Gn 2.1-8
INTRODUÇÃO
Neste primeiro
trimestre de 2020, estudaremos o tema: “A Raça Humana: origem, queda e redenção”.
Na primeira lição deste trimestre falaremos sobre a origem do homem segundo o
livro do Gênesis; destacaremos algumas verdades sobre Adão; e, por fim,
falaremos da promessa da restauração da raça humana.
I. A ORIGEM DO
HOMEM SEGUNDO O LIVRO DO GÊNESIS
Deus havia
formado os céus e os preenchido com os luminares celestes e as aves que voam
(Gn 1.1,14). Havia formado os mares e enchido as águas com várias criaturas
aquáticas (Gn 1.9,20-22). A criação chegou a seu ápice quando, no sexto dia, o
Senhor criou o primeiro homem, o qual, juntamente com sua esposa, teria domínio
sobre a Terra e suas criaturas (Gn 1.26,27). Abaixo destacaremos algumas
verdades bastante interessantes sobre o relato bíblico:
1. A criação do homem foi precedida pelo conselho
divino.
Enquanto o
universo e os outros seres foram criados sob o impacto do “haja” de Deus, o homem
teve criação de modo bem diferente. Deus concretizou o seu projeto para criar
um ser especial, de forma especial, nos atos da criação. Assim, Ele, em
conjunto com os outros componentes de sua Unidade, que se consubstanciam na
Trindade (Pai, Filho e Espirito Santo) disse: “[…] Façamos o homem [...]”
(Gn 1.26).
2. A criação do homem foi um ato imediato de Deus.
A criação do
homem segundo as Escrituras adveio de um ato imediato de Deus. Ele veio à
existência por um ato especial da criação, e não mediante algum processo
evolutivo. A razão, a ciência já atestaram que animal só gera animal, e humano só
gera humano. É bom destacar também que o homem está numa categoria da
criação acima dos animais, pois tem a capacidade de raciocinar, agir segundo a
sua vontade, de falar, e principalmente, de se relacionar com o seu Criador.
3. A criação do homem foi distinta das outras criaturas.
Quanto aos
animais o relato bíblico nos informa que Deus os fez conforme a sua espécie, já
quanto ao homem, o Criador o fez distinto das demais criaturas, o fez a “sua
imagem e semelhança” (Gn 1.26,27). A semelhança de Deus com o homem se
dá da seguinte forma:
O SIGNIFICADO DA IMAGEM E SEMELHANÇA
DE DEUS NO HOMEM
|
|
Semelhança natural
|
Adão e Eva
tinham semelhança natural com Deus. Foram criados como seres pessoais, tendo
mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio (Gn 2.16,19-20,23; Dt 30.19;
Is 56.4).
|
Semelhança social
|
Deus é um em
essência e três em pessoa: Pai Filho e Espírito Santo. Ele fez o homem capaz
de relacionar-se com as pessoas, como um ser gregário (Gn 2.18,24).
|
Semelhança moral
|
Eles tinham
semelhança moral com Deus, pois não tinham pecado, eram santos, tinham
sabedoria, um coração amoroso e o poder de decisão para fazer o que era certo
(Rm 2.15).
|
Semelhança espiritual
|
Deus é
Espírito (Jo 4.24), e na criação do homem deu-lhe a parte imaterial formado
de espírito e alma (Sl 16.10; Ec 12.7; Zc 12.1; Mc 8.36; 1Ts 5.23).
|
4. A dupla natureza do homem.
O relato do
livro do Gênesis nos mostra que Deus fez e criou o homem (Gn
1.26,27). Embora as expressões “fazer” e “criar” pareçam ser termos
correlatos, eles trazem consigo um sentido mais abrangente, traduzindo a dupla
natureza do homem. “Quando a Bíblia fala da criação do homem, usa a palavra
hebraica “asah” que significa: “fazer de coisas que já existem”
neste caso o corpo do homem foi feito de um material físico, palpável, o pó da terra
e a mulher da costela de Adão (Gn 2.7,22). Confira ainda: (Gn 3.19; Sl 103.14;
Jó 10.9; 1Co 15.47). Porém, a Bíblia também usa a palavra “bara” quer significa “fazer
algo do nada”, porque ele também criou no homem espírito e alma (Gn 2.7b)”
(BERGSTÉN, 1981, p. 70). A Bíblia deixa claro que o homem é um ser tricótomo.
Doutrina segundo a qual o ser humano é constituído por três partes distintas:
corpo, alma e espírito (1Ts 5.23; Hb 4.12). Deus criou o homem para ser tanto
do mundo espiritual como do terrenal, pois tem corpo, alma e espírito.
5. A elevada posição do homem na criação.
Ao criar o
homem, o Senhor lhe deu uma elevada posição diante de toda a criação. Notemos: a) o ser humano possui a imagem e semelhança
de Deus (Gn 1.26-a); b) foi lhe dada
a responsabilidade de exercer domínio sobre a terra e sobre os animais (Gn
1.26b); e, c) de cuidar da terra (Gn
2.5). Segundo Berkof (2000, p. 174) “O homem é descrito como alguém que está no
ápice de todas as ordens criadas. Foi coroado como rei da criação inferior e
recebeu domínio sobre todas as criaturas inferiores. Como tal, foi seu dever e
privilégio tornar toda natureza e todos os seres criados, que foram colocados
sob seu governo, subservientes à sua vontade a o seu propósito, para que ele e
todos os seus gloriosos domínios magnificassem o onipotente Criador e Senhor do
universo”.
II. CARACTERÍSTICAS
DE ADÃO, O PRIMEIRO SER HUMANO
1. Foi criado sem pecado.
A Bíblia nos
mostra que Deus criou o homem perfeito (Ec 7.29). Isto significa dizer que,
Deus não o fez pecador, nem para pecar. Seu estado de completa inocência se
percebe pelo fato de Moisés declarar que junto com sua mulher estavam nus e não
se envergonhavam (Gn 2.25). Podemos resumir o relato de Gênesis assim:
Ø Deus
fez o homem perfeito (Ec 7.29);
Ø Colocou-o
num lugar
perfeito (Gn 1.31; 2.8);
Ø Conferiu-lhe
liberdade
perfeita (Gn 2.16,17);
Ø Em
comunhão
perfeita (Gn 3.8).
2. Foi criado adulto.
Adão e Eva foram
os únicos seres humano feitos adulto. Isso podemos depreender a partir do
relato de Gênesis que diz que lhe foi dada uma esposa e também a capacidade de
reproduzir sua espécie com ela: “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem
de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes
disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra[...]” (Gn
1.27,28).
3. Foi criado como um ser livre.
Deus deu a
capacidade do homem agir segundo a sua vontade, o que chamamos de livre
arbítrio: “De toda a árvore do jardim comerás livremente” (Gn 2.16). Quando
tentado, ele decidiu fazer o que a vontade de Deus tinha dito que não fizesse,
mesmo sabendo das consequências (Gn 3.1-6). O livre arbítrio pode ser definido
como “capacidade que possui o ser humano de pensar, ou agir, tendo como única
motivação a sua vontade” (ANDRADE, 2006, p. 256). Embora o termo “livre
arbítrio” não se encontre na Bíblia, tanto no AT quanto no NT a
doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida (Gn 2.16,17; 4.7; Dt 28.1;
30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; 2Cr 15.2; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl
119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que
demonstra-nos o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc
7.30; Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19; 1Co
10.12; 2Co 8.3,4; 1Jo 3.23; Ap 3.20; 22.17). Mesmo após o pecado o homem não
perdeu o livre arbítrio (Gn 4.7). O pecado apenas manchou, mas não destruiu a
capacidade de escolha do homem, em todas as áreas da vida, inclusive nas
questões espirituais (Mc 16.15; Jo 3.16,17; 20.31; At 8.37; 16.31; Rm
3.22; 4.11,24; 10.9,14). Certo teólogo afirmou: A imagem de Deus no homem que
inclui o livre arbítrio, com o pecado foi obscurecida, mas não completamente erradicada
pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não
eliminada (aniquilada) (Gn 9.6; Tg 3.9). (GEISLER, 2010, p. 109).
4. Foi criado moralmente responsável.
A capacidade de
escolher é uma dádiva divina que traz consigo também a responsabilidade; semear
é opcional, colher é inevitável (Gl 6.7). Quando criou o homem Deus lhe
conferiu liberdade perfeita, mas também o fez moralmente responsável por seus
atos. Quando ordenou que podia comer de todas as árvores do jardim,
advertiu-lhe dizendo: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do
mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”
(Gn 2.16). Mesmo advertido, Adão comeu e recebeu as punições consequentes de
sua má escolha. Notemos: a) o homem
se tornou imperfeito (Gn 3.7; Ec 7.29-b; Os 6.7); b) a terra foi amaldiçoada (Gn 3.17,18); c) teve sua liberdade manchada (Jo 8.34; Rm 7.18); d) Foi afastado da presença de Deus (Gn
3.23,24; Is 59.2; Rm 3.23); e e) A
mulher teve as dores do parto aumentadas (Gn 3.16).
III. A PROMESSA DE
RESTAURAÇÃO DA RAÇA HUMANA
Após a tentação
e queda do homem no Éden, Deus pronunciou os castigos consequentes da
desobediência, mas também fez uma promessa para o casal dizendo: “E
porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Nesse
texto, Deus prometeu que da semente da mulher um dos descendentes nasceria para
esmagar a cabeça da serpente. Tanto Adão quanto seus descendentes firmaram-se
nessa palavra profética anunciada pelo próprio Deus, que mais tarde teve seu
cumprimento na pessoa de Jesus – que nasceu de uma mulher (Gn 3.15; Gl 4.4);
sem a participação masculina (Is 7.14; Mt 1.18); que foi ferido (Gn 3.15; Sl
22.1- 31; Is 53.1-12); no entanto, triunfou (Mt 4.1-11; 16.23; Cl 2.15; Hb
2.14). Por um homem veio a condenação sobre todos, e por um homem Deus
possibilitou a salvação de todos (Rm 5.17,18).
CONCLUSÃO
A narrativa do
livro do Gênesis nos mostra claramente que o homem não é produto da evolução,
mas fruto de um ato criativo de Deus. Diferente dos animais, Deus o fez
conforme a sua imagem e semelhança, colocando-o como coroa da criação. O texto
bíblico mostra que este homem foi criado como um ser livre e que optou por
contrariar a vontade divina, o que lhe trouxe consequências, bem como a toda a
raça humana. A despeito disto, Deus lhe fez uma promessa de restauração, que se
cumpriu quando enviou o segundo Adão, Cristo Jesus.
REFERÊNCIAS
Ø GARDNER, Paul. Quem
é quem na Bíblia Sagrada. VIDA.
Ø HOUAISS, Antônio.
Dicionário
da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø HOWARD, R.E, et
al. Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
Ø MOODY, D. L. Comentário
Bíblico de Levítico. PDF.
Ø STAMPS, Donald C.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário