Tg
4.17; 5.1-6
INTRODUÇÃO
Nessa penúltima lição do
trimestre, estudaremos sobre dois tipos de pecados descritos na epístola de
Tiago: o de omissão, que consiste em deixar de fazer o que é bom e correto; e o
de opressão, que trata-se de uma atitude injusta e cruel dos ricos sobre os
pobres. Veremos, então, a definição de cada um desses pecados; citaremos alguns
exemplos bíblicos; e estudaremos o ensino do apóstolo Tiago acerca da opressão
dos ricos sobre os pobres.
I
– DEFINIÇÕES DOS PECADOS DE OMISSÃO E DE OPRESSÃO
1.1 Pecados de Omissão. Consiste em deixar de fazer o
bem. Aquele que conhece a vontade de Deus e não obedece torna-se ainda mais
transgressor do que aquele que não conhece (Mt 24.45-51; Lc 12.35-48; II Pe
2.21).
1.3 Pecados de Opressão. No contexto da carta do apóstolo
Tiago, trata-se da opressão econômica dos ricos sobre os mais pobres. Desde o
AT que o Senhor condenou esta prática (Is 3.15; Jr 5.26,27; Am 5.10-12). Este
foi um dos principais temas da epístola de Tiago (Tg 1.10; 2.16; 5.1-6).
II
– O PECADO DE OMISSÃO
Depois de ensinar a igreja sobre
a maledicência e a soberania de Deus (Tg 4.11-16), o apóstolo Tiago conclui seu
ensino dizendo: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete
pecado” (Tg 4.17). Como é comum em sua epístola, Tiago, mais uma vez
aborda a responsabilidade de unir a teoria e a prática (Tg 1.22-27; 2.12,14-17;
3.13). Neste caso, significa saber e fazer o bem. Caso contrário, torna-se em
pecado de omissão. Vejamos alguns exemplos:
ü
O
servo que soube a vontade do seu senhor e não fez (Mt 24.45-51);
ü
O
levita e o sacerdote da parábola do Bom samaritano (Lc 10.25-37);
ü
O
rico que vestia-se de púrpura e linho finíssimo e não socorreu o mendigo Lázaro
(Lc 16.19-31);
ü
Os
ricos, que, em vez de ajudar, oprimem os mais pobres (Tg 5.1-6).
Além desses exemplos, podemos
citar ainda os pecados que são decorrentes da opressão dos ricos sobre os
pobres (tema que estudaremos a seguir), pois, muitas vezes, além de
enriquecerem ilicitamente explorando os menos favorecidos, muitos ricos
tornam-se omissos, deixando de fazer o bem. Quantos benefícios eles poderiam
ter feito aos mais pobres, se não fossem opressores e desonestos?
ü
Os
pobres poderiam ter sido assistidos (Êx 23.11; Lv 19.10; Dt 15.4,7-11; Sl
132.15);
ü
O
estrangeiro, o órfão e as viúvas poderiam ter sido atendidos em suas
necessidades (Êx 22.22; Dt 10.18; 14.29);
ü
O
salário dos trabalhadores sendo pagos de maneira justa, lhes dariam melhor
qualidade de vida (Dt 24.14,15).
III
– O PECADO DE OPRESSÃO
Em Tg 5.1-6 o apóstolo Tiago traz
uma séria advertência contra as riquezas adquiridas de forma desonesta, à custa
do sofrimento dos mais pobres, bem como da riqueza acumulada sem qualquer
função social ou beneficente.
Embora ele já tenha falado acerca
desse assunto anteriormente (Tg 1.10,11), dessa vez ele é mais contundente.
Porém, devemos deixar bem claro nesta lição que não se trata da condenação
da riqueza, e sim, da forma que ela foi adquirida, como veremos a
seguir:
3.1 “Eia agora, vós, ricos,
chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir” (Tg 5.1). A expressão “Eia agora” também
usada em (Tg 4.13) tem o sentido de “prestem atenção”. O apóstolo chama a
atenção dos ouvintes para o que haveria de lhes dizer. Quanto aos
ricos, devemos entender que a Bíblia não condena a riqueza, desde que ela seja
adquirida como fruto da bênção de Deus e do trabalho honrado (Sl 112;
Pv 10.4; Ec 2.24; 5.3.13,18,19; Mt 5.45). O que a Bíblia condena
é o amor do dinheiro, “que é a raiz de toda espécie de males” (I
Tm 6.10), bem como as riquezas adquiridas por meios e para propósitos ilícitos
(Am 2.6; Is 5.8). Por isso, Tiago diz que os ricos deveriam chorar e prantear,
que traz a ideia de “chorar em voz alta” pelas suas misérias e pelo que lhes
sobreviriam, o que significa dizer que o juízo divino era inevitável (Jó
20.15-19; Is 13.6; 14.31; 15.3; Jl 1.5; Ap 6.15,16). Por isso, não devemos ter esperança
na incerteza das riquezas: “... se as vossas riquezas aumentarem, não
ponhais nelas o coração” (SI 62.10). O apóstolo Paulo diz: “Manda
aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a sua esperança na
incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as
coisas para delas gozarmos” (I Tm 6.17).
3.2 “As vossas riquezas estão
apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça” (Tg 5.2). Nesse texto, Tiago advertiu os
ricos opressores sobre o presente julgamento: as riquezas sendo devoradas. O
apóstolo especifica dois tipos de riquezas comuns nos tempos bíblicos: os grãos
(Dt 28.8; Pv 3.10; Lc 12.18) e as vestes (Gn 45.22; Jz 14.12; Lc 16.19). O apóstolo
diz que os grãos e cereais estão apodrecidos. O termo grego é “sesepen” que
tem o sentido de “podre”, “corrompido” ou “corrupto”. Quanto as vestes, Tiago
diz que estão roídas pelas traças. Embora elas pareçam esplêndidas diante dos
homens, elas são perecíveis e se estragam facilmente (Mt 6.19). Em outras
palavras, o que o apóstolo diz é que as riquezas ilícitas dos ímpios opressores
que foram entesouradas ilicitamente, não tem valor algum diante de Deus, e que elas
não poderiam livrar-lhes da ira divina (Pv 10.2; 11.4; Ap 6.15). Isto nos
ensina que as riquezas mal adquiridas acarretam no inevitável julgamento de
Deus (Tg 5.1,3,5).
3.3 “O vosso ouro e a vossa
prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e comerá
como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias” (Tg 5.3). Todos nós sabemos que a ferrugem
não pode corromper a prata e o ouro. Logo, o sentido não é literal, e sim,
figurado, e tem o sentido de algo que é perecível e inútil do ponto de vista
divino ou espiritual. Em outras palavras, Tiago diz que até mesmo aqueles
objetos que parecem ser indestrutíveis e de grande valor para os homens, estão
condenados a decadência e destruição, ou seja, são inúteis diante do justo juiz
(Sl 7.11; 119.137; Jr 11.20; Ap 16.7). Também, figuradamente, Tiago diz que a
ferrugem dará testemunho contra os ricos, e que ela comerá as suas carnes, ou
seja, as riquezas acumuladas ilicitamente, através da opressão aos pobres serão
lembradas no Dia do Juízo. Por isso, ele diz: “...Entesourastes para os
últimos dias”. Deus julgará os homens segundo as suas obras (Mt 16.27;
Rm 2.6; Ap 2.23; 20.12).
3.4 “Eis que o salário dos
trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído clama;
e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos” (Tg
5.4). A figura
utilizada nesse texto é a mesma de (Gn 4.10) onde o sangue de Abel “clamava” a
Deus por vingança. Nesse texto, quem está “clamando” é o salário dos
trabalhadores que foi diminuído de forma ilícita e desonesta. Diversas vezes
Deus advertiu o seu povo quanto ao digno tratamento dos trabalhadores, bem como
o perigo das injustiças sociais (Lv 19.13; Dt 24.14,15; Pv 22.16,22; Jr 22.13;
Ml 3.5; Lc 3.14). A Palavra de Deus ensina que o trabalhador é digno de seu
salário (Lc 10.7; I Tm 5.18). Quanto aos clamores dos ceifeiros, o apóstolo faz
referência a súplica dos trabalhadores oprimidos, que clamam a Deus por justiça
por não receberem o salário combinado pelos senhores (Êx 22.26,27). Tiago
adverte aos ricos que tanto o “clamor” do salário dos trabalhadores como dos
pobres estavam chegando a presença de Deus (Êx 3.7; Sl 12.5).
3.5 “Deliciosamente, vivestes
sobre a terra, e vos deleitastes, e cevastes o vosso coração, como num dia de
matança” (Tg 5.5). Este
texto nos ensina que devemos tomar cuidado, não apenas com a forma de
adquirirmos os nosso bens; mas, também, como devemos gastá-lo. O apóstolo Tiago
condena os ricos que, além de defraudar os pobres, viviam regaladamente desfrutando
do dinheiro que eles haviam roubado dos pobres. Eles estavam vivendo na luxúria
enquanto os pobres estavam sendo explorados e vivendo na miséria! Jesus falou
acerca desse assunto quando citou o exemplo de um rico insensato que, apesar de
ter os seus celeiros transbordando, não repartia com ninguém (Lc 12.13-21).
Quanto a expressão “dia de matança” ela foi extraída de Jeremias (12.3)
e faz referência ao Dia da Ira divina (Ap 17.16; 19.17,18) ou ao Juízo Final
(Ap 20.11-15).
3.6 “Condenastes e matastes o
justo; ele não vos resistiu” (Tg 5.6). O justo, nesse texto, refere-se aos pobres que trabalhavam
nos campos dos ricos, e eram explorados por eles; e, quando tinham dívidas e
não podiam pagar, eram levados aos tribunais (Tg 2.6). Os pobres não puderam
resistir ao poderio econômico dos ricos, pois, além dos processos civis, que
resultavam em maus tratos e prisões, também ocorriam mortes! Desde os tempos do
Antigo Testamento que havia injustiça por parte dos mais ricos, e, muitas
vezes, em consequência dessas práticas injustas e cruéis Deus lhes transmitia
mensagens de juízo, por intermédio dos profetas (Is 1.21-25; Jr 17.11; Am
4.1-3; 5.11-13; Mq 2.1-5; Hc 2.6-8; Zc 7.8-14). Por isso, o apóstolo Tiago não
poderia deixar de combater este grave pecado. Em resumo, ele diz que as riquezas
mal usadas irão desvanecer (Tg 5.2,3a); Em segundo lugar, as riquezas mal
usadas destroem o caráter (Tg 5.3); E, em terceiro lugar, as riquezas mal
usadas acarretam no inevitável julgamento de Deus (Tg 5.1,3,5).
CONCLUSÃO
Neste mundo, onde há tantos ricos
quanto pobres, frequentemente os que tem maior abastança tiram proveito dos que
nada tem, explorando-os para que os seus lucros aumentem continuamente. Por
isso, o apóstolo Tiago advertiu aos ricos quanto ao perigo de explorar os
pobres e adquirir riquezas ilicitamente. Embora os pecados de omissão e
opressão sejam cada vez mais comum em nossos dias, eles jamais devem ocorrer no
meio do povo de Deus.
REFERÊNCIAS
• Bíblia de
Estudo Palavras Chave. CPAD.
• CHAMPLIN,
Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
• LOPES,
Hernandes Dias. Tiago - transformando provas em triunfo. HAGNOS.
• STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
• FILHO,
Isaltino Gomes Coelho. Tiago, nosso contemporâneo. JUERP.
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