Mt 6.5-13
INTRODUÇÃO
Na última lição
deste trimestre, destacaremos à luz da Bíblia, algumas considerações a respeito
da oração; aprenderemos também o quanto ela é necessária para vencermos na
batalha espiritual; e por fim, veremos quais requisitos são necessários para
que a nossa oração seja eficaz.
I. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A
ORAÇÃO
1. Definição.
O termo oração
vem do grego “proseuchomai”, e do latim “orationem”,
diz respeito a: “prece dirigida pelo homem ao seu Criador”, tendo
como objetivo: (a) adorá-lo como Criador e Senhor de tudo quanto existe;
(b) pedirlhe perdão pelas faltas cometidas (Sl 51.1-14; Mt 6.12); (c)
agradecer-lhe pelos favores imerecidos (Dn 2.20,23); e, (d) buscar
proteção e uma comunhão mais íntima com Ele e colocar-se à disposição de seu
reino (Mt 6.10) (ANDRADE, 2006, p. 285). Em síntese, podemos dizer que a
oração é o meio de comunicação com Deus. Não é apenas uma necessidade
do cristão, mas também, um mandamento (1Cr 16.11; Is 55.6; Rm 12.12; Cl 4.2;
1Ts 5.17; 1Tm 2.8). A oração pode ser melhor definida como estar em comunhão
com Deus, é mais do que simplesmente falar para Deus, mas falar com Ele.
Isso implica em uma via dupla de “dar e receber” e não em um monólogo
(WILMINGTON, 2015, p. 634 – acréscimo nosso).
2. A postura
específica para orar.
Ao lermos a
Bíblia, podemos observar que não existe uma posição única para orar, pois, ela
registra diversos exemplos de pessoas que oraram de maneiras diferentes. (a)
oração de joelhos. Como Salomão que na dedicação do templo de Jerusalém,
orou a Deus de joelhos e com as mãos estendidas (1Rs 8.22,54; 2Cr 6.13); o salmista
nos convida a nos ajoelharmos diante do Senhor (Sl 95.6). Além disso, também
oraram de joelhos: Daniel (Dn 6.10), Jesus (Lc 22.41), Estêvão (At 7.60), Pedro
(At 9.40), e o apóstolo Paulo (Ef 3.14); (b) inclinado ou prostrado. Foi
assim que orou o servo de Abraão quando Betuel e Labão consentiram que Rebeca
fosse com ele (Gn 24.52); e, o próprio Senhor Jesus no jardim do Getsêmani (Mt
26.39; Mc 14.35); (c) em pé. A Bíblia registra também exemplos de
pessoas que oraram em pé, como Abrão (Gn 18.22); Jesus (Mt 11.25; Jo 11.41); e
o publicano (Lc 18.13); e, (d) sentados (At 2.1,2). Ficando claro que
pra Deus, não é a posição do corpo que necessariamente é importante, mas a
condição do coração (Sl 51.17).
3. O local certo
de orar.
A respeito do
local ideal da oração, a Bíblia menciona o templo como um lugar específico de
se buscar a Deus (Is 56.7; Lc 19.46; At 2.46; 3.1). No NT a uma ampliação a
esta realidade, não se restringindo única e exclusivamente o templo como lugar
de oração, Jesus disse: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e,
fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará publicamente” (Mt 6.6). Portanto, não existe
um lugar específico ou único para buscarmos a Deus em oração (Jo 4.20-24), contanto
que este lugar esteja em perfeita harmonia com o que ensina a Palavra de Deus e
as lideranças constituídas por Ele (Hb 13.17).
II. ORAÇÃO UMA ARMA NA BATALHA
ESPIRITUAL
Escrevendo aos
efésios sobre a batalha espiritual, Paulo além de tratar da armadura de Deus
como recurso para vencermos este combate, ele faz referência a uma ferramenta
imprescindível que nos proporciona a energia necessária para sermos vitoriosos,
a oração: “Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no
Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os
santos” (Ef 6.18). Podemos concluir que a oração faz parte permanente
de todo o equipamento de guerra exposto nos versículos precedentes (Ef
6.14-17). Cada uma das armas espirituais, desde o “cinto” até a “espada”, deve
ser vestida com a oração (CABRAL, 1999, p. 92). São três as coisas que devemos
notar aqui com respeito à oração na batalha espiritual, vejamos:
1. Orando em
todo tempo.
O apóstolo Paulo
recomenda que devemos orar sempre: “Orando em todo o tempo […]” (Ef
6.18), a expressão “em todo tempo” é a tradução de: “en
panti kairo”, que pode ser traduzida por: “em todas as ocasiões, o
tempo todo, sempre”. O termo grego: “kairós”, às vezes
tem a força de circunstância especial, e por conseguinte, neste contexto,
significaria: “na ocasião do conflito” (BEACON, 2006, p. 200 –
acréscimo nosso). O bom soldado é aquele que atenciosamente está ligado ao
seu comandante para lutar. A oração, na guerra espiritual, tem o sentido de
comunhão com o seu comandante. Talvez a maior falha da vida cristã seja que
frequentemente tendemos a orar só nas grandes crises da vida. Só pela oração
diária o cristão torna-se forte cada dia. A orientação apostólica é que devemos
orar sem cessar (1Ts 5.17), o Senhor Jesus ensinou sobre a necessidade de orar
sempre e não desvanecer (Lc 18.1), ficando claro que a constância da oração é
imperativa para a vitória (Dn 6.10,22,27).
2. Orando no
Espírito.
A respeito desse
aspecto da oração Paulo afirma: “[…] com toda a oração e súplica no Espírito”
(Ef 6.18). Esse tipo envolve aquela oração produzida pelo Espírito
Santo, isto é, ensinada ou dirigida por Ele. Portanto, é o Espírito Santo quem
nos ensina e habilita a orar a Deus (Rm 8.15,26; Gl 4.6; Jd 20). É a oração que
recebe o impulso do Espírito para interceder, para adorar e louvar a Deus, na
epístola ao coríntios Paulo motiva aos crentes de que orem com o espírito (1Co
14.14,15), que é a oração do espírito do crente, produzida pelo Espírito Santo.
Aqui aprendemos que é o Espírito Santo quem ensina o nosso espírito a orar. As
línguas estranhas, que são a evidência inicial do batismo no Espírito Santo,
são ditas pelo nosso espírito interior através da fala. É a oração sem a
interferência da mente, ou seja, do intelecto. Entretanto, Paulo orienta para que
se ore com o espírito e, também, com o entendimento (1Co 14.15); já a oração em
espírito, pode ser considerada a oração silenciosa, mental, que se faz em
qualquer ocasião, trabalhando ou não, na rua ou em casa. É a oração em momentos
difíceis onde não se pode alçar a voz, mas pode-se elevar à comunhão com Deus e
dEle receber a resposta (CABRAL, 1999, p. 92,93 – acréscimo nosso).
3. Orando com
vigilância e perseverança.
A convocação
para orar é seguida da exortação à vigilância na intercessão persistente: “Orando
[…] e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef
6.18; ver At 1.14; 2.42; Rm 12.12; Cl 4.2). A combinação de “orar e
vigiar” origina-se das palavras de Jesus aos discípulos (Lc 21.36; Mt 26.41;
Mc 14.38). Quando Neemias estava restaurando os muros de Jerusalém e o inimigo
tentava impedi-lo de realizar essa obra, Neemias derrotou os adversários
vigiando e orando: “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos
guarda contra eles” (Ne 4.9). Vigiar e orar é o segredo para vencer o
mundo (Mc 13.33), a carne (Mc 14.38) e o diabo (Ef 6.18). Pedro adormeceu
quando deveriam orar, e o resultado foi o fracasso espiritual (Mc
14.29-31,67-72). Deus espera que usemos os sentidos que Ele nos deu para que,
conduzidos pelo Espírito, possamos perceber quando Satanás está começando a
operar (WIERSBE, 2007, p. 78).
III. REQUISITOS PARA UMA ORAÇÃO
EFICAZ
1. Orar com fé.
A fé é um dos
requisitos indispensáveis à oração. O Senhor Jesus disse: “E, tudo o que
pedirdes na oração, crendo, o recebereis” (Mt 21.22); “Se tu
podes crer, tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23); e, o apóstolo Tiago nos
exorta dizendo: “Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; porque o que
dúvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma
para outra parte” (Tg 1.6). Portanto, não basta orar, é preciso ter fé
e reconhecer que, mesmo que nos pareça impossível o que estamos pedindo, todas
as coisas são possíveis para Deus (Mt 19.26; Jo 11.25,26). O próprio Senhor
Jesus declarou (Mc 9.23;11.24). O escritor aos hebreus admoesta-nos: “cheguemo-nos
com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10.22).
2. Em nome de
Jesus.
Um outro
requisito não menos importante para uma oração eficaz, é fazê-la em Nome de
Jesus, na autoridade do Filho de Deus. O próprio Senhor Jesus nos ensinou,
dizendo: “E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai
seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei” (Jo
14.13,14); “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos
nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que
tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda” (Jo 15.16); “E
naquele dia nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo
quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar” (Jo
16.23).
3. Segundo a
vontade de Deus.
É imprescindível
que a vontade de Deus prevaleça sempre sobre as nossas vidas. Por isso, devemos
orar pedindo a Deus que faça sempre conforme a Sua vontade. (Mt 6.33). O
próprio Jesus nos deu o exemplo quando orou no jardim do Getsêmani: “E,
indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim
sem eu o beber, faça-se a tua vontade” (Mt 26.42). E, o apóstolo João,
diz: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa,
segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1Jo 5.14).
CONCLUSÃO
Colocando em
prática esses princípios dos ensinamentos de Jesus acerca da oração o Senhor
nos ouvirá e mandará a resposta, uma vez que ele nos garantiu: “Se vós
estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que
quiserdes, e vos será feito” (Lc 15.7). A vivência desses ensinamentos
do modelo da oração proposta por Jesus conduz o crente a uma vida vitoriosa e
mais íntima com Deus o Pai.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø CABRAL,
Elienai. Comentário Bíblico: Efésios. CPAD.
Ø HOWARD,
R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Comentário Expositivo Efésios. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.
Ø WIERSBE,
W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP:
GEOGRÁFICA, 2007.
Ø WILLMINGTON,
Harold L.Guia de Willmington para a Bíblia Vol.2. ACADÊMICO, 2015
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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