Rm 12.1-10
INTRODUÇÃO
Nesta lição, definiremos a
palavra “atributo”; notaremos a diferença entre os atributos Divinos
comunicáveis e incomunicáveis; e por fim, estudaremos a espiritualidade, a
racionalidade, a sociabilidade e a liberdade humana como exemplos de atributos
concedidos por Deus ao homem.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA ATRIBUTO
1.
Conceito da palavra atributo.
O dicionarista Antônio Houaiss
define atributo como: “o que é próprio e peculiar a alguém ou a
alguma coisa, qualidade, característica, o que é próprio de um ser, emblema
definitivo, característica, propriedade, particularidade, peculiaridade, traço,
faculdade, individualidade, singularidade, distinção, estilo” (2001, p.
340). Sempre que falamos em atributos nos lembramos logo do nosso Deus, que é o
doador de todas as capacidades que temos (Gn 1.27-28), por ser ele possuidor de
tudo (Sl 24.1).
2.
Os atributos Divinos.
Para que não haja confusão na
compreensão dos atributos humanos é necessário entender os Divinos. Podemos
entender os atributos divinos em duas classes:
A) Atributos Incomunicáveis.
São aqueles que pertencem única e exclusivamente a Deus. Notemos alguns: a) eternidade (Sl 45.6; 90.2; 93.2; Is
40.28; 57.15); b) onipresença
(Sl 139.7-12; At 17.27,28: Jr 16.17; 23.24; Am 9.2,3); c) onisciência (1Jo 3.20; Sl 147.5); e, d) onipotência (Gn 17.1; 18.14; Jó 42.2; Sl 62.11; Lc 1.37); e
B) Atributos Comunicáveis.
São aqueles que podem e são encontrados no ser humano. Notemos alguns: a) santidade (1Pe 1.15,16; Tg 1.13); b) justiça (Gn 18.25; Dt 27.25; Sl
15.5; Jr 22.3); c) fidelidade
(Êx 34.6; Nm 23.19; Dt 4.31; Hb 6.18; 10.23); d) amor (2Co 13.11; Ef 2.4; 2Ts 2.16; 2Co 9.7; 1Jo 4.8,16). Deus
nos quis dotar de características do seu ser, para que assim pudéssemos ser
chamados “imagem e semelhança” (Gn 1.26). Os atributos de Deus são
singulares e perfeitos. Só Ele os tem de modo absoluto (BERGSTÉN, 2016, p. 22).
II. A
ESPIRITUALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO
Deus, que é espírito (Jo 4.24),
criou o homem com uma parte espiritual, isto é, com alma e espírito. Essa parte
espiritual é invisível e imaterial, conhecida como “o homem interior”, e
habita no corpo, que é “o homem exterior” (2 Co 4.16)
(BERGSTÉN, 2016, p. 127). O “espírito” é considerado um poder sublime que
estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com
Deus (HORTON, 2011, p. 248). Vejamos algumas considerações sobre a realidade
espiritual do ser humano:
1.
O espirito humano não-regenerado.
O espírito do homem não-crente é
morto, isto é, separado de Deus (Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; 1Tm 5.6). Ele é
dominado pelos seus pecados e concupiscências (Ef 4.17-22; Tt 1.15).
2.O
espirito humano no processo de regeneração.
Na salvação, o espírito do homem
é vivificado (Ef 2.5; Cl 2.13). Um despertamento começará no seu espírito
quando o Espírito Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de
Deus (Jo 16.8-10).
3.
O espirito humano regenerado.
Agora ele pode comprovar de
maneira mais clara, que Deus é bom (Sl 34.8), e com o seu espírito adorar ao
Senhor em verdade (Jo 4.23) e orar em espírito (1Co 14.15,16), e o Todo
poderoso dará ao espírito do novo crente a inspiração divina que o faz
entendido (Jó 32.8) (BERGSTÉN, 2016, p. 132 – acréscimo nosso).
III. A
RACIONALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO
Racionalidade humana é o processo
pelo qual agimos com objetivos reais e corretos, agir racionalmente é ter uma
perspectiva das consequências que nossas ações podem ter. Deus é um ser
racional. Logo, há perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Ele
nos criou assim para que pudéssemos desfrutar de comunhão com Ele. “De acordo
com a Bíblia Sagrada o mais razoável e lógico dos livros, a razão é o
instrumento com que o Criador nos dotou, a fim de administrarmos o universo
visível” (ANDRADE, 2019, p. 63).
1.
A racionalidade humana.
Através da razão podemos: a) cooperar com Deus (Gn 2.19; 1Co
3.9); b) adorá-lo racionalmente
(Rm 12.2); c) perceber sua existência
(Rm 1.19,20); e, d) apreciar
sua criação (Sl 19.1). Se Deus não fosse um ser racional, nós também
não o seríamos, porquanto Ele nos criou segundo à sua “imagem e semelhança”. E, nessa semelhança e imagem, encontra-se,
logicamente, o atributo da racionalidade. Doutra forma, a comunhão da criatura
com o Criador seria impossível (ANDRADE, 2019, p. 64).
IV. A SOCIABILIDADE
COMO UM ATRIBUTO HUMANO
Ao observarmos Gênesis 2.18,
poderemos compreender que Deus não viu como algo bom a solidão. Sendo assim
podemos inferir que a realidade humana é de convívio social. Para que o homem
não estivesse só Deus projetou a família (Gn 2.22-24). Sobre a sociabilidade
humana destacaremos apenas a realidade da família que deve ser vivenciada pelo
ser humano nos moldes divinos, pois acreditamos que através dela Deus pode
mudar toda a sociedade, além de que nela que o ser humano pode encontrar o que
precisa para saciar sua sociabilidade. Biblicamente, podemos dizer que a
família é o sistema social básico, instituído por Deus no Éden, para a
constituição da sociedade e perpetuação da raça humana (Gn 2.18-24). Sem
dúvida, a família faz parte do projeto divino visando a felicidade dos seres
humanos (Sl 128). Já o lar, do latim “lare” é o ambiente onde vive a família.
É no lar que marido, mulher, pais e filhos, encontram o ambiente adequado para
amadurecer, conviver e compartilhar seus sentimentos. Vejamos a importância da
família em seus aspectos sociais:
1.
A sociabilidade entre os cônjuges.
É no seio da família que marido e
mulher passam a conviver juntos e aprendem a suportar e a perdoar mutuamente
(1Co 13.7; Cl 3.12,13); a ter paciência (Rm 5.3; 1Co 13.7); a lidar com os
problemas do dia a dia (Gn 16.1-6; 27.1-46; 30.1); de forma que o lar
contribui, não só para o amadurecimento do casal, como também, para o
ajustamento de ambos.
2.
A sociabilidade entre os filhos.
O lar é o ambiente onde os filhos
se sentem seguros e felizes, junto aos pais, onde recebem amor, carinho,
proteção e educação cristã (Dt 6.1-8; Pv 22.6; Ef 6.1-4; 2Tm 1.5,6), e também
aprendem, desde cedo, a serem responsáveis e a se prepararem para o futuro (2Tm
1.5,6; 3.14-17).
3.
A sociabilidade entre a Igreja.
É possível existir família sem
igreja, mas não existe igreja sem família. Uma igreja não pode ser forte, viva
e santa com famílias fracas na fé ou espiritualmente mortas (1Co 3.1-3;5.1-13;
6.9-11). Quando a família cristã vive em paz e harmonia no lar, a Igreja também
é beneficiada, pois, estando em paz com Deus e com os seus, a família passa a
viver em comunhão com os irmãos (Sl 133; At 2.42; Rm 12.18).
4.
A sociabilidade entre a sociedade.
A sociedade é composta por
famílias. Logo, famílias estruturadas geram sociedades estruturadas; e,
consequentemente, famílias desestruturadas geram sociedades desestruturadas. É
por esta razão que Satanás investe tanto contra os lares (Gn 3.1-5), pois,
desestabilizando-as, ele desestruturará também a sociedade. A sociedade só
poderá ser forte e equilibrada, se as famílias também estiverem assim.
V. O LIVRE-ARBÍTRIO
COMO UM ATRIBUTO HUMANO
“Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que
o ser humano tem de fazer escolhas, tornando-se, consequentemente, responsável
por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer
escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O
livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se
as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo
fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade”
(BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS,
professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus
de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […]
essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão
do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de
desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99). Vejamos a realidade Bíblica
do livre arbítrio.
1.
O livre-arbítrio nas Escrituras.
Tanto no AT quanto no NT a
doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio”
não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos
ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.16,17; 4.7; Dt 28.1;
30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; 2Cr 15.2; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl
119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que
nos demonstra o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc
7.30; Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19).
2.
O livre-arbítrio antes da Queda.
O poder da livre-escolha faz
parte do desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e
semelhança (Gn 1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a
espécie humana (Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17).
Estas duas responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles
deverem fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn
3.6). A condenação de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram
moralmente livres para tomar a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p.
108).
3.
O livre-arbítrio depois da Queda.
Mesmo depois de haver pecado e se
tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador,
em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão
completamente corrompido a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder
responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida,
mas não
completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas
não
eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o
livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até
mesmo a nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar
(Rm 6.16) (GEISLER, 2010, p. 109).
CONCLUSÃO
Deus nos criou para sua gloria. O
pecado manchou e deturpou a criação humana, mas nosso Deus por seu infinito
amor arquitetou um lindo projeto de restauração. Devemos usar os atributos
concedidos a nós para glorificá-lo e levar outros a entender a importância de
servi-lo e amá-lo.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor correia. A RAÇA HUMANA, Origem, Queda e Redenção. CPAD
Ø BERGSTÉN,
Eurico. Teologia Sistemática. CPAD
Ø BRUNELLI,
Walter. Teologia para pentecostais. CENTRAL GOSPEL
Ø GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø HORTON,
S. Teologia
Sistemática. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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