Ed 4.8-20; 1Jo 4.4; 5.5
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos quais as oposições que Neemias enfrentou frente a obra de Deus; e por
fim, notaremos como Neemias reagiu para vencer as artimanhas dos inimigos da
obra do Senhor para impedir a reconstrução dos muros da cidade.
I. AS OPOSIÇÕES QUE
NEEMIAS ENFRENTOU NA OBRA DE DEUS
1. Zombaria.
Uma das
principais estratégias dos inimigos foi a zombaria contra Neemias, bem como dos
judeus: “O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e
Gesém, o árabe, zombaram de nós...” (Ne 2.19-a; 4.3,4). Zombar
significa: “mangar; debochar; ironizar”. A Bíblia descreve diversos
exemplos de zombaria como: Agar que zombou de Sara (Gn 21.9); uns rapazes que
zombaram de Eliseu (2 Rs 2.23); e os escribas, fariseus e sacerdotes que
zombaram de Cristo (Mc 15.31; Lc 16.14; 22.63). A zombaria tem o objetivo de
trazer desânimo ao coração do crente (Sl 35.15,16; Hb 11.36).
2. Desprezo.
Um outro tipo de
oposição que Neemias enfrentou foi o desprezo por parte dos inimigos: “[…]
e
desprezaramnos, e disseram: Que é isto que fazeis?...” (Ne 2.19b).
Desprezar significa: “tratar com desdém” ou “desconsiderar”.
Dentre os muitos exemplos de desprezo na Bíblia, destacamos alguns: Esaú, que
desprezou a sua primogenitura (Gn 25.34); os filhos de Belial, que desprezaram
a Saul (1Sm 10.27); Davi, que foi desprezado por Golias (1Sm 17.42); e Jesus,
que foi desprezado por Herodes (Lc 23.11) e pelos próprios judeus (Is 53.3; Jo
1.11).
3. Calúnia.
Os inimigos de
Neemias o acusaram de rebelião contra o rei da Pérsia, numa tentativa de fazer
com que ele fosse punido pelo mesmo. Isto porque, todos que se rebelavam contra
o rei eram sentenciados à morte: : “Quereis rebelar-vos contra o rei?”
(Ne 2.19c). Acusar significa “culpar; incriminar; imputar falta, delito ou
crime”. A calúnia é uma das principais armas usadas pelos inimigos do
povo de Deus (Ed 4.1-16; Jó 1.9-11; 2.4,5; Mt 27.12; Mc 15.3; Lc 6.7; 11.54).
4. Difamação.
Como Neemias não
caíra ante as primeiras calúnias, Sambalate e Gesém iniciaram uma campanha de
difamação contra o servo de Deus (Ne 6.5-7). Tudo isso era mentira (Ne 6.8), e
Neemias tomou a atitude certa diante da difamação, pois apresentou ao Senhor
aquela causa (Ne 6.9). Não ficou trocando farpas com os opositores, mas confiou
naquele que haveria de justificá-lo. Como bem falou o apóstolo Paulo: “Quem
intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica”
(Rm 8.34). O diabo nos acusa insistentemente e diuturnamente diante de Deus (Ap
12.10), mas junto ao Senhor, nós também temos um Justo Advogado (1Jo 2.1). As
acusações estão sempre presentes na caminhada cristã (Mt 5.11,12), devemos
estar atento para não desanimar por causa dessas armas satânicas (Mt 5.11,12).
5. Escárnio.
Um outro tipo de
oposição que Neemias enfrentou foi o escárnio: “E sucedeu que, ouvindo Sambalate
que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito; e escarneceu dos
judeus” (Ne 4.1). Escarnecer significa: “zombar; tratar com desprezo”.
A Bíblia diz que não devemos assentar na roda dos escarnecedores (Sl 1.1); que
Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7); e que nos últimos tempos surgirão
escarnecedores (2Pe 3.3; Jd 1.18). Muitos servos de Deus foram alvos de
escárnio, mas, nenhum deles foi tão escarnecido quanto o Senhor Jesus (Mt
27.41; Mc 10.34; Lc 23.11).
6. Desestímulo.
Os inimigos da
obra e de Neemias, ao perceberem o avanço da restauração dos muros, lançaram
uma série de perguntas, pondo em dúvidas o avanço da obra. Seu objetivo era
deter a reconstrução por intermédio do menosprezo: “[…] E falou na presença de seus
irmãos, e do exército de Samaria, e disse: Que fazem estes fracos judeus? [...]”
(Ne 4.2). Eles tentaram diminuir a autoestima do povo chamando-os de fracos.
Devemos ter a postura de Josué e Calebe, e não ceder as investidas contra nosso
ânimo (Nm 13.30; 14.9).
7. Desdém.
Além de duvidar
do avanço da obra, eles duvidaram também que a muralha permaneceria de pé. Era
uma maneira de fazer com que os judeus desistissem de erguer os muros de
Jerusalém: “E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo,
vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra” (Ne 4.3).
Se os judeus dessem ouvidos a estas palavras, com certeza, a reconstrução teria
parado. Mas, eles não desistiram, continuaram a obra e, em cinquenta e dois
dias os muros foram edificados (Ne 6.15). Podemos ver claramente qual era a
intenção dos inimigos de Neemias: “E ligaram-se entre si todos, para virem
guerrear contra Jerusalém, e para os desviarem do seu intento” (Ne
4.8).
8. Conspiração.
Conspiração é a
ação de construir um plano que prejudica alguém, geralmente um governante; é
uma maquinação. Ato de quem busca prejudicar alguém, com a ajuda de outrem;
conluio. É a combinação secreta com alguém, contra uma terceira pessoa; trama:
“Ouvindo
Sambalate e Tobias, e os arábios, os amonitas e os asdoditas, que ia avante a
reparação dos muros de Jerusalém e que já as brechas se começavam a fechar,
iraram-se sobremodo; e coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém
e fazer confusão ali” (Ne 4.7,8).
9. Astúcia.
Sambalate e
Gesém, maliciosamente, convidaram Neemias para uma reunião em que supostamente
fariam as pazes, se tornariam amigos e esqueceriam o passado e seriam todos
irmãos, mas a intenção deles era a pior possível: “Sucedeu que, ouvindo Sambalate,
Tobias e Gesém, o árabe, e o resto dos nossos inimigos que eu tinha edificado o
muro […] mandaram dizer-me: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias [...]”
(Ne 4.11; 6.1,2). Parecia que estavam arrependidos de seus primeiros feitos,
mas era tudo fingimento. O apóstolo Paulo nos preveniu acerca dos homens maus e
perversos, que apenas tinham aparência de piedade (2 Tm 3.1-5). O inimigo
sempre procura falsas alianças com o povo de Deus, com o intento de
infiltrar-se entre nós, para descobrir nossos segredos e estratégias (2 Rs
20.12-17).
II. COMO NEEMIAS
REAGIU PARA VENCER AS OPOSIÇÕES À OBRA DE DEUS
1. Neemias orou a Deus.
A oração é
indispensável à vida cristã, principalmente quando estamos fazendo a obra de
Deus em meio às oposições: “Porém, nós oramos ao nosso Deus [...]”
(Ne 4.9a). Além das grandes lições que aprendemos com Neemias sobre
administração, liderança e planejamento, ele nos ensina também que devemos
orar, antes, durante e depois da realização da
obra de Deus (Ne 1.4-11; 2.4; 4.4,9; 5.19; 6.9,14; 13.14,22,29,31). A Bíblia
está repleta de promessas e de exemplos de respostas às orações (1Sm 1.9-20;
2Rs 19.15-20; Jr 33.3; Sl 50.15; Mt 21.22; At 12.5; Tg 5.16).
2. Neemias confiou em Deus.
Neemias sabia
que estava no centro da vontade de Deus, e que o Senhor era com ele. Por isso,
tinha a convicção de que seu objetivo seria alcançado: “Então lhes respondi, e disse: O
Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2.20a). A confiança
inabalável em Deus é fundamental para quem está à frente da obra,
principalmente em meio às oposições. Deus quer que confiemos nEle em toda e
qualquer circunstância (Sl 23.4; 27.4; 46.1-11; Hb 11.1). Depois que a obra foi
concluída, até os inimigos reconheceram que Deus estava com eles (Ne 6.15,16).
3. Neemias continuou trabalhando.
Além da
confiança em Deus, Neemias motivou o povo a continuar trabalhando. Se eles
fossem dar ouvidos aos opositores, ou desviar a atenção da reconstrução dos
muros, com certeza, a obra não iria adiante: “[…] e nós, seus servos, nos
levantaremos e edificaremos [...]” (Ne 2.20b). Assim, Neemias nos
ensina que, jamais devemos permitir que as oposições impeçam a continuidade da
obra que o Senhor nos confiou. Enquanto os inimigos se levantam, continuemos,
pois, trabalhando: “Porém edificamos o muro, e todo o muro se fechou até sua metade; porque
o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne 4.6). Manter-se animado
deve ser o propósito de todo crente em relação ao trabalho do Senhor (1Co
15.58). O ânimo nos leva a prosseguir, a permanecer e aceitar novos desafios de
Deus (Ne 2.5,17,18).
4. Neemias preparou-se para a batalha.
Neemias entendeu
que era necessário aumentar a segurança: “[…] e pusemos uma guarda contra eles
[...]”
(Ne 4.9-b,13). Os inimigos dos judeus estavam tão dispostos a deter a obra que
intentaram armar ciladas para tirar-lhes a vida (Ne 4.11). Neemias tomou
algumas atitudes neste sentido: “Então pus guardas nos lugares baixos por
detrás do muro e nos altos; e pus ao povo pelas suas famílias com as suas
espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos” (Ne 4.13). Neemias
mostrou que é preciso ser vigilantes contra os inimigos (Ne 4.16-18; 21-23).
5. Neemias animou o povo.
O coração do
povo não se inclinou a ouvir a zombaria, escárnio e desprezo. O povo tapou os
ouvidos ao inimigo e concentrou suas energias físicas, mentais e emocionais na edificação
do muro. Se quisermos vencer, temos que tapar os ouvidos a todo comentário que
instila desânimo, incredulidade e fracasso: “Assim edificamos o muro, e todo o
muro se completou até a metade da sua altura; porque o coração do povo se
inclinava a trabalhar” (Ne 4.6). Neemias conscientizou aos judeus que a
vida de seus familiares também estavam em perigo; e, por isso, eles teriam que
pelejar também por eles: “[…] e pelejai pelos vossos irmãos,
vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas” (Ne 4.14). Esta atitude
de Neemias nos faz lembrar que o diabo, o nosso maior inimigo, peleja não
apenas contra nós e contra a obra de Deus, mas também contra nossa família
desejando destruí-la. Por isso, devemos ser sóbrios e vigilantes (Mt 26.41; Tg
4.7; 1Pd 5.8) e, acima de tudo, “pelejar” por eles (Dt 6.5-9; Jó 1.5; Pv 22.6).
6. Neemias teve coragem.
Quando Semaías
convidou Neemias para fugir dos inimigos, a resposta foi contundente: “[…]
um
homem, como eu, fugiria?” (Ne 6.11). A coragem de Neemias procedia da
fé no Senhor dos Exércitos. A fé sempre foi uma marca obrigatória na vida dos
personagens bíblicos que demonstraram coragem e valor diante dos perigos e das
ameaças (Gn 14.12-17; Dt 7.1,2; Jz 6.5; 2Sm 23.8-39; 2Rs 6.14-17). Espalhar
medo no meio do povo de Deus sempre foi uma estratégia do maligno (Ne 4.7-13).
Devemos, no entanto, estar firmes no propósito de confiar em Deus e permanecer
executando suas determinações (Nm 14.1-9).
7. Neemias teve temor a Deus e discernimento.
Neemias ainda
prosseguiu na sua resposta à Semaias, dizendo: “[…] E quem há, como eu, que entre no
templo e viva? De maneira nenhuma entrarei” (Ne 6.13). Neemias
desconfiou daquele falso profeta, pois sabia que o acesso ao templo era
restrito aos levitas e sacerdotes. O seu conhecimento da Lei do Senhor, e do
Senhor da Lei lhe deu condições de identificar uma falsa profecia (Pv 2.1-14;
Ef 4.14,15). O agravante é que não era apenas um falso profeta, mas vários (Ne
6.14). Neemias estava rodeado de traidores, que se deixavam vender por dinheiro
(Ne 6.12-14, 17-19). Eram profetas da qualidade de Balaão (Jd 11) e amigos da
estirpe de Judas Iscariotes (Mt 26.14-16), mas Deus deu discernimento
espiritual ao seu servo e ele não foi tragado pelos inimigos. De igual modo, o
Senhor haverá de frustrar toda e qualquer tentativa do Maligno contra a Igreja
do Senhor (Mt 16.18) pois estamos munidos das armas espirituais (2Co 10.4; Ef
6.10-17).
CONCLUSÃO
Todos nós
estamos sujeitos à enfrentar algum tipo de oposição, principalmente quando
estamos exercendo alguma função de liderança. Somente com uma vida pautada na
dependência de Deus e compromissados com sua Palavra é que conseguiremos vencer
os grandes desafios que nos deparamos diariamente. Neemias é o exemplo de um
líder abnegado, compromissado, intercessor e acima de tudo obediente ao chamado
e aos propósitos de Deus.
REFERÊNCIAS
Ø BARBER,
Cyril J. Neemias e a dinâmica da liderança eficaz. Rio de Janeiro: Vida.
2010.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. Livro de Neemias, Integridade e Coragem em Tempos de Crise. Rio
de Janeiro: CPAD. 2011.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. 2010
Ø LOPES,
Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos,
2006.
Ø PACKER,
J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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