Lc 2.1-7
INTRODUÇÃO
Graça e Paz querido (a) Irmão (ã)!
Espero que a primeira lição tenha sido uma bênção! Como a lição anterior foi
apenas de cunho introdutório, a partir de agora, ou seja, desta lição, é que
trataremos de modo pormenorizado os assuntos apresentados por Lucas em seu Evangelho.
Por isso, seguindo a ordem dos fatos por ele apresentado, estudaremos os
eventos que contextualizaram o nascimento de Jesus antes, durante e após o seu
nascimento. Desejo a todos uma Excelente aula!
I.
EVENTOS QUE PRECENDEM O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JESUS
1.
Contexto histórico.
Após
mostrar a Teófilo os motivos que o levaram a escrever seu Evangelho, Lucas
segue com sua narrativa e, tendo por sua fiel testemunha a história, diz: “Existiu
no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de
Abias” (1.5a). Ao mencionar os fatos históricos, Lucas busca convencer a
Teófilo mostrando que as evidências históricas por ele apresentadas são
provas incontestáveis de que fala a verdade. Mas, quem é esse Herodes? E, que
tempo foi esse? Ora, o Herodes aqui citado por Lucas reinou na Judeia durante
33 anos, durante o período de 37 a.C. até 4 a.C. Este Herodes, o qual faz
menção o ‘médico amado’ é Herodes – O Grande. Também conhecido como Herodes
Magno ou Herodes, o tetrarca (Lc 3.1). Este era governador da Galiléia, mas sua
ambição era reinar sobre a Judéia, o que de fato conseguiu por meio de sua
esperteza e astúcia. Era ele, segundo Watson, "idumeu
por nascimento, judeu por profissão, romano por necessidade, e
grego por cultura". Foi
ele pai de Herodes Antipas que mandou degolar a João Batista (Mt 14.10) e
julgou a Jesus, o qual, fora mandado por Pilatos para esse fim (Lc 23.8). Herodes
Agripa I era neto de Herodes Magno ou Herodes, O Grande. Herodes Agripa foi
quem mandou matar Tiago, irmão de João, à espada (At 12.2). E, assim como seu
avô, morreu comido de bicho (At 12.23).
Entretanto,
ao assumir o trono tão almejado, mandou matar
todos os partidários de Antígono e os membros do Sinédrio. Em seguida, temendo
sofrer conspiração do remanescente hasmoneano, Herodes, tendo já ocasionado a
morte de Antígono, mandou matar o sumo sacerdote Aristóbulo III, irmão de
Mariana. E matou também o velho Hircano II, tio de Mariana. Herodes continuou
a molestar os judeus. Dando ouvido a denúncias falsas, movido por ciúmes, manda
matar sua esposa favorita Mariana em 20 a.C. Este foi um crime aterrador. Herodes
também manda matar sua sogra Alexandra, mãe de Mariana. Além destas mortes,
muitas outras foram cometidas por ele. Embora seja extenso seu histórico de
homicídios, Herodes foi um grande administrador. Ele reconstruiu Jerusalém,
seus muros e edifícios. Também construiu palácios, inclusive o Forte Antônia,
na área noroeste do templo. Todavia, o ódio dos judeus aumentava contra
Herodes. Assim, para evitar que os judeus apelassem para César, ele
promete-lhes um novo templo o qual foi iniciado em 19 a.C. e concluído em 27
d.C. Este foi o templo conhecido pelo Senhor Jesus.
Nos últimos anos do reinado de Herodes, no ano 5 a.C. (ano do
nascimento do Senhor Jesus), é descoberta uma conspiração
por parte de seu irmão Féroras e seu filho Antípater, filho de Dóris, outra
esposa. Féroras é morto. Enquanto corre o processo para a morte de Antípater,
chegam uns magos vindo do Oriente
perguntando: “Onde é nascido o rei dos judeus?”
(Mt 2.1,2). Herodes, que como já vimos, vivia atormentado pelo fantasma da
conspiração, sofreu grande perturbação (Mt 2.3). Fingidamente ele desejou
adorar o recém-nascido, que era o Messias prometido nas profecias do AT. Deus
via o seu plano maligno e guiou os magos a regressarem por outro caminho.
Herodes vendo seus planos desfeitos ordena a matança dos inocentes de Belém.
Matar já era coisa natural para ele. Deus então conduz José, Maria e o menino,
ao Egito, cumprindo-se assim as profecias (Os 11.1). No ano seguinte – 4 a.C.
morre Herodes de terrível enfermidade em Jericó.
2. O fim do período interbíblico.
O Período Interbíblico ou Intertestamentário (entre os dois Testamentos), vai de
Malaquias ao advento de Cristo, um período de mais de 400 anos. Este período
está profeticamente descrito em Daniel 11 a 12.4. Durante este período Israel
esteve sob três impérios mundiais - o Persa, o Grego, e o Romano. É, ainda,
neste período que ocorre a revolta dos Macabeus que culminou com a
independência da Palestina, entre 167-63 a.C. Assim, o termo "Interbíblico"
quer dizer "entre a Bíblia";
isto porque é um período em branco em que não houve revelação divina escrita.
Nenhum profeta se levantou nesse período. Todavia, o fim deste período havia
chegado!
a) Escatologia e
profecia
b) Poesia e
profecia.
Verdadeiramente,
como ressalta o Pr. José Gonçalves, não é à toa que a maioria das referências ao
Espírito Santo ocorra nos dois capítulos do Evangelho de Lucas. Sendo 17
referências em Lucas, 12 em Mateus e apenas 6 em Marcos.
II.
O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JESUS
1. Kenósis – O milagre
da encarnação do Messias.
2. União Hipostática –
A harmonia das duas naturezas de Cristo
A
doutrina da união hipostática é, segundo o Pr. Claudionor de Andrade, ‘a doutrina que, exposta no Concílio de
Calcedônia em 451 d.C., realça a perfeita e harmoniosa união entre as naturezas
humana e divina de Cristo. Acentua este ensinamento ser Jesus, de fato,
verdadeiro homem e verdadeiro Deus’. Por isso, convém ressaltar que Jesus
não é metade Deus nem metade homem. Ele é perfeito homem e perfeito Deus, em
toda a plenitude “porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”
(Cl 2.9). Logo, as Escrituras Sagradas afirmam que há uma só personalidade em
Cristo, mas duas naturezas: a humana (Mt
21.18; Mc 4.38; Jo 4.6; 19.28) e a divina (Mt 18.20; 28.18; Jo
21.17; Hb 13.8).
Porém, essas duas naturezas não se misturam, isto é, Jesus não ficou com a sua
divindade ‘humanizada’ ou com a sua natureza humana ‘divinizada’. Quando Jesus
se fez homem, continuou sendo Deus verdadeiro, mesmo estando sob a forma de
homem verdadeiro (Jo 1.49; Jo 5.17,18; 10.30; 14.9; 20.28).
As duas naturezas operavam simultâneas e separadamente na sua pessoa. Jamais
houve conflito entre as duas naturezas, porque Jesus, como homem, seja nas suas
determinações ou autoconsciência, sempre conforme a direção do Espírito Santo,
sujeitava-se à vontade de Deus, de acordo com a sua natureza divina (Jo 4.34;
5.30; 6.38; Sl 40.8; Mt 26.39). Assim, possuía duas naturezas em uma só
personalidade, as quais operavam de modo harmonioso e perfeito, em uma união
indissolúvel e eterna (1 Tm 3.16).
III.
O NASCIMENTO DE JESUS E SEUS CONTEXTOS
Outra
vez Lucas inicia sua narrativa usando como base da mesma os fatos históricos (Lc
2.1,2), porém, abordaremos o assunto posteriormente. O texto de Lc 2.4 mostra
que José e Maria tiveram que fazer uma viagem muito longa e difícil, mas que era
necessária. Eles saíram da cidade de Nazaré (em hebraico “verdejante”) localizada na região da Galileia, no território de
Zebulom (Js 19.15), e percorreram 112 Km de distancia até chegarem na cidade de
Belém (em hebraico “casa de pão”), situada na região da Judeia, na parte
montanhosa do território de Judá, a 9 Km ao sul de Jerusalém. Nesse tempo, a
Palestina já havia sido dividida em seis distritos: JUDEIA, SAMARIA, IDUMEIA, GALILEIA, PEREIA, ITUREIA. Após chegarem a
Belém, segundo o texto de Lc 2.6, Maria deu à luz ao Messias. Embora saibamos
que o nascimento de Jesus está associado ao recenseamento citado por Lucas, é difícil
dizer quanto tempo, após chegarem na cidade, Maria teve a criança. Todavia,
sobre o assunto o Dr. Champlin comenta: “No
principio do Século III d.C., em alguns círculos da igreja cristã se celebrava
o aniversário natalício de Jesus a 6 de Janeiro . A partir do Século IV, essa
data foi mudada para 25 de dezembro, dia que desde longa data assinalava a
ocasião de uma festividade pagã associada ao renascimento de diversas
divindades solares. Era a data do solstício de inverno, de acordo com o calendário
Juliano. A implicação da história de Lucas é que Jesus nasceu em um período do
ano em que as ovelhas ainda podiam ser conservadas ao relento, à noite, o que
só poderia ter sido entre abril e novembro. Tanto Mateus quanto Lucas deixam
entendido que o nascimento de Jesus teve lugar à noite”. Portanto, vejamos
alguns fatos que contextualização o nascimento de Jesus:
1.
Contexto Político.
Dois séculos antes de Jesus nascer, Roma iniciou sua fase de
supremacia sobre os diversos povos de então. Em 31 a.C, surge o Império.
Otávio é o primeiro imperador universal. Era sobrinho de Júlio César, que fora
um grande general, conquistador e por último ditador de 46-44 a.C. Em 44 foi
Júlio assassinado em pleno Senado Romano, por seu filho adotivo Júnio Bruto.
Otávio reinou de 31 a.C. a 14 d.C. O Senhor Jesus nasceu quando ele dominava o
mundo todo. Ele podia de fato determinar que "todo o mundo" fosse
recenseado (Lc 2.1). Otávio aparece no texto bíblico como "César
Augusto". "César" era o nome de família.
"Augusto" foi-lhe conferido pelo Senado; eqüivale a
"sublime". Seu nome completo era CAIO JÚLIO CÉSAR OTÁVIO. Ele
concluiu as conquistas do Império. Pacificou o mundo pelas armas. Manteve
exércitos por toda parte.
O latim era a
língua da metrópole e das tropas romanas. O grego era falado nos meios culturais do império. O aramaico era a língua materna da
liturgia. O império abre grandes estradas para uso de suas legiões e
intercâmbio em geral. As estradas logo depois seriam utilizadas pelos pregoeiros
do Evangelho. Dez anos antes de Jesus nascer, as portas do templo de Jano são
fechadas, indicando paz. Quando Jesus nasceu, portanto, reinava paz em todo o
mundo. Chegara a plenitude dos tempos, conforme diz a Escritura em Gálatas 4.4.
É a "Pax Romana" da História. Nas condições acima descritas, estando
tudo preparado por Deus, nasce em Belém o Messias prometido.
2.
Contexto Social.
É
interessante observar que, no nascimento de Jesus nenhuma autoridade da época,
seja governador, rei ou imperador receberam a honrosa noticia, e muito menos,
prestigiaram tão glorioso evento. Todavia, aos camponeses que pastoreavam seus rebanhos,
disse o anjo: “Não temas. Eu vos trago novas de grande alegria, que o será para todo o
povo. Na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
Isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto panos, e deitado numa
manjedoura” (Lc 2.10-12). Logo após, aparece um coral de anjos cantado
e dizendo: “Glória a Deus nas maiores alturas, paz na terra entre os homens, a quem
Ele que bem” (Lc 2.13,14). Quanta honra a desses camponeses! Sobre este
glorioso fato Matthew Henry comenta: “Os anjos foram arautos do recém-nascido Salvador, mas
foram enviados somente a uns pastores pobres, humildes, piedosos,
trabalhadores, que estavam ocupados em sua vocação, vigiando seus rebanhos. Não estamos fora do caminho das visitas
divinas quando estamos empregados em uma vocação honesta e permanecemos com
Deus nisso. Que Deus tenha a
honra desta obra; glória a Deus nas alturas. A
boa vontade de Deus para com os homens, manifestada no envio do Messias,
redunda para sua glória. Outras
obras de Deus são para sua glória, mas a redenção do mundo é para sua glória no
alto. A boa vontade de Deus ao
enviar o Messias trouxe a paz a este mundo inferior. A paz é aqui colocada para tudo o de bom que flui a nós desde
que Cristo assumiu nossa natureza. Ditado
fiel é este, avaliado por uma companhia incontável de anjos, e bem digno de
toda aceitação: que a boa vontade de Deus para com os homens é glória para Deus
no alto, e paz na terra. Os pastores não perderam tempo; partiram pressurosos
para o lugar. ficaram satisfeitos
e deram a conhecer por todas partes acerca deste menino, que era o Salvador,
Cristo o Senhor”. Este, sim, é
o evangelho que deve ser anunciado a todas as nações!
3.
Contexto Religioso.
Ao
narrar Lucas os eventos relacionados ao nascimento de Jesus, como já mencionado
na lição anterior, ele busca evidenciar que os gentios, e não somente os
judeus, estão incluídos no plano salvífico de Deus (Lc 2.32; 24.47). Isto é notório
na mensagem angelical: “Eu vos trago novas de grande alegria, que o
será para todo o povo” (Lc 2.10). E, também, nas palavras de Simeão: “luz
para iluminar os gentios, e para glória do teu povo Israel” (Lc 2.32). Logo,
o propósito de Lucas era mesmo mostrar que o cristianismo não era uma seita
judaica sem nexo com a cultura judaica (Lc 2.21,28-32). Todos os relatos que
contextualizavam o nascimento de Jesus têm como objetivo estabelecer o vínculo entre
a fé judaica e a fé cristã. Portanto, o cristianismo não surgiu à parte do judaísmo,
porém apenas as suas raízes é que possuem origem judaica.
CONCLUSÃO
Nesta lição estudamos sobre um dos maiores fatos
testemunhado pela historia, mas que, bem mais que história, é algo
demasiadamente profundo, pois Deus, por amor ao homem, resolveu também ser
homem (Jo 1.14). Não há como esquecer a mensagem divina: “Eu vos trago novas de grande
alegria” (Lc 2.10a). Realmente, grande é a nossa alegria, pois ele veio
para “que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10.10b). Todavia,
fica-nos a lição da manjedoura! Jesus, sendo Rei dos reis e Senhor dos
senhores, nasceu em uma estrebaria onde guardavam os animais. Ele não nasceu em
um palácio, muito menos em um berço de ouro, ainda que digno disto. Portanto,
nós, seus servos, devemos nesta vida viver como Ele, de maneira humilde e
simples. Deus abençoe a todos!!
REFERÊNCIAS
Ø BOYER,
Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.
Ø GILBERTO,
Antonio. A Bíblia através dos Séculos. CPAD.
Ø BERGSTÉN,
Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø CHAMPLIN,
Russell Norman. O Novo Testamento
Interpretado. MILENIUM
Ø GONÇALVES,
José. Lucas – O Evangelho de Jesus, o
Homem Perfeito. CPAD.
Ø HENRY,
Matthew. Comentário Bíblico do Novo
Testamento. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. Lições Bíblicas. (2º Trimestre de 2015). CPAD.
Ø CABRAL, Elienai. Lições
Bíblicas. (3º Trimestre de 2013). CPAD.
Ø ANDRADE, Claudionor
de. Lições Bíblicas. (4º Trimestre de 2006). CPAD.
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