Et 5.1-6
INTRODUÇÃO
Deus sempre cuidou do povo judeu dando-lhe
livramento em toda a sua trajetória, por causa da promessa que fez a Abraão seu
amigo. Nesta lição, veremos um momento histórico em que este povo se viu diante
de um possível massacre promovido por um dos seus inimigos. Diante do aperto,
os judeus clamaram, Deus ouviu-lhes o clamor, e interviu na situação
transformando a tristeza em alegria e o luto em festa.
I. PERSONAGENS
DO LIVRO DE ESTER
1.1 Assuero (Et 1.1).
Rei da Pérsia, mais conhecido como Assuero (chamado
de Xerxes em algumas versões bíblicas) é mencionado no livro de Ester e em
Esdras 4.6. Um dos maiores reis do Império Persa, governou de 486 a 465 a.C.
Era filho de Dario I, o Grande. No livro de Ester, Assuero é retrato como um
rei poderoso, com um grande império “que
reinou desde a Índia até Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias”
(Et 1.1b).
1.2 Vasti (Et 1.9).
Rainha da Pérsia, esposa do rei Assuero. No último
dia do banquete oferecido por este monarca, Vasti foi convocada para mostrar
sua beleza diante dos convidados. Ela recusou o convite e essa atitude gerou
controvérsias entre os conselheiros do rei. Receosos de que a desobediência da
rainha desacreditasse todos os homens do reino diante de suas esposas. Eles
aconselharam o rei que depusesse Vasti do cargo e mandasse trazer as donzelas
do reino para delas escolher uma nova rainha. O rei anuiu ao conselho e assim o
fez (Et 1.9-22; 2.1-4).
1.3 Mardoqueu (Et 2.5).
Da tribo de Benjamin, filho de Jair, pai adotivo de
Ester, também chamado Mordecai em algumas versões bíblicas. Vivia na fortaleza
de Susã durante o exílio do povo judeu, reinado de Assuero, onde criou Ester
como se fosse sua própria filha (Et 2.5-7).
1.4 Ester (Et 2.7).
O nome hebraico dessa
mulher era “Hadassah”, que significa “murta”, o nome de uma planta. Ester
era o nome persa que lhe foi dado, quando ela tornou-se parte do harém real.
Era uma jovem judia, da tribo de Benjamin, cujos pais morreram na época do
exílio babilônico. Foi criada por seu primo Mardoqueu (Et 2.5-7). Estavam entre
os judeus que habitavam na fortaleza de Susã, sob o reinado de Assuero. A vida
de Ester mudou, quando foi levada para o harém real junto com outras donzelas de
Susã. Depois de um ano de embelezamento, ela foi eleita pelo rei como a mais
linda jovem entre todas as que foram apresentadas (Et 2.8-17).
1.5 Hamã (Et 3.1).
Era Filho de Hamedata e tinha um alto cargo
político no reinado de Assuero, na Pérsia. Josefo, historiador judeu, diz que
Hamã era um amalequita (2004, p. 522). “Ele é descrito como 'agagita', talvez
por causa da sua descendência de Agague, o rei amalequita (I Sm 15.8,33)”
(BEACON, p. 550 – acréscimo nosso). Ele desfrutava de muita confiança do rei
(Et 3.10). Hamã tinha um grande ódio de Mardoqueu, bem como de todos os judeus
(Et 3.5-6;10).
II. O
PROJETO DIABÓLICO PARA DESTRUIÇÃO DOS JUDEUS
2.1 A nomeação de Hamã (Et 3.1).
O livro de Ester nos informa que Assuero
engrandeceu a um homem chamado Hamã. Segundo Beacon (2008, p. 550): Hamã “foi
elevado à posição de primeiro ministro. Esta posição lhe trouxe a maior
condição entre os príncipes da corte persa, e tornou-se o segundo abaixo do rei
em poder. De acordo com a ordem do monarca, segundo o costume dos governos
orientais antigos, as princesas e nobres, assim como o povo em geral, todos
precisavam inclinar-se perante o grão-vizir quando ele passava pelo palácio e
pelas ruas de Susã”. De fato, todos os servos do rei se inclinavam diante de
Hamã, no entanto, Mardoqueu o judeu, descumpria esta ordem (Et 3.2). Josefo
(2004, p. 503) diz que: “Mardoqueu era o único que não lhe prestava essa
homenagem, porque a lei de Deus o proibia”. Talvez uma alusão ao Decálogo, que
condenava a adoração a qualquer coisa em lugar de Deus (Êx 20.3-6; Dt 5.7-10).
2.2 O ódio de Hamã (Et 3.5,6).
Ao ver que Mardoqueu não se prostava diante de si,
contrariando a ordenação real, Hamã encheu-se de furor. Sua atitude em seguida
deste sentimento foi de executar Mardoqueu e também todo o povo judeu a quem
ele pertencia. O registro bíblico nos diz que Hamã se tornou adversário dos
judeus (Et 3.10).
2.3 O decreto de Hamã (Et 3.7-15).
Para levar adiante o seu plano de provocar um
genocídio dos judeus, Hamã, que tinha acesso direto ao rei, lhe propôs
exterminar e saquear os bens de um povo que segundo ele tinha leis e costumes
diferentes dos povos que estavam sob o domínio de Assuero (Et 3.8). Além de
Hamã estar propondo varrer do reino um povo “insubmisso ao rei”, prometeu-lhe
também que pagaria ao rei por esta prestação de serviço (Et 3.9). Ao que o rei
consentiu, colocando-lhe na mão o seu anel com o qual o decreto poderia ser
assinado (Et 3.10). O decreto de morte então foi assinado, para ser colocado em
prática no dia 13 do mês de Adar, segundo consultou os seus deuses (Et
3.7,12-14).
III. A
REAÇÃO DO POVO JUDEU ANTE A AMEAÇA DE EXTINÇÃO
Depois que o edito real assinado por Hamã começou a
ganhar notoriedade, a cidade de Susã “estava confusa” (Et 3.15). Mardoqueu e os
judeus que estavam na Pérsia, resolveram agir (Et 4.3). Vejamos quais foram as
suas atitudes:
3.1 Oração (Et 4.1-3).
Diante da ameaça iminente, os judeus se puseram a
orar. Mardoqueu foi o primeiro (Et 4.1). Todo o povo começou a clamar também
(Et 4.3). A oração é uma prece dirigida pelo homem ao seu Criador, com o
objetivo de adorá-Lo, pedir-lhe perdão pelas faltas cometidas, agradecer-lhe
pelos favores recebidos, buscar proteção e, acima de tudo, uma comunhão mais
íntima com Ele. Essa atividade é descrita como: invocar a Deus (Sl 17.6);
invocar o nome do Senhor (Gn 4.26); clamar ao Senhor (Sl 3.4); levantar nossa
alma ao Senhor (Sl 25.1). Este deve ser o primeiro e não o último recurso
utilizado pelo crente em todo tempo e, principalmente, diante das dificuldades
(Sl 4.1; 18.6; 77.2; 91.15).
3.2 Quebrantamento (Et 4.1-3).
Além de os judeus orarem, o registro sagrado diz de
que forma eles oraram: “e em todas as
províncias aonde a palavra do rei e a sua lei chegava, havia entre os judeus
grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos estavam deitados em
saco e em cinza” (Et 4.3). Segundo Champlin (2004, p. 620), “o ato de
rasgar as próprias vestes era uma maneira comum e simbólica de exprimir alguma
emoção forte, como ira, tristeza ou consternação”. O que Deus requer de cada um
de nós é um espírito quebrantado (II Cr 7.14; Sl 34.18; 51.17; Is 57.15).
3.3 Jejum (Et 4.15-17).
Ester ficou sabendo por meio dos seus servos que o
seu parente Mardoqueu estava a porta do rei clamando por misericórdia, mandou
procurar saber do próprio Mardoqueu o porquê daquela atitude (Et 4.4-7). Ele
deu a ela uma cópia do decreto de morte assinado pelo rei e mandou dizer-lhe
que como era a rainha e estava no palácio, deveria comparecer diante do rei
para suplicar em favor do seu povo (Et 4.7-9). Ester sabia que não podia
comparecer ante o rei sem ser chamada (Et 4.11). Diante desta dificuldade,
Ester propôs que junto com ela os demais judeus recorressem a Deus em jejum
para que Ele pudesse intervir nesse caso (Et 4.10-16). O jejum é a abstinência
parcial ou total de alimentos com finalidades específicas. Prática comum entre
os judeus em ocasiões específicas, sendo a principal delas os momentos de
aflição (II Cr 20.3; Dn 9.3; Jl 1.1-14).
IV. A
AÇÃO DE DEUS PARA PROTEGER O SEU POVO
O livro de Ester descreve a soberania e o cuidado
de Deus para com o seu povo. Ele relata o grande livramento dado por Deus ao
povo judeu na Pérsia. Embora o nome de Deus não seja mencionado no livro, cada
página está cheia dEle. Mattew Henry (2010, p. 845), diz: “Ainda que o nome de
Deus não se encontre nele, o mesmo não se pode dizer da sua mão, guiando
minuciosamente os fatos que culminaram na libertação de seu povo”. Vejamos:
4.1 Agindo previamente.
O livro de Ester nos mostra Deus agindo antes que o
mal se levantasse sobre o seu povo, por exemplo: a) a nomeação de Ester a rainha (Et 2.17), se deu antes da nomeação
de Hamã para primeiro ministro (Et 3.1); b)
a recompensa pelo livramento que Mardoqueu deu ao rei Assuero (Et 2.21-23),
somente aconteceu na ocasião que Hamã intentava lhe pendurar numa forca. Deus
fez que ao invés de morto, Mardoqueu fosse honrado pelo próprio opositor (Et
5.14; 6.1-12).
4.2 Agindo providencialmente.
O povo de Israel é a semente de Abraão, a qual Deus
fez a seguinte promessa: “e abençoarei os
que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão
benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3b). Portanto, pelejar contra a
nação de Israel só resultará em desvantagem. Tal concepção foi assimilada pela
própria mulher de Hamã, após ele ter chegado frustrado de sua tentativa de
executar o judeu Mardoqueu (Et 6.13). Embora Satanás tente através de
governantes e nações aniquilar a semente abraâmica jamais conseguirá (Zc
14.1-15). Mardoqueu estava convicto de que Deus providenciaria livramento de
uma forma ou de outra (Et 4.14).
4.3 Agindo sabiamente.
Por certo, Deus orientou a Ester que junto com os
judeus orassem e jejuassem por três dias, para que no terceiro dia, mesmo sem
ser chamada, ela comparecesse diante do trono real arriscando a sua própria
vida (Et 4.11-16). No terceiro dia, Ester corajosamente compareceu diante do
rei, o qual estendeu sobre ela o cetro dizendo que estava disposto a lhe
conceder o que pedisse. Ester convidou o rei e Hamã para dois banquetes e neste
a rainha revelou o propósito de Hamã de destruição de todos os judeus, do qual
povo ela também pertencia (Et 7.1-6). Na mesma hora, o rei também ficou sabendo
que Hamã intentava enforcar Mardoqueu, o benfeitor do rei (Et 7.9). Diante
disto, o rei enfurecido mandou que Hamã fosse enforcado nela (Et 7.10). Quanto
ao decreto real de destruição de todos os judeus, que foi assinado por Hamã com
o anel do rei, e era irrevogável (Et 8.8), Deus sabiamente colocou no coração
de Mardoqueu que assumiu o cargo de Hamã (Et 8.1,2), que se fizesse outro
decreto dando aos judeus o direito de se defenderem (Et 8.9-12). O luto dos
judeus terminou em alegria, pois Deus mudou-lhes a sorte (Et 8.16,17; 9.17-32).
CONCLUSÃO
O livro de Ester nos ensina que o povo de Deus não
está à deriva neste mundo tenebroso. O Senhor, Deus único e verdadeiro intervém
na história, de forma que, antes mesmo do mal ser planejado para prejudicar os
seus servos, Ele dispõe previamente do livramento. Diante desta verdade,
devemos descansar no cuidado providencial de Deus.
REFERÊNCIAS
GARDNER, Paul. Quem
é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
HOWARD, R.E et al. Comentário Bíblico. CPAD.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico. CPAD.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil
de Comunicação.
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