Êx
20.13; Nm 35.16-25
INTRODUÇÃO
Veremos
nesta lição que é Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o
direito legal de pôr fim a ela. Estudaremos que o sexto mandamento: "Não
matarás" (Êx 20.13), apesar de proibir o homicídio, não proibia a pena
capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte (Gn 9.6). Ainda
analisaremos sobre as cidades de refúgio que foram indicadas como cidades de
asilo para o homicida (Nm 35.6,7), uma espécie de refugio e abrigo, para alguém
que tivesse acidentalmente ou involuntariamente matado
outro homem e, por fim, verificaremos diversos tipos de homicídios condenados
pela Bíblia Sagrada.
I
– O SEXTO MANDAMENTO
O
dicionário da língua portuguesa diz que matar é: “assassinar; tirar a
vida de alguém; provocar a morte de, suicidar-se; tirar a própria vida”. Ao
tirar a vida de alguém, o homicida está infringindo a lei dos homens e agindo diretamente
contra o autor da vida que é o próprio Deus. A Bíblia nos diz que o crime de
assassinato podia ser expiado por uma das duas maneiras estabelecidas na
legislação mosaica. A primeira, no caso de homicídio doloso (com intenção de matar), em que uma vida
é expiada por outra (Nm 35.31), o assassino deveria ser morto, ou seja, era
"vida por vida" (Êx 21.23). A segunda diz respeito ao homicídio
culposo (sem intenção de matar),
a busca de proteção em uma das cidades de refúgio. A expiação, nesse caso, é a
morte do sacerdote da cidade (Nm 35.25) (RICHARDS, 2005, p. 64).
II
- O SEXTO MANDAMENTO E O DOADOR DA VIDA
É
Deus quem dá ao homem o fôlego de vida e somente Ele tem o direito legal de pôr
fim à vida. A vida é um dom de Deus e ninguém tem o direito de tirá-la (Gn
9.6). Somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à
vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39), e como dádiva de Deus, só ele tem
autoridade para tomá-la. Pelo fato de sermos feitos à imagem de Deus, o
homicídio é um ataque contra Deus (Gn 1.26, 27; 9.6). Proteger a vida é responsabilidade
de todos os membros da sociedade e não só das autoridades públicas (Rm 13). O
povo de Israel tinha permissão de se defender (Êx 22.2), e a lei fazia
concessões para mortes acidentais (homicídio
culposo), mas o homicídio doloso era uma ofensa capital (Êx 21.12-14) (WIERSBE,
2010, vol. I, p. 291).
III
- O SEXTO MANDAMENTO E A PUNIÇÃO CAPITAL
O
sexto mandamento: "Não matarás" (Êx 20.13), apesar de
proibir o homicídio, não proibia a pena capital, visto que a própria lei
estipulava a pena de morte. Deus disse claramente a Noé: “Quem derramar o
sangue do homem, pelo homem será derramado o seu próprio sangue, pois à imagem
de Deus fez ele o homem” (Gn 9.6). Mesmo antes de ter dado um código de
leis a Israel, Deus permitiu a pena capital (HOFF, 1995, p. 61 – acréscimo
nosso). A palavra hebraica usada na proibição deste mandamento não é a palavra
usual para matar “harag”. A palavra usada é o termo específico para
assassinar “ratsach”. Uma tradução mais adequada deste mandamento
seria: "Não assassinarás" (GEISLER, 1999, p. 51). A proibição do
sexto mandamento é não assassinar. A lei mosaica proíbe o homicídio
premeditado, o assassinato violento de um inimigo pessoal (Êx 21.12; Lv
24.17). O termo refere-se também a homicídio culposo, aquele em que não há
intenção de matar (Dt 4.42; Js 20.3). Crimes que exigiram punição capital
incluíram homicídio premeditado (Êx 20.13; Gn. 9.6); violência contra os pais
(Êx 21.15); sequestro (Êx 21.16; Dt 24.7); abuso verbal contra os pais (Êx
21.17). Tal desrespeito era considerado uma forma de homicídio dos pais, embora
não matasse literalmente. Em alguns casos, a punição capital podia ser evitada
mediante negociação com os parentes da vitima. Eram eles quem decidiam que
multa seria exigida. Provavelmente tais multas eram pesadas (Êx 21.30)
(CHAMPLIN, 2001, vol. I, pp. 392-393)
IV
- O SEXTO MANDAMENTO E AS CIDADES DE REFÚGIO
Entre as 48 cidades dadas aos
levitas em Israel, seis, por ordem de Deus, foram indicadas como cidades de refúgio,
ou asilo, para o 'homicida' (Nm 35.6,7). Estas cidades como o próprio nome
classificam, era uma espécie de refugio e abrigo, para alguém que tivesse acidentalmente
ou
involuntariamente matado outro homem, então o “homicida” podia fugir
e assim evitar uma vingança de algum familiar da pessoa morta. A lei fazia uma
distinção entre homicídio premeditado (doloso)
e homicídio acidental (culposo). Se
alguém matasse uma pessoa acidentalmente, poderia refugiar-se no altar de Deus
(1Rs 2.29) até que os anciãos tivessem tempo de estudar a questão. Uma vez que
Israel assentou-se em sua terra, foram separadas seis cidades de refúgio para
onde esses homicidas podiam fugir e receber proteção até que a questão fosse
investigada (Nm 35; Dt 19; Js 20). Israel não tinha uma força policial
organizada; esperava-se que a família da vítima cuidasse para que se fizesse
justiça. No entanto, no calor da fúria, era possível que estivessem mais
interessados em vingança do que em justiça, de modo que a lei interferia para
proteger o acusado até se provar que era culpado (WIERSBE, 2010, vol. I, p.
294). “A lei dava o direito ao "vingador do sangue" (Nm
35.19,21b), “goel”, em hebraico, "redentor, remidor,
vingador", de matar o assassino onde quer que o encontrasse. Vingar o
sangue era, no Oriente Médio, uma questão de honra da família (Êx 21.24; Lv
24.20; Dt 19.21).
V
- O SEXTO MANDAMENTO E A EUTANÁSIA OU MORTE ASSISTIDA
Aqueles
que advogam esta prática afirmam estar ajudando as pessoas com doenças
terminais, ou aqueles que estão em extrema dor. Alguns países ao redor do mundo
já legalizaram o suicídio assistido por médico. No entanto, toda vida pertence
a Deus, e apenas ele tem o direito de tomá-la (Dt 32.39; Jo 1.21). Deus é o
doador da vida (Jó 12.10), logo é Ele quem controla a entrada do homem nesta
terra (Gn 2.7; Sl 139.13-16; Jó 33.4). E uma vez que Deus controla a entrada do
homem na vida, é lógico que Deus controla também a saída do homem desta vida.
Ele é quem estabelece os limites em que nenhum homem pode atravessar, (Sl
104.29). Nenhum homem tem o direito de deliberadamente ou intencionalmente
acabar com a sua vida, ou a de outra pessoa.
VI
- O SEXTO MANDAMENTO E A PRÁTICA DO ABORTO
De
acordo com a Bíblia, a vida começa no momento da concepção (Sl 139.13-16; Jr 1.5,
Lc 1.41). No entanto, muitos parecem ver o ser humano em gestação como algo que
pode ser descartado segundo a conveniência. Os defensores do aborto afirmam que
a mãe tem o direito de escolher. O aborto é um assassinato porque ele termina
com uma vida humana, algo que pertence somente ao Deus Todo-Poderoso (Gn 2.7;
Sl 139.13-16; Jó 33.4). Deus considera o “não nascido” como um
perfeito ser humano. Há inúmeros ensinamentos nas Escrituras que deixam muitíssimo
clara qual é a visão de Deus sobre o aborto. Êxodo 21.22-25 dá a mesma pena a
alguém que comete um homicídio e para quem causa a morte de um bebê no útero.
Isto indica claramente que Deus considera o feto no útero como um ser humano
tanto quanto um adulto.
6.1 O aborto no Antigo
Testamento. No
AT a Bíblia se utiliza das mesmas palavras hebraicas para descrever os ainda “não
nascidos” (infantes). A expressão “yeled” é usada normalmente
para se referir a uma criança. Mas, em Êxodo 21.22, é utilizada para se referir
a um filho no ventre. Em Gênesis 25.22 a palavra “yeladim” (filhos)
é usada para se referir aos filhos de Rebeca que se empurravam enquanto ainda
no ventre materno. Em Jó 3.3, Jó usa a palavra “geber” para descrever
sua concepção. Mas a palavra “geber” é um substantivo hebraico
normalmente utilizado para traduzir a ideia de um "homem", um
"macho" ou ainda um "marido". Em Jó 3.11-16, Jó equipara a
criança ainda não nascida com reis, conselheiros e príncipes. Todos esses
textos bíblicos e muitos outros indicam que Deus não faz distinção entre vida
em potencial e vida real, ou em delinear estágios do ser, ou seja, entre uma
criança ainda não nascida no ventre materno em qualquer que seja o estágio e um
recém-nascido ou uma criança. As Escrituras pressupõem reiteradamente a
continuidade de uma pessoa, desde a concepção até o ser adulto.
6.2 O aborto no Novo Testamento. No NT o grego se utiliza, também,
das mesmas palavras para descrever crianças ainda não nascidas, o que indica
uma continuidade desde a concepção à fase de criança, e daí até a idade adulta.
A palavra grega “brephos” é empregada com frequência para os
recém-nascidos, para os bebês e para as crianças mais velhas (Lc 2.12,16;
18.15; 1 Pd 2.2). Em Atos 7.19, “brephos” refere-se às crianças
mortas por ordem de Faraó. Mas em Lucas 1.41,44 a mesma palavra é empregada
referindo-se a João Batista, enquanto ainda não havia nascido, estando no
ventre de sua mãe. O escritor bíblico também nos informa que João Batista foi
cheio do Espírito Santo enquanto ainda se encontrava no ventre materno, indicando,
com isso, o inconfundível ser (Lc 1.15). Mesmo três meses antes de nascer, João
conseguia fazer um miraculoso reconhecimento de Jesus, já presente no ventre de
Maria (Lc 1.44). Com base nisso, encontramos a palavra grega “huios” significando
filho (Lc 1.36), descrevendo a existência de João Batista no ventre materno
seis meses antes de seu nascimento.
VII
- O SEXTO MANDAMENTO E A PRÁTICA DAS CÉLULAS TRONCO
O
próprio Deus se relaciona com pessoas ainda não nascidas (Sl 139.16). O autor
se utiliza da palavra “golem”, traduzida como "substância", para descrever-se a si
mesmo enquanto ainda no ventre materno. Ele se utiliza desse termo para se
referir ao cuidado pessoal de Deus por ele mesmo durante a primeira parte de
seu estado embrionário (desde a nidação
até as primeiras semanas de vida), o estado antes do feto estar fisicamente
"formado" numa miniatura de ser humano. Sabemos hoje que o embrião é
"informe" durante apenas quatro ou cinco semanas. Em outras palavras,
mesmo na fase de gestação da "substância ainda informe" (0-4
semanas), Deus diz que Ele se importa com a criança e a está moldando (Sl
78.5-6; 139.13-16; Jó 31.15; Jó 10.8,11). Esses versículos e outros (Jr 1.5; Gl
1.15,16; Is 49.1,5) demonstram que Deus enxerga os que ainda não nasceram e se
encontram no ventre materno como pessoas.
CONCLUSÃO
Concluímos
que somente Deus, que criou o homem à sua imagem, tem o direito de pôr fim à
vida humana (Gn 1.26,27; Dt 32.39), e como dádiva de Deus, só ele tem
autoridade para tomá-la. Pelo fato de sermos feitos à imagem de Deus, o
homicídio é um ataque contra Deus e o próximo (Gn 1.26, 27; 9.6).
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø GEISLER, Norman
L. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. VIDA
Ø RICHARDS,
Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD.
Ø STAMPS, Donald
C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø HOFF, Paul. O
Pentateuco. VIDA.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário Vine.
CPAD.
Por Rede Brasil de
Comunicação.
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