At 8.26-40
INTRODUÇÃO
Todo cristão pode e deve ser um ganhador
de almas, pois, a chamada para pregar o Evangelho é coletiva. No entanto,
alguns receberam um chamado para exercer o ministério de evangelista, que
trata-se de uma chamada específica. Nesta lição, veremos a diferença entre o
evangelista (dom ministerial) e o evangelizador (pregador do Evangelho);
explicaremos sobre a necessidade do preparo espiritual para pregar o evangelho;
e, finalmente, citaremos qual deve ser o sentimento do evangelizador.
I. O EVANGELISTA E O
EVANGELIZADOR
Vejamos a definição, exemplos e
atribuições de cada um deles:
1.1 O Evangelista.
O evangelista é um “obreiro
especialmente vocacionado, a fim de proclamar o Evangelho de nosso Senhor Jesus
Cristo. É um dom ministerial conferido pelo Espírito Santo, através do qual o
obreiro cristão é impulsionado a proclamar de maneira sobrenatural a mensagem
do evangelho. Em Efésios 4.11, o dom de evangelista é apresentado como o
segundo dom ministerial” (ANDRADE, 2014, p. 177). A palavra evangelista vem do
grego “euangelistes”, que literalmente significa: “mensageiro
do bem” ou “mensageiro de boas novas”, (formado de “eu” que é “bem”, e
“angelos” que é mensageiro”). Denota “Pregador do Evangelho; Mensageiro de Boas
Novas” (At 8.5,26,40; 21.8), por isto, podemos dizer que os missionários são
verdadeiros ganhadores de almas por serem essencialmente pregadores do
Evangelho. O tema principal dos evangelistas é a salvação dos perdidos e a
volta dos desviados. Paulo também era um evangelista (1 Co 1.17), bem como
também Timóteo: “... faze
a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2Tm 4.5). Uma das
características de quem recebe este dom ministerial é a total renúncia e
inteira dedicação ao evangelismo. Vejamos algumas características dos
evangelistas:
Ø Os evangelistas
eram os missionários da igreja primitiva (At 8.5,26,40; 21.8; Ef 4.11; 2 Tm
4.5);
Ø Os evangelistas
eram ministros especiais do evangelho, com poderes quase apostólico como os
casos de Filipe (At 21.8) e Timóteo (2 Tm 4.5);
Ø O vocábulo
missionário, conforme é usado em nossa época, está mais próximo da ideia dos
evangelistas dos dias do NT, do que a palavra “evangelistas” quando aplicada a
pregadores itinerantes, que fazem das igrejas locais o centro de suas atividades
(CHAMPLIN, 2004, p. 606).
1.2 O Evangelizador.
É todo e qualquer cristão que está
cumprindo o Ide de Jesus de pregar o Evangelho a toda criatura. Todos os
crentes, sem exceção, receberam esta incumbência (Mt 10.8; 28.19,20; Mc 16.15;
At 1.8). Esta obra só os salvos podem fazer. Jesus disse aos doze: “… de graça recebestes, de graça dai”
(Mt 10.8). Nem mesmo os anjos podem evangelizar. Um anjo disse ao centurião
Cornélio: "… manda
chamar a Simão. Ele te dirá o que deves fazer” (At 10.5,6). Outro anjo,
disse a Filipe que ele descesse ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza,
para pregar para o eunuco (At 8.26). Vejamos alguns exemplos bíblicos de
evangelizadores:
Ø Os discípulos de Jesus. André, que era
discípulo de João Batista, depois de ter um encontro com Jesus, pregou as Boas
Novas para seu irmão Simão Pedro e o levou a Jesus (Jo 1.39-42). Filipe, depois
de haver sido convidado pelo Mestre para segui-lo (Jo 1.43), logo anunciou a
mensagem para Natanael, dizendo: “... Havemos achado aquele de quem Moisés
escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de
José” (Jo 1.45), e o levou a Cristo (Jo 1.46,47).
Ø O gadareno. Depois de ser totalmente liberto por
Jesus, ele desejou ser um dos seus seguidores (Mc 5.18; Lc 8.38). Mas, Jesus
lhe deu a incumbência de ir pregar para sua família: “Vai para tua casa, para os teus e
anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez e como teve misericórdia de ti”
(Mc 5.18). E ele foi, começou a pregar em Decápolis (uma região onde havia dez
cidades próximas) e todos se maravilhavam (Mc 5.20; Lc 8.39).
Ø A mulher samaritana. Depois de salva
por Jesus, junto ao poço de Jacó, foi impelida a ir à cidade de Samaria e
pregar a Palavra dizendo: “Vinde e vede um homem que me disse tudo
quanto tenho feito; porventura, não é este o Cristo?” (Jo 4.29). Os
homens atenderam ao seu convite e foram ter com Jesus (Jo 4.30). “E
muitos mais creram nele, por causa da sua palavra. E diziam à mulher: Já não é
pelo que disseste que nós cremos, porque nós mesmos o temos ouvido e sabemos
que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (Jo 4.41,42).
II.O PREPARO ESPIRITUAL DO
EVANGELIZADOR
Pregar o evangelho não é uma tarefa
fácil. Exige jejum, oração e leitura da Palavra de Deus, como veremos a seguir:
2.1 Oração.
Ninguém poderá se tornar um autêntico
ganhador de almas se não dedicar tempo à oração. O próprio Jesus, antes de
iniciar o seu ministério, passou quarenta dias jejuando e orando (Mt 4.1,2; Lc
4.1,2) e dedicou grande parte do seu ministério a oração (Mc 1.35; Lc 5.16;
22.41). A oração abre portas e remove barreiras. A Igreja nasceu em oração, e é
nesse ambiente que ela cresce e se desenvolve (At 1.14; 2.42,46; 3.1; 4.24-31;
10.9; 12.5; 16.25; 22.17; Fp 1.4; 1 Ts 1.2; 2Tm 1.3). Quando o ganhador de
almas vive uma vida de oração, o seu trabalho tem êxito. Quando oramos, Deus
nos dá uma visão das almas que precisam ser evangelizadas (At 10.9-20; 16.9).
Por isso, devemos orar:
ü Por
quem está fazendo este trabalho (Ef 6.19; Cl 4.3; 2 Ts 3.1);
ü Para
que Deus desperte outros para fazer esta obra (Mt 9.38);
ü Para
Deus abrir o coração dos pecadores (At 16.14; Rm 10.1);
ü Para
Deus firmar os novos convertidos (1 Co 3.6; 1 Ts 2.7-11);
ü Para
vencer os desafios contra a obra (At 4.24-31).
2.2 Jejum.
O jejum é a abstinência parcial ou total
de alimentos com finalidades específicas. Essa prática vem desde o AT onde o
povo de Israel jejuava por diversas razões (Jz 20.26; 1 Sm 7.6; 2 Sm 1.12;
12.16; Ed 8.21; Ne 1.4; Et 4.3,16; Sl 69.10). A prática do jejum também é
mencionada nas páginas do NT. O próprio Jesus jejuou quarenta dias (Mt 4.1,2;
Lc 4.1,2). A igreja de Antioquia é uma clara demonstração de que os crentes
primitivos jejuavam, assim como o apóstolo Paulo também (At 10.30; 13.2,3;
14.23; 2 Co 6.5; 11.27). Certa ocasião, um homem trouxe o seu filho que estava
possesso por demônios, para que os discípulos de Jesus o libertassem. Porém,
eles não puderam libertá-lo. Depois que Jesus libertou o jovem, eles
perguntaram ao Mestre porque eles não puderam expulsar o demônio. E Jesus lhes
respondeu: “Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum”
(Mc 9.29).
2.3 Estudo da Palavra de Deus.
O conhecimento da Palavra de Deus é um
requisito importantíssimo para o ganhador de almas. O conhecimento nos capacita
a utilizar no tempo certo a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (Ef
6.17). Devemos conhecer toda a Bíblia, pois “Toda Escritura inspirada e é
proveitosa para ensinar, corrigir, redarguir...” (2 Tm 3.16). Quando o
crente tiver esse conhecimento, poderá se tornar poderoso nas Escrituras, como
Apolo (At 18.24). E, como consequência, os resultados serão os mais
extraordinários, pois a Palavra de Deus é viva e eficaz e não volta vazia (Is
55.11; Hb 4.12). Assim, os pecadores não poderão resistir ao poder da Palavra
(At 6.10). Somente quando o ganhador de almas possuir o conhecimento da Palavra
é que poderá conduzir as almas a Cristo (At 18.28). Vejamos alguns textos
apropriados para evangelizar:
ü Todos
os homens estão debaixo do pecado (Is 53.6; 64.6; Rm 3.23; 5.12,19; 6.23);
ü A
provisão divina para nossa salvação (Jo 3.16,17; Rm 5.8; 2 Co 5.18-21; Ef 2.
1-10);
ü A
necessidade da fé para ser salvo (At 10.43; 16.31; Rm 3.25,28; 5.1);
ü A
necessidade do arrependimento, da conversão e do novo nascimento (Mc 1.15; At
2.38; 3.19; 17.30);
ü As
consequências da incredulidade e da rejeição a Cristo (Jo 3.18,36; Hb 2.3;
10.28,29);
ü Como
receber a Jesus (Jo 1.12; Rm 10.9,10; Ap 3.20).
III. O SENTIMENTO DO GANHADOR DE
ALMAS
O sentimento do evangelizador deve ser o
mesmo de Cristo: amor e compaixão pelas almas (Mt 9.36; 14.14; Mc 6.34; 8.2; Lc
7.13; Jo 10.11). Por isso, todo o seu ministério foi dedicado à conquista dos
pecadores (Jo 4.34), pois Ele as via como ovelhas que não tem pastor (Mt 9.36)
e como doentes que necessitavam de médicos (Mt 9.12). O amor pelas almas é o
resultado de uma comunhão íntima com Deus (1 Jo 4.19,20), bem como do
conhecimento da perdição do pecador (Rm 6.23). O amor de Deus, derramado em
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5.9), nos impulsiona
poderosamente a levar as Boas Novas aos perdidos (2 Co 5.14). Assim, o ganhador
de almas, como o apóstolo Paulo, não deve temer prisões, tribulações e nem
mesmo a morte (At 21.13), mas, seu desejo é cumprir com alegria a sua carreira
de testificar do evangelho da graça de Deus (At 20.23,24).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, nem todos os crentes
são evangelistas, no sentido de dom ministerial, mas todos podem ser
evangelizadores. Mas, para ser um verdadeiro pregador do evangelho é necessário
ter um preparo espiritual através da oração, do jejum e do estudo da Palavra de
Deus. Além disso, o ganhador de almas deve ter um profundo amor pelos
pecadores, como Jesus, que deu a sua vida por nós.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor Correa de. O Desafio da
Evangelização. CPAD.
Ø BÍCEGO,
Valdir. Manual de Evangelismo. CPAD.
Ø GILBERTO,
Antonio. A Prática do Evangelismo
Pessoal. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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