Ml 3.7-12
INTRODUÇÃO
Introduziremos
esta aula definindo exegeticamente as palavras “dízimo” e “oferta”;
destacaremos que Deus é o dono de tudo e espera que reconheçamos isto;
pontuaremos que as contribuições são uma doutrina bíblica no AT e no NT e
algumas considerações sobre o dízimo; falaremos sobre quais os princípios que
devem nos levar a contribuir; e, por fim, elencaremos quais as promessas que
Deus faz a quem obedece a Sua Palavra.
I. DEFININDO
1. Dízimo.
No AT
encontramos duas palavras que definem o dízimo: “asar” (Gn 28.22; Dt
14.22; 26.12; 1 Sm 8.15,17; Ne 10.37,38); e “maaser”, encontrada em
(Gn 14.20; Lv 27.30-32; Dt 12.6,11,17; Ml 3.8,10). Ambas significam: “décima
parte”. No NT existem duas formas verbais e uma nominal: “dekatóo”,
que significa “dar a décima parte”, “dizimar” e aparece apenas duas vezes
(Hb 7.6,9); “apodekatóo”, que significa: “dar a décima parte”, “dizimar”
(Mt 23.23; Lc 11.42; Hb 7.5); e a palavra “dekáte”, significando “décimo”
que aparece apenas em (Hb 7.2,4,8,9). Podemos, então, dizer que a palavra
dízimo tem o sentido de: “décima parte de uma importância ou quantia”
(Ml 3.10).
2. Oferta.
Diversos termos
definem a palavra oferta no AT. Um dos mais citados é “minhâ”, que aparece mais
de 200 vezes no AT e significa “oferta”, “dom”, “presente”
ou “sacrifício”
(Gn 4.3; 32.13-15; 43.11; 1 Rs 10.25; Jz 3.15-23; 2 Sm 8.2). Outro termo é “terûmâ”,
e significa: “oferta alçada”, “oferta” ou “oblação” e é encontrado
cerca de 70 vezes no AT (Êx 25.2; 35.29; 36.3; Lv 7.16; 22.18).
II. DEUS É O DONO
DE TUDO E DEVEMOS RECONHECER ISSO
Ao homem Deus
conferiu o domínio da terra e dos animais: “enchei a terra, sujeitai-a; e
dominai” (Gn 1.28). O salmista assevera isso também: “Os
céus são os céus do SENHOR; mas a terra a deu aos filhos dos homens”
(Sl 115.16). Portanto, o homem não tem nada de si mesmo, pois tudo o que Ele
tem vem do Senhor: “pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as
coisas” (At 17.24). Portanto, o ser humano deve, no exercício da
mordomia dos bens materiais, reconhecer que:
1. Do Senhor é a terra.
Tudo que há veio
a existência por meio de Deus (Gn 1.1; Is 42.5; Jr 10.12; At 17.24). Logo, ele
tem o direito como Criador sobre o cosmos: “Do SENHOR é a terra e a sua
plenitude” (Sl 24.1).
2. Do Senhor é a prata e o ouro.
Como Deus criou
a terra, também criou a prata e o ouro (Ag 2.9). Ele é quem enriquece e empobre
(1 Sm 2.7). Ele é quem nos dá forças para adquirirmos posses (Dt 8.18).
Portanto, não podemos jamais pensar que o que possuímos é resultado unicamente
do nosso esforço (Dt 8.17); da nossa sabedoria (Pv 3.5); ou do
acaso
(Rt 2.3).
3. Do Senhor é tudo.
Deus não é
somente dono da terra e das riquezas, Ele é dono de tudo. Davi reconhecia isso:
“Porque
tudo vem de ti” (1 Cr 29.14). Confira ainda: (Jo 3.27; Tg 1.17). Ele é
quem dá a chuva a seu tempo (Dt 11.14; Sl 147.8); e faz com que o sol se
levante, sobre justos e injustos (Mt 5.45). Paulo também afirmou isto aos
atenienses quando disse: “Ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a
respiração, e todas as coisas” (At 17.25).
III. DÍZIMOS E
OFERTAS NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO
A mordomia
cristã, como devoção e adoração a Deus, não surgiu com o Cristianismo; é um ato
que nasceu com o homem, e vem perpetuando-se ao longo da História Sagrada. Na
Bíblia deparamo-nos com homens e mulheres que, afetuosamente, tudo entregavam
ao Senhor, pois do Senhor tudo haviam recebido. Notemos:
1. O dízimo antes da Lei.
A prática do
dízimo antecede a Lei, e podemos ver, por exemplo, Abraão entregando o dízimo
ao sacerdote do Deus Altíssimo Melquisedeque: “E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo”
(Gn 14.20b). Outro registro também no Livro de Gênesis muito antes da Lei, nos
mostra Jacó prometendo entregar a Deus o dízimo se caso, Deus fosse com ele: “e de
tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo” (Gn 28.22b). Tais
relatos esboçam os grandes princípios da doutrina: a) Como sinal de adoração e submissão em reconhecimento a Deus, o
Criador e dono de tudo; b) Também
como sinal de gratidão, pois Deus havia entregue seus inimigos nas mãos de
Abraão; e c) Finalmente, como sinal
do crente que serve ao Deus do céu, de que reconhece e sustenta a seu mordomo
na terra.
2. O dízimo no período da Lei.
Embora o dízimo
fosse uma prática feita antes da Lei (Gn 14.18-20; Gn 28.18-22), foi na Lei,
que Deus estabeleceu princípios para a entrega dos dízimos, tais como: a) o que deveria ser dizimado (Lv
27.30-34); b) a quem eram entregues
os dízimos (Nm 18.21-32); e, c) onde
deveria ser entregue os dízimos (Dt 12.1-14; 14.22-29; Ml 3.10). Os judeus
deveriam oferecer a Deus os dízimos dos frutos de seu trabalho (Dt 14.22-29).
Os produtos da terra e tudo o que o homem possui devem ser considerados como
dádiva de Deus e uma décima parte há de ser separada para o Senhor. Por isso
nas divisões dos livros do AT encontramos o ensinamento dos dízimos e das
ofertas. Notemos: Nos livros históricos (2 Cr 31.5,6; Ne 12.44); nos livros
proféticos (Ml 3.8,12); e nos livros poéticos (Pv 3.9,10).
3. O dízimo no período da graça.
Jesus em Seus
ensinos não erradicou ou aboliu a prática dos dízimos e ofertas. Muito pelo
contrário, ele ensinou que estas coisas eram válidas quando acompanhadas por
virtudes como a misericórdia e a justiça (Mt 23.23). Quanto às ofertas, o
Mestre elogiou atitude da viúva que mesmo tendo tão pouco para ofertar, apesar
da sua pobreza, deu tudo o que tinha: “Em verdade vos digo que esta pobre viúva
deitou mais do que todos os que deitaram na arca do tesouro; porque todos ali
deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que
tinha, todo o seu sustento” (Mc 12.43,44). No registro das epístolas,
somos informados que as ofertas eram realizadas, principalmente através de
contribuições. A igreja primitiva, por exemplo, contribuía com regularidade (At
4.36,37; 5.1,2). Em suas epístolas, Paulo ensinou sobre o dever de contribuir
(1 Co 16.1-4; 2 Co 8,9), e elogiou as igrejas que contribuíam (2 Co 8.1-4;
9.2). Além disso, na Epístola aos Romanos, ele descreve diversos dons,
inclusive o de repartir (Rm 12.6-8).
IV. ALGUNS PONTOS
IMPORTANTES SOBRE OS DÍZIMOS
A entrega
amorosa e voluntária do que possuímos a Deus é conhecida, também, como mordomia
cristã. Ou seja: como seus mordomos, cabe-nos administrar, devocional e amorosamente,
o que nos entregou Ele, visando o serviço de adoração, a expansão de seu Reino
e o sustento dos mais necessitados. A mordomia cristã, por conseguinte, é a
administração de quanto recebemos do Senhor. Por isso requer-se de cada
mordomo, ou despenseiro, que se mantenha fiel ao que Deus lhe confiou (1 Co
4.2). Notemos:
a)
Em
primeiro lugar, o dízimo é um princípio estabelecido pelo próprio Deus
(Ml 3.10);
b)
Em
segundo lugar, o dízimo é santo ao Senhor (Lv 27.32);
c)
Em
terceiro lugar, o dízimo faz parte do culto (Dt 12.6);
d)
Em
quarto lugar, o dízimo é para o sustento da Casa de Deus (Nm 18.21).
V. PRINCÍPIOS DA
DOUTRINA DOS DÍZIMOS E OFERTAS
Por meio das
ofertas e dízimos, mostramos a Deus nossa alegria (2 Co 9.7). Por intermédio do
dar, expomos a Deus um coração voluntário (Êx 25.1,2), e através do ofertar,
revelamos o nosso desprendimento (2 Sm 24.24). Notemos então:
1. Gratidão a Deus.
Como tudo o que
recebemos vem de Deus, nada mais justo que sejamos gratos por tal provisão entregando-lhe
os dízimos e as ofertas: “Entrai pelas portas dele com gratidão”
(Sl 100.2a). Através das contribuições financeiras, honramos a Deus (Pv
3.9,10).
2. Obediência a Sua Palavra.
Como as
contribuições são uma doutrina bíblica, entregá-los ao Senhor, é ser obediente
a Sua Palavra (Dt 6.5).
3. Amor pela Sua obra.
Um dos motivos
pelos quais devemos entregar os dízimos e as ofertas são também para a
manutenção da Casa do Senhor: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro,
para que haja mantimento na minha casa” (Ml 3.10). Aquele que ama a
obra de Deus contribui para que a evangelização, o obra social, o sustento dos
obreiros que vivem de forma integral e a ampliação da obra de Deus continue.
VI. PROMESSAS
ESPECÍFICAS PARA OS FIÉIS NOS DÍZIMOS E OFERTAS
Deus sempre faz
promessas para aqueles que Lhe servem com amor e fidelidade. Com a prática dos
dízimos e das ofertas não é diferente. No livro do profeta Malaquias,
encontramos pelos menos três promessas feitas aos que procedem fielmente com as
contribuições. Vejamos:
1. Provisão.
Deus prometeu ao
Seu povo que se não fossem negligentes com os dízimos e as ofertas, Ele
enviaria sempre a sua provisão: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro,
para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz
o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu” (Ml 3.10a).
A expressão “abrir as janelas do céu” podem estar fazendo alusão a provisão
da chuva e do sol a seu tempo para que o povo tenha uma excelente colheita (Lv
26.4; Dt 11.14; 28.12).
2. Multiplicação.
A Bíblia diz que
o que plantamos, isso também colhemos. Mas colhemos sempre mais do que
plantamos: “Quem semeia com fartura, com abundância ceifará” (2 Co 9.6).
Deus promete literalmente fazer prosperar a quem dá com liberalidade (2 Co
9.6-11).
3. Proteção.
Como o povo de
Israel em sua maioria vivia da agricultura, era comum que os agricultores
sofressem em suas lavouras com as pragas que poderiam sobrevir, causando
destruição. No entanto, Deus prometeu que se o Seu povo agisse com fidelidade
na entrega dos dízimos e das ofertas, Deus protegeria a lavoura deles e lhes
daria grandes colheitas: “E por causa de vós repreenderei o devorador,
e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será
estéril, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ml 3.11,12).
CONCLUSÃO
Como mordomos
dos bens terrenos, devemos expressar a nossa gratidão, amor e serviço a Deus
por tudo o que Ele tem nos confiado. Para os que assim procedem, bênçãos sem
medida estão reservadas.
REFERÊNCIAS
Ø ELISSEN,
Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. VIDA.
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Malaquias. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø SOARES,
Esequias. Visão Panorâmica do Antigo Testamento. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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