At
8.5-13,18-21
INTRODUÇÃO
A Bíblia não
somente fala da realidade da batalha espiritual, bem como nos ensina sobre o
que devemos fazer para prevalecermos na luta contra Satanás e os demônios – “fortalecer-se
no Senhor e na força do Seu poder” (Ef 6.10). Nesta lição, falaremos
sobre a necessidade do poder espiritual para a nossa caminhada cristã;
destacaremos a importância de termos o Espírito em nós e sobre nós; veremos
porque o poder de Deus é necessário; e, por fim, pontuaremos que uma vida cheia
do Espíritro Santo é uma condição vital para nos mantermos de pé
espiritualmente.
I. A IMPORTÂNCIA DO PODER DE DEUS NA VIDA CRISTÃ
Após trazer
diversas recomendações práticas aos cristãos de Éfeso, Paulo decidiu abrir os
seus olhos quanto a realidade do mundo espiritual e da necessidade de estarmos
capacitados para vencermos a batalha contra o mal. Para tal, o apóstolo
conclama os irmãos a buscarem o poder do Senhor. Paulo diz: “fortalecei-vos”
(Ef 6.10), expressão que no grego é “endunamoo”, que significa: “fortalecer”,
“tornar-se
forte” (CHAMPLIN, 2004, p. 641). Já a palavra “poder” no grego “dúnamis”
significa: “força”, “energia”, “habilidade”, “poder”,
mas que normalmente se refere a algum agente de poder ou força capaz de
realizar um determinado trabalho. Nosso vocábulo “dinamite” se deriva desse
termo grego; e isso ilustra a natureza da palavra (CHAMPLIN, 2004, p. 311).
Vejamos o que a Bíblia nos sobre o poder de Deus:
1. A necessidade do poder.
Como a nossa
luta não é contra carne e sangue, mas, sim, “contra os principados, contra as
potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12); seres que
são maiores que os homens (Sl 8.5; Hb 2.7); e, que são poderosos (At 26.18; 2 Ts
2.9; 2 Pe 2.11), necessitamos de um poder que não produzimos e que seja maior
que o poder dos demônios. Portanto, fortalecer-se é tão necessário que Paulo
afirma que é a condição para nos mantermos firmes “contra as astutas ciladas do
diabo” (Ef 6.11).
2. A busca pelo poder.
O crente por si
mesmo e com suas próprias forças jamais poderá suportar uma guerra espiritual.
Inimigos espirituais são enfrentados com armas espirituais. O poder que
necessitamos para vencer está no Senhor. Por isso, Paulo diz: “[…]
fortalecei-vos
no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10). A Bíblia diz que Ele é
aquele que tem todo o poder nos céus e na terra, pois é Todo Poderoso (Mt
28.18; Ap 1.8). Somente na epístola aos Efésios Paulo fala da “grandeza
do seu poder” (Ef 1.19); da “superioridade do seu poder” (Ef
1.21); da “operação do seu poder” (Ef 3.7); que ele é “poderoso
para fazer” (Ef 3.20); e, de que é a “fonte do poder” (Ef
6.10). É bom notar que o verbo “fortalecer” está no imperativo,
denotando uma ordem, ou seja, cabe ao crente individualmente buscar
fortalecer-se no Senhor (1 Co 16.13; Tg 5.8). Paulo também exortou a Timóteo
dizendo: “Fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2.1).
3. A concessão de poder.
Jesus não deixou
a igreja sem o poder necessário para vencer as batalhas espirituais. Ele nos
concedeu o Espírito Santo por meio do qual temos condições de vencer: “Para
que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados
com poder pelo seu Espírito no homem interior” (Ef 3.16). Paulo
falou do poder de Deus que está “sobre nós, os que cremos” (Ef
1.19); e, do “poder que em nós opera” (Ef 3.20); e, nas mais diversas
situações que enfrentou, prevaleceu, porque Cristo o fortalecia (Fp 4.13; 2Tm
4.17). Jesus concedeu poder para expulsarmos os demônios (Mc 16.17; Lc 10.19);
e, também confirmou a promessa de revestimento de poder para os seus discípulos
a fim de equipá-los espiritualmente (Lc 24.49; At 1.8).
II. A OPERAÇÃO DO
PODER DE DEUS NO CRENTE
1. O poder em nós.
Todo crente
salvo tem o Espírito Santo (Rm 5.5; 8.9; 1 Co 6.19; 1 Ts 4.8; 2 Tm 1.14). O
recebemos no momento da conversão, ocasião que fomos selados, como prova de que
somos propriedade particular de Deus (Ef 1.13,14; 4.30). A presença do Espírito
Santo em nós confere-nos poder (Ef 3.16,20).
2. O poder sobre nós.
No AT o Espírito
Santo apareceu capacitando algumas pessoas para o serviço e até mesmo para as
batalhas físicas contra os inimigos de Israel (Jz 6.34; 14.19). No NT, vemos
uma atuação mais ampla e diferenciada. Além de habitar em todos os crentes,
Jesus prometeu que o Espírito Santo viria para “revestir os crentes” (Lc
24.49; At 1.8). A palavra “revestir” dá a ideia de vestir sobre
outra vestimenta. Este poder é tão necessário que Jesus orientou os discípulos
que não se ausentassem de Jerusalém até serem revestidos (Lc 24.49; At 1.4). O
batismo com o Espírito Santo é extremamente necessário para o crente em Jesus
também nos dias atuais: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a
vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor
chamar” (At 2.38).
III. PARA QUE
PRECISAMOS DE PODER
1. Para que o evangelismo prevaleça.
O diabo se opõe
frontalmente a sublime tarefa da evangelização dos povos que Jesus confiou a
igreja (Mc 4.15; At 13.8-10; 1Ts 2.18). Ele cegou o entendimento dos incrédulos
“[…]
para
que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo […]” (2
Co 4.4). Logo, para levarmos adiante a evangelização dos povos devemos estar
revestidos de poder a fim de prevalecermos contra as trevas (Lc 24.49; At 1.8).
Em Éfeso, havia doze discípulos que não eram batizados com o Espírito Santo,
quando Paulo tomou ciência disto, orou por eles e logo foram revestidos de
poder (At 19.1-7). Após este acontecimento, Paulo na unção do Espírito Santo
(At 19.11,12), começou a pregar nesta cidade e o impacto do evangelismo foi tão
grande que agitou a cidade, provocando muitas conversões até mesmo de
feiticeiros (At 19.18); e, “assim a palavra do Senhor crescia
poderosamente e prevalecia” (At 19.19). Por onde andava, Paulo sabia
que o diabo erguia suas fortalezas na vida das pessoas a fim de que não fossem
salvas, no entanto, ele sabia que Deus nos disponibilizou armas espirituais
para destruição destas fortalezas (2 Co 10.4).
2. Para que possamos prevalecer contra os demônios.
O cristão jamais
poderá prevalecer contra o poder de Satanás e dos demônios sem o poder de Deus.
Sabedor disto, Jesus delegou aos apóstolos poder para expulsar os demônios: “E,
chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos,
para os expulsarem” (Mt 10.1). Veja também (Mc 6.7; Lc 9.1). Na ocasião
em que o Mestre ordenou que outros setenta discípulos fossem expulsar os
demônios, também lhes conferiu poder (Lc 10.19). Sobre a necessidade do poder
para vencer os ataques demoníacos, Paulo exortou aos cristãos de Éfeso dizendo:
“[…]
fortalecei-vos
no Senhor e na força do seu poder” (Ef 6.10,11). Sobre esta afirmação
paulina, Beacon (2008, p. 194) diz que: “no conflito com os poderes demoníacos,
os cristãos têm de utilizar, de forma imediata e contínua, o poder de Cristo
para terem vitória”.
3. Para que possamos vencer a si mesmos.
Além de ataques
externos, cada crente também enfrenta ataques internos, na sua “natureza
pecaminosa”, também chamada de “carne”, no grego “sarx”.
Nas Sagradas Escrituras, o termo é usado tanto para descrever a natureza
humana, como para qualificar o princípio que está sempre disposto a opor-se ao
Espírito. Tal propensão para as práticas pecaminosas herdamos de Adão, que
quando transgrediu afetou toda a raça humana (Gn 4.7; 8.21; Sl 51.5; Rm 7.18).
É importante dizer que fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas
não ainda da presença do pecado (Cl 3.5). No campo do nosso interior
ainda se trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne e o Espírito.
Eles são opostos entre si. Paulo tratou da guerra interior que existe em cada
cristão com as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Logo, o poder da
carne só poderá ser detido pelo poder do Espírito (Rm 8.1-6; Gl 5.16,17). “O
homem natural não tem poder para combater o pecado, porque o pecado reside no
seu interior. Somente pela sua transformação através da obra regeneradora do
Espírito Santo é que ele se torna ‘homem espiritual’. O espírito
interior do homem se torna acessível ao Espírito Santo e recebe dEle o
fortalecimento espiritual necessário (Rm 7.14,15; 1Co 2.14,15; Gl 5.17,26)”
(CABRAL, 1999, p. 38).
IV. VIVENDO CHEIO
DO PODER DE DEUS PARA VENCER AS HOSTES DA MALDADE
Enquanto
estivermos no mundo não teremos trégua na luta contra Satanás e os demônios.
Como a batalha é contínua nossa capacitação para vencer também deve ser
contínua. Precisamos diariamente do poder do Espírito Santo para prevalecermos
as hostes da maldade. Em Efésios 5.18 o apóstolo Paulo diz que devemos nos
encher do Espírito Santo. Tal palavra nos mostra pelo menos quatro verdades
práticas. Vejamos:
1. Ser cheio do Espírito Santo é uma ordem.
Encher-se do
Espírito é um mandamento: “[…] enchei-vos do Espírito”
(Ef 5.18). É a vontade de Deus que vivamos sob o poder do Espírito Santo.
Portanto, não buscar a plenitude do Espírito é desobedecer a ordem divina.
2. Ser cheio do Espírito é uma necessidade de todos.
A plenitude do
Espírito é abrangente a todo crente. A plenitude do Espírito não é um
privilégio para alguns, mas, uma possibilidade para todo aquele que foi
regenerado. Este mandato foi dado a toda Igreja e não a indivíduos em
particular: “E todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.4a).
3. Ser cheio do Espírito é uma parceria.
O ser cheio do
Espírito Santo não depende exclusivamente de nós, pois não é obra humana, é uma
operação divina no homem (At 19.1-6; Ef 3.19). No entanto, a vida de obediência
e sujeição do crente é a condição para o recebimento da plenitude do Espírito
(At 5.32).
4. Ser cheio do Espírito é um ato contínuo.
Não descreve uma
ação única, e sim contínua, porque a plenitude do Espírito é vivida
constantemente, não é uma experiência para uma única vez, mas, precisa ser
sempre renovada (At 2.4; 4.31; 13.52). Não devemos viver uma vida espiritual
conformada e rotineira, e sim, anelar sempre por novas experiências concedidas
pelo Espírito Santo (Rm 12.2; 1 Ts 1.5).
CONCLUSÃO
Para
prevalecermos no combate espiritual contras as trevas, precisamos buscar a Deus
diariamente a fim de nos fortalecermos e assim prevalecermos contra as astutas
ciladas do diabo.
REFERÊNCIAS
· ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
· CABRAL, Elienai.
Comentário
Bíblico: Efésios. CPAD.
· CHAMPLIN, R. N. Dicionário
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
· HOWARD, R.E, et
al. Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
· STAMPS, Donald
C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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