Ed 3.2-5;10-13
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos uma definição
etimológica do termo “altar”;
pontuaremos o altar como uma prioridade na vida dos judeus pós-exílio;
notaremos quais foram às atitudes condizentes com o despertamento espiritual na
vida dos exilados e que também devemos ter como crentes; e, por fim,
comentaremos sobre a importância do altar na vida do cristão.
I. DEFINIÇÃO DO TERMO ALTAR
1.
Conceito do termo.
A palavra altar vem do hebraico “mizbeah”
substantivo masculino que significa: “altar, o lugar de sacrifício”. É uma
palavra bastante comum no AT onde ocorre cerca de 396 vezes, a primeira
ocorrência se encontra em Gênesis 8.20 “[...] E edificou Noé um altar ao Senhor”.
“O altar, de acordo com as Escrituras, era um lugar construído para nele se
oferecerem sacrifícios e holocaustos de animais. Era um testemunho perpétuo, um
favor; sentia-se nele a manifestação divina, significava a presença de Deus,
santificava as ofertas, e era o lugar onde se realizava a comunhão com o Senhor
e por tais razões o altar era respeitado” (CONDE, 1983, pp. 45-46).
II. O ALTAR COMO UMA PRIORIDADE
PÓS-EXÍLIO
1.
A construção do altar (Ed 3.2).
Após o despertamento divino e o
retorno à terra prometida, o remanescente judaico estava diante de um desafio:
a renovação do culto e a reconstrução do Templo em Jerusalém. É importante
destacar, que eles não começaram reconstruindo o Templo ou os muros da cidade,
mas reedificando o altar: “[…] e edificaram o altar do Deus de
Israel” (Ed 3.2). Mais importante que construir o Templo era
restabelecer a verdadeira adoração a Deus e lhes oferecer sacrifícios: “[…]
para
sobre ele oferecerem holocaustos” (Ed 3.2). Abraão tinha marcado sua
chegada naquela terra exatamente do mesmo modo, estabelecendo seu altar ao Deus
que lhe fez promessas (Gn 12.7). Quando há despertamento espiritual na vida de
um crente, o seu maior desejo e prioridade será aproximar-se do altar de Deus
(Tg 4.8). O crente pode até viver sem o templo; mas nunca sem altar (1Rs
18.30).
2.
Em busca do favor de Deus (Ed 3.3).
O altar simbolizava a presença e a
proteção de Deus para os judeus. De acordo com Stamps (2012, p. 713 – acréscimo
nosso) a restauração do altar foi prioridade por duas razões: a) O povo foi motivado, pelo menos em
parte, a edificar o altar, por causa do perigo representado pelos ‘povos da
terra’ (v.3). Esses israelitas sabiam que Deus os protegeria do mal, somente à
medida que se achegassem a Ele, com fé e obediência (Êx 19.5; 29.43); e, b) Demonstrava também o propósito
primordial deles como reino sacerdotal de oferecer sacrifícios ao Senhor como
fora determinado na lei por Moisés (Ed 3.2; Êx 19.6; 27.1; Dt 12.4-7). Sempre
que buscamos ao Senhor, alcançamos o seu favor e misericórdia (Hb
4.16).
III. ATITUDES CONDIZENTES COM O
DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
1.
A unidade do povo.
O texto relata que a comunidade
inteira tinha uma só mente, ou seja, havia unanimidade naquele projeto: “o
povo se ajuntou como um só homem” (Ed 3.1). Este ajuntamento se deu na
praça diante da “Porta das Águas” (Ne
8.1). A unidade do povo foi de fundamental importância para que o altar, o
Templo, e a cidade fossem reconstruídos. Este exemplo do passado nos ensina que
a unidade de propósitos torna possível a bênção de Deus e nos capacita a
realizar sua obra mesmo em tempos de crises como vivenciado pelos judeus pós-exílio.
Quando vivemos em união o óleo e o orvalho, símbolos do Espírito Santo são derramados
sobre nós trazendo bênção e vida: “[…] porque ali o Senhor ordena a
bênção e a vida para sempre” (Sl 133.3).
2.
A presença de Deus era prioridade.
A decisão de construir primeiro o
altar é uma demonstração do quanto estavam preocupados em colocar Deus em
primeiro plano (Ed 3.2). Onde se tem altar, tem adoração e a presença de Deus é
manifestada. Às vezes se faz necessário uma limpeza na nossa vida para que a
presença de Deus seja manifesta. Assim foi com Jacó quando Deus o apareceu e
lhe disse: “levanta-te, sobe a Betel e habita ali; faze ali um altar ao Deus que te
apareceu quando fugiste diante da face de Esaú, teu irmão” (Gn 35.1).
Todavia, para Jacó experimentar uma renovação espiritual em sua vida, foi
necessário uma mudança radical na sua casa: “tirai os deuses estranhos que há
no meio de vós, e purificai-vos, e mudai as vossas vestes” (Gn 35.2).
Ao edificar o altar, Jacó chama aquele lugar de El-Betel que significa o “Deus da casa de Deus” (Gn 35.7). Quando
Deus é prioridade na vida do crente, não há espaço para deuses estranhos
(Jz 6.24-26; 1Rs 18.21; Mt 6.24).
3.
Consagração total.
Com o altar edificado, agora se podia
oferecer holocaustos ao Senhor: “[…] e ofereceram sobre ele
holocaustos ao Senhor, holocaustos de manhã e de tarde” (Ed 3.3). A
palavra hebraica traduzida como holocausto é: “olah”, e significa
literalmente: “aquilo que vai para cima”. O dicionário Vine (2002, p. 692),
lembra que no grego o termo advém de: “holokautõma” (Mc 12.33; Hb 10.6,8) e
que denota: “oferta queimada por inteiro”, formado de “holos”, “inteiro”,
e “kautos”,
em lugar de “kaustos”, adjetivo verbal de “kaiõ”, que quer dizer: “queimar”.
Também chamada de oferta queimada, era inteiramente consumida sobre o altar com
exceção da pele e entranhas dos animais (Lv 1.9;1.16; 6.9; 7.8). Era o único
sacrifício regularmente estabelecido para o culto no santuário e era oferecido
diariamente, de manhã e à tarde por isso era chamado de o sacrifício “tãmíd”,
ou seja, perpétuo, contínuo (Ed 2.3-5; Êx 29.38-42). Vejamos duas verdades
sobre o holocausto que se aplica a vida cristã:
A) Holocausto fala da nossa entrega
total a Deus.
Na oferta de holocausto o adorador
deveria colocar a mão sobre o animal a ser sacrificado (Lv 1.4) gesto que
simbolizava duas coisas: a) a
identificação do ofertante com o sacrifício; e, b) a transferência de algo para o sacrifício. No caso do
holocausto, o ofertante estava dizendo: “Assim como esse animal é entregue
inteiramente a Deus no altar, também eu me entrego inteiramente ao Senhor”.
Devemos entregar por completo a nossa vida no altar de Deus como sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1).
B) Holocausto fala de um ato contínuo.
Como já vimos, o holocausto era um
sacrifício contínuo (Nm 28.6) e deveria ser apresentado de manhã e à tarde (Ed
3.3; Êx 29.39). Os judeus construíram o altar para ser usado, e assim, o
fizeram (Ed 3.3-5). Altar sem sacrifício, não tem valor. O apóstolo Pedro nos
exorta a: “oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo”
(1Pe 2.5). Diariamente o crente deve se preocupar com a manutenção do seu altar
(Lv 6.10-13;), e oferecer seu sacrifício a Deus, somente assim: “O
fogo arderá continuadamente sobre o altar, não se apagará” (Lv 6.13).
4.
Consciência da dependência divina.
O momento de renovação que os judeus
estavam vivendo incluía o reinício da celebração das antigas festas, que faziam
de Israel um povo distinto. E assim aconteceu com a celebração da festa dos
tabernáculos (Ed 3.4). Esta festa era um ajuntamento anual quando os judeus
habitavam em cabanas (tendas) por sete dias para rememorar sua libertação do
Egito, e peregrinação pelo deserto até a terra prometida num tempo em que não
tinham habitação permanente (Lv 23.33-44). Assim como a festa dos tabernáculos
lembrava os judeus a sua dependência de Deus, devemos reconhecer a nossa
dependência constante do Senhor Jesus: “[…] porque sem mim nada podereis
fazer” (Jo 15.5).
IV. A IMPORTÂNCIA DO ALTAR NA VIDA DO
CRENTE
Os judeus quando retornaram do
cativeiro babilônico entenderam que sua maior necessidade era restabelecer a
sua comunhão com Deus, e para isto, imediatamente reconstruíram o altar
colocando-o em suas bases, retomando desta forma as ofertas de holocausto ao
Senhor. Esta atitude nos ensina que o altar deve ser uma prioridade em nossas
vidas. Observemos algumas verdades sobre o altar na vida do crente:
1.
O altar é um lugar de oração.
Vários personagens da Bíblia edificaram
“altares”
ao Senhor com o propósito de invocar o nome do Senhor como por exemplos: a) Abraão (Gn 12.8; 13.4); b) Isaque (Gn 26.25); e, c) Jacó (Gn 35.1,7). O altar da oração
jamais deve ser negligenciado pelo crente. Quando falta oração, falta também
unção, graça, temor de Deus e o crente se torna presa fácil para o diabo (Mt
26.41; Lc 22. 31-38). O sacerdote todos os dias deveria oferecer holocaustos no
altar, assim também deve ser a nossa vida de oração (Lc 18.1; Ef 6.18; 1Ts
5.17).
2.
O altar é o lugar do encontro com Deus.
O altar do holocausto era um lugar de
encontro de Deus com o homem: “[…] onde vos encontrarei para falar contigo
ali” (Êx 29.42). Não há privilégio maior para o salvo de que desfrutar
da comunhão com Deus. Se houver em nós disposição para “oferecer sacrifícios espirituais”
(1Pe 2.5), Deus sempre virá ao nosso encontro. Neste encontro ouvimos a sua
voz: “[…] vos encontrarei para falar contigo ali” (Êx 29.42) e
recebemos a sua bênção: “[…] virei a ti e te abençoarei” (Êx
20.24).
3.
O altar é um lugar de santidade e devoção a Deus.
Deus exigia dos sacerdotes santidade
diante do altar (Êx 29.44). Uma das orientações que Moisés recebeu de Deus
sobre o altar, era que nele não deveria existir degraus (Êx 20.26). Esta
orientação visava proteger os sacerdotes de expor sua nudez aos olhos do povo.
O Senhor quando apareceu a Gideão exigiu dele que antes de construir um altar a
Deus, deveria primeiro derribar o altar de Baal que pertencia a seu pai (Jz
6.25,26). O altar é um lugar de santidade e devoção ao Senhor (Rm 12.1). Deus
nunca receberá o sacrifício de um altar imundo e profano, é necessário separar
o precioso do vil (Jr 15.19; Is 1.11-16; Ml 1.6-14; 2Co 6.14-18).
CONCLUSÃO
Aprendemos com esta lição que todos os
despertamentos genuínos que a Bíblia apresenta começaram com a restauração do
altar (1Rs 18.16-40; 2Cr 29.3,27-28; 2Rs 16.10-12). Quando os judeus voltaram
do cativeiro, construíram o altar sobre as suas antigas bases, do modo como
manda a lei (Ed 3.3) e sacrificaram holocaustos ao Senhor mostrando assim, um
verdadeiro despertamento espiritual. A alegria foi grande entre os judeus, pois
podiam de novo sacrificar a Deus, e celebrar a festa dos tabernáculos.
REFERÊNCIAS
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD. 1997.
Ø LOPES, Hernandes Dias. Neemias
o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
Ø RENOVATO, Elinaldo. Neemias
integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
Ø PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade.
Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Ø HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa.
São Paulo: OBJETIVA. 2001.
Ø VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. Rio de
Janeiro: CPAD. 2002.
Ø WIERSBE, Warren W. Comentário
Bíblico Expositivo do Antigo Testamento. PDF.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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