Ne 1.1-4; 2.1-9
INTRODUÇÃO
Nesta lição
estudaremos os antecedentes históricos de Neemias; veremos como se deu e a
reconstrução dos muros de Jerusalém com Neemias como líder; e por fim, pontuaremos
quais as lições espirituais que podemos aprender com a reconstrução dos muros.
I. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DE
NEEMIAS
Assim como o
exílio para a Babilônia se deu em três incursões do exército inimigo (2Rs
24.8-20; 25.1-15; 2Cr 36.5-23; Dn 1.1-3), o retorno de volta para casa (este
evento é chamado por alguns historiadores de “o segundo êxodo”) aconteceu
em três etapas também. A primeira foi capitaneada por Zorobabel (Ed
2.2-70; 3.1-13), para a reconstrução do templo. A segunda ocorreu sob a
liderança de Esdras (Ed 7.1-28). Por fim, Neemias (Ne
2.1-20) liderou o terceiro grupo que retornava para edificar os muros da
cidade.
1. Quem foi
Neemias.
O significado
hebraico do nome Neemias significa: “confortado por Deus”. Era
filho de Hacalias, e provavelmente pertencia à Tribo de Judá; seus ancestrais
residiam em Jerusalém antes de seu serviço na Pérsia (Ne 2.3). A referência
mais antiga sobre o nome Neemias identifica um homem que retornou da Babilônia
com Zorobabel (Ed 2.2). A Bíblia registra outro personagem que era conhecido
por esse mesmo nome filho de Azbuque (Ne 3.16), o qual exerceu um cargo de confiança
em Jerusalém. Por fim, a Bíblia fala de Neemias, filho de Hacalias e irmão de
Hanani (Ne 1.1-2) (LOPES, 2018, p. 20). Neemias era um homem de grande
confiança (Ne 1.11), e trabalhava sempre com alegria (Ne 2.1); tinha
a afeição e confiança do rei (Ne 2.4,8). Provavelmente nasceu no
período do exílio, conhecia Jerusalém só de ouvir falar. Nasceu e cresceu em um
contexto pagão de religião politeísta e mesmo assim, tinha seu coração voltado
para Jerusalém (Ne 1.4).
2. Contexto
histórico de Neemias.
Em 606 a.C.
Nabucodonosor rei de Babilônia levou cativo os judeus para a Babilônia em três
incursões. O cativeiro durou 70 anos (de 606 a 536 a.C.). Mas, em 536 a.C, a
Pérsia subjugou Babilônia, e Ciro, o primeiro governante persa, proclamou a
restauração de Jerusalém e o retorno dos judeus, que voltaram à Jerusalém em
três etapas: Na primeira (538 a.C) cinquenta mil exilados retornaram, liderados
por Zorobabel e Josué (Ed.2.64-65). Na segunda etapa (457 a.C.) mais 1700
homens (além de mulheres e crianças) foram levados de volta por Esdras
(Ed. 8.1-14; 18-21). Na terceira etapa (444 a.C) Neemias liderou outro grupo de
exilados (Ne 2.1-10) para ser o governador de Judá. Isto aconteceu treze anos
depois
que Esdras havia
chegado com o segundo grupo de judeus que saíra do exílio (STAMPS, 2018, p.
589).
3. Contexto
social de Neemias.
Por volta de 444
a.C. Neemias tomou conhecimento por intermédio de Hanani, seu irmão, e outros
judeus que vieram de Judá, acerca da situação que se encontrava os judeus
repatriados, bem como a cidade de Jerusalém: “Os restantes, que ficaram
do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo; e o muro de
Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo” (Ne 1.3). Apesar
de estar em uma situação bastante confortável, pois, como copeiro do rei ele dispunha
de segurança, boa alimentação e conforto no palácio do rei, mesmo assim,
Neemias se dispõe a ir à Jerusalém para reedificar os muros da cidade (Ne
2.1-5).
II. NEEMIAS E A RECONSTRUÇÃO DOS
MUROS DE JERUSALÉM
Mesmo que na
Bíblia não tenha nenhuma referência explícita a um chamado de Deus para Neemias
para realizar a grande tarefa de reconstrução dos muros de Jerusalém, podemos
ver o Senhor o capacitando-o para esta grande missão. Sua missão não se
restringiu apenas a restaurar os muros de Jerusalém, mas também, promover um
grande avivamento na nação em um tempo de crise que foi antecedido por oração,
arrependimento de pecados e a renovação das promessas de Deus.
1. Neemias
entendeu a importância dos muros para uma cidade.
Nesse contexto,
muros e portas, têm a conotação de segurança e proteção. Era um consenso entre
os povos antigos que uma cidade sem muros era vulnerável, desprotegida e fadada
a uma iminente desgraça (Is 60.18). Os muros de uma cidade era algo vital
naquela época; eles além de demarcar os limites das cidades, serviam de
proteção (2Cr 8.5; 14.7). Uma cidade sem muros era uma cidade desprotegida,
vulnerável a ataques: “tomamos todas as suas cidades […] além de outras
muitas cidades sem muros (Dt 3.5). Nas guerras antigas a primeira barreira
a ser vencida eram os murros (2Cr 26.6). Quando as muralharas de Jericó foram
derrubadas a cidade foi vencida. Neemias estava ciente dessa situação que sua
cidade amada estava sem esse tipo de proteção, por isso ele lamentou profundamente.
(Ne 1.4). Vejamos quais foram as atitudes de Neemias diante das ruínas dos
muros:
2. Neemias orou
a Deus.
A oração de
Neemias foi uma adoração sincera na qual Ele lembra a benignidade de Deus:“Ah!
SENHOR, Deus dos céus, Deus grande e terrível, que guardas o concerto e a
benignidade para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos” (Ne
1.5). No AT a palavra hebraica usada é “hesed” que segundo Vine
(2002, p. 183) significa: “benignidade, amor firme, graça, misericórdia,
fidelidade, bondade, devoção”. A natureza de Deus é benigna (Sl 18.25;
145.8; Lc 6.35; Ef 4.32; 1Pd 2.3). Quando Neemias busca a benignidade de Deus,
Ele tem mente que o Senhor não deixará de ser favorável ao seu povo (Êx 20.6;
34.7; Nm 14.18; Dt 5.10; Sl 86.15; 103.8; 145.8; Dn 9.4).
3. Neemias fez
confissão dos pecados do povo.
Em oração
confessou seus pecados, bem como os da nação: “[…] e faço confissão pelos
pecados dos filhos de Israel, que pecamos contra ti; também eu e a casa de meu
pai pecamos (Ne 1.6). A confissão de pecados acompanhada de
arrependimento sincero é um ato de reconhecimento que existe um Deus capaz de
perdoar o mais vil pecador (Sl 103.10-23; 130. 3-4; Is 1.18; 43;25; 55.7; Mq
7.18-19). A palavra de Deus nos assegura em provérbio 28:13: “O que
encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa
alcançará misericórdia”. Podemos ver ainda outras passagens bíblicas
(Sl 32:3; Sl 32:5; 1Jo 1:9-10). Quando Neemias tomou essa atitude de confessar
os pecados sabia que esse era o primeiro passo para a restauração dos muros.
4. Neemias
lembrou das promessas de Deus.
Em oração,
súplica e jejum, Neemias lembra de uma promessa feita por Deus a Moisés: “Mesmo
que tenham sido levados para a terra mais distante debaixo do céu, de lá o
Senhor, o seu Deus, os reunirá e os trará de volta” (Dt.30.4 - NVI).
Observemos que a promessa era condicionada a obediência do povo: “[…]
mas, se voltarem para mim, e obedecerem aos meus mandamentos e os puserem em
prática (Ne 1.9 - NVI). Neemias tinha a certeza de que através do
arrependimento do povo, Deus cumpriria a promessa como havia dito a Moisés. O
apóstolo Paulo falando sobre a fidelidade de Deus: “se formos infiéis,
ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2Tm 2. 13). Temos a
convicção que o Senhor é fiel e verdadeiro (Dt 32.4; Sl 89.8; 1Ts 5.23,24; Hb
10.23) por isso podemos confiar nele. Ele é absolutamente digno de confiança,
pois suas promessas são infalíveis (Êx 34.6; Nm 23.19; Dt 4.31; Js 21.43-45; Ez
12.25; Dn 9.4).
III. A RECONSTRUÇÃO DOS MUROS E
SUAS LIÇÕES ESPIRITUAIS
Neemias pediu ao
rei Artaxerxes cartas para os governadores que estavam além do rio para que
eles lhe permitissem passar, bem como madeira para utilizar na reconstrução (Ne
1.7,8) e seguiu sua viagem com destino a Jerusalém. Ao chegar em Jerusalém
Neemias não informou a ninguém o motivo de sua ida, e saiu à noite para
inspecionar como estavam os muros e as portas de Jerusalém (Ne 2.2.11-16).
Notemos quais atitudes que Neemias tomou:
1. O povo foi
convocado a reconstruir os muros.
Depois de ver a
condição dos muros de Jerusalém, Neemias convocou o povo para a reconstrução: “Bem
vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas
portas têm sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e
não estejamos mais em opróbrio” (Ne 2.17,18). Pessoas de todo tipo participaram
da reconstrução: sacerdotes (v.1), ourives e perfumistas (v.8), líderes e
mulheres (v.12), levitas (v.17) e comerciantes (v.32) (RYRIE, 2006, p. 463). Da
mesma forma que pessoas de vários habilidades e funções diferentes trabalharam na
reconstrução dos muros, na obra de Deus existe trabalho para todos. O Senhor
tem dotados pessoas dos mais diversos talentos para atuarem na obra de Deus (Rm
12.5-8; Ef. 4.11,12).
2. Os
trabalhadores receberam tarefas específicas.
Neemias
enfrentou muita resistência no trabalho de reconstrução dos muros de Jerusalém.
A oposição se deu por parte das nações vizinhas (Ne 4.1-6), de dentro da
própria comunidade judaica (Ne 5.1-13) e novamente dos povos que viviam ao
redor (Ne 6.1-3). O trabalho foi repartido, para que todos soubessem o que cada
um faria, e dedicaram-se com o desejo de alcançar a excelência, mas sem
contender nem dividir os seus interesses (Ne 3.1-32). Nenhuma discórdia surge
entre eles; somente o desejo de fazer o máximo pelo bem público. Cada israelita
deu a sua cooperação para reedificar. Começando pelo extremo nordeste da
cidade, em sentido contrário dos ponteiros do relógio, Neemias relaciona neste
capítulo dez diferentes portões e suas seções anexas de muro, junto com os
homens que os reconstruíram. Assim como no livro de Neemias, a obra de
Deus exige união; pois somos um corpo (1Co 12.21-23; Ef 4.15-16),
voluntariedade (Cl 3.23-24), amor (1Co 16.14), firmeza
de propósito (1Co 15.58) e ações de graça (Cl 3.17).
3. O povo foi
convocado a trabalhar mesmo em meio à oposição.
A Bíblia diz em
Neemias 4.6 que o coração do povo se inclinava a trabalhar: “O povo
estava totalmente dedicado ao trabalho” (NVI). “Os homens
trabalhavam duramente” (VIVA). Em um cenário de extrema oposição, a
obra não pode parar. Neemias 4.1,3 expõe os sentimentos de Sambalate e Tobias,
eles “ardiam em ira”. Esse sentimento diabólico desencadeou
algumas atitudes ofensivas: (a) Os que faziam a obra foram ridicularizados
(Ne 4.1); (b) Os que faziam a obra foram depreciados, menosprezados
(Ne 4.2); e, (c) Os que faziam a obra ouviram palavras de
zombaria e desencorajamento (Ed 4.3).
4. Os muros
foram reparados próximos as casas.
Existiam muitas
casas ao longo do muro, logo se o muro estava em ruínas essas casas estavam em
perigo, pois estavam sem proteção. Quando a reconstrução começou Jedaías,
Benjamim e Hassube e os Sacerdotes (Ne 3.10,23,28-30) repararam os muros na
frente de suas casas. Estes cuidados com os muros em frente as casas nos remetem
a proteção que devemos ter com nossa família. Não podemos evitar que nossa
família sofra investidas do diabo, mas podemos proteger a nossa família das
suas astutas ciladas (Ef 6.10,11). Protegemos nossa família: a) santificando
o lar (Lv 20.26; 2 Co 7.1; 1 Ts 4.7); b) praticando o
culto doméstico (Dt 6.7-9); c) mantendo uma vida de oração e
jejum (Rm 12.12; Cl 4.2; 1 Ts 5.17); d) ensinando a Palavra no
lar (Pv 22.6; At 5.42); e) frequentando os cultos no templo (2Cr
7.15,16; Sl 122.1).
5. Os muros são
símbolos da salvação.
A maior proteção
que o Senhor concede aos homens é salvação em Cristo, o texto bíblico declara: “[…]
a quem Deus pôs a salvação por muros [...]” (Is 26.1). A salvação
oferecida por Cristo protege o homem do juízo eterno e da ira futura. Essa
salvação é ofertada mediante a graça de Deus (Rm 3.24,25; 5.8,10, Hb 7.25), e
mediante a fé em Cristo (Rm 3.22, 24, 25, 28). Isto é, ela resulta da graça de
Deus (Jo 1.16), mas, há também a resposta humana, no sentido do aceitar a Cristo
enquanto Salvador (At 16.31; Rm 1.17; Ef 1.15; 2.8).
CONCLUSÃO
Aprendemos na
lição de hoje que Neemias prontificou-se a reconstruir os muros da sua cidade,
mas antes orou a Deus, jejuou adorou e confessou os seus pecados e os da nação
de Israel, após essas atitudes não somente os muros físicos foram levantados
novamente, mas houve também uma renovação espiritual.
REFERÊNCIAS
Ø BÍBLIA
DE ESTUDO NVI. Editora Vida
Ø RYRIE,
Charles. Bíblia de estudo anotada expandida. Mundo Cristão.
Ø DAVIDSON,
Francis. Novo comentário da Bíblia. VIDA NOVA
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Comentários Expositivos de Neemias. Hagnos.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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