sexta-feira, 17 de abril de 2015

LIÇÃO 03 – A INFÂNCIA DE JESUS





Lc 2.46-49; 3.21,22



INTRODUÇÃO
Glória a Deus! Jesus já nasceu! Especialmente em nossas vidas! Por isso, nesta lição, iremos explorar os poucos textos que falam da mais bela e incomparável história da humanidade – A infância de Jesus. O evangelista Lucas é único a registrar alguns fatos relacionados aos primeiros anos da vida do Mestre Amado. Portanto, fazendo uma abordagem da sua pessoa humana, enfocaremos os quatro pilares que constituem todo ser humano que são: parte física, social, psicológica e espiritual. Desejo a todos uma Excelente aula!


I. JESUS CRESCEU FISICAMENTE
Os Evangelhos, especialmente o de Lucas, são as únicas fontes fidedignas para falarmos sobre a infância de Jesus. Infelizmente, existem aqueles que vão além do registro neotestamentário e procuram dar voz àquilo que as Escrituras silenciam. Este período de silêncio compreende um período de 18 anos, que vão dos 12 aos 30 anos de Jesus, quando Ele inicia seu ministério (Lc 2.49 cf 3.21,2, Mt 2.22,23 cf 3.13-17). Dentre os escritos conhecidos como apócrifos (livros não canônicos) estão os livros denominados “Os Anos Perdidos de Jesus” e “Evangelhos da Infância”. Os apócrifos foram escritos durante o período interbíblico, ou seja, entre Malaquias e Mateus. Porém, os dois livros acima mencionados foram escritos entre os séculos II e IV d.C., e tentam descrever detalhes da infância, adolescência e idade adulta de Jesus. Todavia, o mais recente apócrifo escrito, por assim dizer, foi o livro denominado O Código da Vinci de autoria de Dan Brown. Este livro narra que Jesus não é o Filho de Deus e que Ele casou-se com Maria Madalena, dando assim, o início de uma linhagem sagrada. Tal relato não possui nenhum fundamento bíblico e muito menos histórico, sendo, portanto, um Verdadeiro Absurdo! Além, é claro, de ser uma Grande Blasfêmia!
Não podendo confiar nos escritos apócrifos, o que os textos canônicos nos revelam sobre a infância de Jesus? Como teria sido, então, sua infância, seu crescimento até chegar a fase adulta? O Pr. Esequias Soares respondendo a essas indagações, diz: “Parece que muitos se esquecem de que Jesus, como homem, já foi criança. Ele cresceu junto a seus pais terrenos. Como toda criança, teve que aprender a falar, escrever, etc. A expressão “e o menino crescia”, (Lc 2.40) afirma que Ele viveu entre nós e passou por todas as etapas do desenvolvimento humano até chegar à idade adulta”. É verdade! Este processo deu-se inicialmente através do milagre da encarnação – Kenósis. O Apóstolo João é enfático: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14a). Vê-se que Jesus, assim como nós, possuía um corpo humano como qualquer homem. Porém, sem o Vírus do pecado, pois afirma o autor da carta aos Hebreus: “Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15 cf 1 Pe 2.22; 1 Jo 3.5). Assim, Jesus não apenas possuía um corpo humano como também aprendeu a viver as limitações deste corpo. Os Evangelhos revelam que Jesus sentiu sono, fome, sede e cansaço (Mt 21.18; Mc 4.38; Jo 4.6; 19.28). Sofreu, chorou, angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41; Hb 13.12) e, por fim, passou pela agonia da morte (Lc 24.34,46).
Como se vê, assim como nós, Jesus possuía um corpo sujeito às limitações do tempo e do espaço. Assim, em seu Evangelho, Lucas revela os primeiros 12 anos da vida terrena de Jesus da seguinte forma: 1º dia de nascido (Lc 2.6-20); 8º dia de nascido (Lc 2.21); 41º dia de nascido (Lc 2.22-24 cf Lv 12.2-4,6,8); fim da infância e início da adolescência de Jesus (Lc 2.39,40).  Porém, do inicio da adolescência até o inicio do ministério de Jesus, isto é, dos 12 aos 30 anos, como já dito, as Escrituras silenciam. Todavia, o fato de Jesus ser e ter um corpo humano fez surgir, ainda no século I, uma das primeiras heresias no seio da igreja denominada de gnosticismo. Os gnósticos, portanto, deram muito trabalho às igrejas dos tempos apostólicos. Seu pior período ocorreu em 135-160 d.C. Seus ensinamentos não passavam de enxertos das filosofias pagãs nas doutrinas cristãs mais importantes. Eles negavam o cristianismo histórico, afirmando que o Senhor Jesus não teve um corpo como o nosso. Segundo eles, o corpo de Cristo existia apenas aparentemente. O Apóstolo João foi quem mais os combateu em seus escritos, ele diz: “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus, mas todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus. Este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e agora já está no mundo” (1 Jo 4.2,3) e acrescenta: “Muitos enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis” (2 Jo 7,10). É bom lembrar que os escritos de João foram compostos na cidade de Éfeso, então capital da Ásia Menor, onde surgiu o gnosticismo. Vale ressaltar ainda que as Escrituras revelam também que Jesus não só tinha um corpo humano, mas cuidava do mesmo. Por exemplo, quando seu corpo estava casado, Jesus procurava dá o descanso necessário a ele (Mt 8.24; Mc 6.30,31). Portanto, não há pecado algum em cuidarmos do nosso corpo visto que o mesmo é templo do Espírito (At 17.24; 1 Co 3.16,17), porém, é necessário muita vigilância para que esse cuidado não passe a ser obsessivo e, culmine na prática do culto ao corpo (um dentre os vários tipos de idolatria vivenciada pelo mundo atual), que neste caso, constitui-se pecado (Mt 6.24; 1 Co 10.7,14; Gl 5.20,21; Tg 4.4; 1 Jo 2.15).


II. JESUS CRESCEU SOCIALMENTE
Ao abordarmos a composição física de Jesus é inevitável, como verdadeiro homem, não abordarmos sua vida social. Desse modo ao nascer, Jesus não apenas se fez carne, mas, também, habitou entre nós (Gn 3.15; Jo 1.14; Gl 4.4). Isto quer dizer que Jesus, como qualquer homem, nasceu em um contexto social. A família é, sem sombra de dúvida, o primeiro núcleo da sociedade pela qual todo o homem que vem ao mundo, já nasce fazendo parte da mesma. Com Jesus não foi diferente! Lucas assim relata este fato: “Estando eles ali, cumpriram-se os dias em que ela havia de dar à luz, e ela deu à luz a seu filho primogênito, envolvendo-o em panos, e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (2.6,7). Seu nascimento não apenas trouxe Jesus para o contexto social por meio de uma família, como também foi anunciado para a sociedade daqueles dias (Lc 2.8-15). Percebe-se, então, que a família é a primeira expressão social da vida de um ser humano. Assim, as Escrituras mostram explicitamente que Jesus tinha pai (ainda que adotivo), mãe, irmãos e irmãs (Mt 1.20; 12.46,47; Mc 6.3; Lc 2.16,33,48). Lucas ainda busca dar ênfase a vida social de Jesus mostrando que Ele “era-lhes sujeito” (Lc 2.51). Revelando, pois, a obediência de Jesus aos seus pais. 
Aliás, é exatamente no povoado de Nazaré, onde Jesus fora criado (Lc 2.4,39; 4.16; Mt 2.22), que Jesus vive a cultura dos seus dias. Através desta vivencia, Ele aprende a ler (Lc 4.16), aprende uma profissão (Mc 6.3), absorve a forma de falar daquela região (Mt 26.73; Mc 14.70). Assim, nos longos 30 anos de vida que viveu em Nazaré, Jesus aprendeu, naturalmente, as tradições, os costumes, as festas, os cânticos, as histórias, enfim, tudo que nós aprendemos no convívio de uma sociedade. Isto, porém, não significa dizer que Ele concordava com tudo de sua cultura (Lc 11.38,39: Mc 7.5-7,9,13).


III. JESUS CRESCEU PSICOLOGICAMENTE
Lucas também mostra que, como todo o homem normal, Jesus também tinha consciência de sua estrutura psicológica. O texto de Lc 2.52 informa que Jesus crescia em “sabedoria”. Crescer em sabedoria é assimilar os conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas tradições e costumes dos povos. O evangelista também ratifica que Jesus “enchia-se de sabedoria” (Lc 2.40). Jesus mesmo confirma essa verdade quando utiliza o termo “psichê” (alma) para descrever o que sentia no seu homem interior ao agonizar no Getsêmani, Ele diz: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte” (Mt 26.38). 
Todavia, este não é o único texto que revela as emoções de Jesus. Em João 11.35 e Lucas 19.41 ambos mostram que Ele chorou. Em 1 Pe 2.21 e Hb 13.12 os escritos sacros mostram que Jesus, como homem, padeceu e sofreu. O profeta Isaías chama-o de “homem de dores” (Is 53.3). O mesmo profeta revela também a alegria de Jesus (Is 53.11a). Jesus, como todo homem, também sentiu ira, agindo, como nós, movido por ela (Jo 2.13-17). Percebe-se, então, que Jesus não cedia à pressão dos escribas e fariseus (Jo 8.1-11), e eles mesmos reconheceram que Jesus agia movido por suas convicções e não pelo que os outros achavam (Lc 20.19-26). Porém, era sua serenidade e paz que conquistava o povo (Jo 14.27; Lc 7.20).


IV. JESUS CRESCEU ESPIRITUALMENTE
Já abordamos a composição física, social e psicológica de Jesus, logo não deixaríamos também de abordar a sua vida espiritual. Lucas, porém, mencionando o assunto diz: “e a graça de Deus estava sobre ele” (2.40b). E acrescenta: “E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens” (2.52). Observa-se que o evangelista destaca em ambos os textos a graça como elemento relevante no desenvolvimento espiritual de Jesus, sendo que este elemento é imprescindível para o desenvolvimento e crescimento espiritual de todo ser humano (Rm 2.4; 2 Co 12.9; Ef 2.8; Fp 2.13; Tt 2.11). A “graça” do grego “charis” é o favor imerecido de Deus aos homens. Assim, crescer na graça é descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que acontece, o seu chamado ao longo dos anos da vida, a vocação, a semente de Deus na raiz do próprio ser. Talvez este seja o assunto que gera uma maior dificuldade de compreensão em muitos, pois como pode Aquele que não deixou de ser Deus vir a precisar, necessitar e depender do Espírito Santo? Mas, como homem, Jesus viveu as limitações que a encarnação lhe proporcionou, por isso dependia Ele do Espírito Santo (Lc 4.14,18; Mt 12.27,28; Jo 13.15).
Como já dito, Jesus como todo menino normal de sua idade cresceu em todas as áreas da vida de um ser humano, inclusive na espiritual. É notório que todo menino judeu tinha como obrigação religiosa aprender, desde cedo, as Sagradas Letras (Dt 6.6-9; 2 Tm3.15). Lucas, inclusive, diz que Jesus aos doze anos de idade por um momento de descuido de seus pais, achava-se no templo ouvindo e interrogando os Doutores da Lei (Lc 2.46,47).  É, pois, dentro deste contexto que Lucas cita que a graça de Deus crescia na vida do menino Jesus! O Pr. Esequias Soares comentando o referido episódio, principalmente o versículo 49, diz: “O menino demonstrou ter plena consciência de que era, de fato, o Filho de Deus e o Messias de Israel”. E concluiu, chamando este fato de “O Despertar da Consciência Divina de Jesus”.
Aliás, a graça sempre acompanhou, como enfatizou Lucas, o menino Jesus seja no estudo da Lei (Mt 21.42; 22.37-40), na oração (Lc 6.12; Jo 11.41-43), no jejum (Mt 4.2) , e, evidentemente,  em todo seu ministério após adulto (Lc 8.44-48). O próprio Senhor Jesus narrou esta verdade na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os sobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18). E, não apenas discursou sobre o assunto, mas fez notório a todos, tal fato, em seu batismo (Lc 3.21,22).


CONCLUSÃO
Nesta lição estudamos que, como todo ser humano, Jesus teve infância, adolescência, juventude até chegar a torna-se adulto. Embora haja limitações no relato canônico sobre detalhes de todas as fases da vida de Jesus, fases essas vivenciadas por todos nós. Ainda assim, o relato apresentado é plenamente suficiente para compreensão de Sua vida infantil. Portanto, semelhantemente a Jesus que, juntamente com seus pais, cuidou de seu crescimento tanto área física, social, psicológica e, especialmente, na área espiritual. Devemos, nós, de igual forma atentarmos para Seu exemplo no fator crescimento, pois é desejo do Senhor que “todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.13). Deus abençoe a todos!!



REFERÊNCIAS
Ø GONÇALVES, José. Lucas – O Evangelho de Jesus, o Homem Perfeito. CPAD.
Ø GONÇALVES, José. Lições Bíblicas. (2º Trimestre de 2015). CPAD.
Ø SOARES, Esequias. Lições Bíblicas. (1º Trimestre de 2008). CPAD.

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