terça-feira, 13 de dezembro de 2016

LIÇÃO 10 – ADORANDO A DEUS EM MEIO A CALAMIDADE








2 Cr 20.1-12




INTRODUÇÃO
O rei Josafá governou por 25 anos no Reino do Sul e foi um dos poucos bons reis que administraram sobre o povo de Deus. Nessa lição veremos as peculiaridades da sua personalidade e seu comportamento. Através de uma das suas experiências, aprenderemos sobre a adoração a Deus diante das calamidades, bem como elencaremos alguns elementos pertencentes a verdadeira adoração e os seus respectivos resultados.


I. DEFININDO OS TERMOS ADORAÇÃO E CALAMIDADE
Josafá teve sua história marcada pelo sucesso espiritual, político e militar e esta prosperidade se deu como resultado de sua vida íntegra diante de Deus e da sua obediência aos mandamentos divinos. A adoração a Deus e também a calamidade são duas situações bem evidentes na vida desse monarca. Vejamos uma básica definição desses dois termos:

1.1 Adoração. 
Essa palavra quer dizer: “veneração elevada que se presta a Deus, reconhecendo-lhe a soberania sobre o universo”. Do hebraico “sãhâ” e do grego “proskyneo”, enfatizam ambas o ato de prostração e reverência (ANDRADE, 2006, p.33). À luz do texto sobre a adoração destacamos: a) A verdadeira adoração é teocêntrica (2 Cr 20.3,4,18,19,21; Mt 4.10), pois ela prioriza Deus e não as nossas necessidades (Jó 1.20-22; Mt 15.25); b) A adoração genuína é ultra-circunstâncial (2 Cr 20.2,12,15; Hc 3.17,18); ou seja,  não se limita às circunstâncias favoráveis;  c) Voluntária: “[...] pôs a buscar... pôs-se em pé [...]” (2 Cr 20.3,5);  e d) Reverente: “Então , Josafá se prostrou com o rosto em terra [...]” (2 Cr 20.18; Is 6.2; Mc 1.40; 5.33; 7.25).

1.2 Calamidade. 
Segundo Aurélio esse termo significa: “Desgraça pública; catástrofe; flagelo; infortúnio; infelicidade” (FERREIRA, 2004, p. 364). A calamidade é algo possível na trajetória cristã, precisamos entender que não estamos imunes aos infortúnios dessa vida. Tragédias, crises financeiras, problemas de saúde e etc, são naturais a essa vida e comum ao crente e ao não crente (Jó 1.18,19; 2 Rs 4.1,2; Mt 7.24-27; Jo 11.1-5). Porém, para os que servem a Deus a calamidade será superada (Pv 24.16; Sl 57.1).


II. CARACTERÍSTICAS DA ADORAÇÃO DE JOSAFÁ
Josafá cujo nome significa: “o Senhor tem julgado” (GARDNER, 2005, p. 376); apesar da sua piedade descrita nas Escrituras (2 Cr 17.3-6), passou por uma experiência calamitosa proveniente de uma confederação de inimigos. É importante lembrar como inicia o capítulo: “E sucedeu que, depois disto os filhos de Moabe, e os filhos de Amom, e com eles outros dos amonitas, vieram à peleja contra Josafá” (2 Cr 20.1). Embora toda a reforma produzida pela liderança do rei (2 Cr 19.4-11), agora encontra-se em uma situação adversa. Apesar de ter muitos aliados políticos, o monarca se põe a buscar a Deus, ensinando qual deve ser a atitude a tomar diante das dificuldades. Como veremos a seguir:

2.1 Oração (2 Cr 20.3-12). 
A oração é um dos elementos da adoração do monarca, segundo Matthew Henry sobre essa oração de Josafá destaca: a) Ele reconhece o domínio soberano da Providência divina (v.6); b) Josafá se apega à relação de aliança que tinham com Deus, e ao interesse que tinham nele. “Tu, que és o Deus nos céus, és o Deus dos nossos pais” (v. 6), “e o nosso Deus”, (v. 7); c) Josafá mostra o direito que eles tinham a esta boa terra em cuja posse estavam: “Deste à semente de Abraão, teu amigo” (v.7b); d) Ele faz menção do santuário, o templo que eles haviam edificado para o nome de Deus (v. 8), e) Ele protesta contra a ingratidão e a injustiça dos seus inimigos (vs.10,11); e f) Josafá professa toda a sua dependência de Deus por livramento (v.12). (HENRY, 2006, p.738 – acréscimo nosso). Diversos textos das Sagradas Escrituras incentivam o crente a orar (1 Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef 6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17). A oração feita pelo rei nos mostra que, ele confia mais em Deus do que nos seus recursos militares. A oração coletiva e a comunhão são elementos indispensáveis para a vitória (At 4.31).

2.2 Jejum (2 Cr 20.3b). 
A reação espiritual de Josafá foi apropriada e também didática, o rei e a nação clamaram a Deus em oração e jejum, que nesse caso foi nacional incluindo até as crianças (2 Cr 20.13). O jejum era um sinal de pesar (Jz. 20.26; Jl 2.12). Ele é definido como a abstinência parcial ou total de alimentos com finalidades específicas. Essa prática vem desde o AT, onde o povo de Israel jejuava por diversas razões (Sl 69.10; 2 Sm 12.16). Do período de Samuel em diante, vemos o jejum sendo uma prática para enfatizar a sinceridade das orações do povo de Deus quando Israel enfrentava problemas especiais (1 Sm 7.6; At 13.2). Jejuns específicos, às vezes, eram feitos assim como também os regulares (Lv 16.29,31; Zc 8.19), para buscar a ajuda de Deus em circunstâncias especiais (Jz 20.26; Ed 8.21-23; Jl 1.14; 2.15-16). A prática do jejum foi incorporada ao NT, entre outros casos, a igreja de Antioquia é uma clara demonstração de que os crentes da igreja primitiva observavam essa prática (At 13.2,3; 2 Co 6.5), por isso, nós devemos também praticar (Mc 9.29; Mt 9.15).

2.3 Louvor (2 Cr 20.18-21). 
Além da oração e jejum podemos encontrar o louvor como um outro elemento utilizado por Josafá na adoração. Louvar significa: “adorar”, “glorificar”, “magnificar”, “oferecer ações de graças”. O louvor brota do coração que sente gratidão, ação de graças ou admiração. O homem que se regozija em seu coração, profere palavras de louvor em meio às batalhas desta vida (Sl 50.23; 103.3; 148.1; 150.1-6; Tg 5.13). Em direção ao campo de batalha por meio do louvor a Deus, Josafá expressa sua confiança na intervenção divina.


III. OS RESULTADOS DA ADORAÇÃO EM MEIO A CALAMIDADE
Diante de um verdadeiro adorador não se sustentam barreiras ou impossibilidades, a adoração é o caminho para o coração de Deus (Sl 51.17), é um dos segredos da vitória do cristão. Notemos as ações de Deus como resultados da adoração:

3.1 A resposta de Deus (2 Cr 20.14,15).
No momento da adoração coletiva Deus entra em ação, quando o rei ainda estava falando, Deus ouviu, e por meio de um profeta o povo é encorajado a confiar em Deus, embora a ira do inimigo era ameaçadora; essa é uma das grandes promessas para os que o servem com fidelidade: “Ele me invocará, e eu lhe responderei [...]”  (Sl 91.15). “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jr 33.3). A mensagem profética entregue por Jaaziel começou com um apelo à atenção: “Dai ouvidos”, esse apelo foi acompanhado por um encorajamento, “Não temais”, e finalmente por um convite à ação: “Amanhã descereis contra ele” (ADEYEMO, 2010, p.519). Foi por meio da adoração a Jesus que a mulher cananeia recebeu a atenção e, respectivamente, o milagre que precisava (Mt 15.25,28). O homem leproso que se encurvou diante de Cristo, a mão graciosa lhe é estendida restaurado plenamente sua saúde (Mc 1.40-42).

3.2 A garantia da vitória (2 Cr 20.15-17). 
Por meio de Jaaziel o Senhor dos Exércitos transmite a Josafá e a todo povo uma mensagem garantindo a vitória contra os inimigos. A notável profecia desse servo de Deus centra-se no duplo pronunciamento de que é o Senhor e não Israel quem terá de pelejar. No todo há quatro coisas principais. Notemos: a) uma ordem repetida para não temer (v. 15, 17); b) declarações repetidas de que a batalha não é vossa, mas de Deus (v. 15, 17); c) uma promessa repetida de que Deus estará convosco (v. 17); e d) instruções para amanhã sobre onde ir e ver o “livramento”, “vitória” ou “salvação”. A promessa básica, de fato, combina várias antigas passagens do Antigo Testamento que afirmam que o Senhor luta por Israel (Êx 14.13-14; Dt 20.4; 1 Sm 17.37) (SELMAN, 1994, p.336 – acréscimo nosso). Josafá e seu povo receberam essa garantia com fé, reverência e gratidão; o rei curvou a cabeça, e depois, todo o povo se prostrou diante do Senhor e adorou, levantando a voz em louvor a Deus.

3.3 Os inimigos derrotados e o regresso triunfal (2 Cr 20.22-27). 
Subordinados a orientação divina o povo começa a cantar louvores sem utilizar armas de guerra, mostrando que a fé em Deus é mais segura do que o poder bélico. Mediante esse ato de adoração o Senhor “pôs emboscadas” e “desbaratou” os inimigos; uma contenda interna provoca a autodestruição do exército oponente, sem ser necessário nenhum confronto físico por parte de Judá, conforme Deus havia prometido (2 Cr 20.17; Sl 91.8). Quando Judá chegou, restou-lhe apenas juntar os despojos da guerra, tarefa que durou três dias. Jubilando pela vitória voltam pra Jerusalém da mesma forma como saíram louvando a Deus (Sl 126.2,3,6; 30.5). As misericórdias públicas merecem reconhecimento público nos átrios da casa do Senhor. “Em sinal de reconhecimento, um culto de louvor foi realizado no local da vitória, foi dado ao lugar um nome comemorativo: ‘beraca’, que em hebraico quer dizer: ‘vale da benção’ (v.26). Outro culto de louvor foi conduzido no templo ao retornarem a capital do reino” (vs. 27,28) (ADEYEMO, 2010, p.519).

3.4 Deus glorificado entre os reinos e a paz em Jerusalém (2 Cr 20.29,30). 
Diante da ação soberana de Deus ao livrar o seu povo, o temor tomou conta dos povos à volta de Judá. Quando eles ouviram que Deus pelejou desse modo espantoso por Jerusalém, isto gerou nos vizinhos uma reverência a Deus e um temor cauteloso de fazer algum mal ao seu povo, estabelecendo Deus a paz no reino de Judá. Ter descanso no livro das Crônicas é resultado das bênçãos provenientes da obediência (2 Cr 14.5-7; 15.15; 1Cr 22.8,9,18). Os servos de Deus não devem se deixar levar pelas calamidades desta vida, pois podemos experimentar em meio às lutas a paz que excede todo o entendimento: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Fp 4.6,7).


CONCLUSÃO
Podemos concluir por meio dessa belíssima história, que apesar das calamidades serem comuns na vida cristã temos a condição de reagir de forma correta, como quem tem a confiança que Deus tem o controle de todas as coisas e poder para agir em favor de seus servos: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).




REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SELMAN, Martin J. Série Cultura Bíblica. VIDA NOVA.
GARDNER, Paul. Quem é Quem na Bíblia Sagrada. VIDA.




Por Rede Brasil de Comunicação.






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