sábado, 25 de janeiro de 2020

LIÇÃO 04 – OS ATRIBUTOS DO SER HUMANO (SUBSÍDIO)






Rm 12.1-10



INTRODUÇÃO
Nesta lição, definiremos a palavra “atributo”; notaremos a diferença entre os atributos Divinos comunicáveis e incomunicáveis; e por fim, estudaremos a espiritualidade, a racionalidade, a sociabilidade e a liberdade humana como exemplos de atributos concedidos por Deus ao homem.


I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA ATRIBUTO
1. Conceito da palavra atributo.
O dicionarista Antônio Houaiss define atributo como: “o que é próprio e peculiar a alguém ou a alguma coisa, qualidade, característica, o que é próprio de um ser, emblema definitivo, característica, propriedade, particularidade, peculiaridade, traço, faculdade, individualidade, singularidade, distinção, estilo” (2001, p. 340). Sempre que falamos em atributos nos lembramos logo do nosso Deus, que é o doador de todas as capacidades que temos (Gn 1.27-28), por ser ele possuidor de tudo (Sl 24.1).

2. Os atributos Divinos.
Para que não haja confusão na compreensão dos atributos humanos é necessário entender os Divinos. Podemos entender os atributos divinos em duas classes:
A) Atributos Incomunicáveis. São aqueles que pertencem única e exclusivamente a Deus. Notemos alguns: a) eternidade (Sl 45.6; 90.2; 93.2; Is 40.28; 57.15); b) onipresença (Sl 139.7-12; At 17.27,28: Jr 16.17; 23.24; Am 9.2,3); c) onisciência (1Jo 3.20; Sl 147.5); e, d) onipotência (Gn 17.1; 18.14; Jó 42.2; Sl 62.11; Lc 1.37); e
B) Atributos Comunicáveis. São aqueles que podem e são encontrados no ser humano. Notemos alguns: a) santidade (1Pe 1.15,16; Tg 1.13); b) justiça (Gn 18.25; Dt 27.25; Sl 15.5; Jr 22.3); c) fidelidade (Êx 34.6; Nm 23.19; Dt 4.31; Hb 6.18; 10.23); d) amor (2Co 13.11; Ef 2.4; 2Ts 2.16; 2Co 9.7; 1Jo 4.8,16). Deus nos quis dotar de características do seu ser, para que assim pudéssemos ser chamados “imagem e semelhança” (Gn 1.26). Os atributos de Deus são singulares e perfeitos. Só Ele os tem de modo absoluto (BERGSTÉN, 2016, p. 22).


II. A ESPIRITUALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO
Deus, que é espírito (Jo 4.24), criou o homem com uma parte espiritual, isto é, com alma e espírito. Essa parte espiritual é invisível e imaterial, conhecida como “o homem interior”, e habita no corpo, que é “o homem exterior” (2 Co 4.16) (BERGSTÉN, 2016, p. 127). O “espírito” é considerado um poder sublime que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão com Deus (HORTON, 2011, p. 248). Vejamos algumas considerações sobre a realidade espiritual do ser humano:

1. O espirito humano não-regenerado.
O espírito do homem não-crente é morto, isto é, separado de Deus (Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; 1Tm 5.6). Ele é dominado pelos seus pecados e concupiscências (Ef 4.17-22; Tt 1.15).

2.O espirito humano no processo de regeneração.
Na salvação, o espírito do homem é vivificado (Ef 2.5; Cl 2.13). Um despertamento começará no seu espírito quando o Espírito Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8-10).

3. O espirito humano regenerado.
Agora ele pode comprovar de maneira mais clara, que Deus é bom (Sl 34.8), e com o seu espírito adorar ao Senhor em verdade (Jo 4.23) e orar em espírito (1Co 14.15,16), e o Todo poderoso dará ao espírito do novo crente a inspiração divina que o faz entendido (Jó 32.8) (BERGSTÉN, 2016, p. 132 – acréscimo nosso).


III. A RACIONALIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO
Racionalidade humana é o processo pelo qual agimos com objetivos reais e corretos, agir racionalmente é ter uma perspectiva das consequências que nossas ações podem ter. Deus é um ser racional. Logo, há perfeita harmonia entre a genuína razão e a fé bíblica. Ele nos criou assim para que pudéssemos desfrutar de comunhão com Ele. “De acordo com a Bíblia Sagrada o mais razoável e lógico dos livros, a razão é o instrumento com que o Criador nos dotou, a fim de administrarmos o universo visível” (ANDRADE, 2019, p. 63).

1. A racionalidade humana.
Através da razão podemos: a) cooperar com Deus (Gn 2.19; 1Co 3.9); b) adorá-lo racionalmente (Rm 12.2); c) perceber sua existência (Rm 1.19,20); e, d) apreciar sua criação (Sl 19.1). Se Deus não fosse um ser racional, nós também não o seríamos, porquanto Ele nos criou segundo à sua “imagem e semelhança”. E, nessa semelhança e imagem, encontra-se, logicamente, o atributo da racionalidade. Doutra forma, a comunhão da criatura com o Criador seria impossível (ANDRADE, 2019, p. 64).


IV. A SOCIABILIDADE COMO UM ATRIBUTO HUMANO
Ao observarmos Gênesis 2.18, poderemos compreender que Deus não viu como algo bom a solidão. Sendo assim podemos inferir que a realidade humana é de convívio social. Para que o homem não estivesse só Deus projetou a família (Gn 2.22-24). Sobre a sociabilidade humana destacaremos apenas a realidade da família que deve ser vivenciada pelo ser humano nos moldes divinos, pois acreditamos que através dela Deus pode mudar toda a sociedade, além de que nela que o ser humano pode encontrar o que precisa para saciar sua sociabilidade. Biblicamente, podemos dizer que a família é o sistema social básico, instituído por Deus no Éden, para a constituição da sociedade e perpetuação da raça humana (Gn 2.18-24). Sem dúvida, a família faz parte do projeto divino visando a felicidade dos seres humanos (Sl 128). Já o lar, do latim “lare” é o ambiente onde vive a família. É no lar que marido, mulher, pais e filhos, encontram o ambiente adequado para amadurecer, conviver e compartilhar seus sentimentos. Vejamos a importância da família em seus aspectos sociais:

1. A sociabilidade entre os cônjuges.
É no seio da família que marido e mulher passam a conviver juntos e aprendem a suportar e a perdoar mutuamente (1Co 13.7; Cl 3.12,13); a ter paciência (Rm 5.3; 1Co 13.7); a lidar com os problemas do dia a dia (Gn 16.1-6; 27.1-46; 30.1); de forma que o lar contribui, não só para o amadurecimento do casal, como também, para o ajustamento de ambos.

2. A sociabilidade entre os filhos.
O lar é o ambiente onde os filhos se sentem seguros e felizes, junto aos pais, onde recebem amor, carinho, proteção e educação cristã (Dt 6.1-8; Pv 22.6; Ef 6.1-4; 2Tm 1.5,6), e também aprendem, desde cedo, a serem responsáveis e a se prepararem para o futuro (2Tm 1.5,6; 3.14-17).

3. A sociabilidade entre a Igreja.
É possível existir família sem igreja, mas não existe igreja sem família. Uma igreja não pode ser forte, viva e santa com famílias fracas na fé ou espiritualmente mortas (1Co 3.1-3;5.1-13; 6.9-11). Quando a família cristã vive em paz e harmonia no lar, a Igreja também é beneficiada, pois, estando em paz com Deus e com os seus, a família passa a viver em comunhão com os irmãos (Sl 133; At 2.42; Rm 12.18).

4. A sociabilidade entre a sociedade.
A sociedade é composta por famílias. Logo, famílias estruturadas geram sociedades estruturadas; e, consequentemente, famílias desestruturadas geram sociedades desestruturadas. É por esta razão que Satanás investe tanto contra os lares (Gn 3.1-5), pois, desestabilizando-as, ele desestruturará também a sociedade. A sociedade só poderá ser forte e equilibrada, se as famílias também estiverem assim.


V. O LIVRE-ARBÍTRIO COMO UM ATRIBUTO HUMANO
 “Entende-se por livre-arbítrio a liberdade que o ser humano tem de fazer escolhas, tornando-se, consequentemente, responsável por elas e por seus respectivos resultados […]. O poder humano de fazer escolhas é o primeiro assunto de que trata a Bíblia Sagrada […]. O livre-arbítrio é inerente ao homem, o qual não poderia ser julgado, jamais, se as suas decisões fossem involuntárias, e ele fizesse o que não desejasse pelo fato de ser movido por uma força estranha, alheia à sua consciência e vontade” (BRUNELLI, 2016, pp. 293,295). A Declaração de Fé das AD diz: CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma criação de Deus […], dotado por Deus de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal […] essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden (Jo 7.17). Deus dotou Adão do livre-arbítrio com o qual ele era capaz tanto de obedecer quanto de desobedecer ao Criador (SOARES, 2017, pp. 77,99). Vejamos a realidade Bíblica do livre arbítrio.

1. O livre-arbítrio nas Escrituras.
Tanto no AT quanto no NT a doutrina do livre-arbítrio é claramente defendida, e apesar da expressão “livre-arbítrio” não estar na Bíblia de maneira explícita em diversas passagens do AT podemos ver que Deus dá o poder de escolha ao ser humano (Gn 2.16,17; 4.7; Dt 28.1; 30.15,19; Js 24.15; 2Sm 24.12; Jz 5.2; 1Cr 28.9; 2Cr 15.2; Ed 7.13; Ne 11.2; Sl 119.30; Is 1.19,20; Jr 4.1). Também podemos encontrar várias referências que nos demonstra o livre-arbítrio no NT (Mt 3.2; 4.17; 16.24; 23.37; Mc 8.35; Lc 7.30; Jo 1.11; 5.40; 6.37; 7.17; 15.7; At 3.19; 17.30; Rm 10.13; 1Tm 1.19).

2. O livre-arbítrio antes da Queda.
O poder da livre-escolha faz parte do desígnio de Deus para a humanidade, como sendo a sua imagem e semelhança (Gn 1.27). Adão e Eva receberam o mandamento para multiplicarem a espécie humana (Gn 1.28) e se absterem de comer do fruto proibido (Gn 2.16-17). Estas duas responsabilidades implicam na capacidade de respostas. O fato deles deverem fazer estas coisas, implicava que eles poderiam fazê-las (Gn 3.6). A condenação de Deus para a atitude deles deixa claro que ambos eram moralmente livres para tomar a sua decisão (Gn 3.11,13) (GEISLER, 2010, p. 108).

3. O livre-arbítrio depois da Queda.
Mesmo depois de haver pecado e se tornado espiritualmente “morto” (Gn 2.17; cf. Ef 2.1) e, portanto, um pecador, em função da sua natureza pecaminosa (Ef 2.3), Adão não se tornou tão completamente corrompido a ponto de não mais ouvir a voz de Deus e poder responder de maneira livre (Gn 3.9-10). A imagem de Deus foi obscurecida, mas não completamente erradicada pela Queda; ela foi corrompida (afetada), mas não eliminada (aniquilada). Na verdade, a imagem de Deus (que inclui o livre-arbítrio) ainda permanece nos seres humanos (Gn 9.6; Tg 3.9). Até mesmo a nossa cegueira espiritual é resultado da nossa decisão de não acreditar (Rm 6.16) (GEISLER, 2010, p. 109).


CONCLUSÃO
Deus nos criou para sua gloria. O pecado manchou e deturpou a criação humana, mas nosso Deus por seu infinito amor arquitetou um lindo projeto de restauração. Devemos usar os atributos concedidos a nós para glorificá-lo e levar outros a entender a importância de servi-lo e amá-lo.




REFERÊNCIAS
Ø  ANDRADE, Claudionor correia. A RAÇA HUMANA, Origem, Queda e Redenção. CPAD
Ø  BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD
Ø  BRUNELLI, Walter. Teologia para pentecostais. CENTRAL GOSPEL
Ø  GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø  HORTON, S. Teologia Sistemática. CPAD.



Por Rede Brasil de Comunicação.


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