Lc 2.46-49; 3.21,22
INTRODUÇÃO
I.
JESUS CRESCEU FISICAMENTE
Os
Evangelhos, especialmente o de Lucas, são as únicas fontes fidedignas para
falarmos sobre a infância de Jesus. Infelizmente, existem aqueles que vão além
do registro neotestamentário e procuram dar voz àquilo que as Escrituras silenciam.
Este período de silêncio compreende um período de 18 anos, que vão dos 12 aos
30 anos de Jesus, quando Ele inicia seu ministério (Lc 2.49 cf 3.21,2, Mt
2.22,23 cf 3.13-17). Dentre os escritos conhecidos como apócrifos (livros não canônicos) estão os livros
denominados “Os Anos Perdidos de Jesus”
e “Evangelhos da Infância”. Os
apócrifos foram escritos durante o período interbíblico, ou seja, entre
Malaquias e Mateus. Porém, os dois livros acima mencionados foram escritos
entre os séculos II e IV d.C., e tentam descrever detalhes da infância,
adolescência e idade adulta de Jesus. Todavia, o mais recente apócrifo escrito,
por assim dizer, foi o livro denominado O
Código da Vinci de autoria de Dan Brown. Este livro narra que Jesus não é o
Filho de Deus e que Ele casou-se com Maria Madalena, dando assim, o início de
uma linhagem sagrada. Tal relato não possui nenhum fundamento bíblico e muito
menos histórico, sendo, portanto, um Verdadeiro Absurdo! Além, é claro, de ser uma
Grande Blasfêmia!
Não
podendo confiar nos escritos apócrifos, o que os textos canônicos nos revelam
sobre a infância de Jesus? Como teria sido, então, sua infância, seu
crescimento até chegar a fase adulta? O Pr. Esequias Soares respondendo a essas
indagações, diz: “Parece que muitos se esquecem de que Jesus, como homem, já foi
criança. Ele cresceu junto a seus pais terrenos. Como toda criança, teve que
aprender a falar, escrever, etc. A expressão “e o menino crescia”, (Lc 2.40) afirma que Ele viveu entre nós e
passou por todas as etapas do desenvolvimento humano até chegar à idade adulta”.
É verdade! Este processo deu-se inicialmente através do milagre da encarnação –
Kenósis. O Apóstolo João é enfático: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”
(Jo 1.14a). Vê-se que Jesus, assim como nós, possuía um corpo humano como
qualquer homem. Porém, sem o Vírus do pecado, pois afirma o autor da carta aos
Hebreus: “Pois não temos um sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, porém um que, como
nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15 cf 1 Pe
2.22; 1 Jo 3.5). Assim, Jesus não apenas possuía um corpo humano como também
aprendeu a viver as limitações deste corpo. Os Evangelhos revelam que Jesus
sentiu sono, fome, sede e cansaço (Mt 21.18; Mc 4.38; Jo 4.6; 19.28). Sofreu,
chorou, angustiou-se (Mt 26.37; Lc 19.41; Hb 13.12) e, por fim, passou pela
agonia da morte (Lc 24.34,46).
Como se vê, assim como nós, Jesus possuía um corpo
sujeito às limitações do tempo e do espaço. Assim, em seu Evangelho, Lucas
revela os primeiros 12 anos da vida terrena de Jesus da seguinte forma: 1º dia
de nascido (Lc 2.6-20); 8º dia de nascido (Lc 2.21); 41º dia de nascido (Lc 2.22-24
cf Lv 12.2-4,6,8); fim da infância e início da adolescência de Jesus (Lc 2.39,40). Porém, do inicio da adolescência até o inicio
do ministério de Jesus, isto é, dos 12 aos 30 anos, como já dito, as Escrituras
silenciam. Todavia, o fato de Jesus ser e ter um corpo humano fez surgir, ainda
no século I, uma das primeiras heresias no seio da igreja denominada de
gnosticismo. Os gnósticos, portanto, deram muito trabalho às igrejas dos
tempos apostólicos. Seu pior período ocorreu em 135-160 d.C. Seus ensinamentos
não passavam de enxertos das filosofias pagãs nas doutrinas cristãs mais
importantes. Eles negavam o cristianismo histórico, afirmando que o Senhor Jesus
não teve um corpo como o nosso. Segundo eles, o corpo de Cristo existia apenas
aparentemente. O Apóstolo João foi quem mais os combateu em seus escritos, ele
diz: “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que
Jesus Cristo veio em carne é de Deus, mas todo espírito que não confessa a
Jesus não é de Deus. Este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que
há de vir, e agora já está no mundo” (1 Jo 4.2,3) e acrescenta: “Muitos
enganadores têm saído pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio
em carne. Tal é o enganador e o anticristo. Se alguém vem ter convosco, e não
traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis” (2
Jo 7,10). É bom lembrar que os escritos de João foram compostos na cidade de
Éfeso, então capital da Ásia Menor, onde surgiu o gnosticismo. Vale ressaltar
ainda que as Escrituras revelam também que Jesus não só tinha um corpo humano,
mas cuidava do mesmo. Por exemplo, quando seu corpo estava casado, Jesus
procurava dá o descanso necessário a ele (Mt 8.24; Mc 6.30,31). Portanto, não
há pecado algum em cuidarmos do nosso corpo visto que o mesmo é templo do
Espírito (At 17.24; 1 Co 3.16,17), porém, é necessário muita vigilância para
que esse cuidado não passe a ser obsessivo e, culmine na prática do culto ao
corpo (um dentre os vários tipos de
idolatria vivenciada pelo mundo atual), que neste caso, constitui-se pecado
(Mt 6.24; 1 Co 10.7,14; Gl 5.20,21; Tg 4.4; 1 Jo 2.15).
II.
JESUS CRESCEU SOCIALMENTE
Aliás, é exatamente no povoado de Nazaré, onde Jesus fora criado (Lc 2.4,39; 4.16; Mt 2.22), que Jesus vive a cultura dos seus dias. Através desta vivencia, Ele aprende a ler (Lc 4.16), aprende uma profissão (Mc 6.3), absorve a forma de falar daquela região (Mt 26.73; Mc 14.70). Assim, nos longos 30 anos de vida que viveu em Nazaré, Jesus aprendeu, naturalmente, as tradições, os costumes, as festas, os cânticos, as histórias, enfim, tudo que nós aprendemos no convívio de uma sociedade. Isto, porém, não significa dizer que Ele concordava com tudo de sua cultura (Lc 11.38,39: Mc 7.5-7,9,13).
III.
JESUS CRESCEU PSICOLOGICAMENTE
IV.
JESUS CRESCEU ESPIRITUALMENTE
Já
abordamos a composição física, social e psicológica de Jesus, logo não
deixaríamos também de abordar a sua vida espiritual. Lucas, porém, mencionando
o assunto diz: “e a graça de Deus estava sobre ele” (2.40b). E acrescenta: “E
crescia Jesus em sabedoria, em
estatura e em graça para com Deus e os
homens” (2.52). Observa-se que o evangelista destaca em ambos os textos
a graça como elemento relevante no desenvolvimento espiritual de Jesus, sendo
que este elemento é imprescindível para o desenvolvimento e crescimento
espiritual de todo ser humano (Rm 2.4; 2 Co 12.9; Ef 2.8; Fp 2.13; Tt 2.11). A
“graça”
do grego “charis” é o favor imerecido de Deus aos homens. Assim, crescer
na graça é descobrir a presença de Deus na vida, a sua ação em tudo que
acontece, o seu chamado ao longo dos anos da vida, a vocação, a semente de Deus
na raiz do próprio ser. Talvez este seja o assunto que gera uma maior dificuldade
de compreensão em muitos, pois como pode Aquele que não deixou de ser Deus vir
a precisar, necessitar e depender do Espírito Santo? Mas, como homem, Jesus
viveu as limitações que a encarnação lhe proporcionou, por isso dependia Ele do
Espírito Santo (Lc 4.14,18; Mt 12.27,28; Jo 13.15).
Como
já dito, Jesus como todo menino normal de sua idade cresceu em todas as áreas
da vida de um ser humano, inclusive na espiritual. É notório que todo menino
judeu tinha como obrigação religiosa aprender, desde cedo, as Sagradas Letras (Dt
6.6-9; 2 Tm3.15). Lucas, inclusive, diz que Jesus aos doze anos de idade por um
momento de descuido de seus pais, achava-se no templo ouvindo e interrogando os
Doutores da Lei (Lc 2.46,47). É, pois,
dentro deste contexto que Lucas cita que a graça de Deus crescia na vida do
menino Jesus! O Pr. Esequias Soares comentando o referido episódio, principalmente
o versículo 49, diz: “O menino demonstrou
ter plena consciência de que era, de fato, o Filho de Deus e o Messias de
Israel”. E concluiu, chamando este fato de “O Despertar da Consciência Divina de Jesus”.
Aliás,
a graça sempre acompanhou, como enfatizou Lucas, o menino Jesus seja no estudo
da Lei (Mt 21.42; 22.37-40), na oração (Lc 6.12; Jo 11.41-43), no jejum (Mt
4.2) , e, evidentemente, em todo seu
ministério após adulto (Lc 8.44-48). O próprio Senhor Jesus narrou esta verdade
na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo
que me ungiu para evangelizar os sobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos
cativos, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos, e anunciar o ano aceitável
do Senhor” (Lc 4.18). E, não apenas discursou sobre o assunto, mas fez
notório a todos, tal fato, em seu batismo (Lc 3.21,22).
CONCLUSÃO
Nesta lição estudamos que, como todo ser humano, Jesus
teve infância, adolescência, juventude até chegar a torna-se adulto. Embora
haja limitações no relato canônico sobre detalhes de todas as fases da vida de
Jesus, fases essas vivenciadas por todos nós. Ainda assim, o relato apresentado
é plenamente suficiente para compreensão de Sua vida infantil. Portanto,
semelhantemente a Jesus que, juntamente com seus pais, cuidou de seu
crescimento tanto área física, social, psicológica e, especialmente, na área espiritual.
Devemos, nós, de igual forma atentarmos para Seu exemplo no fator crescimento,
pois é desejo do Senhor que “todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo” (Ef 4.13). Deus
abençoe a todos!!
REFERÊNCIAS
Ø GONÇALVES,
José. Lucas – O Evangelho de Jesus, o
Homem Perfeito. CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. Lições Bíblicas. (2º Trimestre de 2015). CPAD.
Ø SOARES, Esequias. Lições
Bíblicas. (1º Trimestre de 2008). CPAD.
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