Ed 4.7,9,11-13;15,16,21-24
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
veremos uma definição do termo “oposição”; pontuaremos o contexto histórico dos
repatriados e a reconstrução do Templo; e por fim, notaremos como se
desenvolveu a oposição dos inimigos do povo de Deus.
I.
SIGNIFICADO DO TERMO OPOSIÇÃO
1. Definição da
palavra oposição.
O dicionário
Houaiss da língua portuguesa define oposição como: “ato ou efeito de opor-se;
impedimento; obstáculo; objeção; contrate; contestação; impugnação; negação;
resistência; contraposição; protesto; queixa; contradita; desmentido;
obstáculo” (2001, p. 2072). Podemos destacar alguns exemplos de
personagens que sofreram oposições: Moisés (Êx 5.20,20; 14.11,12;
Nm 16.1-3); Isaque (Gn 26.1-35); Davi (1Sm
18.17-19; 2Sm 15.1-13); Jesus (Mt 11.18,19; Mc 3.22; Lc 23.2); e,
Paulo (At 13.45; 14.19,20; 16.22,23).
II.
O CONTEXTO HISTÓRICO DOS REPATRIADOS E A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO
1. O contexto
histórico.
No ano 538 a.C.,
Ciro rei da Pérsia, promulgara um decreto, permitindo aos judeus repatriados voltarem
à pátria para reconstruir Jerusalém e o Templo, cumprindo, assim, as profecias
de Isaías e Jeremias (2Cr 36.22,23; Is 45.1-3; Jr 25.11,12; 29.10-14), e a
intercessão de Daniel a Deus (Dn 9). O primeiro grupo de judeus a voltar a
Jerusalém (aproximadamente 50 mil judeus), havia lançado os alicerces do
novo Templo em 536 a.C., em meio a muita emoção e expectativa (Ed 3.8-10;
6.13-18). No entanto, os samaritanos e outros vizinhos opuseram-se fisicamente
ao empreendimento, desanimando aos trabalhadores de tal maneira, que a obra
acabou por ser interrompida em 534 a.C..
2. O contexto
espiritual.
A indiferença
espiritual do povo generalizou-se, induzindo os repatriados a voltar à reconstrução
de suas próprias casas e abandonar a reconstrução do Templo e se voltando para
outros interesses, de modo que o Senhor enviou seus profetas Ageu e Zacarias em
520 a.C. para incitá-los a renovar seus esforços, no segundo ano de Dario, e,
depois disso, expediu-se um decreto que apoiava a ordem original de Ciro (Ed
5.1,2; 6.1-12). O governador Zorobabel, da tribo de Judá, e Josué (Jesua), o
sumo sacerdote, chefiaram os repatriados que retornaram e entre as primeiras
coisas feitas por Josué e seus irmãos, os sacerdotes, foi a construção dum
altar para a oferta dos sacrifícios diários (Ed 3.1-3) (ELISSEN, 2004, p. 330).
3. O contexto
político.
No ano 536 a.C.,
começou uma grande era para os judeus com a volta do cativeiro e o reinício das
ofertas da aliança em Jerusalém. Mas a pausa na reconstrução por causas
políticas e de uma denúncia acusatória dos vizinhos e inimigos do povo judeu
(Ed 3.8,9; 4.7,8,17-24) esfriou o entusiasmo de todos, e eles se voltaram para
interesses pessoais (Ag 1.4). A reconstrução estava sendo feita por força do
decreto de Ciro, rei da Pérsia que era o representante político do povo (Ed 1.1;
6.3). Os judeus retornaram e o Templo foi restaurado (2Cr 36.22,23; Ed 1.1-4;
5.13,17; 6.3,14; Ed 5.1-6.15).
4. O contexto
cronológico.
O livro de
Esdras resume cronologicamente várias tentativas de interromper os trabalhos de
reconstrução do Templo durante os reinados de: Ciro (Ed 4.1-5); Xerxes
(A tradição judaica identifica-o com o mesmo Assuero do Livro de
Ester. Alguns estudiosos consideram que “Assuero” era um título real que
os monarcas persas recebiam) (Ed 4.6); Artaxerxes (Ed
4.7-23); e, Dario (Ed 4.24). Conhecer a ordem dos acontecimentos
nos ajudará a entender Esdras. Vejamos:
DATA
|
ACONTECIMENTOS
|
538 a.C.
|
Decreto de
Ciro para o retorno dos judeus a fim de reconstruírem o Templo (Ed 1.1).
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537 a.C.
|
Retorno dos
primeiros cativos sob governo de Zorobabel (Ed 2.1,2); e o altar é reerguido
em Jerusalém (Ed 3.6).
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536 a.C.
|
Começa a
reconstrução das fundações do Templo (Ed 3.10).
|
534 a.C.
|
A reconstrução
do Templo é interrompida devido a ameaça dos samaritanos (Ed 4.4-5).
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530 a.C.
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Interrupção
oficial da reconstrução do Templo por ordem de Artaxerxes (Ed 4.6,21).
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521 a.C.
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A ascensão de
Dario ao trono persa (Ed 4.5).
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520 a.C.
|
Retomada da
reconstrução do Templo (Ed 5.1,2; Ag 1.14,15) e decreto de Dario para
conclusão obra (Ed 4.24; 6.8).
|
516 a.C.
|
A conclusão da
reconstrução do Templo possibilitando a observância da festa Páscoa (Ed
6.13-22).
|
III. A RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO E A
OPOSIÇÃO DOS INIMIGOS DO POVO DE DEUS
1. Usaram de
falsidade (Ed 4.2).
Os opositores da
obra de Deus mascararam suas más intenções e mentiram para enganar o povo: “[...]
Deixa-nos edificar convosco, porque como vós, buscaremos a vosso Deus”.
O texto bíblico os chama de “adversários” (Ed 4.1), e esta era a
natureza daqueles homens maus. Seu discurso de compartilhar a mesma fé e
oferecer ajuda, era falacioso (Tt 1.16). Essa conversa que “somos todos
irmãos era uma armadilha maligna” objetivava ganhar a afeição do povo
Deus, para depois “desviar os fracos e atacar a liderança” (1Co
5.11). Os servos de Deus devem apoiar aos líderes contra os opositores (Ed 1.3;
Tt 1.9-11).
2. Forjaram uma
aliança (Ed 4.2).
Provavelmente
foram os samaritanos que fizeram a proposta ao povo de Israel para o estabelecimento
de uma aliança, mas seus intentos eram outros, queriam se infiltrar entre os
judeus para obstruírem a obra que estava sendo realizada: “[...]
Deixa-nos edificar convosco”. Não poderia haver acordo, porque os
inimigos adoravam outros deuses e não se submetiam à Palavra de Senhor (2Rs
17.24-41; ver ainda Ml 3.18; 2Co 6.14-18).
3. Provocaram
desânimo (Ed 4.4).
Outro artifício
dos inimigos do povo foi usar as armas do desânimo (falta de
ânimo, desalento, abatimento), e da inquietação (falta de
sossego, apreensão, aflição): “[...] debilitava as mãos do povo de Judá”.
Devemos reagir contra estes sentimentos, e acreditar na possibilidade da
vitória, na providência divina (Sl 46.10,11; Jo 14.1). A alegria e a força do
Senhor em nós é o fruto de um real avivamento.
4. Semearam
inquietação (Ed 4.4).
Os inimigos não
cuidam das próprias responsabilidades, mas se prontificam em desviarem e
desanimarem aqueles que estavam trabalhando: “[...] e inquietava-os no edificar”.
Em nosso contexto atual essa passagem expõe e desmascara o homem que não
evangeliza, não participa da escola bíblica dominical, não contribui, não honra
a liderança, não frequenta a doutrina, mas tenta a todo custo desencorajar os
que estão trabalhando.
5. Usaram o
suborno e acusação (Ed 4.5).
Os inimigos
deram dinheiro a certos funcionários do governo para que estes atrapalhassem os
planos dos israelitas: “E alugaram contra eles conselheiros para
frustrarem o seu plano [...]”. Depois, acusaram o povo judeu diante dos
governantes da Pérsia, o que resultou na paralisação da obra por dezesseis anos
(Ed 1.7-24). Certamente que durante este período, o povo judeu aguardou um
mover divino em seu favor. Às vezes parece que o Senhor está indiferente à nossa
situação, mas devemos sempre lembrar que Ele está no controle de todas as
coisas (Is 64.4).
6. Usaram de
violência (Ed 4.5).
Eles contrataram
pessoas para os ajudarem a atacar a liderança do povo e os trabalhadores. O
texto diz que fizeram isso: “[...] todos os dias de Ciro até o reinado de
Dario”. A Bíblia ainda diz que: “[...] apressadamente foram eles
a Jerusalém, aos judeus, e os impediram à força de braço e com violência” (Ed
4.23). A igreja não pode ceder diante da persistência de tais homens maus, eles
buscam destruir a igreja (At 20.29), porém, Deus o dono da obra é maior (Mt
16.18).
7. Usaram a
mentiram e a calúnia (Ed 4.6,12,13,16)
Nos dias atuais,
essa velha estratégia ainda é usada: “[...] escreveram uma carta contra
os habitantes de Judá e de Jerusalém”. Os opositores do reino,
maliciosamente recheiam seus discursos de benfeitorias, piedade e humildade
para maquiarem a mentira e a calúnia. Eles tentam descredibilizar os
homens de Deus para fragilizarem as ovelhas. Os opositores da obra de
Deus têm “pressa” de fazer cessar o trabalho dos servos de Deus (Ed 4.23).
V. O QUE FAZER PARA VENCER AS
OPOSIÇÕES
1. Ouvir a voz
de Deus e de seus líderes (Ed 5.1; 6.14).
A primeira coisa
que os repatriados fizeram para vencer as oposições contra a obra de Deus foi
dá ouvidos a voz de Deus e de seus líderes e seguiram suas orientações: “E
os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido, profetizaram aos judeus que estavam
em Judá, e em Jerusalém; em nome do Deus de Israel lhes profetizaram”.
Podemos ver outros exemplos na Bíblia (2Cr 15.1,2; 20.15; 1Tm 1.18).
2. Viver em
união (Ed 5.2).
A segunda
posição que os judeus fizeram foi mesmo em meio as oposições procuraram viver
em união: “[…] e começaram a edificar a casa de Deus, que está em
Jerusalém; e com eles os profetas de Deus, que os ajudavam”. Todos
aqueles que vivem em união amam a obra de Deus (2Tm 4.11).
3. Receber as
bênçãos de Deus (Ed 5.5).
A terceira
atitude que os repatriados experimentaram foi receber as bênçãos de Deus: “Porém
os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus, e não os impediram, até
que o negócio chegasse a Dario, e viesse resposta por carta sobre isso”.
Os servos de Deus são fiéis a sua obra (2Tm 3.10, 4.11; 1Co 16.10; Fp 2.19).
4. Ser voluntário
(Ed 5.8).
A voluntariedade
de espírito foi a quarta ação do povo de Deus: “Seja notório ao rei, que
nós fomos à província de Judá, à casa do grande Deus, a qual se edifica com
grandes pedras, e a madeira já está sendo posta nas paredes; e esta obra vai
sendo feita com diligência, e se adianta em suas mãos”. A
voluntariedade na obra do Senhor é fundamental (Rm 16.3,4; 1Co 16.19).
5. Ser dedicado
(Ed 5.11).
A dedicação dos
judeus também foi uma atitude para vencerem as oposições a obra de Deus: “[…]
Nós somos servos do Deus dos céus e da terra, e reedificamos a casa que há
muitos anos foi edificada [...]” . Os servos de Deus são dedicados a
sua obra (Tt 1.4; 2Co 8.16,17; 2Co 7.13-15).
6. Ter prontidão
(Ed 5.16).
A última atitude
dos repatriados judeus foi a a prontidão em fazer a obra de Deus: “Então
veio este Sesbazar, e pôs os fundamentos da casa de Deus, que está em
Jerusalém, e desde então para cá se está reedificando [...]. Aqueles
que amam a obra do Senhor são sempre disponíveis (2Tm 4.12; Tt 3.12; 2Tm 4.19;
At 18.1-3,24-28).
CONCLUSÃO
Todos nós
estamos sujeitos à enfrentar algum tipo de oposição, principalmente quando
estamos exercendo alguma função de liderança. O arqui-inimigo do povo de Deus
utiliza-se de todos os artifícios possíveis para tentar deter o avanço da obra.
No entanto, aprendemos com Esdras que devemos confiar em Deus, orar, vigiar e
continuar trabalhando (Ne 2.20).
REFERÊNCIAS
Ø BARBER,
Cyril J. Neemias e a dinâmica da
liderança eficaz. Vida. 2010.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. Livro de Neemias,
Integridade e Coragem em Tempos de Crise. CPAD. 2011.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD. 2010
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Neemias o líder que
restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
Ø PACKER,
J. I. Neemias paixão pela fidelidade.
Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD. 1997.
Por Rede
Brasil de Comunicação.