Mt
26.36-41
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos a definição da palavra “vigilância”; pontuaremos algumas causas da
necessidade da vigilância na batalha espiritual; elencaremos como devemos
vigiar na batalha contra as hostes do maligno; e por fim, analisaremos a
importância da vigilância espiritual para vencermos Satanás e seus anjos.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA VIGILÂNCIA
1. Definição exegética.
O verbo “vigiar”
traduz pelo menos cinco palavras hebraicas no AT e outras cinco palavras gregas
no NT. O lexicógrafo Houaiss explica que o verbo “vigiar” quer dizer: “observar
com atenção; estar atento a; velar; espiar, espreitar atentamente”
(2001, p. 2860). No hebraico o principal verbo é “shamar” que significa: “vigiar,
guardar”. No grego o termo “gregoreo” significa literalmente “vigiar”
e é encontrado em 22 lugares no NT. Já o verbo “agrypneo” significa: “manter-se
acordado, vigiar, guardar, cuidar”. Pode-se ainda citar o verbo “eknepho”
que só aparece uma vez no NT (1 Co 15.34). Na Bíblia a palavra “vigiar” é
aplicada em diferentes contextos e, é usado acerca de: a) “manter-se acordado” (Mt 24.43; 26.38.40.41); e, b) “vigilância espiritual”
(At 20.31; 1Co 16.13; Cl 4.2; 1Ts 5.6.10; 1Pd 5.8; Ap 3.2.3; 16.15) (VINE,
2002, p. 323 – acréscimo nosso).
II. CAUSAS DA
EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA NA BATALHA ESPIRITUAL
O apóstolo Paulo
fala da importância da armadura de Deus, do poder de Deus, da oração e também
da vigilância para vencermos as astutas ciladas do inimigo: “orando
em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com
toda perseverança e súplica [..]” (Ef 6.18). A vigilância é o
ato de estarmos atentos em todos os aspectos da vida cristã. Vejamos o porque
da importância da vigilância:
1. A fraqueza humana.
Sabendo da
fragilidade humana, Jesus exortou os apóstolos a estarem vigilantes, para
vencerem as tentações (Mt 26.41; Mc 14.38). Fomos perdoados e libertos dos
nossos pecados (1 Jo 2.12; Rm 6.22), todavia, ainda não estamos livres da
presença do pecado na nossa natureza humana. Isto somente se dará quando nosso
corpo for glorificado, por ocasião do arrebatamento da Igreja (1 Co 15.51-54).
Precisamos viver vigilantes, a fim de não sermos vencidos pelo pecado (Rm
6.11,12; 1 Co 15.34).
2. A astúcia do Diabo.
Além da
fragilidade humana, o crente precisa vigiar também porque “[...] o
diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem
possa tragar” (1 Pe 5.8). Toda tentação é proveniente da própria
natureza humana (1 Co 10.13; Tg 1.13-15), todavia, o principal agente da
tentação é Satanás (Mt 4.3; Lc 4.2; 1Ts 3.5; Tg 4.7). Precisamos estar
vigilantes e fortalecermo-nos no Senhor a fim de vencer as batalhas
espirituais, que somos submetidos (Ef 6.10-18). Jesus exortou os crentes de
Esmirna a serem fiéis até a morte, mesmo diante das tentações do diabo (Ap
2.10). Da mesma forma, falou aos crentes de Filadélfia, dizendo: “Eis
que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”
(Ap 3.11).
3. A repentina vinda do Senhor.
A necessidade da
vigilância espiritual se dá também pelo fato de ser o retorno de Cristo um
evento repentino. Diversas vezes, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso
(Mt 24.36,42,44; 25.13; Mc 13.33; Lc 12.46). Infelizmente, não são poucos
aqueles que têm a promessa do Senhor como tardia, ao ponto de desacreditarem
dela (2 Pe 3.4). Todavia, Jesus nos assegurou que viria “sem demora” (Ap 3.11;
22.12,20). A Bíblia nos exorta a estarmos vigilantes para não sermos pegos de
surpresa e sermos achados dormindo naquele dia (Mc 13.36; Lc 21.34).
III. COMO DEVEMOS
VIGIAR NA BATALHA ESPIRITUAL
Notemos quais
atitudes devemos ter para vencermos as batalhas espirituais:
1. Vigiando em oração.
Jesus associou o
verbo vigiar com o verbo orar: “Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt
26.41), são duas atividades que se misturam e se completam. Não basta orar: é
preciso vigiar cuidadosamente. A Bíblia nos exorta a aguardarmos o Senhor
vigiando em oração (1 Pe 4.7). É por meio desta prática constante: “Orai
sem cessar” (1 Ts 5.17) que o cristão mantém contato com Deus (Jr 33.3;
Tg 4.8). Ela expressa uma atitude de sujeição e inteira dependência da Sua
graça, ou seja, quem ora reconhece que precisa da ajuda divina para vencer as
batalhas espirituais e as dificuldades da vida (Is 38.1-5; 2 Cr 20.3,4). Faz-se
necessário entender que, os últimos dias da Igreja de Cristo aqui na terra,
serão dias de esfriamento espiritual na vida de alguns cristãos (Mt 24.12; Ap
3.15,16). Portanto, devemos ter cuidado para não sermos cristãos superficiais,
mas de profunda comunhão com Deus.
2. Vigiando em santidade.
A ausência de
vigilância é terreno propício para que a tentação encontre brechas e nos
conduza à derrota espiritual (Hb 12.1,2). Jesus anunciou que antecipadamente
que os dias que antecedem a sua vinda, serão de extrema corrupção moral, comparando
com o período antediluviano e geração de Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28).
Os apóstolos também fizeram: a mesma afirmação (2Tm 3.1-5; 2 Pe 3.3). Sabedores
disto, nós cristãos, devemos no meio desta geração pervertida, vigiar em
santidade, a fim de não contaminarmos com o pecado (Fp 2.15). A santidade é
tipificada na Bíblia como vestes (Ap 19.8,14). Por sua vez, a falta de
santidade pode ser retratada como vestes sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18;
16.15). A exortação bíblica é que devemos estar vestidos e com vestes limpas em
todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4), e só assim, venceremos as batalhas espirituais.
3. Vigiando em todo tempo.
O ensino sobre a
vigilância é constante no ministério de Jesus (Mt 26.41 ver Ef 6.18). Já vimos
que a palavra “vigiar” significa: “estar atento”. O contrário da
palavra “vigiar” é justamente “dormir” (Mc 14.37; Ef 5.14; Rm
13.11). Do ponto de vista bíblico, o sono espiritual, tem conotação negativa,
pois leva o homem a um estado de invigilância. Jesus falou disto quando disse:
“Vigiai,
pois, porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à
meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para que, vindo de improviso,
não vos ache dormindo” (Mc 13.35,36). Foi quando as dez virgens
cochilaram que chegou o esposo “E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e
adormeceram” (Mt 25.5). A “demora” da volta de Cristo se constitui num
teste de resistência e fidelidade para aqueles que professam segui-lo. Por
isso, somos exortados a perseverança (Mt 24.13; Lc 8.15; Rm 2.7; 1Tm 4.16; Ap
3.10-11). Devemos também exorta-nos uns aos outros (Hb 10.25).
IV. A IMPORTÂNCIA
DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL
A vigilância é o
ato ou efeito de vigiar, o estado de quem permanece alerta, de quem procede com
precaução nas várias áreas da vida, principalmente na vida espiritual. A
atitude de vigiar na vida espiritual implica em algumas atitudes. Notemos:
1. Vigiar implica ficar de atalaia.
O atalaia
exercia um papel bastante importante na segurança da cidade e se aquele atalaia
falhasse na sua função, colocaria a cidade em risco (2Cr 20.2-10). Para
proteger o gado, a lavoura e os centros urbanos, os judeus construíam as
chamadas torres de vigia nos pastos (Mq 4.8; Mt 21.33), nas vinhas (Is 5.2) e
nas cidades (Sl 127.1). A vigilância era de dia e de noite e os guardas
ansiavam pelo romper da manhã (Sl 130.6). No NT Jesus também insiste muito na
prática da vigilância e o imperativo vigiai aparece três vezes na parábola da
figueira (Mc 13.33, 35, 37), uma vez na parábola das dez virgens (Mt 25.13) e
duas vezes na cena do Getsêmani (Mc 14.34,38). O texto de Marcos 13.37 é muito
enfático: “O que, porém vos digo, digo a todos: vigiai”. A ordem para
vigiar não está apenas no ensino de Jesus. Encontra-se também em Paulo, tanto
no discurso dirigido aos presbíteros de Éfeso (At 20.31) como nas cartas
endereçadas aos Coríntios (1 Co 16.13) e aos Tessalonicenses (1Ts 5.6). Aos cristãos
judeus expulsos de Jerusalém e espalhados pelo Ponto, pela Galácia, Capadócia,
Ásia e Bitínia, Pedro escreve: “Sede sóbrios e vigilantes” (1 Pe
5.8) A igreja em Sardes recebe a mesma exortação (Ap 3.2). Depois de
glorificado Jesus declarou que é: “bem-aventurado aquele que vigia [...]”
(Ap 16.15). É exigido daquele que vigia atitude de alerta permanente (1Ts 5.6;
Rm 13.11).
2. Vigiar implica ficar acordado.
A vigilância na
fé cristã pode ser entendida o ato de permanecer acordado (Lc 12.36- 38; 1 Ts
5.6). Estar alerta e acordado tem como objetivo evitar o comportamento
negligente ou indolente que pode levar alguém a cair em alguma cilada ou ceder
a alguma tentação que acaba enfraquecendo sua fé em Cristo (Mt 24.42; 25.13;
26.41; 1Co 16.13; 1Ts 5.6; 1Pd 5.8; Ap 3.2; 16.15). Todos nós precisamos de
vigilância espiritual, e são inúmeras as recomendações bíblicas acerca da
importância da vigilância constante para o crente. Diariamente somos submetidos
a diversas tentações, e diante disso o conselho Jesus é: “Vigiai e orai, para que não
entreis em tentação” (Mt 26.41).
3. Vigiar implica ter consciência das realidades
espirituais.
Ter consciência
dos perigos espirituais contidos no reino oposto de Satanás, e resiste-lhes
ativamente. Tal batalha trava-se no reino espiritual das nossas vidas, pois nós
não lutamos contra carne e sangue, mas sim contra um poder espiritual hostil e
seus malévolos princípios (Ef 6.12). Quanto mais nos lembrarmos da realidade
desse outro mundo invisível, mais vigilantes devemos estar. Acerca disso Paulo
diz: “Porque não ignoramos os seus ardis” (2 Co 2.11). Pedro também
afirmou que: “o diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa
tragar” (1 Pe 5.8). Quanto mais inclinados estivermos para o mundo
secular, menos vamos considerar as realidades espirituais, desprezando assim
ordenar as nossas vidas de harmonia com elas. Estar vigilante no sentido
bíblico requer que os nossos olhos estejam abertos a certas realidades e que
tal conhecimento determine as nossas decisões e ações.
CONCLUSÃO
Aprendemos que o
ensino bíblico sobre a vigilância envolve precaução, cuidado, perseverança, fé
e obediência, considerando esta verdade sigamos o ensino de Jesus: “Vigiai
e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto,
mas a carne é fraca” (Mt 26.41).
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário
Teológico. RJ: CPAD, 2006.
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon.
RJ: CPAD 2010.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
RJ: OBJETIVA, 2001.
Ø STAMPS,
Donald C (Trad. Gordon Chown). Bíblia de
Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Ø VINE,
W.E, et al (Trad. Luís Aron). Dicionário
Vine. RJ: CPAD, 2002.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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