Ed 1.1-7; Ne 1.1-3
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos sobre o que significa o termo despertamento exegeticamente e
biblicamente; destacaremos também características que apontam para necessidade
dessa renovação espiritual; elencaremos as razões pelas quais podemos
considerar o despertamento espiritual como um milagre; e por fim, pontuaremos
alguns resultados deste milagre de Deus chamado avivamento.
I.
O QUE É DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
1.
Definição exegética.
O termo
despertamento no AT advém de expressões como: “yaqats, qun, iur” que
querem dizer respectivamente: “agitar, despertar, acordar, incitar, ser
despertado, ficar de pé, estar entusiasmado, estar triunfante, agir como quem
está acordado, está ativo” (Gn 9.24; 49.9; Ed 1.1,5). No NT a palavra
despertamento, aparece como a tradução de termos como: “exupnizo, diegeiro, egeiro”,
que dizem respeito a: “acordar, despertar a mente, fazer ativo,
fazer levantar, fazer nascer” (Jo 11.11; Rm 13.11; Ef 5.14).
2.Definição
bíblica.
À luz das
Escrituras, o despertamento espiritual faz alusão a mudança de ânimo de uma
pessoa quanto ao interesse acentuado pelas coisas de Deus (Cl 3.1), por viver
uma vida pautada na vontade do Senhor, ocorrendo uma verdadeira mudança
interior, demonstrada pela vida prática (Rm 12.1,2; 2 Co 5.17). Em relação à igreja,
esse avivamento é a restauração do primeiro amor dos cristãos, resultando no
despertamento, arrependimento e na busca incessante pela presença de Deus (Ap
2.4,5).
II.
A NECESSIDADE DE UM DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
Em 606 a.C.
Nabucodonosor levou cativo os judeus para a Babilônia. O cativeiro durou 70
anos de 606 a 536 a.C. (Jr 25.12; 29.10). Embora alguns durante o exílio tenham
desfrutado de oportunidades destacadas como Daniel e seus amigos (Dn 1.18-21;
2.48,49; 3.12,30; 6.1-3), outros, porém, amargaram sérias dificuldades
caracterizando situações que apontam para a necessidade urgente de uma
renovação espiritual, moral e material. Vejamos:
1.
Ausência de entusiasmo.
Por estarem
detidos em Babilônia os judeus exilados tinham perdido o fervor espiritual
negligenciando práticas que precisam ser conservadas pelos autênticos servos de
Deus (Sl 137.1-3). A falta de entusiasmo, portanto, aponta para a necessidade
de um despertamento espiritual. Quando se perde o prazer de se adorar a Deus
(Ml 1.10-13), quando não há alegria em contribuir para a obra de Deus (Ag
1.1-6; 2 Co 9.7), são sinais de um esfriamento na vida devocional, uma vez que
a recomendação bíblica para o crente é que este seja fervoroso (Rm 12.11).
2.
Ausência do lugar da adoração.
O lugar que
tinha a centralidade da verdadeira adoração, símbolo da religiosidade judaica
tinha sido destruído e até então, permanecia assim (Ed 1.2). No passado, alguns
dos judeus haviam perdido o valor de se estar no templo, apresentando-se muitas
vezes apenas para cumprir um ritual (Ml 1.6-8), mas, sem a essência da
verdadeira adoração (Os 6.6; Sl 51.17), por esta e outras razões, Deus permitiu
a destruição do templo de Jerusalém (Dn 1.2). No processo da restauração
espiritual, uma das primeiras ações de Deus para a nação, foi a reedificação da
sua casa (Ed 1.2,3), resgatando no povo o desejo pela casa do Senhor (Sl
42.2-4).
3.
Ausência de moralidade.
Os que viviam em
Jerusalém, além de estarem passando por inúmeras privações (Ne 1.3); também
viviam e uma cidade em total ruína (Ne 2.17). Não havia segurança pública visto
que os muros continuavam derrubados, e de igual modo, a justiça social estava
comprometida bem como a vida espiritual (Ne 5.1-5). A ruína da cidade ilustrava
também a espiritualidade do povo, pois haviam contraído casamento misto (Ed
9.1,2), como também, tolerando pessoas desautorizadas em posições de
importância religiosa (Ne 13.1-9). Daí a necessidade de uma ação extraordinária
de Deus.
III.
O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL, UM MILAGRE
1.
Por causa da sua fonte, o próprio Deus.
O livro de
Esdras nos relata o cumprimento da promessa divina em restaurar o seu povo, que
por seus pecados estava no cativeiro, como havia predito o profeta Jeremias (Jr
29.10-14). Como prova que a iniciativa do despertar para um avivamento vem de
Deus fruto da sua misericórdia e soberania (Pv 21.1), o Senhor despertou o
espírito de Ciro, rei da Pérsia (Ed 1.1), que havia derrotado o império
babilônico, permitindo o retorno dos exilados judeus à sua terra, mostrando
Deus, que desejava a restauração religiosa e moral do povo escolhido, levando
Israel a um período novo de despertamento espiritual. O que não é diferente nos
dias atuais, pois o Senhor deseja que cada crente esteja constantemente avivado
(2 Tm 1.6; Rm 12.2,11), e experimentando coisas novas a cada dia na vida cristã
(Rm 6.4; 7.6). É o Senhor que deseja despertar-nos (Ef 5.14) para uma vida
plena de gozo espiritual, de um constante avivamento (Rm 13.11), e todo desejo
de buscar a sua face, ler sua Palavra e estar envolvido em sua obra tem origem
nele (Tg 1.17).
2.
Por causa do canal que Deus usa para promovê-lo.
Cerca de
duzentos anos antes, Isaías profetizou que Ciro seria o instrumento divino para
libertar os judeus do exílio e iniciar a restauração do Templo (Is 44.28 –
45.7; 45.13). Ainda que Ciro não conhecesse a Deus (Is 45.4; Ed 1.1-11), ele
seria alguém usado pelo Senhor para por em prática o projeto divino de
restauração da nação escolhida (Is 45.1). Deus usa pessoas, meios e métodos
improváveis para cumprir seus propósitos, que vão além da compreensão humana. O
apóstolo Paulo afirma: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste
mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo
para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as
desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são para que nenhuma carne
se glorie perante ele” (1 Co 1.27-29). É Deus quem controla as nações
(2 Cr 20.6), foi o Senhor quem levantou Nabucodonosor (Jr 25.9; 27.6; 43.10) para
disciplinar o povo de Judá e foi ele quem levantou Ciro para derrotar os
babilônios e estabelecer o império persa (Dn 2.21), decretando o retorno dos
exilados para Jerusalém e lhes dando todo o recurso necessário (Ed 1.4).
3.
Por causa da sua finalidade.
O texto bíblico
afirma que o despertamento no coração de Ciro ocorreu: “[...] para
que se cumprisse a palavra do Senhor por boca de Jeremias [...]” (Ed
1.1 ver Jr 29.10; 51.11). Assim, entendemos que avivamento é resultado de
promessas divinas na vida do povo de Deus, que por sua onisciência vislumbra os
momentos em que será necessário um sopro do Espírito para remover aquilo que
nos afasta da comunhão, e nos fazer reviver para o cumprimento de seus
propósitos em nossas vidas (Ez 37.1-14). Temos exemplos bíblicos de pessoas que
foram restauradas em cumprimento de promessas divinas, tais como Mefibosete
(1Sm 20.11-16; 2Sm 9.1-13) e José (Gn 37.5-11; 42.9), entre outros. Os exilados
judeus ao verem o cumprimento desta profecia, ao regressarem para Jerusalém,
estavam como os que sonham (Sl 126.1). Deus vela sobre sua palavra (Jr
1.11,12), Ele é fiel para a cumprir (Hb 10.23).
IV.
PASSOS PARA O DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
1.
Neemias orou.
Ao saber de
Hanani a situação de Jerusalém, bem como dos demais judeus, Neemias pôs-se a
buscar ao Senhor em oração (Ne 1.4-11). Em sua oração, Neemias adorou a Deus e
lembrou-se de Sua benignidade (Ne 1.5); confessou seus pecados, bem como os da
nação (Ne 1.6,7); fez menção às promessas divinas (Ne 1.8,10); e pediu ao
Senhor que atendesse a sua oração, lhe fizesse prosperar e lhe desse graça
perante o rei (Ne 1.11). É através da oração que podemos superar toda e
qualquer crise. Foi isto que fez Abraão (Gn 20.17), Isaque (Gn 25.21), o rei
Josafá (2 Cr 20.5-12), Paulo e Silas (At 16.25) e outros. O salmista Asafe
disse: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás”
(Sl 50.15).
2.
Neemias jejuou.
Um outro recurso
espiritual usado por Neemias foi o jejum (Ne 1.4). O jejum é uma abstinência
parcial ou total de alimentos, por um determinado período e propósito
específico (Mt 4.1,2). O jejum bíblico não deve ser visto como penitência, e
sim, como um sacrifício agradável a Deus. A Bíblia registra diversos exemplos
de pessoas que jejuaram em situações específicas, como ocorreu nos dias de
Samuel (1 Sm 7.6), Esdras (Ed 8.21,23), Ester (Et 4.16), Daniel (Dn 9.3) e
Jesus (Mt 4.1-2).
3.
Neemias confiou em Deus.
Neemias era um
homem de uma fé inabalável. Ele não temeu, mesmo em meio aos perigos e ameaças
dos inimigos e encorajou a outros a confiar em Deus. Certa ocasião ele disse: “O
Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2.20); e, em outra
ocasião disse aos magistrados e ao resto do povo: “Não os temais; lembrai-vos do
Senhor, grande e terrível [...]” (Ne 4.14).
4.
Neemias prontificou-se a ir à Jerusalém.
Quando o rei
Artaxerxes percebeu o semblante triste de Neemias, perguntou-lhe a razão de sua
tristeza. E, quando Neemias relatou ao rei o motivo pelo qual estava triste, o
rei perguntou-lhe: Que me pedes agora? Ele orou a Deus e disse ao rei: “Se é
do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me
envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique”
(Ne 2.1-5). Neemias nos ensina que em meio à crise, não basta orar. É preciso
agir! Apesar de estar em uma situação bastante confortável, pois, como copeiro
do rei ele dispunha de segurança, boa alimentação e conforto, Neemias se dispõe
a ir à Jerusalém para reedificar os muros da cidade (Ne 2.1-5). Quem deseja um
avivamento não deve esperar passivamente (Is 44.3), mas como Neemias tomar a
postura de ir em busca desse despertamento espiritual.
V.
RESULTADOS DO DESPERTAMENTO ESPIRITUAL
v O
genuíno avivamento produz uma mudança de
vida (Rm 8.15-17; 11.1-2; 2 Co 5.14-17);
v O
genuíno avivamento ilumina a mente e a
razão com a Palavra e com o Espírito (Pv 3.13; Cl 1.9; Tg 1.5);
v O
genuíno avivamento produz frutos do
Espírito Santo (G1 5.16-26; Ef 5.18);
v O
genuíno avivamento abrange todo o ser
do homem (Jr 31.31-33; Ez 36.25-28; 1 Ts 5.23);
v O
genuíno avivamento produz unidade cristã
(1 Co 12.4-7; At 4.32);
v O
genuíno avivamento tem a oração como
elemento fundamental (Rm 12.12; Cl 4.2; 1 Tm 2.1-2);
v O
genuíno avivamento produz um autêntico
quebrantamento (1 Pe 5.6; Sl 51.112; Rm 5.1; Ef 2.16-18).
CONCLUSÃO
Mesmo vivendo
dias difíceis e numa sociedade corrompida pelo pecado, busquemos uma sincera e
poderosa renovação do Senhor para nossas vidas, pois um pleno avivamento é
possível e real (Jr 29.13).
REFERÊNCIAS
ü BARBER,
Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. VIDA.
ü PACKER,
J. I. Neemias Paixão Pela Fidelidade. CPAD.
ü RENOVATO,
Elinaldo. Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise.
CPAD.
ü STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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