sexta-feira, 30 de agosto de 2019

LIÇÃO 09 - A MORDOMIA DO TRABALHO (SUBSÍDIO)





2 Ts 3.6-13 



INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos a definição da palavra trabalho à luz do Antigo e Novo Testamento; também faremos algumas considerações bíblicas a respeito do assunto; e, por fim, elencaremos alguma atitudes corretas a seguir, no que diz respeito ao cristão e a mordomia do trabalho.


I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA TRABALHO
De acordo com Houaiss (2001, p. 2743) trabalho significa: “esforço incomum; luta, lida, faina; conjunto de atividades produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim; atividade profissional regular, remunerada ou assalariada”. Nas Escrituras várias são as palavras usadas traduzidas como trabalho, entre estas destacamos uma das principais que é o substantivo hebraico: “maaseh” que significa: “trabalho, obra, ação, labor, labuta, comportamento”. Esse termo é usado cerca de 235 vezes no Antigo Testamento, aparecendo pela primeira vez na fala de Lameque, pai de Noé, com o sentido de trabalho agrícola (Gn 5.29). Sendo uma palavra geral para designar trabalho, “maaseh” é usada para se referir ao trabalho de um hábil: a) artífice (Êx 26.1); b) tecedor (Êx 26.26), c) joalheiro (Êx 28.11); e, d) perfumista (Êx 30.25). O termo equivalente no Novo Testamento é: “ergon” que denota: “trabalho, emprego, tarefa” (Mc 13.34; Jo 4.34; 17.4; At 13.2; Fp 2.30; 1Ts 5.13). De onde advém o termo: “ergatés” que denota: “operário de campo, agricultor” (Mt 9.37,38), “ceifeiros” (Mt 20.1,2,8; Lc 10.2; Tg 5.4), “trabalhador, operário”, em sentido geral (Mt 10.10; Lc 10.7; At 19.25; 1Tm 5.18) (VINE, 2002, pp. 312,1028,1029).


II. O TRABALHO À LUZ DAS ESCRITURAS
1. O trabalho veio antes da queda do homem.
Diferente do que algumas pessoas imaginam, o trabalho não é o julgamento de Deus por causa do pecado de Adão (Gn 3.17-19). Se examinarmos corretamente as Escrituras, veremos que Deus colocou o homem no jardim do Éden para o “lavrar e o guardar”, ou seja, para trabalhar antes mesmo da desobediência ao Senhor (Gn 2.15). Adão já trabalhava antes de pecar, cuidando do jardim. Uma das consequências do pecado, além da morte, foi que o trabalho seria “penoso e suado” (Gn 3.19), e isso não significa que ele seja amaldiçoado por Deus. “Não é, pois, bom para o homem que coma e beba e que faça gozar a sua alma do bem do seu trabalho? Isto também eu vi que vem da mão de Deus” (Ec 2.24).

2. O trabalho não é resultado do pecado.
Desde a criação de Deus que o homem foi colocado no jardim para “trabalhá-lo”, “cultivá-lo” (Gn 2.15). A maldição (Gn 3.16-17) era apenas “a dor e a fadiga” que haviam de acompanhar o trabalho (Gn 3.18), não o trabalho em si. Isso é destacado quando Lameque diz, por ocasião do nascimento de Noé, que: “este nos consolará dos nossos trabalhos e das fadigas de nossas mãos, nesta terra que o Senhor amaldiçoou” (Gn 5.29). Sendo assim, o trabalho é uma bênção de Deus e é necessário aos homens: “Pois comerás do trabalho das tuas mãos, FELIZ SERÁS, e te irá bem” (Sl 128.2 – grifo nosso). “Em todo trabalho há proveito [...]” (Pv 14.23a).

3. O homem imita seu Criador quando trabalha.
Ao trabalhar seis dias e descansar ao sétimo, Israel imitava a Deus ao criar o “kosmos” (Gn 2.1-2). O profeta Isaías disse que Deus trabalha: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera” (Is 64.4). Jesus fez também a seguinte declaração: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Uma vez que até dar início ao Seu ministério terreno, Jesus trabalhou como carpinteiro (Mt 13.55; Mc 6.3), nos deixando o modelo a ser seguido (Is 53.3; 1 Pe 2.21). O profeta Jeremias falando sobre o trabalho disse: “Construam casas e habitem nelas; plantem jardins e comam de seus frutos” (Jr 29.5).

4. O trabalho dignifica o ser humano.
Os hebreus sempre tinham o trabalho em elevada consideração (Pv 22.29) e, ao contrário dos gregos e romanos, respeitavam o trabalho manual: “[...] quem a ajunta pelo trabalho [lit. pelas mãos] terá aumento” (Pv 13.11 – acréscimo nosso). Na tradição judaica, existem provérbios como os que se seguem: “Aquele que não ensina a seu filho um ofício é como se o guiasse para o roubo”; e ainda: “O trabalho deve ser grandemente premiado, pois ele exalta o trabalhador, e o sustenta” (PFEIFFER, 2007, p. 1955 – grifo nosso). No NT, o princípio de dignidade do trabalho, é proclamado pelo Senhor Jesus e permanece como uma das bases da sociedade: “[...] digno é o trabalhador do seu salário” (Lc 10.7). Diante disso, Paulo para fazer os tessalonicenses repensarem a respeito da importância do trabalho, menciona seu próprio exemplo, que mesmo tendo o direito de receber sustento da igreja (1 Co 9.6-14; 2Ts 3.9), abriu mão desse direito deliberadamente, a fim de ser um exemplo aos recém convertidos, trabalhando para prover seu sustento (1Ts 2.9; 2Ts 3.8; At 18.1-3; 20.34; 1 Co 4.12) e assim, estabeleceu uma lei de economia social em sua afirmação de que: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Ts 3.10 – ARA). O grave é a rejeição ao trabalho, isto não tem nada que ver com o desafortunado que não consegue encontrar trabalho (BARCLAY, sd, pp.22,23 – grifo nosso), ou seja, aos que por razões de falta de oportunidade de emprego, estão sem trabalhar. O proverbista Salomão disse: “O trabalhador trabalha para si mesmo, porque a sua boca o incita” (Pv 16.26).


III. O CRISTÃO E A MORDOMIA DO TRABALHO
1. O cristão e a disposição para o trabalho.
A Bíblia é clara quanto a reprovação ao preguiçoso (Pv 6.6,9-11; Pv 23.13; 26.13). Quando Paulo escreveu sua primeira carta à igreja de Tessalônica, advertiu os crentes ociosos que eles deveriam trabalhar (1Ts 4.11), aconselhando os líderes da igreja a admoestar esses insubmissos (1Ts 5.14). Porém, estes não se arrependeram uma vez que Paulo precisou dedicar o restante de sua segunda carta para corrigir o mesmo problema, onde ele adverte quanto a uma atitude incompatível à mordomia cristã, que é a preguiça, a ociosidade (2 Ts 3.6-15). Admoestando aqueles que, provavelmente por esperarem um rápido regresso de Cristo, haviam deixado de trabalhar e eram uma carga para os demais. Existiam alguns “irmãos” que viviam supostamente “pela fé”, esses crentes permaneciam ociosos (2 Ts 3.11) e, ainda, esperavam que a igreja os sustentasse. Em relação a estes Paulo tinha um conselho explícito: “[...] que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes (2 Ts 3.6). Para preservar padrões cristãos, os desordeiros têm de sentir a pressão do sentimento cristão contra tal conduta: “Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe (2Ts 3.14). Segundo Beacon (2010, pp. 428,429): “O texto não está falando de excomunhão ou de ostracismo total, mas de uma indiferença social que indica que um padrão foi levantado, e que violá-lo provoca a repreensão da igreja”.

2. O cristão como empregado.
Quando os escritores do Novo Testamento se referem aos “servos”, o termo refere-se, sem dúvida alguma, a escravos cristãos, já que a maioria da igreja era composta de escravos. É bom que se diga que, em nenhuma parte da Escritura se afirma que a escravidão em si mesma é uma ordenança divina como o matrimônio (Gn 2.18), a família (Gn 1.28), ou o governo humano (Rm 13.1). E, por isso mesmo, não agrada ao Senhor que um homem seja o dono de outro. Paulo não aconselhou rebelião aberta dos escravos contra seus senhores, mas tratou de mudar a estrutura social por meios pacíficos (Cl 4.9; Fm 16). A revolução espiritual transformou o contexto social e acabou com a escravidão daqueles dias. Vejamos, portanto, alguns deveres dos cristãos, no exercício da sua mordomia do trabalho:

A) Deve trabalhar com submissão e honestidade.
O cristão, justamente porque é cristão, deve ser melhor trabalhador que qualquer outro. Visto que, aos que servem a Deus, não existe bipolaridade entre o secular e o sagrado, por essa razão assim exorta o apóstolo Paulo: “Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo” (Ef 6.5). Obedecer com tremor e temor não quer dizer terror servil, mas, antes, o espírito de solicitude de quem possui o verdadeiro sentido de responsabilidade. É o cuidado de não deixar nenhum dever sem ser cumprido. “Com sinceridade de coração”, refere-se a fazer o trabalho com realismo, sem duplicidade e sem fingimento (VAUGHAN, apud, LOPES, 2009, p. 172). O empregado precisa ser honesto, precisa honrar sua empresa, seu patrão, cumprindo seu papel com fidelidade (Gn 39.3-9; Dn 6.3-5), como disse o apóstolo: “não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus” (Ef 6.6; Cl 3.22). Quando o cristão exerce corretamente sua mordomia do trabalho sendo um bom funcionário, isso redunda em glorificação do nome do Senhor (1 Co 10.31).

B) Deve trabalhar com coerência e prudência.
O fato de tanto um empregado quanto seu patrão serem cristãos não é desculpa para que qualquer uma das partes trabalhe menos. Observemos a expressão de Paulo: “[...] servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne [...] como a Cristo” (Ef 6.5). A expressão: “como a Cristo”, quer dizer que o empregado deve encarar a obediência ao seu patrão como uma espécie de serviço prestado ao próprio Senhor Jesus. Essa é a mesma essência da submissão da esposa ao marido (Ef 5.22), dos filhos aos pais (Ef 6.1) e, dos empregados aos patrões (Cl 3.23). Eles devem obedecer porque são servos de Cristo. Eles devem ser leais aos patrões por causa do compromisso que têm com Deus. A melhor maneira de testemunhar no local de trabalho é demonstrar diligência e competência em suas atividades. Assim, o empregado deve realizar seu trabalho “de coração”, pois está servindo a Cristo e fazendo a vontade de Deus. Por vezes, aqueles servos cristãos tinham de realizar tarefas que não fossem tão confortáveis, mas, ainda assim, deviam cumpri-las, desde que não fossem contrárias à vontade de Deus; uma vez que determinadas atitudes e/ou “trabalhos” vis e desonestos, são incompatíveis com a fé cristã (Dt 23.18; Lc 19.8; 1 Co 10.23), pois, como servos de Deus só devemos realizar trabalhos honrados: “Quem furtava não furte mais; em vez disso, trabalhe arduamente, fazendo com as mãos um bom trabalho, a fim de ter algo para repartir com alguém em necessidade” (Ef 4.28).

3. O cristão como patrão.
Após falar da dedicação dos servos, Paulo volta sua atenção aos senhores: “Senhores, tratai os servos com justiça e com equidade, certos de quem também vós tendes Senhor no céu” (Cl 4.1). Paulo combate aqui a exploração dos servos e empregados pelos seus senhores e patrões. Os empregadores precisam tratar os empregados com justiça e equidade. Explorar os empregados, sonegar-lhes o salário (Tg 5.4-6), oprimi-los, ameaçá-los ou tratá-los como seres inferiores é um grave pecado contra Deus (Ef 6.9).


CONCLUSÃO
Concluímos que o cristão precisa exercer com excelência a sua mordomia do trabalho, entendendo que mais do que uma atividade pessoal, é um serviço ao Senhor.




REFERÊNCIAS
Ø  BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento: 2 Tessalonicenses. PDF
Ø  HOWARD, R.E, et al. Comentário Bíblico Beacon. RJ: CPAD, 2010.
Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. RJ: OBJETIVA, 2001.
Ø  VINE, W.E, et al (Trad. Luís Aron). Dicionário Vine. RJ: CPAD, 2002.
Ø  LOPES, Hernandes Dias. Efésios: Igreja, a noiva de Cristo. SP: HAGNOS. 2009.
Ø  PFEIFFER, F. Charles. et al (Trad. Degmar Ribas) Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2007.
Ø  WIERSBE, W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP: GEOGRÁFICA, 2007.
Ø  STAMPS, Donald C (Trad. Gordon Chown). Bíblia de Estudo Pentecostal. RJ: CPAD, 1995.



Por Rede Brasil de Comunicação.



LIÇÃO 09 - O CONHECIMENTO DE DEUS QUE CONDUZ AO CRESCIMENTO ESPIRITUAL (VÍDEO AULA)






LIÇÃO 09 - A MORDOMIA DO TRABALHO (VÍDEO AULA)






segunda-feira, 26 de agosto de 2019

QUESTIONÁRIOS DO 3° TRIMESTRE DE 2019







   A RAZÃO DA NOSSA ESPERANÇA –
Alegria, Crescimento e Firmeza
nas Cartas de Pedro.
  






Lição 08

Hora da Revisão
A respeito do tema “O Papel do Líder e a Convivência Cristã, responda:


1. Quem eram os presbíteros designados pela palavra grega presbyteros?
A palavra grega presbytero descreve o título de dignidade dos indivíduos experientes e de idade madura que formavam o governo da igreja local, também chamados anciãos (cf. At 14.23; 20.17; 1Tm 5.1).

2. Aplicada à Igreja, qual o sentido espiritual da expressão “apascentar as ovelhas”?
Tem o sentido espiritual de guiar biblicamente o povo de Deus, alimentar por meio da Palavra, resgatar as ovelhas perdidas e defendê-las contra os lobos devoradores.

3. Qual o sentido da ordem de Pedro quando diz: “Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos […]”?
O sentido é que a juventude deve obedecer não somente aos líderes religiosos, mas também se sujeitar aos irmãos de fé mais velhos.

4. Por que a ordem dos jovens obedecerem aos pastores merece atenção em nossas igrejas?
Porque a chamada geração do milênio caracteriza-se por sua contraposição às regras, à formalidade e às instituições.

5. O que não é humildade?
Humildade não é auto-piedade e falsa humilhação. Também não é sinônimo de fraqueza e acanhamento.



QUESTIONÁRIOS DO 3° TRIMESTRE DE 2019







   TEMPO, BENS E TALENTOS –
Sendo mordomo fiel e prudente com as
coisas que Deus nos tem dado.
  






Lição 08

Para Refletir
A respeito de “A Mordomia do Tempo” responda:


Qual é o significado do tempo chronos?
É o tempo que pode ser medido, contado e definido.

Qual é o significado do tempo designado Kairós?
É “o tempo de Deus”, que só pode ser definido por Ele mesmo.

O que é remir o tempo, segundo a lição?
Remir o tempo significa não desperdiçá-lo.

Quartas vezes Davi e Daniel oravam por dia?
Três vezes.

Qual foi exortação de Paulo a Timóteo?
O apóstolo Paulo exortou a Timóteo a cuidar de si mesmo em primeiro lugar (1Tm 4.16).



sexta-feira, 23 de agosto de 2019

LIÇÃO 08 - O PAPEL DO LÍDER E A CONVIVÊNCIA CRISTÃ (VÍDEO AULA)






LIÇÃO 08 - A MORDOMIA DO TEMPO (VÍDEO AULA)






LIÇÃO 08 – A MORDOMIA DO TEMPO (SUBSÍDIO)



  


Ec 3.1-8




INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos uma definição exegética e etimológica da palavra “tempo”; mostraremos que Deus criou o tempo, mas também está antes, depois, e acima dele; e por fim, pontuaremos que como crentes, precisamos administrá-lo como bons mordomos evitando as futilidades da vida e sabendo esperar e entender o tempo de Deus em nossa existência. I –


DEFINIÇÃO DO TERMO TEMPO
1. Definição exegética.
O termo traduzido por “tempo” na Bíblia deriva-se de três expressões hebraicas: “zeman”, “eth” e “yom” significando: “prazo, hora, época, momento, dia, era, instante, estação, período, ocasião” (Ec 3.1; Et 9.27,31; Ne 2.6; Dn 2.16,21; 7.12,25). No grego a palavra tempo vem das expressões: “chronos” que é o tempo medido pelo relógio e mensurado pelo calendário e determinado dentro de um limite (segundo, minuto, hora, dia, semana, mês, ano, década, século, milênio etc.); é a medida linear de um período o qual o homem pode contar. Na teologia é considerado o “tempo do homem”, isto é, o tempo cronológico (Gn 5.5; Jó 8.9; Sl 90.9-14; Mc 9.21; Lc 4.5; At 7.23; 14.3,28; 15.33; Gl 4.4; Hb 11.32; Ap 2.21); e o tempo “kairós” que é o tempo eterno que não se pode determinar ou medir, onde só Deus conhece e controla, na teologia é considerado o “tempo de Deus” isto é, o tempo acrônico ou incronológico (2 Pe 3.8; At 1.7) (ZODHISTES, 2011, pp. 1617, 2466 – grifo nosso).

2. Definição etimológica.
A palavra tempo pode ter vários significados dependendo do contexto em que é empregada. Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 2690 – grifo nosso) o termo “tempo” vem do latim “tempus ou  temporis” relacionado a grandeza física que permite medir a duração ou a separação das coisas mutáveis sujeitas a alterações. Segundo este dicionarista tempo é: “a duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; é a duração dos fatos, é o que determina os momentos, os períodos, as épocas, as horas, os dias, as semanas, os séculos etc”.


II. DEUS E A MORDOMIA DO TEMPO
“Deus não está sujeito a qualquer sucessão de dias ou séculos. Presente, passado e futuro são-lhe a mesma coisa. Logo, somente o Eterno poderia criar o tempo. O Criador não se acha limitado quer pelo tempo, quer pelo espaço; a criação, sim” (ANDRADE, 2015, p. 23). Notemos algumas considerações sobre a mordomia do tempo em relação a Deus:

1. Deus criou o tempo (criatividade divina).
O tempo não existe para Deus, pois Ele existe independente do tempo, e por isso, é o Seu autor e não está condicionado a ele (Sl 90.2; 93.2; Is 43.13). Ele é descrito como estando “no princípio” (Gn 1.1) e, portanto, “além do tempo” (PFEIFFER, 2014, p. 1901). Podemos afirmar que a primeira coisa que Deus criou foi justamente o “tempo” (Gn 1.1). Parafraseando podemos dizer que: “Deus criou o princípio [...]”. No hebraico a expressão “no princípio” é “bereshit”, significando “princípio de tudo”. O próprio tempo é considerado como um fenômeno totalmente criado. “Uma vez que o tempo é uma parte essencial da criação, então ele não pode ser um atributo do incriado. Uma vez que o espaço e o tempo necessariamente coexistem, o tempo não poderia ter existido antes do próprio espaço. Assim, o tempo começou com o universo” (GEISLER, 1999, pp. 110, 111 – grifo do autor).

2. Deus está antes do tempo (atemporalidade divina).
Deus existe fora do tempo, e os conceitos de antes e depois, passado, presente, e futuro, simplesmente não se aplicam a Ele. A Bíblia O chama de “Deus eterno” (Gn 21.33; Dt 33.27; Is 40.28; Rm 16.26) e “Rei dos séculos” (1Tm 1.17). Ele é descrito como existindo “antes do mundo existir” (Jo 17.5) e “antes da fundação do mundo” (Sl 90.2). Ele é “o Alto e o Excelso, que habita a eternidade” (Is 57.15). A graça de Deus “nos foi dada em Cristo Jesus antes do começo dos tempos” (2 Tm 1.9; 1Co 2.7). Deus nos prometeu a vida eterna “antes do início dos tempos” (Tt 1.2). A glória de Deus é “antes de todos os tempos, agora e para sempre” (Jd 25). Ele é aquele que está “entronizado desde a antiguidade” (Sl 55.19). O salmista diz: “O teu trono está estabelecido desde a antiguidade; Tu és desde a eternidade” (Sl 93.2). O profeta fala que: “Não és Tu desde a eternidade, ó Senhor?” (Hc 1.12).

3. Deus está depois do tempo (eternidade divina).
Deus existe além do tempo, e a existência de Deus também se projeta para a eternidade futura. Ele é aquele que “vive para sempre” (Is 57.15; Dn 12.7), “permanece para sempre” (Sl 9.7; 102.12), e é “o Altíssimo para sempre” (Sl 92.8). O juramento do próprio Deus é: “como Eu vivo para sempre” (Dt 32.40). Ele não é Deus apenas “para sempre”; ele é o “nosso Deus para todo o sempre” (Sl 48.14; 10.16), “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre” (Sl 45.6). Ele é adorado como “aquele que vive para todo o sempre” (Ap 4.9-10; 10.6, 15.7). Ele é o “Rei eterno” (Jr 10.10).

4. Deus está acima do tempo (infinidade divina).
“Sem a dimensão do tempo, o homem não compreenderia sua origem, seu começo e nem mesmo entenderia o conceito de eternidade” (RENOVATO, 2019, p. 97). Deus é extrapolante, infinito, sempiterno, imensurável; logo, só pode estar na eternidade. Deus não é afetado pelo tempo, mas Ele afeta o tempo (DANIEL, 2001, p.142 – grifo do autor). Deus existe acima do tempo, e o salmista falando sobre isso diz: “Porque mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem, que passou” (Sl 90.4) e o apóstolo Pedro comenta: “Pois para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (2 Pe 3.8). Ele é “de eternidade a eternidade” (Sl 41.13; 106.48). “Antes que os montes nascessem ou que Tu formaste a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus” (Sl 90.2). “[...] Tu és o mesmo, e Teus anos não chegarão ao fim [...]” (Sl 102.25-27; Hb 1.10-12). Deus é aquele “que é, que era e que há de vir” (Ap 1.4,8; 4.8). Ele declara: “Eu sou o primeiro e o último” (Is 44.6; 48.12); “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim” (Ap 1.8; 21.6). Ele é o “Deus Eterno” (Gn 21.33; Is 40.28).


III. O CRENTE E A MORDOMIA DO TEMPO
Após a criação (Gn 1.1), Deus estabeleceu um tempo para todas as coisas debaixo do sol (Ec 3.1). Ele tem um propósito para todas as suas obras, pois não faz nada ao acaso. “A mordomia do tempo leva-nos a considerar sobre como devemos administrar o tempo que nos concede o Senhor desde o nascimento até a morte e envolve o seu proveito diligente e a prestação de contas a Deus pelo uso” (RENOVATO, 2019, p. 101). Notemos como devemos fazer uso da mordomia do nosso tempo:

1. Não desperdiçando o tempo.
O tempo é um dom de Deus a cada ser humano (Ec 3.1). Ora, se o tempo é um dom que Deus nos concedeu, concluímos que, como dom, devemos saber como administrá-lo. Deus nos cobra por tudo que fazemos de errado, inclusive a má administração do nosso tempo. Alguém já disse que: “o tempo é o único bem que não podemos recuperar”. Por isso, a Palavra de Deus exorta-nos: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo [...]” (Ef 5.15,16 ver também Cl 4.5). O salmista escreveu: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90.12). “Deus fez o tempo para os homens, o tempo é nosso, é uma dádiva, é próprio da humanidade. Ela deve saber como aproveitá-lo, como usufruir dele o máximo que puder, sem erros; se não desvalorizará as suas próprias almas” (DANIEL, 2001, p.124 – grifo nosso).

2. Aproveitando a brevidade do tempo.
O gerenciamento do tempo é importante por causa da brevidade de nossas vidas (Sl 90.10). Nossa jornada terrena é significativamente menor do que estamos inclinados a pensar: “Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil. Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti [...]” (Sl 39.4,5). De fato, nosso tempo na terra é passageiro, na verdade, é infinitamente pequeno comparado à eternidade. Para viver como Deus quer que vivamos, é essencial que façamos o melhor uso possível de nosso tempo. A mordomia do tempo envolve o seu proveito diligente, pois o nosso tempo na terra é curto: “[…] Nossos dias na terra não passam de uma sombra” (Jó 8.9). Tiago diz que: “[…] Porque que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco e depois se desvanece” (Tg 4.14). O salmista tratando sobre a brevidade da vida comenta: “O homem é semelhante a um sopro; os seus dias são como a sombra que passa” (Sl 144.4).

3. Não usando o tempo com futilidades.
No livro de Eclesiastes, vemos 28 situações que podem ser experimentadas no tempo concedido por Deus (Ec 3.1-8). Para o crente, o que convém lembrar a cada momento é que sua vida é sumamente preciosa, e que ele deve ser um mordomo cuidadoso no dispêndio do seu tempo. Quem desperdiça o tempo fazendo coisa fúteis ou desnecessárias, prejudica-se a si mesmo, pois o tempo não volta e cada minuto perdido é tempo desperdiçado e irrecuperável. Por isso, precisamos administrar o tempo que Deus nos dá (Sl 31.15; At 17.26). A Bíblia fala de futilidades que roubam nosso tempo, e por isso, devemos evitar atividades improdutivas que nos roubam tempo e eliminá-las (Pv 12.11; 2Tm 2.16; 1Pd 1.18).

4. Entendendo o tempo de Deus em nossa vida.
Eclesiastes 3.1-8 o principal foco de Salomão nesta passagem é mostrar que Deus tem um plano para todas as pessoas. Ele estabeleceu ciclos para a vida. Deus é o Senhor do tempo (Dn 2.21) e através de sua Soberania Ele faz como quer. O salmista afirma, dizendo: “Os meus tempos estão em tuas mãos…” (Sl 31.15a), ensinando- nos que o nosso tempo pertence a Deus e que apenas somos mordomos dessa dádiva divina.

5. Esperando o tempo de Deus em nossa vida.
Tem pessoas que até entendem o tempo de Deus, mas não têm paciência de esperar este tempo chegar: “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor” (Sl 40.1). Devemos entender que existe o tempo da provação: “tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar” (Ec 3.4). As Sagradas Escrituras ainda nos dizem: “[…] Bem-aventurados são os que agora chorais, porque haveis de rir” (Lc 6.21b). O salmista falando sobre este tempo diz: “[…] o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5b). O apóstolo Paulo conhecia muito bem este tempo quando falou: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelado” (Rm 8.18). Pedro também nos lembra este dia: “humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo vos exalte” (1 Pe 5.6). Davi esperou pelo tempo determinado por Deus (1Sm 16.12,13; 2Sm 2.4; 5.3).


CONCLUSÃO
Após a Queda, o homem passou a experimentar as agruras e os pesares da ação do tempo. Veio a envelhecer, enfermar- se e, finalmente, morrer. Mas, agora, em Cristo, somos exortados a remir o tempo, aproveitando-o de modo a glorificar a Deus e a honrá-lo enquanto estivermos na Terra, com os nossos olhos voltados para “Sião”. Ali, junto ao Pai Celeste e ao Cordeiro, desfrutaremos plenamente da vida eterna. A morte não terá poder sobre nós.




REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor. O Começo de Todas as Coisas. RJ: CPAD, 2015.
Ø  CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. SP: HAGNOS, 2009.
Ø  DANIEL, Silas. Reflexões sobre a Alma e o Tempo: Uma teologia de chrónos e kairós. RJ: CPAD, 2001.
Ø  NORMAN Geisler. Eleitos, Mas Livres: uma visão equilibrada da eleição divina. SP: Vida, 1999.
Ø  PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wicliffe. RJ: CPAD, 2014.
Ø  STAMPS, Donal C. Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. RJ: CPAD, 1997.
Ø  RENOVATO, E. Tempo, bens e talentos: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado. RJ: CPAD, 2019.
Ø  ZODHISTES, Spiros. Bíblia de Estudo Palavras Chave: Hebraico e Grego. RJ: CPAD, 2011.


Por Rede Brasil de Comunicação.



quinta-feira, 22 de agosto de 2019

QUESTIONÁRIOS DO 3° TRIMESTRE DE 2019



  



   A RAZÃO DA NOSSA ESPERANÇA –
Alegria, Crescimento e Firmeza
nas Cartas de Pedro.
  






Lição 07

Hora da Revisão
A respeito do tema “Alegria em Meio à Dor, responda:


1. A expressão “ardente prova” empregada por Pedro evidencia o quê?
Que os cristão não enfrentariam um infortúnio qualquer, mas um processo doloroso de provação.

2. Por que os crentes deveriam se alegrar diante da perseguição?
Pois, além se ser uma forma de participar das aflições de Cristo, também haveriam de se alegrar e regozijar na revelação da sua glória; ou seja, quando ele voltar.

3. Conforme a lição o que não era incomum no contexto em que a Carta de Pedro foi escrita?
Não era incomum criminosos se infiltrarem entre os crentes dando a impressão que estavam sendo castigados por serem cristãos.

4. Qual a atual situação da perseguição aos cristãos em nível global?
Muitos cristãos são violentamente perseguidos. De acordo com a missão Portas Abertas, aproximadamente 215 milhões de cristãos em 50 países diferentes experimentam altos níveis de perseguição por sua fé. Em 21 desses países, a porcentagem de cristãos perseguidos é de cem por cento da população cristã.

5. Na igreja, temos jovens cristãos afetados pelo sofrimento emocional? Por quê?
Resposta pessoal.