Sl 104.1-14
INTRODUÇÃO
Nesta aula estudaremos sobre um dos pilares da fé cristã: A Doutrina da Criação. Analisaremos
o assunto sob a perspectiva histórica, bíblica e teológica. Aliás, tratar desse
assunto sob o ponto de vista histórico é um absurdo e também uma afronta aos
evolucionistas, bem como para os adeptos do criacionismo progressista. Contudo,
veremos a diferença entre criacionismo bíblico e progressista; a seguir,
abordaremos as principais teorias sobre a origem da criação; depois falaremos
sobre a ordenação da terra; e finalmente, mencionaremos os seis dias da
criação. Desejo a todos uma excelente aula!
I.
O CRIACIONISMO BÍBLICO
O Criacionismo ou Teologia da Criação é a doutrina segundo a qual tudo
quanto existe foi criado por Deus. Opõe-se à Teoria da Evolução elaborada por
Charles Darwin. O principal objetivo do Criacionismo Bíblico é mostrar como
vieram a existir os Céus, a Terra e o ser humano (Gn 1.1; Sl 19; Hb 11.3; Rm
1.19,20). A Teologia da Criação tem como seus fundamentos: 1) a Bíblia Sagrada;
2) a razão; e 3) o testemunho da Criação.
a) A Bíblia Sagrada. As Sagradas Escrituras afirmam, do
início ao fim, que Deus é o Criador dos Céus e da Terra (Gn 1.1; Sl 95.6; Ap
10.6). Ora, basta o testemunho da Escritura, para que nos convençamos da
verdade. Afinal, ela é a inspirada e inerrante Palavra de Deus. Ora, se a
Bíblia não for capaz de convencer-nos, a quem recorreremos? (Lc 16.31).
b) A razão humana. Embora comprometida pelo pecado, à razão
ainda é eficiente para conduzir-nos ao Criador, conforme Paulo enfatiza aos
romanos: “Porque os atributos invisíveis
de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade,
claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio
das coisas que foram criadas” (Rm 1.20). Todavia, não ignoramos que Satanás
vem entenebrecendo a compreensão do homem moderno (2 Co 4 4). Por isso, temos
de proclamar a Palavra de Deus a tempo e a fora de tempo.
c) A criação. Finalmente,
a própria Criação testemunha do Criador (Sl 19.1). No Salmo 104, o cantor
sagrado enaltece a Deus por sua obra, pois esta discorre sobre o Ser que tudo
criou e que a tudo preserva. Aliás, falando de enaltecer ao Criador, o Dr.
Orlando Boyer cita em sua obra a conversão de um cientista amigo de Isaac Newton,
ele diz: “A
história, frequentemente repetida, de Sir. Isaac Newton, ilustre matemático,
físico, astrônomo e filósofo, e seu amigo íntimo, igualmente cientista ilustre,
mas céptico, merece um lugar aqui nesta obra: Newton mandou um mecânico hábil e
engenhoso, fazer-lhe uma reprodução exata do sistema solar, em miniatura. No
centro havia uma bola dourada representando o sol. Em redor dessa havia outras
bolas fixas nas pontas de braços de vários comprimentos, representando
Mercúrio, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Posto em movimento por uma
manivela, essas bolas giravam em redor do “sol” em harmonia perfeita.
O céptico, estupefato e visivelmente irritado, respondeu: “Tu achas que
eu sou um doido? Por certo alguém a fêz, alguém dotado de alto poder
intelectual, e quero conhecê-lo”. Newton, pondo o livro a um lado, levantou-se
e, colocando a mão sobre o ombro de seu amigo disse: “Essa máquina é uma fraca
imitação de um sistema infinitamente superior, cujas leis tu conheces, e não
consigo convencer-te de que esse brinquedo não tem inventor nem fabricante!
Ora, dize-me pela qual sorte de raciocínio chegas a uma conclusão tão
discordante”. Não é necessário acrescentar que o céptico ficou
convicto da verdade e tornou-se crente firme no Deus que criou os céus e a
terra.
Entretanto, além do Criacionismo Bíblico, também existe o
Criacionismo Progressivo. Este é a tentativa de se harmonizar o criacionismo
bíblico com a teoria evolucionista de Charles Darwin. Esta doutrina, conhecida
também como micro-evolução, ensina que Deus se limitou a criar o primeiro
membro de cada espécie, originando-se daí todas as diversidades biológicas hoje
conhecidas. Opõe-se de certa forma a macro-evolução, que ensina ter uma espécie
originado de outra. Assim, para os criacionistas progressistas, os 11 primeiros capítulos da Bíblia não são uma
narrativa história, ou seja, literal. Em sua arrogância, eles ensinam que a
narrativa da Criação e a História Primitiva só podem ser recebidas
alegoricamente.
Todavia, ao analisarmos o texto sagrado do ponto
de vista gramatical, constataremos não haver aí parábola alguma. Pelo
contrário, há um relato histórico muito bem elaborado que, sequer, abusa dos
adjetivos. Contudo, eles insistem elaborando questões: “Os dias da criação em Gênesis 1 são literais?” Bem, vejamos o que Ken
Ham, ex-professor de ciência e apologeta cristão, nos diz: “Em Gênesis 1, a palavra hebraica para
dia é yom. A maior parte do uso dela no Antigo Testamento é com o
sentido de dia, dia literal; e, nas passagens em que o sentido não é esse, o
contexto deixa isso claro. Primeiro, yom é definido na primeira vez em que é usado na Bíblia (Gn 1.4,5)
em seus dois sentidos literais: a porção clara do ciclo luz/trevas e todo o
ciclo luz/trevas. Segundo, yom é usado
com ‘noite’ e ‘manhã’. Em todas as passagens em que essas duas palavras são
usadas no Antigo Testamento, juntas ou separadas, e no contexto de yom ou não,
elas sempre têm o sentido literal de noite ou manhã de um dia literal. Terceiro,
yom é modificado por um número:
primeiro dia, segundo dia, terceiro dia, etc., o que em todas as passagens do
Antigo Testamento indicam dias literais. Quarto, Gênesis 1.14 define literalmente
yom em relação aos corpos celestiais”.
Portanto,
se o criacionismo não for bíblico, melhor ter muito cuidado para não nos
perdermos do tema principal de Gênesis – Deus criou todas as coisas. Esta é mais lógica que o Big Bang e mais
verossímil que Darwin.
II.
AS PRINCIPAIS TEORIAS DA ORIGEM DA CRIAÇÃO
Vejamos,
agora, algumas das principais teorias cientificas que buscam explicar a origem
da criação, de forma a combater o criacionismo bíblico, são elas:
1. A Teoria da
Grande Explosão (Big-Bang)
2. A Teoria da
Nebulosa Original
A ideia básica desta teoria é que a matéria foi criada por Deus e está
espalhada pelo Universo, em vários sistemas planetários desconhecidos e,
inclusive, o nosso, no qual se inclui a Terra. Os cientistas, seus defensores,
ensinam que o nosso planeta teria surgido em estado gasoso de hidrogênio, e,
como os gases ocupam muito espaço que os sólidos, esta matéria original tomaria
todo o espaço conhecido e desconhecido.
3. A Teoria Evolucionista
Esta teoria ensina que a matéria é eterna, preexistente. A partir daí, mediante processos naturais e por transformação gradual, os seres passaram a existir. Entretanto, a Bíblia declara que Deus criou todas as coisas, isto é, tudo teve um começo. As provas diretas da criação, além da Ciência, estão expostas na Bíblia em Gênensis 1.1.
4. A Teoria do
Panteísmo
O Panteísmo declara que Deus e a Natureza são a mesma coisa e estão
inseparavelmente ligados. A ideia básica desta teoria é que o Senhor não cria
nada, mas tudo emana e faz parte dele. Entretanto, a revelação bíblica não
aceita, de modo algum, este ensinamento, pois o Criador não é parte do
Universo, e, sim, este foi criado por Ele (Sl 8).
5. A Teoria da Substância Original
Os adeptos desta teoria ensinam que havia, no princípio de tudo, uma substância original indefinida e desconhecida, e dela surgiram os quatro elementos básicos: a terra, o ar, o fogo e a água. Afirmam ainda que, de um destes componentes deve ter-se originado a vida, ou então, de todos eles.
III.
A ORDENAÇÃO DA TERRA
1. Ordenação ou Recriação?
O versículo 2 declara que “a
terra era sem forma e vazia”. No original hebraico, aparece como “tôhu” “wabôhu”, e dá a ideia de um lugar ermo. O autor descreve o
nosso planeta em seu estado incompleto. Alguns teólogos entendem este texto
como uma referencia ao ato da recriação, mas sem base suficiente na Bíblia para
garantir esta ideia. Os que defendem esta teoria ensinam que entre Gênesis 1.1
e 1.2, houve um cataclismo geológico, provocado pela queda de Satanás perante o
Criador. Mas, parece-nos que a narrativa da criação nada tem a ver com isso,
pois trata-se de um relato dos atos criativos de Deus, que eliminou o caos que
envolvia a Terra, “sem forma e vazia”. Este processo de ordenamento do caos tem
a presença do Espírito de Deus que pairava sobre a face das águas.
2. A Presença do Espírito Santo na Criação.
O que era a
Terra nesse longínquo princípio? Era um todo disforme coberto pelas
águas, que escondiam um grande abismo. Por essa razão, fazia-se necessária a
presença do Espírito Santo que, pairando por sobre as águas, dava sustentação
gravitacional ao nosso planeta. Pois o Sol, a Lua e os demais corpos do Sistema
Solar ainda não haviam sido criados, para manter-lhe a gravidade naquele quadrante
específico do espaço.
III. OS SEIS DIAS DA CRIAÇÃO
Vejamos,
agora, pormenorizadamente os atos criativos de Deus durante a semana da
criação. Nelas, não há espaço à teoria de Darwin.
1. O primeiro dia: a criação da LUZ (Gn 1.3-5).
2. O segundo dia: a criação do FIRMAMENTO (Gn
1.6-8).
3. O terceiro dia: a criação da PORÇÃO SECA e do
REINO VEGETAL (Gn 1.9-13).
4. O quarto dia: a criação do SISTEMA SOLAR (Gn
1.14-19).
É interessante o surgimento desses astros, pois, os mesmos contribuem
para a produção e conservação da vida sobre a Terra. Assim, tudo está pronto
para a sobrevivência animal. Há água potável, comida e o ciclo das estações. No
versículo 14, começa, de fato, a contagem do tempo, pois os luminares surgidos
no firmamento celeste, Sol e Lua, fazem a diferença entre o dia e a noite. Ou
seja, se até agora, o tempo era contado apenas em dias,
a partir da criação do Sol, da Lua e das estrelas, poderá ele ser dividido
também em semanas, meses, anos, séculos e milênios.
5. O quinto dia: a criação da VIDA MARINHA e das AVES
(Gn 1.20-23).
As águas, separadas em doces e salgadas, têm vida. A ordem divina no
versículo 20 é: “produzam as águas
abundantemente répteis de alma vivente”. Esta primeira ordem inclui
todos os animais aquáticos, marinhos, e todas as espécies de aves. O texto fala
de “enxames de seres viventes”
(v.20) nas águas e sobre a terra. Deus lançou a sua bênção sobre estes seres
viventes e ordenou que fossem fecundos e se multiplicassem ao ordenar: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as
águas dos mares, e multipliquem as aves na terra” (v.22). Nenhuma espécie evolui de outra nem para outra; ao ambiente
natural, adaptam-se naturalmente. Em tudo, Deus é perfeito.
6. O sexto dia: a criação da VIDA ANIMAL e a HUMANA
(Gn 1.24-26).
Percebe-se, neste dia, que Deus criou três tipos distintos de animais: “domésticos”,
“selvagens” e “repteis”. No versículo 25, afirma-se que Deus criou estes
animais, cada qual segundo a sua espécie. Ora, aprendemos nestes versículos que
todos os seres vivos, tanto no mundo animal como vegetal, foram feitos de
acordo com o seu gênero e espécie e com a capacidade de reproduzir-se por
gerações sem fim. Deste modo, podemos testemunhar que as diferentes famílias de
animais e plantas conversam-se, desde sua criação, até o dia de hoje.
Porém, o homem é a obra-prima do Criador. Ele é a coroa da criação,
conforme está declarado no versículo 26. Quando Deus disse: “Façamos o homem”, Ele desejava criar
um ser distinto de todas as demais criaturas terrenas: alguém que tivesse personalidade, vontade, sentimento, e
fosse capaz de representa-lo sobre a Terra. Por esta razão, Ele criou o homem “à sua imagem e semelhança”.
CONCLUSÃO
A história da criação tem seu fundamento na revelação de Deus
ao homem. Porém, as teorias levantadas por mentes incrédulas e perniciosas procuram
ofuscar o fato da criação. Todavia, o relato da criação não se baseia em
teorias, mas em fatos históricos revelados pelo próprio Deus. A criação de Deus
é perfeita. Não só perfeita, mas belamente sustentável. Portanto, as perguntas
que a ciência não logrou responder são, em suas páginas, todas elucidadas numa
linguagem simples e claríssima. É o que descobrimos em Gênesis. Bendito seja o
Deus Criador! Amém!!
REFERÊNCIAS
Ø HAM, Ken. Criacionismo:
verdade ou mito? CPAD.
Ø BOYER, Orlando. Pequena
Enciclopédia Bíblica. CPAD
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor de. O Começo de Todas as Coisas. CPAD.
Ø CABRAL. Elienai. Lições
Bíblicas. 4º trimestre de 1995. CPAD.
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