sexta-feira, 3 de abril de 2015

LIÇÃO 01 – O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS




Lc 1.1-4 


INTRODUÇÃO
Neste domingo iniciaremos um novo trimestre de Lições Bíblicas. E, sou grato a Deus pela oportunidade concedida, por isso, já comecei a debruçar-me no estudo do tema do trimestre: Lucas – O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. Louvo ao Senhor pelo tema escolhido pelo Pr. José Gonçalves, visto que ainda não havíamos estudado o referido tema em nossas EBDs, mas somente o Evangelho de João em 1995 comentado pelo irmão Antônio Mardônio Nogueira. Por isso, agora, teremos a oportunidade ímpar de nos edificarmos na EBD com esse maravilhoso evangelho. Assim, quero convidá-lo a não faltar nem uma aula, pois creio que muitas e edificantes lições nos reservam este novo trimestre. Na aula de hoje, por se tratar de uma aula introdutória, nada melhor de que começamos com uma abordagem sobre os Evangelhos Sinóticos visto que Lucas é um dos tais; em seguida, analisamos algumas informações sobre a composição do Evangelho de Lucas; e, finalmente, mencionamos a ligação entre suas duas obras: seu Evangelho e o livro de Atos. Desejo a todos um Excelente trimestre e Boa aula! 


I. SINÓTICOS – INTRODUÇÃO AO TERCEIRO EVANGELHO.
1. As fontes informativas
a) A especulação das fontes informativas.
Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram” (Lc 1.1). Diversos expositores afirmam que Marcos foi o primeiro evangelho escrito e que Mateus e Lucas o usaram como fonte informativa.

v  A justificativa básica dos críticos.
Alegam que, pelo fato dos evangelhos sinóticos apresentarem conteúdo e apresentação muito similares, dificilmente estes escritos foram independentes uns dos outros, sem qualquer fonte informativa oral ou escrita. Procuram resolver o suposto problema com especulações. Em outras palavras, é como se fosse impossível o Espírito Santo dirigir estes evangelistas. Assim, levantaram a fonte M (Mateus), o material que só aparece neste evangelho, 300 versículos. A fonte L (Lucas) são detalhes peculiares que só aparecem em Lucas: 520 versículos. A fonte Q (“quelle”, palavra alemã que significa “fonte”): 300 versículos comuns a Mateus e Lucas. E outras fontes também foram levantadas.

v  A falácia do Protomarcos.
Marcos é tido por muitos destes críticos como o mais antigo dos evangelhos, e serviu de fonte informativa para Mateus e Lucas. Mas parece não haver evidência bíblica que justifique esta especulação. Paulo, em 64 d.C., escreveu de Roma a primeira epístola a Timóteo, e nela registra uma citação encontrada em Mateus 10.10 e Lucas 10.7: “Digno é o obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18). Isto nos mostra que, nessa época, pelo menos, um destes dois evangelhos circulava nas igrejas, principalmente o de Lucas, cuja citação é “ipsis litteris” (“pelas mesmas letras”).
Dois anos antes de Paulo escrever esta epístola, isto é, em 62 d.c., ele faz menção de Marcos como um de seus cooperadores em Roma ao escrever aos Colossenses e a Filemon (Cl 4.10; Fm 24), mas não faz menção da presença do apóstolo Pedro em Roma. Todavia, cerca de 64 d.C., Pedro, ao escrever a sua primeira epístola aos cristãos das províncias romanas da Ásia Menor, menciona a pessoa de Marcos chamando-o de “filho”: “A vossa co-eleita em Babilônia vos saúda, como também meu filho Marcos” (1 Pe 5.13). A alusão a “Babilônia” aqui é, segundo os estudiosos, uma referência a Roma. Sendo assim, Pedro evidencia que Marcos tenha deixado a comitiva de Paulo para se juntar a sua comitiva (At 15.46-48; Gl 2.7-9). Desta forma Marcos obteve o conteúdo do seu evangelho através da sua associação com Pedro, a principal fonte de seu evangelho. Fato este, confirmado pelos os pais da igreja do século II. Conclui-se que, parece uma “camisa de força” a ideia de ser Marcos um esboço para Mateus e Lucas. O primeiro evangelista foi um dos doze apóstolos (Mt 10.3). Portanto, testemunha ocular do que Jesus fez e ensinou. Logo, qual seria a razão de ele se abeberar em Marcos?
Vale ressaltar ainda que, segundo a cronologia bíblica, o Evangelho de Marcos é mencionado como o terceiro evangelho a ser escrito e o último entre os Sinóticos. O Pastor e Teólogo Antônio Gilberto, em seu livro A Bíblia através dos Séculos, mostra que essa é a cronologia dos evangelhos sinóticos: Mateus (60 a.D.); Lucas (63 a.D.) e Marcos (65 a.D.). O Reverendo Donald Stamps assevera as datas mencionadas acima na Bíblia de Estudo Pentecostal. E o Dr. Lawrence Richards, em seu livro Guia do Leitor da Bíblia, confirma a cronologia dos evangelhos sinóticos mencionados pelo Pr. Antônio Gilberto e o Rev. Donald Stamps. Assim, vê-se que os Sinóticos foram escritos entre 60 a 65 d.C. Sendo que Marcos, 65 d.C..

v  Explicando Lucas 1.1.
O apelo que fazem a Lucas 1.1, para justificar esta teoria, é inconsistente. Isto porque este evangelista simplesmente afirma que antes dele outros escreveram sobre Jesus. Não sabemos que escritos são estes. Talvez os de Mateus e Marcos e os que não sobreviveram, como admite A. T. Robertson, autoridade em grego e em Novo Testamento. Mas Lucas não afirma ter consultado estes escritos como fontes informativas. Declara que procurou se informar com as próprias testemunhas oculares, que depois se tornaram ministros da Palavra (Lc 1.2). Estas especulações são tão destrutivas quanto a Alta Crítica Literária do Pentateuco. As evidências neotestamentárias testificam contra a intenção destes críticos.

b) O que João não registrou?
Muitos fatos que não se encontram no evangelho de João estão nos sinóticos. Eles já existiam e eram conhecidos das igrejas, visto que o discípulo amado o escreveu, juntamente com as três epístolas e o Apocalipse, no final do primeiro século. Encontramos apenas sete milagres relacionados nele. Ele mesmo afirma que Cristo fez diversos: “Jesus pois operou também em presença de seus discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro” (Jo 20.30). “Livro” é uma referência ao próprio evangelho de João. “Muitos outros sinais”, omisso em sua obra, são uma alusão aos evangelhos sinóticos. É muito forçoso afirmar que os outros livros sejam uma referência às supostas fontes informativas, defendidas pelos críticos. A. T. Robertson alega que aplicar João 20.30 como uma fonte informativa Q, ou outra qualquer, é limitar muito o texto joanino em foco.

2. Os evangelhos sinóticos
a) Porque os três evangelhos são chamados sinóticos?
Este vocábulo vem de duas palavras gregas: “syn” que signfica “com”; e “opsis” que significa “ótica, vista”. Logo, o termo “Sinóticos” significa “visão conjunta”. Isto se aplica a Mateus, Marcos e Lucas, porque eles são uma sinopse da vida de Cristo. Apresentam muitas semelhanças entre si, no conteúdo e na apresentação. João preocupou-se mais em descrever os discursos profundos e abstratos de Jesus, ao revelar a sua deidade absoluta. Os sinóticos revelam Cristo em ação: registraram as parábolas e os milagres de Jesus. Este nome foi aplicado a estes três primeiros evangelhos, segundo se diz, pelo erudito e crítico textual, J.J.Griesbach, por volta de 1774.

b) Mateus. Os sinóticos eram anônimos. Mateus era um dos doze apóstolos (9.9;10.3). Mas só a partir do segundo século, seu nome se vincula a este evangelho. Muitos afirmam que Mateus escreveu o seu evangelho originalmente em hebraico, depois traduzido para o grego. Isto com base na declaração dos pais da Igreja: Papias (70-155); Irineu (130-200); Orígenes (185-254), registrada por Eusébio de Cesaréia (264-340), historiador cristão (História Eclesiástica, Livro III.39). Apesar de tantos testemunhos, o evangelho de Mateus não parece ser uma tradução e nem há evidência interna que comprove isso. Todavia, Mateus dirigiu o seu escrito aos judeus, para provar-lhes que Jesus preenchia todos os requisitos da lei, comprovado logo na abertura: “Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1). Muitos expositores admitem que esta genealogia apresenta Cristo como rei, ao uni-lo a Abraão e a Davi, para impressionar muito os judeus.
Ora, os judeus sabiam que a promessa messiânica estava intimamente ligada a estas duas colunas do judaísmo: Abraão (Gn 12.3; Gl 3.8) e Davi (Is 9.6,7; 11.1; Jr 23.5,6). Além disso, Mateus mostra que em Jesus as profecias se concretizaram, com a frequente expressão: “Para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta” (1.22) e a fraseologia similar (2.15,17,23). Este evangelista apresenta o Messias como o Rei, o prometido pelos profetas (Gn 49.10; 2 Sm 7.14-16; Hb 1.5).

c) Marcos. Não foi testemunha ocular dos fatos que escreveu. Segundo os pais da igreja do século II, especialmente Papias, ele ouviu de Pedro o que registrou em seu evangelho, como já visto anteriormente na explanação de 1 Pedro 5.13. Foi escrito para os romanos e apresenta Jesus como o servo. Talvez isto explique a ausência da genealogia de Cristo, segundo a maioria dos expositores. Marcos escreveu seu evangelho em Roma. Tal obra foi encontrada naquela cidade. É o “evangelho da ação”: transmite muitas e valiosas informações em poucas palavras. As expressões “logo” e “imediatamente” aparecem mais de quarenta vezes.

d) Lucas. Lucas, o médico amado (Cl 4.10), foi companheiro de Paulo e dele certamente ouviu muitas coisas sobre Jesus (2 Tm 4.11). Além disso, o próprio evangelista afirma que consultou as testemunhas oculares que se tornaram ministros da Palavra (Lc 1.2). É a mais bela narrativa da vida de Cristo. Escrito num estilo elegante, mostra a sua perícia na arte literária. Sua redação é bem cuidadosa e cheia de detalhes. Foi redigido para os gregos, dirigido a um certo Teófilo, talvez um estadista ou alto funcionário do governo, pelo que se infere do pronome de tratamento “excelentíssimo” (Lc 1.3). Jesus é apresentado como o Filho do homem, pois a genealogia, apresentada neste evangelho, retrocede até Adão, que, além de ser o primeiro homem, veio diretamente de Deus.


II. O EVANGELHO DE LUCAS, O MÉDICO AMADO.
Lucas, o médico amado, não foi um apóstolo nem tampouco foi uma testemunha ocular da vida de Jesus, todavia deixou uma das mais belas obras literárias já escritas sobre os feitos do Salvador e os primeiros anos da comunidade cristã.  A narrativa de Lucas descreve, com riqueza de detalhes, o ministério terreno de Jesus, como ele nasceu, cresceu, libertou os oprimidos, formou os seus discípulos, morreu pendurado em uma cruz e ressuscitou dos mortos. Vejamos, então, algumas importantes informações sobre a composição deste maravilhoso livro:

01. Autoria.
O Evangelho segundo Lucas é o primeiro dos dois livros endereçados a um certo Teófilo (1.3; At 1.1). Embora o autor não se identifique pelo nome o testemunho unânime do cristianismo primitivo e as evidencias internas indicam a autoria de Lucas. Segundo parece, Lucas era um gentio convertido, sendo o único autor humano não judeu de um livro da Bíblia. Pelos escritos de Lucas, vemos que ele era um escritor culto e hábil, um historiador atento e teólogo inspirado. Parece que, quando Lucas escreveu o seu Evangelho, a igreja gentia não tinha nenhum desses livros completos ou bem conhecidos, a respeito de Jesus. O mundo gentio de língua grega dispunha de relatos orais de Jesus, dados por testemunhas oculares, bem como breves tratados escritos, mas nenhum Evangelho completo com os fatos na devida ordem (Lc 1.1-4). Então, Lucas se propôs a investigar cuidadosamente “desde o princípio” (Lc 1.3).

02. Data.
O comentarista do trimestre, Pr. José Gonçalves, em seu livro: Lucas – O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito, diz: “A data da composição do terceiro evangelho é melhor definida pelos biblistas quando se leva em conta alguns fatores”. Não mencionamos esses “fatores” por considerarmos mais relevante à conclusão apresentada pelo nosso estimado pastor, ele diz: “Em resumo, Lucas redigiu sua obra entre os anos 60 e 70 d.C., sendo que alguns estudiosos opinam para a primeira parte  dessa década enquanto outros pela segunda”. No entanto, na revista Lições Bíblicas deste trimestre ele diz: “A erudição conservadora assegura que Lucas escreveu a sua obra (aproximadamente) no início dos anos sessenta do primeiro século da era cristã”. Observa-se que, em seu livro, ele coloca duas décadas como período em que Lucas redigiu seu Evangelho e não se posiciona, mas na revista do trimestre o Pr. José Gonçalves se posiciona enfatizando o início da década de 60 d.C. como sendo o período em que este evangelho foi redigido. Assim, ele confirma a data já apresentada neste estudo, no tópico anterior, com relação ao referido evangelho.

03. Local.
Nenhum argumento conclusivo há a respeito do possível lugar onde Lucas tenha escrito o seu evangelho, muito menos evidencias positivas que aponte esse fato. Existe, contudo, a informação de que a tradição antiga associa o Evangelho de Lucas a Antioquia da Síria; mas, ainda que fosse verdade, não poderíamos afirmar que, só por isso, Lucas ali escreveu o seu evangelho. Visto que, para alguns estudiosos, as cidades de Roma, Éfeso e Corinto também têm sido sugeridas. Mas, para outros, a cidade de Cesaréia é o possível lugar onde Lucas redigiu seu evangelho. Como é o caso do Dr. Francis Davidson.

04. Destinatário.
Como já dito, tanto o terceiro evangelho como o livro de Atos foi endereçado a Teófilo (Lc 1.3; At 1.1). Mas, quem é Teófilo? É incerto afirmar quem de fato tenha sido esta personagem. Alguns dizem que ele fora um Alto Funcionário do Império Romano, outros dizem que era uma pessoa de Alta Posição na sociedade da época. Há, ainda, quem afirme que se tratava de um Estadista ou até mesmo um Neófito da alta sociedade. Seja como for, a única afirmação concreta de tudo isso, é que, verdadeiramente, não se tratava de uma pessoa qualquer, haja vista Lucas ter de utilizar o pronome “excelentíssimo” ao se referir a tal personagem (Lc 1.3). Fato curioso, pois, em Atos, Lucas não mais usa esse pronome ao referir-se a Teófilo (Que significa “amado de Deus”).

05. Tema e Versículo-Chave.
Enquanto João procura mostrar a divindade daquele que é homem. Lucas esforçar-se em mostrar o oposto. Em seu evangelho, Lucas revela a humanidade daquele que é divino, pois a frase que domina seu evangelho é “o Filho do Homem”, 5.24; 6.5,22; 7.34; 9.22,26,44,56,58; etc. Assim, o tema do seu evangelho é Jesus, o Salvador Divino-Humano, aquele em quem todos os homens e mulheres podem encontrar salvação. Logo, o versículo-chave do livro é “O Filho do homem veio para procurar e salvar o que se havia perdido(19.10).

06. Conteúdo.
Lucas foi companheiro de Paulo em suas viagens missionárias (Cl 414; Fm 24; 2 Tm 4.11). Ele dirige seu livro a Teófilo para demonstrar-lhe com atos a existência real de Deus e seu lugar na história. Para isto analisa cuidadosamente todos os acontecimentos e circunstâncias relevantes, dando em muitos casos, a data exata em que estes tiveram lugar. Inicia descrevendo com ricos detalhes o que chama de o nascimento virginal (Lc 2); o tempo de Jesus na Galileia (Lc 4) e sua viagem a Jerusalém (Lc 9), que incluem sua morte e ressurreição (Lc 23). Conclui narrando como os discípulos, cheios de fé e alegria, esperam ser renovados do poder de Deus depois do regresso de Jesus ao Pai (Lc 24).

07. Resumo.
Assim como Mateus apresenta Jesus como o Messias dos judeus e Marcos como o servo de Deus, Lucas o apresenta como o perfeito Deus-Homem, cuja ascendência chega até mesmo a Adão (3.23-38). Para Lucas, Jesus está por cima de uma série de acontecimentos mundiais, pois Ele é o maior homem da história. Sua grandeza se vê no que ensinou e no que fez, mas sobretudo pela ressurreição dentre os mortos, razão mais que suficiente para aceitá-lo como Senhor e Deus.  

08. Propósitos:
O que pretendia, portanto, o autor do terceiro evangelho ao documentar a sua obra? Lucas procura narrar a história; mas não a história como se entende hoje em seu sentindo secular e positivo, que se prende apenas à narrativa das ações humanas. Ele narra a história da Salvação. A história de Lucas é a história da ação de Deus entre os homens e como ele demonstra a sua soberania entre eles! Dentro desse contexto o seu interesse era mostrar os fatos sobre os quais o evangelho está fundamentado; estabelecer o vinculo entre cristianismo e o judaísmo, revelando dessa forma que a fé cristã possuía raízes judaicas; deixar claro que o cristianismo não veio para competir com o império romano, mostrando assim que ele não era uma ameaça política à autoridade do império.

09. Esboço:
 I. Prefácio (1.1-4)
II. A Vinda do Salvador (1.5-2.52)
III. Preparação do Salvador para o Seu Ministério (3.1-4.13)
IV. Ministério na Galileia (4.14-9.50)
V. A Viagem Final de Jesus a Jerusalém (9.51-19.28)
VI. A Semana da Paixão (19.29-23.53)
VII. Ressurreição a Ascenção (24.1-53)


III. O EVANGELHO DE LUCAS E O LIVRO DE ATOS
1. Os dois relatos de Lucas.
Com relação ao terceiro evangelho, o próprio evangelista Lucas afirma que consultou as testemunhas oculares, as quais, depois, vieram a ser ministros da Palavra (Lc 1.2). Em Atos, ele mesmo é testemunha ocular de considerável parte dessas narrativas. Este fato é claramente visto na mudança do pronome da terceira (eles) para a primeira pessoa do plural (nós), a partir de Atos 16.10, mostrando que o autor da obra era testemunha ocular e participante da comitiva de Paulo (At 20.6, 13,15;21.16; 27.8). Outra evidência bíblica é que, ambas as obras (Lucas-Atos) são dedicadas particularmente ao mesmo destinatário identificado pelo nome de Teófilo (Lc 1.3 cf At 1.1). Assim, Lucas faz menção do “primeiro tratado”, obviamente, uma alusão direta ao terceiro evangelho (conforme ordem na Bíblia). “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo” diz respeito a Lucas 1.1-4, mostrando que o livro de Atos é o segundo volume. O Pastor Esequias Soares ressalta ainda que o relato da instituição da Ceia do Senhor, registrado em Lucas 22.19,20, aproxima-se muito do de Paulo em 1 Coríntios 11.24,25, mais que qualquer dos outros três evangelhos. Ainda segundo ele, há muitas similaridades nesses dois livros: no estilo, na fraseologia médica e na ordem de apresentação dos fatos. Assim, Atos e Lucas são duas etapas do ministério de Jesus com a subida do Filho de Deus ao Céu (Lc 25.50-51) e Atos começa o ministério celestial de Cristo também com a ascensão (At 1.3,9-11).

2. Objetivo do livro (At 1.1-3).
Se o propósito do evangelho de Lucas foi o de escrever sobre tudo o que Jesus “começou não só a fazer, mas a ensinar”, assim também a intenção no livro de Atos é registrar o que Jesus continuou a fazer e a ensinar, agora, pelo Espírito Santo, através dos apóstolos. Ao longo de Atos, o autor dá muita ênfase à ressurreição de Cristo. Logo no versículo 3 ele afirma: “se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas”. A expressão “infalíveis provas”, tekmeriois, no grego, só aparece aqui em todo o Novo Testamento. Conclui-se, portanto que, em seu Evangelho, Lucas fez um relato fidedigno e metódico pondo “em ordem a narração dos fatos”, diz ele, “que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio” (Lc 1.1,2). Já em Atos dos Apóstolos, pôs-se ele a narrar a expansão da Igreja de Cristo; que segundo F.B. Meyer, deve ser conhecido como “os Atos do Espírito do Cristo que ascendeu ao céu”.


CONCLUSÃO
Nesta primeira lição aprendemos que Lucas teve como seu principal propósito narrar à história da Salvação. Tal narração é, em seu Evangelho, revelada em seu aspecto particular e universal tendo como ênfase da mesma os publicanos (5.27-32), os sírios (4.25-27), as mulheres (7.44-47; 8.2,3; 10.38-42), os samaritanos (9.51-54; 10.30-37; 17.16), entre outros. Assim, Lucas mostra que Jesus não somente veio para os judeus, mas, também, para os gentios. Este fato em si faz de seu evangelho a coroa dentre os Sinóticos, pois Lucas revela que o Evangelho é a história da Salvação. Portanto, a Salvação é para todos!  Deus abençoe a todos!!



REFERÊNCIAS
Ø RICHARDS, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia. CPAD
Ø BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø GILBERTO, Antonio. A Bíblia através dos Séculos. CPAD.
Ø CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado. MILENIUM
Ø GONÇALVES, José. Lucas – O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. CPAD.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø BRASIL, Alfalit. A Descoberta Diária (Novo Testamento). EDITORA VIDA.
Ø SOARES, Esequias. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 1994). CPAD.
Ø SOARES, Esequias. Lições Bíblicas. (3º Trimestre de 1996). CPAD.
Ø ANDRADE, Claudionor de. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 2011). CPAD.


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