Mt 25.1-13
INTRODUÇÃO
Nesta
lição estudaremos sobre “a parábola das dez virgens” uma das mais conhecidas
contadas por Jesus; faremos algumas considerações importantes para melhor
compreensão de sua mensagem; também destacaremos os principais elementos dessa
narrativa e seus significados; e por fim, veremos sobre a necessidade de
vigilância para a conservação da pureza da igreja.
I. A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS
A
parábola das dez virgens é mais uma das narrativas exclusivas do Evangelho
escrito por Mateus, sendo também uma das denominadas parábolas do Reino.
Vejamos algumas informações adicionais sobre essa tão conhecida parábola:
1. Motivação da parábola.
Como
se tem visto Jesus sempre contou parábolas, motivado por circunstâncias
específicas (Lc 10. 29,30; 15.1-3), nesta das dez virgens como podemos ver
também não foi diferente. O Mestre tinha feito referência a destruição futura
do templo de Jerusalém: “[…] Jesus, porém, lhes disse: Não
vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que
não seja derrubada” (Mt 24.2), e após tal pronunciamento estando Ele no
monte das Oliveiras (Mt 24.3a), seus discípulos o procuraram em particular
fazendo uma tríplice pergunta: “[…] Dize-nos, quando serão essas
coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?”
(Mt 24.3b), diante disso segue-se uma série de ensinos com vistas a responder
tal indagação (Mt 24.4-51), entre eles a parábola das dez virgens.
2. A natureza da parábola.
Esta
conhecidíssima parábola também possui uma característica escatológica, visto
que está inserida na continuação do sermão profético proferido por Jesus (Mt
24.3), ficando ainda mais claro quando observamos a forma como ela é iniciada:
“Então
o reino dos céus será semelhante […]” (Mt 25.1).
3. Propósito da parábola.
Mais
uma vez o Mestre utiliza uma experiência típica dos costumes tradicionais da
época para ensinar uma grande lição aos seus discípulos, a necessidade de se
está em vigilância para a volta de Cristo: “Vigiai, pois, porque não sabeis o
dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir” (Mt 25.13). A
parábola implica lições de prevenção para que ninguém seja tomado de surpresa
quando o esposo chegar. O caráter dessa parábola tem um sentido profético, pois
Jesus deixa bem claro sobre a Sua volta e a necessidade de estarmos preparados
para aquele momento: “E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o
esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas
[…]”
(Mt 25.10a). A preparação é essencial, pois vem o tempo quando já não será
possível preparar-se; a porta estará fechada (Mt 25.10b).
II. OS ELEMENTOS DA PARÁBOLA, UMA FIGURA DA VIGILÂNCIA ESPIRITUAL
Na
maioria das vezes o Senhor Jesus se utilizou de experiências da vida rural (Mc
4.1-9), da vida pesqueira (Mt 13.47-50), da vida política e religiosa (Lc
18.9-14), como também da vida social (Mt 18.21-35), para servirem de base para
as suas parábolas; nesta feita Ele fez alusão a celebração relacionada a um
casamento. Notemos alguns dos elementos dessa narrativa:
1. As dez virgens.
Jesus
faz referência as damas de honra do cortejo nupcial. A noiva espera na casa de
seus pais pelo noivo, que a buscará para o seu lar, junto dela suas damas de
companhia esperam pela chegada do noivo (Sl 45.14,15). Porque havia exatamente
dez moças não sabemos, poderia ser esse o costume, ou dez pode simplesmente ser
um número redondo e alude a ideia de inteireza. Elas possuíam algumas coisas em
comum: a) eram virgens (Mt 25.1-a); b) tinham lâmpadas (Mt 25.1-b); c) tinham o mesmo propósito: “saíram
ao encontro do esposo” (Mt 25.1c); d)
Todas cochilaram (Mt 25.5); e) todas
ouviram que o noivo se aproximava (Mt 25.6.7). Alguns explicam que as virgens
representam membros professos da Igreja à espera da volta de Cristo. Outros
interpretam que elas representam aos judeus convertidos remanescentes na
Tribulação. No entanto, o que se deve destacar é que a exortação central da
parábola é a necessidade pessoal de estar preparado e em vigilância espiritual
(Mt 24.42; 25.13; Mt 26.41;Ef 6.18), o que aplica-se a qualquer um dos grupos:
“E
as coisas que vos digo, digo-as a todos: vigiai” (Mc 13.37).
2. O esposo.
O
noivo é a figura mais importante nessa parábola, visto que não se é feito em
nenhum momento alguma menção da noiva, quer na indicação da intenção das dez
virgens (Mt 25.1), quer no chamamento à ação (Mt 25.6) ou ainda, na chegada da
comitiva do casamento (Mt 25.10), ficando assim a presença da noiva implícita
no texto. A quem se refere o noivo, por certo a pessoa de Cristo que por vezes
é assim identificado nas Escrituras (Mt 9.15; Jo 3.29; 2Co 11.2; Ap 19.7).
3. As lâmpadas.
No
Oriente por causa do calor, festeja-se o casamento apenas à noite. Como o
cortejo realizava-se nesse horário, as moças precisavam ter lamparinas consigo.
São lâmpadas diferentes das usadas em casa (Mt 5.15), pois eram próprias para o
ar livre, nesse caso eram simples vasilhas fixadas na ponta de um cabo que
continham apenas uma pequena quantidade de azeite, com um pavio ou um retalho
de pano de algum tipo, existem indícios de que ardiam apenas quinze minutos
(KEENER, 2004, p. 119), por isso as moças também precisavam levar vasilhas
(jarras em formato de garrafa com alças) com óleo, para poderem colocar em
ordem (Mt 25.7) ou seja, precisavam limpar o pavio das partes carbonizadas e
adicionar azeite. Para aquelas virgens, as suas lâmpadas acesas significavam
orientação, pois mostravam o caminho para a casa do noivo no meio das densas
trevas da noite. Semelhantemente, temos a lâmpada divina, a palavra de Deus,
para nos guiar com exatidão no meio das trevas morais e espirituais do mundo
(Sl 119.105; 2Pe 1.19).
4. O azeite.
Na
lamparina daquele tempo cabia pouco óleo, por isso a jarra de azeite ficava
sempre ao lado, ela praticamente fazia parte da lâmpada. Era óbvio que
precisava ser levada para uma caminhada ou um tempo de espera mais longos. Quem
não o fazia era considerado desleixado, leviano, desorganizado, tolo. Foi
precisamente dessa tolice que as cinco moças se tornaram culpadas (Mt 25.3). O
azeite para as virgens foi: a)
imprescindível (Mt 25.8,10); b)
insubstituível (Mt 25.9); e, c)
intransferível (Mt 25.7), o que aponta respectivamente para a preparação
pessoal necessária para participar das bodas.
III. CARACTERÍSTICAS DA IGREJA QUE VIVE EM VIGILÂNCIA
Como
as dez virgens da parábola tinham a obrigação de estarem devidamente preparadas
aguardando o noivo, assim também todos os que professam Jesus como seu Senhor e
Salvador devem estar prontos a recebê-lo quando de seu regresso. Vejamos quais
as características que conservam uma igreja pura e vigilante à espera do rei:
1. Uma igreja que vive em prudência.
Diversas
mensagens foram proferidas pelo Senhor Jesus e seus discípulos, com o intuito
de destacar a importância da prudência (Mt 24.32,33; Mt 25.1-13; Mt 24.45-47;
Mt 24.37-39; Mt 24.43,44; Lc 12.39,40; 1Ts 5.2,3; 2Pe 3.10; Ap 3.3). O ladrão
não avisa a hora da noite em que vai arrombar a porta e roubar uma casa, do
mesmo modo o Senhor Jesus não vai avisar a hora em que virá buscar Seu povo.
Então, Ele pede que vigiemos para não sermos pegos de surpresa: “Porque,
assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será
também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.27). Isto significa que
ninguém terá tempo extra para se preparar (Mt 25.10,11); por isso, devemos
vigiar.
2. Uma igreja que vive em perseverança.
Paulo
ao referir-se a bendita esperança da Igreja, aponta que devemos espera-la com
perseverança: “aguardando a bem-aventurada esperança […]”
(Tt 2.13), o termo aguardando é a tradução da palavra “prosdechomai”, que
significa: “dar boas-vindas, esperar”. E nessa forma verbal fica apontada
uma contínua
atitude de expectação, que a cada dia nos motiva a vivermos melhor. Ao
termos essa esperança gloriosa em vista, somos fortalecidos para continuarmos
sendo pacientes, ou seja, perseverantes, como adverte o apóstolo: “Sede
pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor […] sede vós também
pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está
próxima” (Tg 5.7,8).
3. Uma igreja que vive em anelo pela
volta de Cristo.
Assim
como em nossos dias toda noiva possui uma grande expectativa em relação ao dia
de seu casamento, semelhantemente, a Igreja como noiva preparada (2Co 11.2; Ap
19.7), demonstra seu desejo de encontrar-se com o noivo que é Cristo: “E o
Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem […]”
(Ap 22.17), aos que amam a vinda do Senhor, o apóstolo Paulo afirma que está
garantida a coroa da justiça: “Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a
mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” (2Tm 4.8).
4. Uma igreja que vive em santidade.
Jesus
anunciou antecipadamente que os dias que antecedem a Sua vinda, serão de
extrema corrupção moral, comparando com o período antediluviano e a geração de
Sodoma e Gomorra (Mt 24.37; Lc 17.28). Os apóstolos também fizeram a mesma
afirmação (2Tm 3.1-5; 2 Pe 3.3). Sabedores disto, nós cristãos, devemos no meio
desta geração pervertida, vigiar em santidade, a fim de não nos contaminarmos
com o pecado (Fp 2.15). A santidade é tipificada na Bíblia como vestes (Ap
19.8,14), por sua vez, a falta de santidade pode ser retratada como vestes
sujas ou a nudez (Zc 3.3,4; Ap 3.18; 16.15). A exortação bíblica é que devemos
estar vestidos e com vestes limpas em todo tempo (Ec 9.8; Ap 3.4). Somente
aqueles que estiverem vigilantes e em santidade poderão desfrutar das bênçãos
advindas da volta do Senhor: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem
a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14; ver 1Ts 5.23; 1Jo 3.3).
CONCLUSÃO
A vinda de Cristo é uma gloriosa promessa para os que o
servem verdadeiramente. Diante dessa bendita promessa, devemos estar
vigilantes, vivendo em santidade, esperando fervorosamente este Dia em que
estaremos definitivamente livres de todo sofrimento e estaremos para sempre com
o Senhor Jesus Cristo, Aleluia!
REFERÊNCIAS
Ø LOCKYER, Herbert. Todas
as Parábolas da Bíblia. VIDA
Ø KEENER, Craig. S. Comentário
Bíblico Atos: Novo Testamento. ATOS.
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede Brasil de Comunicação.
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