2 Cr 20.1-12
INTRODUÇÃO
O rei Josafá governou por 25 anos no Reino do Sul e
foi um dos poucos bons reis que administraram sobre o povo de Deus. Nessa lição
veremos as peculiaridades da sua personalidade e seu comportamento. Através de
uma das suas experiências, aprenderemos sobre a adoração a Deus diante das
calamidades, bem como elencaremos alguns elementos pertencentes a verdadeira
adoração e os seus respectivos resultados.
I.
DEFININDO OS TERMOS ADORAÇÃO E CALAMIDADE
Josafá teve sua história marcada pelo sucesso
espiritual, político e militar e esta prosperidade se deu como resultado de sua
vida íntegra diante de Deus e da sua obediência aos mandamentos divinos. A
adoração a Deus e também a calamidade são duas situações bem evidentes na vida
desse monarca. Vejamos uma básica definição desses dois termos:
1.1 Adoração.
Essa palavra quer dizer: “veneração elevada que se presta a
Deus, reconhecendo-lhe a soberania sobre o universo”. Do hebraico “sãhâ”
e do grego “proskyneo”, enfatizam ambas o ato de prostração e reverência
(ANDRADE, 2006, p.33). À luz do texto sobre a adoração destacamos: a) A
verdadeira adoração é teocêntrica (2 Cr 20.3,4,18,19,21; Mt 4.10), pois ela
prioriza Deus e não as nossas necessidades (Jó 1.20-22; Mt 15.25); b) A
adoração genuína é ultra-circunstâncial (2 Cr 20.2,12,15; Hc 3.17,18); ou seja,
não se limita às circunstâncias favoráveis; c) Voluntária: “[...]
pôs a buscar... pôs-se em pé [...]” (2 Cr 20.3,5); e d) Reverente: “Então
, Josafá se prostrou com o rosto em terra [...]” (2 Cr 20.18; Is 6.2;
Mc 1.40; 5.33; 7.25).
1.2 Calamidade.
Segundo Aurélio esse termo significa: “Desgraça
pública; catástrofe; flagelo; infortúnio; infelicidade” (FERREIRA,
2004, p. 364). A calamidade é algo possível na trajetória cristã, precisamos
entender que não estamos imunes aos infortúnios dessa vida. Tragédias, crises
financeiras, problemas de saúde e etc, são naturais a essa vida e comum ao
crente e ao não crente (Jó 1.18,19; 2 Rs 4.1,2; Mt 7.24-27; Jo 11.1-5). Porém,
para os que servem a Deus a calamidade será superada (Pv 24.16; Sl 57.1).
II.
CARACTERÍSTICAS DA ADORAÇÃO DE JOSAFÁ
Josafá cujo nome significa: “o Senhor tem julgado”
(GARDNER, 2005, p. 376); apesar da sua piedade descrita nas Escrituras (2 Cr
17.3-6), passou por uma experiência calamitosa proveniente de uma confederação
de inimigos. É importante lembrar como inicia o capítulo: “E sucedeu que, depois disto os
filhos de Moabe, e os filhos de Amom, e com eles outros dos amonitas, vieram à
peleja contra Josafá” (2 Cr 20.1). Embora toda a reforma produzida pela
liderança do rei (2 Cr 19.4-11), agora encontra-se em uma situação adversa.
Apesar de ter muitos aliados políticos, o monarca se põe a buscar a Deus,
ensinando qual deve ser a atitude a tomar diante das dificuldades. Como veremos
a seguir:
2.1 Oração (2 Cr 20.3-12).
A oração é um dos elementos da adoração do monarca,
segundo Matthew Henry sobre essa oração de Josafá destaca: a) Ele reconhece o
domínio soberano da Providência divina (v.6); b) Josafá se apega à relação de
aliança que tinham com Deus, e ao interesse que tinham nele. “Tu, que és o Deus nos céus, és o Deus dos
nossos pais” (v. 6), “e o nosso Deus”,
(v. 7); c) Josafá mostra o direito que eles tinham a esta boa terra em cuja
posse estavam: “Deste à semente de
Abraão, teu amigo” (v.7b); d) Ele faz menção do santuário, o templo que
eles haviam edificado para o nome de Deus (v. 8), e) Ele protesta contra a
ingratidão e a injustiça dos seus inimigos (vs.10,11); e f) Josafá professa
toda a sua dependência de Deus por livramento (v.12). (HENRY, 2006, p.738 –
acréscimo nosso). Diversos textos das Sagradas Escrituras incentivam o crente a
orar (1 Cr 16.11; Sl 105.4; Is 55.6; Am 5.4,6; Mt 26.41; Lc 18.1; Jo 16.24; Ef
6.17,18; Cl 4.2; 1Ts 5.17). A oração feita pelo rei nos mostra que, ele confia
mais em Deus do que nos seus recursos militares. A oração coletiva e a comunhão
são elementos indispensáveis para a vitória (At 4.31).
2.2 Jejum (2 Cr 20.3b).
A reação espiritual de Josafá foi apropriada e
também didática, o rei e a nação clamaram a Deus em oração e jejum, que nesse
caso foi nacional incluindo até as crianças (2 Cr 20.13). O jejum era um sinal
de pesar (Jz. 20.26; Jl 2.12). Ele é definido como a abstinência parcial ou
total de alimentos com finalidades específicas. Essa prática vem desde o AT,
onde o povo de Israel jejuava por diversas razões (Sl 69.10; 2 Sm 12.16). Do
período de Samuel em diante, vemos o jejum sendo uma prática para enfatizar a
sinceridade das orações do povo de Deus quando Israel enfrentava problemas
especiais (1 Sm 7.6; At 13.2). Jejuns específicos, às vezes, eram feitos assim
como também os regulares (Lv 16.29,31; Zc 8.19), para buscar a ajuda de Deus em
circunstâncias especiais (Jz 20.26; Ed 8.21-23; Jl 1.14; 2.15-16). A prática do
jejum foi incorporada ao NT, entre outros casos, a igreja de Antioquia é uma
clara demonstração de que os crentes da igreja primitiva observavam essa
prática (At 13.2,3; 2 Co 6.5), por isso, nós devemos também praticar (Mc 9.29;
Mt 9.15).
2.3 Louvor (2 Cr 20.18-21).
Além da oração e jejum podemos encontrar o louvor
como um outro elemento utilizado por Josafá na adoração. Louvar significa: “adorar”, “glorificar”, “magnificar”,
“oferecer ações de graças”. O louvor
brota do coração que sente gratidão, ação de graças ou admiração. O homem que se
regozija em seu coração, profere palavras de louvor em meio às batalhas desta
vida (Sl 50.23; 103.3; 148.1; 150.1-6; Tg 5.13). Em direção ao campo de batalha
por meio do louvor a Deus, Josafá expressa sua confiança na intervenção divina.
III. OS RESULTADOS
DA ADORAÇÃO EM MEIO A CALAMIDADE
Diante de um verdadeiro adorador não se sustentam
barreiras ou impossibilidades, a adoração é o caminho para o coração de Deus
(Sl 51.17), é um dos segredos da vitória do cristão. Notemos as ações de Deus
como resultados da adoração:
3.1 A resposta de Deus (2 Cr 20.14,15).
No momento da adoração coletiva Deus entra em ação,
quando o rei ainda estava falando, Deus ouviu, e por meio de um profeta o povo
é encorajado a confiar em Deus, embora a ira do inimigo era ameaçadora; essa é
uma das grandes promessas para os que o servem com fidelidade: “Ele
me invocará, e eu lhe responderei [...]”
(Sl 91.15). “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e
firmes que não sabes” (Jr 33.3). A mensagem profética entregue por Jaaziel
começou com um apelo à atenção: “Dai ouvidos”, esse apelo foi
acompanhado por um encorajamento, “Não temais”, e finalmente por um
convite à ação: “Amanhã descereis contra ele” (ADEYEMO, 2010, p.519). Foi por
meio da adoração a Jesus que a mulher cananeia recebeu a atenção e,
respectivamente, o milagre que precisava (Mt 15.25,28). O homem leproso que se
encurvou diante de Cristo, a mão graciosa lhe é estendida restaurado plenamente
sua saúde (Mc 1.40-42).
3.2 A garantia da vitória (2 Cr 20.15-17).
Por meio de Jaaziel o Senhor dos Exércitos
transmite a Josafá e a todo povo uma mensagem garantindo a vitória contra os
inimigos. A notável profecia desse servo de Deus centra-se no duplo
pronunciamento de que é o Senhor e não Israel quem terá de pelejar. No todo há
quatro coisas principais. Notemos: a)
uma ordem repetida para não temer (v. 15, 17); b) declarações repetidas de que a batalha não é vossa, mas de Deus
(v. 15, 17); c) uma promessa
repetida de que Deus estará convosco (v. 17); e d) instruções para amanhã sobre onde ir e ver o “livramento”,
“vitória” ou “salvação”. A promessa básica, de fato, combina várias antigas
passagens do Antigo Testamento que afirmam que o Senhor luta por Israel (Êx
14.13-14; Dt 20.4; 1 Sm 17.37) (SELMAN, 1994, p.336 – acréscimo nosso). Josafá
e seu povo receberam essa garantia com fé, reverência e gratidão; o rei curvou
a cabeça, e depois, todo o povo se prostrou diante do Senhor e adorou,
levantando a voz em louvor a Deus.
3.3 Os inimigos derrotados e o regresso triunfal (2
Cr 20.22-27).
3.4 Deus glorificado entre os reinos e a paz em
Jerusalém (2 Cr 20.29,30).
Diante da ação soberana de Deus ao livrar o seu
povo, o temor tomou conta dos povos à volta de Judá. Quando eles ouviram que
Deus pelejou desse modo espantoso por Jerusalém, isto gerou nos vizinhos uma
reverência a Deus e um temor cauteloso de fazer algum mal ao seu povo,
estabelecendo Deus a paz no reino de Judá. Ter descanso no livro das Crônicas é
resultado das bênçãos provenientes da obediência (2 Cr 14.5-7; 15.15; 1Cr
22.8,9,18). Os servos de Deus não devem se deixar levar pelas calamidades desta
vida, pois podemos experimentar em meio às lutas a paz que excede todo o
entendimento: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam
em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de
graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os
vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Fp
4.6,7).
CONCLUSÃO
Podemos concluir por meio dessa belíssima história,
que apesar das calamidades serem comuns na vida cristã temos a condição de
reagir de forma correta, como quem tem a confiança que Deus tem o controle de
todas as coisas e poder para agir em favor de seus servos: “E sabemos que todas
as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles
que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28).
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
SELMAN, Martin J. Série Cultura Bíblica. VIDA NOVA.
GARDNER, Paul. Quem
é Quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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