Ne 6.10-14; 1Ts 5.20,21; 1Co
14.29
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos como se deu as estratégias dos inimigos do povo de Deus para bloquear a obra do Senhor; pontuaremos quais as respostas de Neemias as novas investidas dos inimigos; notaremos como saber se uma profecia é verdadeira ou falsa; e por fim, estudaremos a verdadeira função da profecia a luz da Bíblia.
I. ESTRATÉGIAS DOS
INIMIGOS DO POVO DE DEUS
Sob a liderança competente de Neemias, o povo completou a
reconstrução dos muros (Ne 6.15). Restava apenas restaurar as portas e
fortalecer a comunidade cercada pelos muros. Uma vez que Sambalate e seus
amigos haviam fracassado completamente em suas tentativas de impedir que o povo
trabalhasse (Ne 6.16), decidiram concentrar seus ataques em Neemias. Vejamos
agora as novas estratégias dos inimigos do povo de Deus:
1. Falsidade (Ne 6.1-3).
O convite de Sambalate para “congregar-se” com
Neemias feria os princípios já estabelecido por Ele (Ne 2.20). Uma reforma
espiritual estava a caminho, renunciar a este princípio destruiria o aspecto
moral da reforma (Ne 9.2; 10.28; 13.3). Seu objetivo real era fazer mal a
Neemias (v.2b) e fazê-lo cair em contradição.
2. Insistência (Ne 6.4).
A insistência em chamá-lo quatro vezes demonstra que eles estavam
tentando minar a resistência de Neemias para tentá-lo a mudar de ideia.
3. Mentiras (Ne 6.5-9).
É interessante observar como, em várias ocasiões, os inimigos
usaram cartas em seus ataques às obras (Ne 6.5,17,19). Uma “carta aberta”
para um governador real era, ao mesmo tempo, uma forma de intimidação e
um insulto (WIERSBE, 2012, p. 646). A carta cheia de acusações contra Neemias
nos mostra o quão baixo o inimigo pode chegar para tentar minar a obra (Ne
6.8).
4. Ameaças de morte (Ne 6.10).
Como usar de artimanhas não havia funcionado o projeto mudou
para as ameaças. Um falso profeta por nome de Semaías tentou convencer Neemias
a se esconder no templo, porque o plano do inimigo era matá-lo.
5. Profecias falsas que incentivavam ao erro (Ne 6.12-14).
O convite do falso profeta era para que Neemias fosse se
esconder no templo, algo que era proibido pela Lei: “O estranho que se
aproximar morrerá” (Nm 18.7). Alguns séculos antes o rei Uzias havia
feito isso e sofrerá grandes consequências (2Cr 26.16-23).
II. AS RESPOSTAS DE
NEEMIAS AS NOVAS INVESTIDAS DOS INIMIGOS
Podemos confiar em Deus para fazer a sua obra (Sl 21.7; Sl
125.1; Pv 29.25; Na 1.7). Ele nos equipou com armas espirituais para vencer
qualquer tipo de batalha: “Porque não temos que lutar contra a carne e o
sangue [...]” (Ef 6.12). O povo de Deus é equipado com as armas de
defesa e combate, e Neemias as usou com sabedoria. Vejamos agora as respostas
de Neemias às novas investidas dos inimigos da obra de Deus:
1. Percepção espiritual (Ne 6.2).
Neemias compreendeu que o convite tinha apenas um proposito;
fazer-lhe mal. Que possamos pedir a Deus para enxergarmos além das palavras.
2. Responsabilidade com a obra (Ne 6.3).
Neemias não se via fora de Jerusalém, o convite era para ir
ao Vale de Ono, cerca de 32 quilômetros ao norte de Jerusalém, perto de Lida,
ou Lode (KIDNER, 2011, p. 107). Por que ir tão longe se o chamado era para
restaurar Jerusalém? Neemias não desceu ao nível dos adversários, preferiu
continuar fazendo a obra.
3. Consistência e coerência (Ne 6.4).
Neemias possuía tanto discernimento quanto determinação; ele
recusou-se a ser influenciado por suas ofertas repetidas (Ne 4.12). Se aquela
oferta não era certa da primeira vez, continuaria sendo errada na quarta ou na
quinta vez, e não havia motivo algum para reconsiderá-la. As decisões que se
baseiam somente em opiniões podem ser reconsideradas, mas decisões que se
baseiam em convicções devem ser mantidas (WIERSBE, 2012, p. 645).
4. Oração (Ne 6.9).
Batalhas espiritais só podem ser vencidas através da oração
(Mt 17.21). Neemias sabia disso, seu ministério baseava-se em oração desde o
início (Ne 1.4; 2.4; 6.9). Que possamos ter em mente esse princípio, nossas
guerras serão vencidas em oração. “O que a Igreja necessita não é de
novos métodos [...] é de homens de oração, homens poderosos na oração” (BOUNDS,
2010, p. 8).
5. Conhecimento da Palavra (Ne 6.13).
O seu conhecimento da Lei do Senhor, e do Senhor da Lei lhe
deu condições de identificar uma falsa profecia (Pv 2.1-14; Ef 4.14,15).
Neemias conhecia os riscos de se entrar na casa do Senhor sem ser comissionado
para isso. Seu conhecimento da Palavra o livrou de pecar e de perder sua
autoridade sobre seu povo. Precisamos cada vez mais conhecer a Deus e sua
Palavra (Dt 6.6-9; Js 1.8; Sl 1.2; Sl 119.78; Os 6.3; 1Tm 4.15).
6. Temor a Deus e discernimento (Ne 6.13).
Neemias ainda prosseguiu na sua resposta à Semaías, dizendo: “[…]
E quem há, como eu, que entre no templo e viva? De maneira nenhuma entrarei” (Ne
6.13). Neemias desconfiou daquele falso profeta, pois sabia que o acesso ao
templo era restrito aos levitas e sacerdotes. O agravante é que não era apenas
um falso profeta, mas vários (Ne 6.14). Neemias estava rodeado de traidores,
que se deixavam vender por dinheiro (Ne 6.12-14, 17-19). Eram profetas da
qualidade de Balaão (Jd v.11) e amigos da estirpe de Judas Iscariotes (Mt
26.14-16), mas Deus deu discernimento espiritual ao seu servo e ele não foi
tragado pelos inimigos. Deus frustrara todas as investidas dos adversários de
Neemias e da obra do Senhor. De igual modo, o Senhor haverá de frustrar toda e
qualquer tentativa do Maligno contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18) e contra os
seus servos em particular, pois estamos munidos das armas espirituais (2Co
10.4; Ef 6.10-17).
III. COMO SABER SE
UMA PROFECIA É VERDADEIRA OU FALSA
A Bíblia revela que há três procedências das profecias, a
saber: o espírito imundo e mentiroso (Is 8.19; Mt 8.29; At
16.16-18); o espírito humano (1Cr 17.1-4; Jr 23.21,25,28; Ez
13.1-8); ou o Espírito Santo (1Co 12.7-11). Ou seja, as profecias
podem vir de três fontes: de Deus, da mente humana, ou do diabo; obviamente,
nem toda profecia vem de Deus, ou o apóstolo João não teria escrito: “Amados,
não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de
Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora” (1Jo
4.1). A forma mais segura na avaliação de uma profecia consiste na coerência
com os mandamentos bíblicos. As Escrituras nos mostram como se dá esta coerência.
Notemos:
1. A profecia tem que estar de acordo com os preceitos
bíblicos.
Os frutos são conforme a espécie da árvore: “Por seus
frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos
abrolhos?” (Mt 7.16). Jesus está dizendo que a videira só pode dar uva,
que a figueira só pode dar figo, e assim por diante. A igreja não deve ter como
infalível toda profecia, porque muitos falsos profetas estarão na
igreja (1Jo 4.1).Ela deverá enquadrar-se na Palavra de Deus (1Jo
4.1), e contribuir para a santidade de vida dos ouvintes e ser transmitida por
alguém que de fato vive submisso e obediente a Cristo (1Co 12.3).
2. O cumprimento de uma profecia não é, por si só, suficiente
para autenticá-la como de origem divina.
Além da coerência e do cumprimento da profecia existem outros
critérios para avaliação da profecia que merecem relevância. A profecia não
pode: utilizar meios de adivinhação (Mq 5.12); envolver médiuns ou feiticeiros
(Ml 3.5), negar a divindade de Cristo, e nem promover a imoralidade (Lv 19.2). “Quando
o profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti e te der um sinal ou
prodígio, e suceder [...]” (Dt 13.2). Se o evento acontecer como foi
profetizado e o profeta induzir o povo a adorar outros deuses, a recomendação
do Senhor é: “[…] não ouvirás as palavras daquele profeta [...]” (Dt
13.3). Quando isto acontece, é Deus quem permite para provar se o povo dEle
ama-O de todo coração.
IV. A VERDADEIRA
FUNÇÃO DA PROFECIA A LUZ DA BÍBLIA
O engano produzido pelos falsos profetas do grego “pseudo
prophetes” não é um assunto novo. A Bíblia tratou do assunto ao falar
com os filhos de Israel (Dt 18 20-22; 1Sm 3.19; Jr 9.28-32; Dt 13.5). Os falsos
profetas eram aqueles que prediziam paz, prosperidade, e segurança para o povo,
quando este achava-se em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am
5.10). No Novo Testamento os profetas e a profecia podem ser julgados ou
avaliados pela igreja (1Co 14.29,32; 1Ts 5.20,21). O propósito da profecia é “edificar,
exortar e confortar” (1Co 14.3). Edificar é melhorar ou fortalecer,
exortar é encorajar, e confortar é consolar, sendo assim a verdadeira profecia:
1. Produz liberdade, e não escravidão.
Em Romanos 8.15 o apóstolo Paulo nos diz: “Porque não
recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas
recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai”. A
verdadeira profecia trará liberdade, não escravidão. Qualquer forma de controle
sobre outra pessoa por intimidação, manipulação, ou domínio não vem de Deus.
2. Produz um verdadeiro avivamento.
Quando inspirada pelo Espírito Santo, a profecia traz vida
espiritual à reunião dos crentes. Se uma profecia vem para transtornar a
adoração, não é de Deus (2Ts 2.2). A mensagem profética pode desmascarar a
condição do coração de uma pessoa (1Co 14.25), ou prover edificação,
exortação, consolo, advertência e julgamento (1Co 14.3, 25,26, 31).
3. Tem o testemunho veraz do Espírito Santo.
No AT existia o “ministério profético”, já no
NT profetizar trata-se de um “dom” que capacita o crente a transmitir uma
palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (At
11.27,28; 1Co 12.10, 28,29; 14.24,25, 29-31); Tanto no AT, como no NT,
profetizar não é primariamente predizer o futuro, mas proclamar a vontade de
Deus, exortar e levar o seu povo à retidão, à fidelidade e à paciência (1Co
14.3). O apóstolo João nos mostra: “Este é aquele que veio por água e
sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito
é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (1Jo 5.6b).
4. A profecia manifesta-se segundo a vontade de Deus e não a
do homem.
Não há no NT um só texto mostrando que a igreja de então
buscava revelação ou orientação através dos profetas. A mensagem profética
ocorria na igreja somente quando Deus tomava o profeta para isso (1Co 12.11).
Pode-se dizer que nenhuma “profecia” excederá aos limites da Palavra,
mas pode contribuir bastante para interpretar tais verdades, além de abordar
necessidades específicas da Igreja local, envolvendo questões de ensino e
questões morais, que pessoas sem esse dom não saberiam resolver com sucesso.
CONCLUSÃO
Aprendemos nesta lição que todo aquele que foi chamado por
Deus enfrentará grandes batalhas para levar a cabo a vontade de Deus e que para
tal, precisará viver uma vida de discernimento espiritual. Sem sombras de
dúvidas o Espirito Santo irá capacitá-lo para enfrentar tais adversidades, mas
compete a cada um de nós uma vida de oração, conhecimento de Deus e vigilância
para assim concluir a boa obra que Ele o Senhor nos entregou.
REFERÊNCIAS
Ø ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento.
VIDA.
Ø KIDNER, Derek. Esdras e Neemias; introdução e comentário.
VIDA NOVA
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Vol. 2.
GEOGRAFICA
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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