Êx
20.8-11; 31.12-17
INTRODUÇÃO
I – O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O
SÁBADO
1.1 A guarda do sábado foi
instituída por Deus para o povo de Israel. O sábado foi instituído por Deus no momento em que
os filhos de Israel receberam o maná (Êx 31.12-17). Este mandamento deveria ser
observado pelos judeus como um cerimonial, no qual a sinceridade e a pureza do
coração tinham de estar presentes quando o mesmo fosse observado (Lv 26.14-16;
Ez 20.12,20). Do contrário, não passaria de uma prática religiosa vã (Is
1.11-17).
1.2 O sábado foi instituído como
um dia de descanso e de adoração. Deus
ordenou na Lei de Moisés, que os israelitas guardassem o dia de sábado. O
propósito era que o povo tivesse um dia de descanso, a fim de adorar ao Senhor
(Êx 23.12; 20.10; Dt 5.14-15). “O descanso oferecia a oportunidade de
engajamento em louvor, estudo e, especialmente, na leitura das Escrituras. A
sinagoga transformou o sábado em seu dia sagrado mais importante. Ele se inicia
na sexta-feira às 18h e perdura até o sábado, às 18h. Em tempos modernos, a
comemoração de modo geral inicia-se mais tarde, para permitir às pessoas que
trabalham uma chance para chegar à casa de reuniões. As Escrituras são lidas,
são pregados sermões e oferecidas orações” (CHAMPLIN, 2004, p. 2, vl. 06).
II
– A GUARDA DO SÁBADO FOI ORDENADA PELO SENHOR PARA ISRAEL
ü
O
sábado representava o selo da aliança mosaica (Êx 20.10; Êx 23.12; 31.15; Dt
5.15; Is 56.4-6);
ü
O
sábado foi separado como santo (Êx 16.23-29; 20.10-11; 31.17);
ü
Era
um sinal entre Deus e seu povo “Israel” (Êx 31.13; Lv 26.14-16; Ez 20.12,20);
ü
Esse
dia foi ordenado por Deus para que os filhos de Israel lembrassem da libertação
do Egito (Dt 5.15);
ü
Era
associado a festas solenes, especialmente aquelas em dia de lua cheia (Am 8.5;
Os 2.13; Is 1.13);
ü
Era
um sinal de lealdade entre Israel e Yahweh (Is 56.2; Ez 20.12,21);
ü
Era
um dia de deleites e felicidades, não um dia de obrigações infelizes (Nm 10.10;
Is 58.13; Os 2.11);
ü
Era
para beneficiar aos pobres e escravos (Êx 23.12; 20.10; Dt 5.14-15).
III
– OS CRISTÃOS NÃO NECESSITAM GUARDAR O SÁBADO
“O sábado
judaico não é obrigatório para os crentes, pois já não estamos sob o jugo da
Lei (Rm 6.14; 7.14; 8.15). Já não dependemos da Lei do AT para sermos salvos e
aceitos diante de Deus (Gl 3.23-25; 4.4-5). Fomos transferidos da Antiga
Aliança e unidos a Cristo para a salvação (Jo 3.16). Devemos crer em Jesus (I
Jo 5.13), receber o seu Espírito e a sua graça e, assim receber o perdão, a
regeneração e capacitação para produzir fruto para Deus (Rm 6.22-23; 8.3-4; Mt 5.17;
Ef 2.10; Gl 5.22-23; Cl 5.6)” (CHAMPLIN, 2004, p.2). Donald C. Stamps
comentando Mt 5.17 diz o seguinte:
ü
A
Lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais
do AT (Mt 7.12; 22.36-40; Rm 3.31; Gl 5.14), bem como os ensinamentos dos
apóstolos (Mt 28.20 1Co 7.19; Gl 6.2). A guarda do sábado não é um mandamento
moral, pois se fosse, como alguns dizem, um mandamento “moral”, isto é,
algo que não pode ser violado, por que nas várias ocasiões que o sábado foi
violado, os “transgressores” ficavam sem culpa? (Mc 2.23- 28; Mt 12.5,11,12; Jo
7.22,23).
ü A
guarda do sábado é um concerto entre Deus e Israel, somente (Êx 31.12-14; Rm
1.18-21; 2.12-16);
ü
A
celebração do sábado é uma forma de legalismo que Paulo refutou, pois os crentes
não estão sob a LEI (Rm 6.14; Gl 3.10-23);
ü
O
simples fato de que o sábado era um sinal do Pacto Mosaico mostra que ele não
pertence ao Novo Pacto; esse é o único mandamento que não se encontra repetido
na Nova Aliança (At 15.28,29). Esquadrinhando todo o Novo Testamento, não
encontramos nenhum ensino de Jesus ou dos apóstolos para santificarmos o dia
sétimo mais do que qualquer outro.
ü
As
leis do AT destinadas diretamente à nação de Israel, tais como as leis sacrificiais,
cerimoniais, sociais ou cívicas (Lv 1.2-3; 24.10), já não são obrigatórias (Cl
2.16-17; Hb 10.1-4);
ü
O
crente não deve considerar a Lei como sistema de mandamentos legais através do
qual se pode obter mérito para o perdão e a salvação (Gl 2.16,19). Pelo
contrário, a lei deve ser vista como um código moral para aqueles que já estão
em um relacionamento salvífico com Deus e que, por meio de sua obediência à
lei, expressam a vida de Cristo dentro de si mesmo (Rm 6.15-22).
IV
- A IGREJA PRIMITIVA E A ADORAÇÃO NO DOMINGO
“Na
questão do dia de descanso semanal, o que se deve ser observado é a sétima
parte do tempo e não o dia. Como a Lei de Moisés foi “ultrapassada” “passada
além”, pela Lei de Cristo, a guarda dos mandamentos de modo literal
tornou-se legalismo sem amor. Converteu-se em radicalismo teológico ou em sectarismo
perigoso” (RENOVATO, 2011, p.137 – Grifo nosso). Vejamos alguns motivos pelos
quais a Igreja Ocidental observa o domingo:
ü
Cristo
ressuscitou num domingo (Mt 28.1; Mc 16.9);
ü
Jesus
apareceu 5 vezes num domingo e outra vez no domingo seguinte (Lc 24.13; 33-36;
Jo 20.13-19,26);
ü
O
Espírito Santo foi derramado no domingo, ou seja, no dia de Pentecostes (At
2.1-4);
ü
Cristo
se revelou ao apóstolo João na ilha de Patmos num domingo (Ap 1.10);
ü
A
Santa Ceia, as pregações e as ofertas eram observadas no domingo (1Co 16.1,2;
At 20.7);
ü
O
Didache (150 d.C.), uma espécie de manual de ética e doutrina do
cristianismo inicial, fala sobre o domingo como o dia no qual os cristãos se
reuniam para o louvor e a adoração. O mesmo é mostrado nos escritos dos historiadores
do segundo século, Hipólito (160 d.C.) e Clemente de Alexandria (200 d.C.);
ü
No
NT, o sábado não é apresentado nem promovido como um dia que devesse ser
celebrado, mas como um dia típico como todos os outros que Cristo dá àqueles
que Nele acreditam (Cl 2.16; Hb 4.4).
V
– O QUE APRENDEMOS COM O QUARTO MANDAMENTO
5.2 Não devemos priorizar o
material em detrimento do espiritual. É
interessante destacar que sem a criação de um dia de adoração, o povo de Israel
facilmente se tornaria materialista, preocupando-se apenas com as necessidades materiais,
como infelizmente aconteceu (Mt 6.19). O trabalho não deve se tornar um ídolo,
pois somente Deus deve ser adorado (Êx 20.3; Mt 4.8-10). Jesus ensinou também
que devemos priorizar as coisas espirituais (Mt 6.33).
5.3 Devemos ter tempo para Deus. O princípio da mordomia do tempo
é também o que Deus queria ensinar aos filhos de Israel com a guarda do sábado
(Êx 31.15-17; Lv 23.3). Eles deveriam ter tempo para si, mas também para Deus “Mas
o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus [...]” (Êx 20.10-a). Embora
tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus (I Co 10.31), devemos na
administração do nosso tempo, incluir momentos de comunhão com Deus, por meio
da oração, leitura da Palavra e adoração tanto no templo, como em particular em
qualquer dia (Sl 100; I Rs 9.3; At 13.2; Mt 6.6; I Ts 5.17).
CONCLUSÃO
O
quarto mandamento do Decálogo, diz respeito aos filhos de Israel, pois trata-se
de um pacto de Deus com o seu povo. Mas, existem nele três princípios que são
universais: um dia de repouso após uma jornada de seis dias de trabalho, a priorização
das coisas espirituais e um dia de adoração e dedicação ao Senhor. Este “dia
sagrado” não se constitui um pré-requisito para sua salvação, visto que, a
salvação é pela graça e não pelas obras da Lei (Ef. 2.8-9).
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA, Abraão
de. O Sábado, a Lei e a Graça. CPAD.
Ø CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. CPAD.
Ø REIFLER, Hans
Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. VIDA NOVA.
Ø STAMPS,
Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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