Ef 6.10-20
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos sobre a realidade da batalha espiritual; elencaremos à luz da
Bíblia os inimigos comuns ao crente nesta guerra diária; destacaremos também o
ensino bíblico sobre a armadura de Deus; e, por fim, analisaremos os elementos
que compõe esta armadura.
I. A REALIDADE DA BATALHA
ESPIRITUAL
1. Ignorar.
Infelizmente não
são poucos os cristãos que ignoram que estamos numa batalha espiritual contra
os seres demoníacos. Alguns ignoram por falta de conhecimento, outras porque
preferem não acreditar. Ignorar o diabo não o fará deixar de existir e de
investir contra nós. Acerca disso Paulo diz: “Porque não ignoramos os
seus ardis” (2 Co 2.11). Pedro também afirmou que: “o
diabo […] anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1
Pe 5.8 veja ainda 1 Co 7.5; Ef 6.16; 1Ts 2.18; Ap 12.17). Embora, haja anjos
decaídos que estão presos (2 Pe 2.4; Jd v.6); há outros que estão soltos, como
agentes de Satanás, sob o seu domínio e controle (Ef 2.2; Αp 12.7).p 12.7).
2.
Supervalorizar.
Enquanto uns
ignoram a realidade do inimigo das nossas almas, há outros que cometem pelo
menos dois erros: a) atribuem tudo ao diabo. Embora Satanás seja um
causador de males aos homens na terra, há males que sobrevêm ao homem por causa
do seu pecado (Rm 5.12; Lm 3.39), e outros que são enviados por Deus como
punição (Gn 6.5,17; 2 Cr 7.13); e, b) acham que o diabo é tão poderoso
quanto Deus. É bom dizer que embora o diabo tenha certo poder (At 26.18;
2Ts 2.9), pois foi um ser angelical de destaque no mundo espiritual (Is
14.12-19; Ez 28.14,15), ele não pode agir de forma autônoma, pois esteve e
sempre estará sob o controle de Deus (Jó 1.11,12; Mc 5.9,10; Lc
22.31). O diabo e seus anjos já foram derrotados por ocasião do sacrifício de
Cristo (Gn 3.15; Cl 2.15). No entanto, a consumação de sua derrota está por
vir, quando definitivamente será sentenciado ao castigo eterno (Is 14.15; Mt
25.41; Ap 20.10).
3. Ser moderado.
Que existe um
reino tenebroso, diabólico, organizado no mundo espiritual (Ef 6.12)
influenciando as nações e os povos para o mal em todos os sentidos, está
patente na Bíblia: “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Jesus,
por diversas vezes chamou o diabo de “o príncipe deste mundo” (Jo
12.31; 14.30; 16.11); Paulo de “[…] o deus deste século cegou os entendimentos
dos incrédulos […]” (2 Co 4.4). Ele também falou do “príncipe das
potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência” (Ef
2.2). No entanto, a Bíblia também diz que, por ocasião do sacrifício de Cristo
que, esmagou a cabeça da serpente (Gn 3.15), e despojou os principados e
potestades, quando triunfou deles na cruz do Calvário (Cl 2.15), sua atuação
ficou ainda mais restrita no mundo, pela presença do Espírito Santo e da igreja
(2Ts 2.7). A esta Igreja, o Senhor Jesus concedeu poder e autoridade sobre os
demônios e todo poder do maligno (Mc 16.17; Lc 10.19); de forma que “as portas
do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
II. OS TRÊS INIMIGOS DO CRISTÃO
NA BATALHA ESPIRITUAL
1. A carne.
O primeiro
inimigo é a “carne” (Rm 6.19-a; 7.18) do grego: “sarx”.
A natureza carnal, a velha natureza que herdamos de Adão depois da Queda (Gn
6.12), uma natureza que se opõe a Deus e que não é capaz de fazer qualquer
coisa espiritual para agradar ao Senhor (Gl 5.19-21). A carne refere-se à nossa
natureza caída às vezes chamada de “velho homem” (Rm 6.6, Ef 4.22;
Cl 3.9) que surgiu desde a desobediência no Éden (Rm 3.10-12).
2. O mundo.
A Bíblia ensina
que não devemos amar ao mundo, pois ser amigo do mundo é ser “inimigo de
Deus” (Tg 4.4). O mundo aqui do grego: “kosmos” não é o
planeta Terra onde vivemos, mas, é o presente século mau, o grande sistema do
mal ao redor de nós (Gl 1.4; 6.14), que é governado por um príncipe (Jo 14.30;
2Co 4.4). É o governo mundial de rebelião contra Deus, e que se opõe ao Senhor
Jesus e satisfaz: “a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos
e a soberba da vida” (1Jo 2.15-17). É sobre este mundo que a Bíblia
fala que jaz no maligno (1Jo 5.19).
3. O diabo.
O terceiro
grande adversário do homem é o próprio diabo que é o: “príncipe das
potestades do ar” (Ef 2.2). Ele rege os negócios deste mundo mau, e seu
grande objetivo é contrariar a vontade e o programa divino no mundo, na Igreja
e no crente. Mas, por meio de sua morte e ressurreição, Cristo venceu a carne
(Rm 6.1-6; Gl 2.20); o mundo (Jo 16.33; Gl 6.14); e o diabo
(Ef 1.19-23) (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 74).
III. ATITUDES QUE DEVEMOS TER EM
RELAÇÃO A ARMADURA DE DEUS
1. Conhecer a
armadura.
Houaiss (2001,
p. 802) diz que conhecer é: “perceber e incorporar algo; ficar sabendo;
adquirir informações sobre; tomar ou ter consciência de; estar familiarizado
com; ter ideia bastante exata sobre; experimentar; dar-se conta de”. Contra os
inimigos espirituais não podemos lutar de “qualquer jeito”, nem com “qualquer
arma”, nem tampouco usarmos “armadura humana”. Uma vez que lutamos contra
inimigos na esfera espiritual e imaterial, precisamos conhecer nossas armas
espirituais (2 Co 10.3-5), pois Deus nos supriu com elas, e não devemos deixar
parte alguma de fora (Ef 6.10). Alguns estão sendo derrotados porque não tem
dado a devida importância a estas armas espirituais, e por isso, estão sendo “[…]
vencidos por Satanás” (2 Co 2.10-c; Ef 4.27; 1 Pe 5.8).
2. Revestir-se
da armadura.
Segundo o
dicionário da língua portuguesa, a palavra revestir é: “vestir mais uma vez;
vestir de novo; cobrir-se com adornos; recobrir; tornar firme, estável e
resistente algo aplicando-lhe um revestimento para enfrentar situação adversa;
armar-se” (2001, p. 2453). No grego a palavra “revestir” é “enduo” que
quer dizer: “entrar em uma roupa, vestir duas vezes”. A ideia deixada pelo
apóstolo Paulo é que este revestimento serve para “estar firmes” (Ef
6.11), de onde vem a palavra: “histemi” que significa: “ficar
de pé, tornar firme, fixar, manter-se no lugar, permanecer imóvel, continuar
seguro, ileso, permanecer preparado, ter uma mente firme, alguém que não
hesita, que não desiste”. Só assim podemos vencer “as astutas
ciladas do diabo”.
IV.
OS ELEMENTOS DA ARMADURA DE DEUS
1. O cinto da
verdade.
Satanás é um
mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44), mas o cristão cuja vida é controlada pela
verdade o derrotará: “Estai, pois, f irmes , tendo cingidos os vossos
lombos com a verdade […]” (Ef 6.14-a). O termo “cingidos” do
grego “perizonumi” também usado pelo apóstolo traz a ideia de
prender as vestes com um cinturão, cobrir-se. Já as palavras “lombos” vem
da expressão: “osphus” que fala do quadril lugar onde os hebreus
achavam que o poder generativo residia por causa do sêmen (partes geradoras de
vida), e “verdade” do grego: “aletheia” fala de
algo verdadeiro, sinceridade de mente. A verdade e a mentira são opostas (1Jo
2.21). A verdade, como as outras peças da armadura, é na realidade um aspecto
da natureza do próprio Deus. Cingir-se com o cinturão é cingir-se de Cristo,
pois Cristo é a “verdade” (Jo 14.6) (HANEGRAAFF, 2005, p, 53).
2 A couraça da
justiça.
Couraça é uma
armadura defensiva que cobre o peito e as costas onde ficam os órgãos vitais
como o coração e o pulmão. Uma couraça protegia um guerreiro contra um golpe
fatal contra estes órgãos importantes como o coração e os pulmões: “[…] e
vestida a couraça da justiça” (Ef 6.14-b). O peitoral, que consistia de
duas partes, chamadas “asas”. A primeira cobria a região inteira
do peito, a parte frontal do tórax e a outra cobria a parte das costas. A
palavra “couraça” vem do grego: “thorax”. Um dos “órgãos” que o
inimigo mais ataca é o nosso coração. Por isso, precisamos guardá-lo, porque
dele procedem as fontes da vida (Mt 6.21; Mc 12.30). Não guardar o coração pode
gerar marcas e sequelas: “Escondi a tua Palavra no meu coração, para não
pecar contra ti” (Sl 119.11).
3. Os calçados
do evangelho da paz.
As chamadas “grevas”
eram os calçados como botas que protegiam os soldados do joelho para baixo. Os
pés são a base do corpo; dão sustento e levam o corpo ao seu destino, e isso
fala-nos por onde andemos. Os soldados romanos usavam sandálias com cravos na
sola para dar mais apoio aos pés durante a batalha, a fim de “resistir” e
de “permanecer inabaláveis”. Calçar os pés com a preparação do
evangelho da paz representa dizer que devemos ir preparados e treinados andando
em santidade de vida (Mt 28.18-20; Gl 1.6-7,11). Paulo fala da preparação dos
pés para o conflito espiritual (Ef 6.15). Às vezes o inimigo na antiguidade
colocava obstáculos perigosos no caminho dos soldados que estavam avançando. Por isso, Paulo
usa a expressão: “hupodeo” que significa: “calçar, amarrar,
colocar calçado”. Os nossos pés são muito importantes para Cristo, pois é
através deles que vamos pisar no território do inimigo. Se calçarmos as
sandálias do evangelho, teremos os “pés formosos” (Is 52.7; Rm
10.15). Somos embaixadores da paz (2 Co 5.18-21) e, como tais, levamos o
evangelho para ganharmos almas.
4. O escudo da
fé.
O escudo mencionado
nessa passagem é um escudo grande que protegia a maior parte do corpo do
soldado. Vale lembrar que, numa batalha em campo aberto, os soldados ficam mais
protegidos dos dardos lançados pelo inimigo, quando se juntam fazendo seus
vários escudos parecerem um só. O apóstolo nos diz: “Tomando sobretudo o
escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno”
(Ef 6.16). A expressão “dardo” vem do grego “bélos” e
significa: “míssil, flecha, lança”. O dardo era atirado contra o inimigo ainda
à distância. Os dardos inflamados podem ser uma cilada, uma armadilha; uma
astúcia, esperteza e engano. O termo “inflamados” vem do grego: “puroo”
que é: “repleto de fogo, incendiado, carregados com substâncias inflamáveis”.
Pelo escudo da fé, podemos vencê-lo (1Jo 5.4-5).
5. O capacete da
salvação.
Satanás deseja
atacar nossa mente, e foi assim que derrotou Eva (Gn 3; 2 Co 11.1-3). O
capacete da salvação refere-se à mente controlada por Deus: “Tomai também
o capacete da salvaçã o […]” (Ef 6.17-a). Quando
Deus controla a mente, Satanás não consegue fazer o cristão se desviar
(WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 76). O capacete, que protegia a cabeça, era feito de
várias formas e de vários metais. O capacete da salvação protege nossa mente
das mentiras do diabo e das influências do mundo (Rm 12.2). A cabeça é o membro
que comanda o nosso corpo, e se esta apresentar fraqueza, tudo estará perdido.
O capacete guardará nossa mente de ser atingida pelo inimigo (Ef 4.14).
6. A espada do
Espírito.
Enquanto o resto
da armadura é em sua natureza armas de defesa, aqui se encontra a única
arma de ataque na armadura de Deus. A espada, que tinha várias formas e
dimensões, eram feitas de vários tipos de metais. Esse é o símbolo usado por Paulo
para indicar a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada (Ef 6.17b). O escritor aos
hebreus também afirmou isso (Hb 4.12). Pedro tentou usar a espada para defender
Jesus no Getsêmani (Lc 22.47-51), mas, em Pentecostes, aprendeu que a “espada
do Espírito” é muito mais poderosa (At 2.14-41). Cristo usou a espada
do Espírito e derrotou o inimigo (Lc 4.1-13). Moisés também tentou conquistar
pela espada, mas descobriu que a Palavra de Deus, por si mesma, era suficiente
para derrotar o Egito (Êx 2.11-15 (WIERSBE, 2007, vol. 2, p. 77).
CONCLUSÃO
Em certo
sentido, a “armadura de Deus” é uma imagem de Jesus Cristo. Ele é
a Verdade (Jo 14.6); Ele é nossa justiça (2 Co 5.21) e nossa paz (Ef 2.14). Ele
é fiel (Gl 2.20); é nossa salvação (Lc 2.30); e, é a Palavra de Deus (Jo
1.1,14). Isso significa que, quando aceitamos a Cristo, também recebemos a
armadura. No momento da salvação, vestimos a armadura de uma vez por todas. No
entanto, devemos nos apropriar dela cada dia (Rm 13.12).
REFERÊNCIAS
Ø SOARES,
Ezequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual. RJ: CPAD, 2018.
Ø SOARES,
Ezequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RJ:
CPAD, 2017.
Ø WIERSBE,
W. W (Trad. Susana Klassen). Comentário Bíblico Expositivo NT. SP:
GEOGRÁFICA, 2007.
Ø HANEGRAAFF
Hank (Trad. Marta Andrade). Armadura Espiritual. RJ: CPAD, 2005.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário