Ed 8.1-12
INTRODUÇÃO
Nesta
lição veremos informações históricas e bíblicas sobre Esdras o escriba e
sacerdote; notaremos o que aconteceu quando o povo experimentou um real
avivamento; e por fim; pontuaremos quais os resultados do ensino da palavra de
deus no tempo de Esdras e Neemias.
I. ESDRAS: O ESCRIBA E SACERDOTE
1. Quem foi Esdras.
Esdras
do hebraico “Ezra” significa: “aquele que ajuda, ajudador, auxiliador”.
Foi um escriba que liderou um avivamento no segundo grupo de retorno de
israelitas vindo da Babilónia. Esdras provavelmente escreveu o livro com seu
nome na Bíblia. Era descendente de Arão, o primeiro Sumo Sacerdote de Israel,
filho de Seraías, e pertencesse a principal corrente sacerdotal de Jerusalém. A
Bíblia menciona Esdras como um sacerdote e como um escriba (Ed 7.6,11,12,21;
10.10,16; Ne 8.2,9; 12.26,36). Possuía uma posição de prestígio na corte persa,
tanto que ele foi encarregado de exercer a função de um tipo de secretário de
estado dos negócios judaicos (Ed 7.10,11,14,25; Ne 8.1-12). Tradicionalmente é
aceito que ele chegou a Jerusalém antes de Neemias e viu os murros ainda
fendidos (Ed 9.9). É possível que ele tenha sido contemporâneo do profeta
Malaquias.
2. A missão de Esdras.
Esdras
foi enviado a Jerusalém por Artaxerxes (Ed 7.8), e o objetivo de sua ida a
Jerusalém era para que ele avaliasse as condições civis e religiosas do povo
judeu que estava habitando ali e nas regiões circunvizinhas, a fim de também
estabelecer as reformas necessárias (Ed 7.10,14). Para isso, Esdras recebeu
autoridade para fazer nomeações dentro do estado judaico, além de recursos,
bens e alguns incentivos fiscais relacionados ao serviço no Templo (Ed 7.25).
Esdras viajou com um grupo de judeus eminentes (Ed 8.2); levando consigo uma
grande quantidade de riquezas (Ed 7.15,16). Esdras junto com um grupo de
exilados que desejavam voltar para Jerusalém, e depois de jejuar e orar, ele
liderou esse grupo rumo ao território de Judá (Ed 7.9,27; 8.22,23). Esdras convocou
todo o povo para confessar seus pecados e a comunidade decidiu se dedicar
inteiramente a Deus (Ed 10.10-11; Ne 8.2-3). Esdras buscou a Lei; cumpriu a
Lei; e ensinou a Lei (Ed 7.10).
II. O POVO EXPERIMENTOU UM REAL AVIVAMENTO
Todo
avivamento é precedido pela ministração da Palavra (2Rs 22.8-13). Após a
leitura das Escrituras (Ne 8.1-8) e do arrependimento e confissão de pecados
(Ne 9.1-37), o povo fez um concerto com o Senhor e assumiu o compromisso de
obedecer a Lei. Este concerto foi feito não apenas pelo povo, mas também por
sacerdotes (Ne 10.2-8), pelos levitas (Ne 10.9- 13), e pelos os chefes de
família (Ne 10.14-27), que firmaram um propósito de andar na Lei de Deus e de
cumprir todos os seus mandamentos e estatutos (Ne 10.28,29). Vejamos:
1. O povo teve um profundo desejo de
ouvir a Palavra de Deus (Ne 8.2,3).
Durante
sete dias, e desde a alva até o meio-dia, Esdras lia e ensinava a Palavra de
Deus para o povo (Ne 8.3,18). Este é um sinal de que uma vida ou uma igreja
vive um despertamento espiritual autêntico, a fome pela Palavra de Deus,
acompanhada pelo desejo de obedecer integralmente seus ensinamentos. O
verdadeiro avivamento através do ensinamento da Palavra de Deus alcançou a
todos: “Homens, e mulheres, e sábios; e os ouvidos de todo o povo estavam
atentos ao livro da Lei” (Ne 8.2,3). O povo ficou de pé em
reverência e amor à Palavra de Deus (Ne 8.5). Em contraste a esta atitude,
existem aqueles que tapam os ouvidos como tendo comichão nos ouvidos (At
7.54,57; 1Tm 4.3).
2. O povo teve um profundo desejo de
adorar ao Senhor (Ne 8.6a).
Este
texto bíblico nos mostra um dos maiores cultos ocorridos no período do AT,
ocasião em que, como fruto da exposição da Palavra de Deus, o povo foi levado a
adorar ao Senhor de forma especial. O avivamento produz este sentimento de
adoração na vida do cristão (Hc 3.17-19). A Bíblia diz que: “Esdras
louvou o Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém [...]”
(Ne 8.6a ver Sl 134.2; At 2.42,46-47).
3. O povo teve um profundo desejo de entrega
ao Senhor (Ne 8.6b).
Em
consequência da exposição da Palavra do Senhor, o povo se inclina, se curva
ante à majestade divina, e reconhece suas culpas e fracassos: “[...]
levantando
as mãos; e inclinaram-se e adoraram o Senhor, com o rosto em terra” (Ne
8.6b). Um real e profundo avivamento nos leva ao arrependimento, ao choro, a
confissão de pecados e a disposição de viver uma vida de santidade e seriedade
diante do Senhor (Ne 8.9; Sl 51.7-19). O avivamento não é apenas emoção, pelo
contrário, é o despertar de nossa razão para a necessidade de uma vida submissa
à vontade de Deus (Rm 12.2).
4. O povo teve um profundo desejo de
viver uma abundante santidade na presença de Deus (Ne 8.9).
Houve
alegria, festa e júbilo naquela ocasião, porque o povo entendeu as palavras que
lhe foram ensinadas (Ne 8.12). O avivamento vindo de Deus produz satisfação,
vida de gozo e força espiritual (Ne 8.10). Neemias sabia muito bem que para
conduzir o povo ao arrependimento e abandono do pecado, e, consequentemente, a um
grande avivamento, era necessário que o povo se voltasse à Palavra de Deus. Por
isso, juntamente com Esdras, ele fez com que o povo ouvisse a leitura da Lei
(Ne 8.1,8,13,18), e fizesse um concerto com Deus, assumindo o compromisso de
servi-Lo e obedecê-Lo (Dt 30.14,15).
III. OS RESULTADOS DO ENSINO DA PALAVRA DE DEUS POR ESDRAS
Não
existe avivamento autêntico sem a intervenção direta da Palavra de Deus por
meio da qual o Espírito Santo atua trazendo a compreensão da mensagem através
do pregador (Ne 8.8,12; Mt 13.19,23; Lc 24.27,32). Nos tempos de Esdras e
Neemias tudo começou quando o povo de Israel se reuniu para buscar a Palavra de
Deus (Ne 8.1-3,5,8; 9.2), não há possibilidade de reforma genuína sem a
ministração bíblica (Ne 8.13,18). Ela é o fundamento e os limites da reforma.
Não podemos pôr outra base além daquela que recebemos de Deus (Ne 10.29).
Notemos os resultados do ensino da Palavra de Deus nos dias de Esdras e
Neemias:
1. O ensino da Palavra de Deus trouxe
humilhação (Ne 9.1).
Quando
o avivamento nos alcança, nos leva ao reconhecimento de nossas fraquezas e
limitações espirituais (2Cr 7.14). Assim aconteceu com o povo judeu, assim deve
ser em nosso viver. Devemos lamentar nossas debilidades (Mt 5.4; Rm 7.18-25) e
buscar em Deus ajuda para uma vida vitoriosa em sua presença.
2. O ensino da Palavra de Deus trousse
separação entre o sacro e o profano (Ne 9.2a).
Uma
das características marcantes em um avivamento é a distinção entre o santo e o
imundo (Ez 44.23). Toda vez ocorre um mover divino pelo Espírito Santo, haverá
separação do pecado (Ml 3.18). O avivamento trousse arrependimento (Ne 9.2-b),
e o povo fez confissão de seus pecados, mostrando que em um real avivamento a
mudança de atitude é sinal de um novo recomeço.
3. O ensino da Palavra de Deus trousse
compromisso (Ne 9.38).
Após
a restauração dos muros de Jerusalém, os judeus experimentaram um genuíno e
profundo avivamento, levando-os a firmar o solene compromisso de obedecer
rigorosamente a Palavra de Deus: “E, com tudo isso, fizemos um firme concerto
e o escrevemos” (Ne 9.38).
4. O ensino da Palavra de Deus trousse
consagração ao Senhor (Ne 10.28).
A
mistura das raças entre os judeus não seria tanto uma questão de pureza ou
preconceito racial, mas de preservação da religião e de fidelidade a Deus. A
mistura de credos levaria a um enfraquecimento das relações com Deus (Dt
7.3,4).
5. O ensino da Palavra de Deus trousse
compromisso com o Senhor (Ne 10.29).
A
obediência à Palavra de Deus era a garantia de poderem esperar as bênçãos de
Deus. Nada dos tempos passados lhes despertava interesse. Eles estavam
decididos e entraram em aliança para andar na lei de Deus, cumprir os
mandamentos do Senhor e isso era o grande projeto de suas vidas. Na verdade,
buscavam uma mudança de vida – uma reforma.
6. O ensino da Palavra de Deus trousse
consciência (Ne 10.30).
Deus
havia proibido terminantemente que os filhos de Israel se misturassem com
outros povos. Não era simplesmente uma questão de pureza racial, mas,
principalmente espiritual (Êx 34.12-16; Dt 7.3,4). Lamentavelmente, o povo de
Deus por diversas vezes se uniu a outros povos, dando seus filhos e suas filhas
em casamento (Jz 3.5-7; Ed 9.1,2), casamentos esses que os conduziram à
idolatria, como ocorreu com o rei Salomão (1Rs 11.1-8). Mas, nos dias de
Neemias, o povo assumiu o compromisso de não repetir este grave erro.
7. O ensino da Palavra de Deus trousse a
lembrança do ano sabático (Ne 10.31).
Deus
havia estabelecido na Lei o ano da remissão, que a cada sete anos, todas as
dívidas seriam canceladas e os escravos seriam libertos (Êx 21.1,2; Dt 15.1,2),
bem como o ano de descanso da terra (Ex 23.10,11; Lv 25.3,4), para que a terra
descansasse e os pobres pudessem também se alimentar. Ao firmarem o concerto
com o Senhor, os filhos de Israel prometeram guardar estes mandamentos do
Senhor.
8. O ensino da Palavra de Deus trousse
compromisso com a manutenção do Templo (Ne 10.34).
O
Templo em Jerusalém era o centro da adoração e da vida religiosa para os
judeus. Era no Templo em que eram oferecidos holocaustos e sacrifícios ao
Senhor (1Rs 8.64; 9.25; 1Cr 16.39,40). Nos dias de Neemias, o povo firmou o
propósito de entregar ao Senhor as ofertas, os dízimos e as novidades e
primícias da terra (Ne 10.32-39)
CONCLUSÃO
Aprendemos
nesta lição que a reforma começou quando o povo se voltou para a Palavra de
Deus. Tudo começou quando o povo de Israel se reuniu para dar ouvidos à leitura
da Palavra de Deus (Ne 8.1). Não é possível haver mudanças sem os parâmetros da
Palavra de Deus (Ne 8.13,18). É a Palavra de Deus que converte os pecadores e é
pela Palavra de Deus que nos santifica e nos deixa aptos para fazer sua obra. A
reforma começou quando o povo deixou o sentimento e partiu para a ação (Ne
9.38).
REFERÊNCIAS
Ø ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
Ø LOPES, Hernandes Dias. Neemias,
o Líder que restaurou uma nação. Hagnos.
Ø PACKER, J. I. Neemias Paixão Pela Fidelidade.
CPAD.
Ø RENOVATO, Elinaldo. Neemias,
Integridade e Coragem em Tempos de Crise. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.