Dn 9.1-3; 6.10;
2.17-19; Ed 1.1-5
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos a definição etmológica da palavra “despertamento”; pontuaremos o
despertamento espiritual nos livros de Daniel, Esdras e Neemias; estudaremos
quais os elementos do despertamento espiritual, e por fim; elencaremos o
despertamento espiritual na Bíblia.
I. DEFINIÇÃO DO TERMO
DESPERTAMENTO
1. Significado
etimológico da palavra.
Segundo o
dicionarista Antônio Houaiss (2001, p. 1010) o termo despertamento significa:
“ato ou efeito de despertar; fortalecimento comunitário da fé; sair do estado
do sono ou dormência; acordar; sair da condição de inércia; readquirir força;
sair do estado de inatividade; de prostração; passar a ter vigor; abandonar a indiferença;
retorno à consciência”.
II. O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL NO
LIVRO DANIEL
O povo de Judá
não cumpriu a lei do Senhor e, apesar das múltiplas manifestações dos profetas
bem como os castigos mandados por Deus não houve arrependimento (Lv 26.14-45;
Dt 28.15-68). O Senhor condicionou a posse da terra de Canaã para Israel à
observância da lei (Dt 27; Js 8.30-35). Ele levantou o profeta Jeremias que,
durante 40 anos, profetizou que o povo seria levado cativo para a Babilônia e
que a terra ficaria deserta por 70 anos (Jr 25.11; 29.10). Apenas uma parte da
população de Judá deu ouvidos ao profeta (2Cr 34.29-35.19; Jr 24), e por isso,
veio o cativeiro como punição divina. Vejamos o que Daniel fez por um
despertamento:
1. Daniel
intercedeu por um despertamento espiritual.
Daniel ao
verificar que se estava na iminência de se dar a conclusão dos setenta anos do
cativeiro (2Cr 36.21; Jr 25.11; 29.10; Dn 9.2; Zc 1.12), dirigiu seu rosto ao
Senhor para o buscar com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza (Dn
9.3). Daniel tinha uma vida devocional de oração e estudo da palavra de Deus
(Dn 6.10; 9.1).
2. Daniel fez
confissão suplicando um despertamento espiritual.
Daniel orou ao
Senhor e fez confissão de seus pecados e iniquidades, admitindo a rebeldia
contra o Senhor e o afastamento de seus mandamentos e juízos (Dn 9.4,5). Todo
este avivamento começou bem antes com a resolução do profeta Daniel de buscar a
Deus, de abrir a sua janela em direção ao que tinha sido o templo de Jerusalém
(Dn 6.10), como mandavam as prescrições (1Rs 8.46-53; 2Cr 6.34-39). Não há
avivamento se não houver arrependimento dos pecados e conversão (2Cr 7.14).
3. Daniel
recebeu resposta da súplica por um despertamento espiritual.
As estruturas da
Babilônia foram abaladas, e chegou o tempo da visita de Deus (Is 43.13; 14.27;
46.10). Ciro atacou a Babilônia e se cumpriu o que disse o profeta Isaías (Is
45.1-3).
III. O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
NO LIVRO DE ESDRAS
Vejamos no
contexto de Esdras o que o despertamento espiritual causou:
1. Separação
entre o sagrado e o mundano.
Deus orientou
Ciro a restituir ao povo de Israel os utensílios que Nabucodonosor havia
retirado da Casa do Senhor, pois o avivamento promove a distinção entre o sacro
e o profano, afastando o povo santo do mundo pecaminoso (Ed 1.7,8; Jr 15.19).
2. Despertamento
para uma maior comunhão com Deus.
Ao surgir a
oportunidade de retornarem à terra prometida e restaurar o culto ao Senhor, bem
como reconstruir o Templo, que havia sido destruído por Nabucodonosor, o
coração de muitos se alegraram em Deus (Ed 1.5 ver ainda 1Rs 18.41,44).
3. Sensibilidade
à direção do Espírito de Deus.
Após anos no
cativeiro, o povo recebe a permissão para voltar à sua terra (Ed 1.1-11).
Muitos assim retornaram por entender ser esta a vontade e a direção de Deus
para suas vidas (Ed 2.1). Observamos, no entanto, que outros permaneceram na
terra do exílio (Ed 1.4). Para experimentar um avivamento em sua vida, o crente
precisa estar disposto a mudanças, sejam elas de comportamento, familiares,
conjugais ou sociais, porque nem sempre estamos trilhando o caminho desejado
por Deus para o nosso viver (2Rs 22.11; Ne 9.1-3)
IV. O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL NO
LIVRO DE NEEMIAS
Vejamos no
contexto de Neemias o que o despertamento espiritual causou:
1. Ajuntamento
espontâneo para ouvir a Palavra de Deus.
O povo não se
reuniu a procura de nenhum outro interesse, a não ser, a verdadeira busca pela
Palavra do Senhor de forma voluntária e espontânea (Ne 8.1).
2. Ajuntamento
coletivo para ouvir a Palavra de Deus.
Todo o povo,
homens, mulheres, crianças e idosos, reuniram-se para buscar a Palavra de Deus.
Ninguém ficou de fora, mas todos unânimes buscaram ao Senhor (Ne 8.2,3).
3. Ajuntamento
harmonioso para ouvir a Palavra de Deus.
“Todo o povo se
juntou como um só homem”. Não havia apenas ajuntamento, mas comunhão. Todos sem
nenhuma divisão, contendas, brigas ou rinchas buscaram ao Senhor (Ne 8.1).
4. Ajuntamento
proposital para ouvir a Palavra de Deus.
O povo decidiu
buscar ao Senhor. O propósito do povo era ouvir a Palavra de Deus. Eles tinham
sede da Palavra. Eles tinham pressa de ouvir a Palavra (Ne 8.1). Os grandes avivamentos
da história foram produzidos pela Palavra de Deus […] (Ne 8.6; 2Cr 7.3; 2Cr
20.18; 2Cr 17 7-9; Hc 3.2; At 4.20,29; 5.29). A leitura, a explicação e a
aplicação da Palavra trouxeram choro pelo pecado (2Rs 22.11; Ne 9.1-3; Ed 8.21-23;
7.10; 10.1) e alegria de Deus na vida do povo (LOPES, 2006, p.145).
V. ELEMENTOS DO DESPERTAMENTO
ESPIRITUAL
Nos dias de Esdras
e Neemias o povo de Deus experimentou um grande avivamento. Vejamos quais
elementos de um verdadeiro despertamento espiritual aconteceu com o povo:
1. Oração
sincera.
Esdras foi o
comandante do segundo grupo de judeus que retornaram à Palestina após o
cativeiro babilônico. Ele entendeu que qualquer projeto para um
despertamento espiritual do povo de Deus inicia com oração (Ed 8.21-23).
Todos devem clamar por um avivamento poderoso, glorioso e soberano, oriundo de
Deus para nossas vidas (Ed 9.1-5). Todos os despertamentos da Bíblia e da
história da igreja foram marcados e conservados pela oração, jejum, arrependimento,
confissão, quebrantamento de espírito, humilhação e santidade (Ed 10.6; Ne
1.4-11).
2. Adoração
sincera.
Antes do
cativeiro, o povo de Deus havia recebido orientações sobre a maneira como
adorar ao Senhor (Dt 27; Js 8.30-35). Após o cativeiro, no período da
reconstrução, quando experimentavam um despertamento espiritual na nação
louvaram a Deus, pois a verdadeira adoração é parte essencial na vida
daqueles que são alcançados por um grande mover espiritual (Ed
3.10,11).
3. Meditação
sincera.
A Palavra de
Deus, que é poderosa, penetrante e renovadora, é o grande agente divino para o avivamento.
Todo e qualquer clamor por um despertar divino, seja ele coletivo ou
individual, não pode ocorrer sem que tenha base na Palavra de Deus (Ed
7.10). É ela quem quebranta os corações, que expõe o pecado e nos leva ao reconhecimento
da necessidade urgente de uma volta ao Deus (Ne 8.5-12).
4. Temor
sincero.
Sem um
avivamento contínuo em sua vida, o cristão perde, aos poucos, o temor ao
Senhor, a repulsa pelo pecado e torna-se insensível ao Espírito Santo (Ed
10.1).
VI. O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL NA
BÍBLIA
1. O Antigo
Testamento.
O AT descreve
diversos avivamentos que ocorreram no meio do povo de Deus, tais como: no reinado
de Asa (2Cr 15.1-15); no reinado de Joás (2Rs 11 e 12); no reinado de Ezequias
(2Rs 18. 4-7); no reinado de Josias (2Rs 22 e 23); nos dias de Esdras e Neemias
(Ne 8.1-18; 9.1-38), além de outros. Todos eles ocorreram em momentos de crise
moral e espiritual, e tiveram como resultado:
v Retorno
do culto ao Senhor (2Cr 15.8; 2Rs 23.21-23; Ne 8.13-18);
v Destruição
dos ídolos e o fim da idolatria (2Cr 15.8; 2Rs 18.4; 23.4-20);
v Arrependimento,
confissão e abandono do pecado (2Rs 22.11; Ne 9.1-3);
v Entrega
de ofertas e holocaustos ao Senhor (2Cr 15.11; 2Rs 11.11; 22.4-7);
v Prosperidade
espiritual (2Rs 18.6; 23.25); oração sincera (Ed 8.21-23) e busca pela Palavra
de Deus (Ed 7.10);
v Temor
ao Senhor (Ed 10.1) e louvor sincero a Deus (Ed 3.10,11);
v Reverência
Palavra de Deus (Ne 8.3,5,8,18) e genuíno culto ao Senhor (Ne 8.6; 2Cr 7.3; 2Cr
20.18; 2Cr 17 7-9);
v Busca
verdadeira ao Senhor e quebrantamento (Ne 8.9).
6.2 No Novo
Testamento.
As experiências
vividas na Igreja Primitiva nos revelam o que acontece quando a igreja é avivada.
Vejamos:
v Pregação
do Evangelho com ousadia (At 4.20,29; 5.29);
v Conversões
de almas (At 2.14-42; 5.14; 8.12; 11.21);
v Batismo
com o Espírito Santo (At 8.14-17; 10.44-46; 19.1-6);
v Milagres,
prodígios e maravilhas (At 3.6-9; 8.5-8; 9.32-42);
v Dedicação
a obra missionária (At 1.8; 13.1-4).
CONCLUSÃO
Nesta lição
aprendemos que Deus é o mais interessado que a Igreja seja avivada.
Despertamento espiritual não é sair da rota, é voltar para o caminho. Não é
inovação, é restauração; não é fuga da Bíblia, é volta para a Bíblia. Por estas
e outras razões, mais do que nunca, devemos clamar como o profeta Habacuque: “aviva,
ó Senhor, a tua obra no meio dos anos...” (Hc 3.2).
REFERÊNCIAS
ü LOPES,
Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo:
Hagnos, 2006.
ü RENOVATO,
Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. Rio de
Janeiro: CPAD, 2011.
ü PACKER,
J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
ü HOUAISS,
Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA. 2001.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD. 1997.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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