Ef 1.15-23
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos como se dá a iluminação espiritual do crente; pontuaremos os estágios
da iluminação espiritual do crente; e por fim; falaremos da ressurreição de
Cristo e o poder de Deus na vida do crente.
I. A ILUMINAÇÃO
ESPIRITUAL DO CRENTE
O desejo de
Paulo era que os cristãos de Éfeso entendessem a grande riqueza que tinham em
Cristo. Nas orações que Paulo fez na prisão (Ef 1.15-23; 3.14-21; Fp 1.9-11; Cl
1.9-12), encontramos as bênçãos que desejava que seus filhos na fé
desfrutassem. Em nenhuma dessas orações, ele pede coisas materiais. Sua
ênfase é sobre a percepção espiritual e sobre o verdadeiro caráter cristão.
(WIERSBE, 2010, vol. 2, p. 17 – grifo nosso). Em sua oração a Deus, Paulo
intercede para que o Espírito Santo ilumine os crentes de Éfeso a fim de
saberem “qual seja a esperança da sua vocação” (Ef 1.18). Assim, eles
seriam capazes de experimentar e conhecer espiritualmente os privilégios de
serem vocacionados (ARRINGTON; STRONSTAD, 2017, p. 403). Vejamos:
1. A iluminação do “Espírito de sabedoria e
entendimento” (Is 11.2; Jo 14.25, 26; 16.12-14).
O ser humano não
é capaz de compreender as coisas de Deus contando apenas com sua mente natural.
Precisa que o Espírito Santo que o ilumine (1Co 2.9-16). O Espírito Santo
revela a verdade da Palavra e, então, nos dá a sabedoria para compreendê-la e
aplicá-la. Também nos concede o poder - a capacitação – para colocar a verdade
em prática (Ef 3.14-21) (WIERSBE, 2010, vol. 2, p. 17 – grifo nosso).
2. A iluminação ao “coração daquele que crê” (Ef
1.18).
Consideramos o
coração a parte emocional do ser humano, mas, na Bíblia, ele representa o “ser
interior” e inclui as emoções, a mente e a volição. O “ser interior”, o
coração, possui faculdades espirituais paralelas aos sentidos do corpo. Pode
ver (Sl 119.18; Jo 3:3), ouvir (Mt 13.9; Hb 5.11), provar (Sl 34.8; 1Pd 2.3),
cheirar (Fp 4.18; 2Co 2.14) e tocar (At 17.27). Era a isso que Jesus se referia
quando disse do povo: “vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem”
(Mt 13.13). A incapacidade de ver e compreender as coisas espirituais não deve
ser atribuída à inteligência, mas sim ao coração. Os olhos do coração devem ser
abertos pelo Espírito de Deus (WIERSBE, 2010, vol. 2, pp. 17,18 – grifo nosso).
II. ESTÁGIOS DA
ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE
O apóstolo Paulo
intercede ao Pai da glória para que seja concedido aos seus leitores “o
espírito de sabedoria e de revelação”. Por isso, ele rogava para que os
crentes recebessem a capacidade de compreenderem, por meio do Espírito Santo, “a
esperança da chamada, as riquezas da herança e a grandeza do poder de Deus”
(Ef 1.18,19). Notemos:
1. A “pessoa de Deus” (Ef 1.17b).
O cristão deve
crescer no conhecimento de Deus. A salvação é o conhecimento pessoal de Deus
(Jo 17.3). A santificação é o conhecimento crescente de Deus (Fp 3.10). A
glorificação é o conhecimento perfeito de Deus (1Co 13.9-12). Uma vez que fomos
criados à imagem de Deus (Gn 1.26,28), quanto melhor o conhecermos, melhor
conheceremos a nós mesmos e uns aos outros. Não basta conhecer a Deus somente
como Salvador. Devemos conhecê-lo como Pai, Amigo e Guia, e, quanto melhor o
conhecermos, mais gratificante será nossa vida espiritual.
2. A “iluminação do entendimento” (Ef 1.18a).
O apóstolo
ratifica a necessidade de os cristãos na Ásia Menor terem “iluminados os olhos do vosso
entendimento”. A expressão tem paralelo ao versículo anterior referente
ao espírito de sabedoria e de revelação. Segundo Beacon, trata-se de outro meio
de descrever o dom, que resulta em “iluminação interior” (2006, vol. 9,
p. 131). Ter os olhos iluminados implica em ver melhor, ter um conhecimento
mais claro das bênçãos divinamente recebidas. Também inclui uma compreensão
plena, não somente clareza intelectual, mas também a clareza espiritual e
experimental. O vocábulo “entendimento” é a tradução do grego
“kardia”
(coração). Na linguagem bíblica, o coração não se refere meramente às emoções
ou à vontade, mas também ao centro de toda a personalidade (RIBAS, 2009, vol.
2, p. 321).
3. A “esperança da nossa vocação” (Ef 1.18b).
É importante
lembrar sempre que, na Bíblia, o termo esperança não significa "espero que isso aconteça". Esse
termo bíblico implica “certeza quanto ao
futuro”. O cristão espera, evidentemente, pela volta de Jesus Cristo para
buscar sua Igreja (1Ts 4.13-18; 1Jo 3.1-3). Quando estávamos perdidos, “não tínhamos esperança” (Ef 2.12); mas
em Jesus, temos “uma viva esperança” (1Pe 1.3) que nos dá ânimo a cada dia. A
esperança referente a nosso chamado deve ser uma força dinâmica em nossa vida,
estimulando-nos a ser puros (1Jo 2.28 – 3.3), obedientes (Hb 13.17) e fiéis (Lc
12.42-48). O fato de que, um dia, veremos Cristo e seremos como ele deve nos
motivar a viver como Cristo hoje.
4. As “riquezas de Deus” (Ef 1.18c).
Essa verdade não
se refere à nossa herança em Cristo (Ef 1.11), mas sim à herança dele em nós.
Trata-se de uma verdade extraordinária - que Deus nos considera parte de sua
grande riqueza. Assim como a riqueza de uma pessoa traz honra para seu nome, a
Igreja também glorificará a Deus por causa do que ele investiu nos santos.
Quando Jesus Cristo voltar, viveremos “para louvor da glória de sua graça”
(Ef 1.6). Cristo não entrará em sua glória prometida até que a Igreja esteja
presente para compartilhá-la com ele (Jo 17.24). Cristo será glorificado em nós
(2Ts 1.10), e nós seremos glorificados nele (Cl 3.4). Nesse pressuposto, a
herança abrange as muitas “riquezas da glória”. Refere-se,
então, às maravilhosas bênçãos que acompanham o plano da salvação. Aquelas que
já usufruímos, tais como o perdão, a adoção de filhos (Rm
8.17), o selo do Espírito Santo (Ef 1.14) e as que serão desfrutadas no porvir
(Cl 1.27; 1Pe 1.4-5). São coisas que o olho não viu e o ouvido não ouviu e
sequer “subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam”
(1Co 2.9).
5. O “poder de Deus” (Ef 1.19).
O apóstolo orou
para que os salvos pudessem entender a “sobre-excelente grandeza do poder de Deus”.
Essa verdade é tão magnífica que Paulo usa uma porção de palavras diferentes do
vocabulário grego para mostrá-la com clareza: “dunamis” – “poder”, como
nas palavras dínamo e dinamite; “energeia” – “operação”, como em
energia; “kratos” – “forte”; “ischus” – “poder”. Efésios 1.19 pode
ser traduzido por: “E qual a grandeza insuperável de seu poder para conosco que cremos,
segundo a operação do poder da sua força”. O apóstolo está se referindo
à energia divina, dinâmica e eterna que se encontra a nosso dispor. O poder de
Deus capacita-nos para que usemos as riquezas de Deus. Em síntese, todo esse
esforço gramatical do apóstolo visa deixar claro aos seus leitores a supremacia
do poder de Deus. (WIERSBE, 2010, vol. 2, p. 18 – grifo nosso).
III. A RESSURREIÇÃO
DE CRISTO E O PODER DE DEUS NA VIDA DO CRENTE
O Novo
Testamento descreve a ressurreição de Cristo como obra do poder de Deus Pai (At
2.24; 3.26; 17.31). Paulo apresenta três exemplos irrefutáveis da força desse
poder de Deus a partir de Cristo. Notemos:
1. A ressurreição de Cristo (Ef 1.20a).
Paulo enfatiza
que a primeira grande evidência do poder de Deus manifestou-se em Cristo,
ressuscitando-o dentre os mortos. O NT descreve a ressurreição de Cristo como
obra do poder de Deus (At 2.32; 3.26; 4.24; 17.31). O túmulo vazio testemunhado
pelas mulheres (Mt 28.6,11), presenciado pelos soldados da guarda do sepulcro
(Mt 28.11) e constatado por Pedro e João (Jo 20.3-8), bem como o aparecimento a
Saulo de Tarso, e a Tiago, e ainda a mais de 500 pessoas (1Co 15.5-8) eram
provas irrefutáveis do poder de Deus. A ressurreição de Jesus, portanto, é a
garantia de que igualmente seremos ressuscitados (1 Ts 4.14). De sorte que o
mesmo poder que ressuscitou a Cristo está disponível também aos salvos (Ef 2.6)
(BAPTISTA, 2020, p. 62).
2. A ascensão de Cristo à direita de Deus (Ef 1.20b).
Após chamar
Cristo da sepultura, Deus elevou-o para o trono “pondo-o à sua direita nos céus”.
O grau de exaltação para essa posição de honra e autoridade indica a completa
vitória de Cristo sobre o pecado e as forças do mal (Fp 2.9-11; Cl 2.15).
Assim, a entronização de Cristo ao lugar de maior honra sinaliza todo o seu
poderio e faz lembrar as suas palavras após a ressurreição: “É-me
dado todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18 ver Sl 110.2; Hb 2.8,9).
A vitória de Cristo sobre a morte e as trevas também está assegurada aos salvos
(1Co 15.55-57). Assim, a ressurreição, a ascensão e o reinado de Cristo são
obras do poder do Pai que estão disponíveis à sua Igreja (BAPTISTA, 2020, p.
63).
3. A elevação de Cristo acima de todo o domínio (Ef
1.21a).
Nesse ponto,
Paulo sanciona que o poder de Deus exaltou Cristo “acima de todo o principado, e
poder, e potestade, e domínio”. Isso significa que Cristo foi exaltado
acima de toda eminência do bem e do mal e de todo título que se possa conferir
nessa era e também no porvir. Não existe poder algum que seja maior e nem mesmo
igual ao poder de Cristo (1Co 15.27,28; Ef 1.22). O resultado efetivo da
exaltação do Messias traz duplo benefício para a Igreja: primeiro, que Deus fez
Cristo cabeça tanto do Universo como da Igreja (Ef 1.22). E, segundo, que Deus
designou a Igreja para ser a expressão plena de Cristo (Ef 1.23) (BAPTISTA,
2020, p. 64).
CONCLUSÃO
Concluímos que a
compreensão das dádivas da salvação demonstra o excelso valor daquilo que Deus
fez por nós. Seus atos poderosos viabilizam a transformação e a glorificação
dos que creem e que tanto a ressurreição como o assentar-se nos céus está
disponível aos crentes, e de semelhante modo à glorificação por meio do grande
poder de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø ARRINGTON,
FrenchL; STRONSTAD, R. (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do NT.
CPAD.
Ø HARPER,
A. F. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Ø FOULKES,
Francis. Efésios Introdução e comentário. Edições Vida Nova.
Ø HARPER,
A. F. Comentário Bíblico Beacon. vol. 9. CPAD.
Ø HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.
Ø RIBAS,
Degmar (Trad.). Comentário do NT – Aplicação Pessoal, vol. 2. CPAD.
Ø SHEDD,
Russel. Epístolas da Prisão: uma análise. Edições Vida Nova.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø STOTT,
John. A Mensagem de Efésios. ABU Editora.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário