o óleo possui poder
curador. Embora na cultura judaica o azeite de oliveira era considerado com
propriedades medicinais (Lc 10.34). A ideia original é que esse óleo fosse
usado como um sinal visível e tangível do poder de
Deus representando a unção do Espírito Santo.
Biblicamente, o que pode proporcionar cura é o nome do Senhor conforme o
próprio Jesus e os seus santos apóstolos ensinaram (Mc 16.17,18; At 3.6,7; Tg
5.14,15).
3.3
Confissão de pecados contra Deus e contra o próximo (Tg 5.15-16). A origem das enfermidades está no pecado original,
nem sempre num pecado pessoal (Gn 3.17-19; Jo 9.1-3). Todavia, existem casos
também onde a pessoa encontra-se enferma por causa de uma transgressão cometida
(Sl 32.3,4; II Cr 26.19; Jo 5.14). Por isso, Tiago diz: “e, se
houver cometido pecados” lançando luz sobre esta verdade. Em caso
de pecado que fira a santidade da igreja, o transgressor confessa a Deus e pede
orientação ao pastor e/ou presbítero para que se necessário for, seja aplicada
a disciplina pela igreja, dependendo da gravidade do pecado (Tg 5.15; I Co
5;6). No segundo caso, se o pecado está no campo dos relacionamentos
interpessoais, o apóstolo recomenda “confessar as suas culpas uns
aos outros”. Isso visa o encorajamento mútuo, como também a busca da
reconciliação e perdão dos irmãos entre si.
IV - A
PERSPECTIVA DE TIAGO EM RELAÇÃO AOS IRMÃOS DESVIADOS
4.1 A
possibilidade do abandono da fé (Tg 5.19). A expressão “se algum dentre vós se tem
desviado” indica claramente a possibilidade do crente se afastar
da verdade que abraçou. “A palavra “se desviar” usada
por Tiago no grego é “planao”, que quer dizer “desviar-se” ou “fazer
desviar-se”; em seu uso moral significa o desvio da fé para o
pecado, da verdade para o erro” (CHAMPLIN, 2005, p. 84). O apóstolo
possivelmente está fazendo alusão aos judeus cristãos que sofriam perseguições
por parte dos judeus patrícios por haverem deixado o judaísmo e aceitado Jesus
como Messias (I Ts 2.14; At 8.1,3; 12-1-3; 17.1-8; Hb 10.33,34). Nas Escrituras
encontramos alguns exemplos dessa triste realidade. Os cristãos da Galácia
estavam à beira de se desviar de que a justificação diante de Deus é pela fé,
sem as obras da lei (Gl 3.1; 4.8-10; 5.7). Há casos individuais como Himeneu e
Alexandre (I Tm 2.20; II Tm 4.14) e Demas (II Tm 4.10). A exortação a perseverar
na fé indica claramente que a ideia de uma vez salvo, salvo para sempre é
enganosa e extremamente nociva (Jo 8.31; 15.1-6; At 11.23; 13.43; 14.22; I Ts
3.2-5; Ap 2.25).
4.2 A
possibilidade do regresso a fé (Tg 5.19,20). Assim como existe a possibilidade do crente
desviar-se da verdade, Tiago diz que ele também pode ser reconduzido (Tg 5.19).
A expressão “converter” literalmente é “fazer que a
pessoa se volte completamente”. Trata-se de uma reviravolta completa que as
Escrituras usualmente retratam como “arrependimento” (Is 6.10; Ez 33.11; At
3.19; 9.35; 2 Co 3.16). “O cristão, que se desvia do Caminho, mas que é
reintegrado, tem todos os seus pecados absolvidos pelo poder do sangue remidor
de Cristo, além de produzir grande júbilo espiritual em seus irmãos na Igreja,
e a manutenção do bom testemunho dos cristãos perante o mundo (Hb 6.4-8; 2 Pe
2.20-21; 1Co 11.30; 1Jo 5.16)” (JAMES, 2007, p. 10).
CONCLUSÃO
Os
conselhos do apóstolo Tiago são extremamente necessários para a saúde
espiritual da igreja em todo tempo. Paciência, oração, confissão de pecados e
amor ao próximo são atitudes que revelam o verdadeiro cristianismo.
REFERÊNCIAS
·
STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
·
MOODY, D.
L. Comentário Bíblico de Tiago. PDF.
· CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. HAGNOS.
Por Rede Brasil de Comunicação
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