Gl 5.16-26
INTRODUÇÃO
Após
sua conversão o cristão precisará evidenciar sua nova natureza, tais mudanças
não advêm simplesmente de sua busca por um caráter perfeito, antes por sua
entrega plena ao Senhor que governará sua vida. Na lição de hoje estudaremos
como isso acontece, entenderemos a importância do Fruto do Espírito e da
batalha diária contra as obras da carne além de mostrar que o fruto do Espiro é
o caráter de Cristo que se opõe as obras da carne.
I. DEFINIÇÕES DO TERMO FRUTO DO
ESPÍRITO
1.
Definição etimológica.
O
termo fruto no Novo Testamento é a tradução do original “karpos”,
que tanto pode significar “o fruto”, quanto “dar fruto”, “frutificar”
ou ser “frutífero” (Mt 12.33; 13.23; At 14.17). (...) Para que o fruto
seja gerado, é necessário que haja uma relação de interdependência entre o
tronco e seus ramos (ARRINGTON; STRONSTAD, 2003, p. 15). O fruto do Espírito é
o que resulta da vida de plena comunhão com Cristo. “Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto”, Jo
15.5. (Boyer, 1996, p.336). No novo testamento, o fruto é mostrado como o fator
determinante e relativo de um caráter (ANDRADE, 1999, p. 163).
2.
Definição Teológica.
O
andar em Espírito é uma condição esperada daquele que nasceu do Espírito (Jo
3). Não é um processo simples, antes, requer consciência, determinação e o
exercício da piedade (1 Tm 4.8). É uma troca de vida para a qual é necessário
total dedicação, o que inclui oração, vigilância, aprendizado da Palavra de
Deus, comunhão cristã, adoração, testemunho de vida e santificação (...) O
cultivo de uma vida no Espírito requer resignação. Não é um processo fácil;
porém, é glorioso e é o que se espera de todo salvo. (BRUNELLI, 2016, p. 352).
3.
Aplicação das definições.
O
fruto do Espírito é especificado nas Escrituras como sendo um só, e este pode
ser comparado a uma laranja, que é um fruto com vários gomos. Na epístola aos
gálatas o apóstolo Paulo apresenta as evidentes marcas daqueles que
experimentam o novo nascimento. Aqueles que se deixam dominar pelo Espírito
Santo dão “fruto”. Um conjunto de virtudes (nove ao total) que autenticam a
vida daquele que é regenerado: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio
próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.22-23).
II. AS OBRAS DA CARNE E O FRUTO DO
ESPÍRITO
1.
Andar na carne e o andar no Espírito.
Paulo
adverte os crentes mostrando que os que vivem segundo a carne, ou seja, uma
vida dominada pelo pecado, jamais agradarão a Deus: “Portanto, os que
estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). O viver na carne
opera morte (espiritual e física), mas o viver no Espírito conduz o crente à
felicidade, à vida eterna (Rm 8.11; 1Co 6.14). Paulo foi enfático ao afirmar: “andai
em Espírito” (Gl 5.16). O Espírito Santo nos ajuda a viver em santidade
e de maneira que o nome do Senhor seja exaltado. Andar na carne, ou seja, ser
dominado pela velha natureza adâmica, leva a pessoa a portar-se de modo
pecaminoso. Infelizmente, muitos crentes, como os de Corinto, estão se deixando
dominar pelas obras da carne (1Co 3.3). O conflito espiritual interiormente no
crente envolve a totalidade da sua pessoa. Este conflito resulta ou numa
completa submissão às más inclinações da ‘carne’, o que significa voltar ao
domínio do pecado; ou numa plena submissão à vontade do Espírito Santo,
continuando o crente sob o senhorio de Cristo (Rm 8.4-14). O campo de batalha
está no próprio cristão, e o conflito continuará por toda a vida terrena, visto
que o crente por fim reinará com Cristo (Rm 7.7-25; 2Tm 2.12; Ap 12.11)”
(STAMPS, 1999, p. 1801).
2.
As obras da carne, um contraste do viver no Espírito.
As
obras da carne é o contraste entre o modo de vida do crente cheio do Espírito e
aquele controlado pela natureza humana pecaminosa. Carne do grego “sarx” é
a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão
após a sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm 8.6-8,13; Gl 5.17,21).
Aqueles que praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus (Gl
5.21). Por isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e
mortificada numa guerra espiritual contínua, que o crente trava através do
poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14; ver Gl 5.17). Paulo diz: “Porque as
obras da carne são manifestas […]” (Gl 5.19). A palavra traduzida por
“conhecidas”, significa “claro e manifesto”. “A carne propriamente dita,
ou seja, a natureza pecaminosa é secreta e invisível; mas as suas obras, as
palavras e atos pelos quais se manifesta, são públicos e evidentes” (STOTT,
2007, p.134). Por mais que alguém tente negar a pecaminosidade do homem, as
obras da carne é a clara evidência da sua existência. Há várias listas de
pecados semelhantes ao que o apóstolo faz referência na epístola aos gálatas
(Rm 1.18-32; 1Co 5.9-11; 6.9; 2Co 12.20,21; Ef 4.19; 5.3-5; Cl 3.5-9; lTs 2.3;
4.3-7; lTm 1.9,10; 6.4,5; 2Tm 3.2-5; Tt 3.3,9,10). Essa lista, embora extensa,
não é exaustiva, uma vez que Paulo conclui dizendo: “[…] e coisas
semelhantes a estas” (Gl 5.21).
III. A VIDA CONTROLADA
PELO ESPÍRITO
O
fruto do Espírito desenvolve no crente um caráter semelhante ao de Cristo, que
reflete a imagem de sua pessoa e a natureza santa de Deus. O Fruto do Espírito
são os hábitos e princípios misericordiosos que o Espírito Santo produz em cada
cristão. Esses hábitos e princípios são o resultado de uma vida de comunhão com
Deus. Depois de liberto do pecado, o crente precisa desenvolver o Fruto do
Espírito (Rm 6.22). O ensino de Jesus a respeito da videira verdadeira mostra
que não pode haver um indivíduo que seja salvo e não produza o fruto do
Espírito Santo. Notemos o que acontece com uma vida controlada pelo Espírito
Santo:
1. Uma
vida frutífera.
Quando
o crente não se submete ao Espírito Santo, cede aos desejos da natureza
pecaminosa. Mas, ao permitir que Ele controle sua vida, torna-se um solo
fértil, onde o fruto é produzido. Mediante o Espírito, conseguimos vencer os
desejos da carne e viver uma vida frutífera. Para mostrar o quanto é acentuado
o contraste entre as obras da carne e o fruto do Espírito, o escritor aos
Gálatas alistou-os no mesmo capítulo (Gl 5). Desde que o Espírito Santo dirija
e influencie o crente, o fruto se manifestará naturalmente nele (Rm 8.5-10). Da
mesma maneira acontece ao ímpio, cuja natureza pecaminosa é quem o governa e a
Palavra de Deus é absoluta ao declarar que: “os que cometem tais coisas
não herdarão o Reino de Deus” (Gl 5.21b). Estas obras da carne são
características dos que vivem em pecado (Rm 7.20).
2. Uma
vida com maturidade e equilíbrio.
A
Palavra de Deus afirma que o crente é recompensado ao dar toda a liberdade ao
Espírito Santo para produzir, em seu interior, as qualidades de Cristo. O
capítulo 1 de 2 Pedro trata da necessidade de o crente desenvolver as dimensões
espirituais da vida cristã. Com este crescimento, vem a maturidade e a
estabilidade fundamentais para uma vida vitoriosa sobre a natureza velha e
pecaminosa do homem (2Pe 1.10,11).
3. Uma
vida com os dons espirituais junto ao o fruto do Espírito.
Os
dons espirituais e o fruto do Espírito devem caminhar juntos para que a Igreja
seja plenamente edificada e o nome do Senhor, glorificado (Ef 2.10). Uma árvore
é identificada e conhecida mediante os seus frutos (Lc 6.44). Portanto, só
viremos a aferir a espiritualidade de um crente através de suas obras
realizadas mediante o fruto do Espírito e não apenas por seus dons espirituais
(1Tm 5.25). Os dons estão relacionados ao que fazemos para Deus, enquanto o
fruto está relacionado ao que Deus, através do Espírito Santo, realiza em nós,
moldando-nos o caráter de acordo com a entrega do nosso inteiro ser a Ele, e de
conformidade com as demandas de sua Palavra (Mt 5.16).
IV. O FRUTO DO ESPÍRITO
E O TESTEMUNHO CRISTÃO
O
fruto do Espírito aparece quando deixamos Jesus Cristo agir em nossas vidas (Gl
2.20; At 17.28). Através do Fruto do Espírito Santo o caráter de Cristo é
novamente formado no homem. O pecado afetou consideravelmente imagem de Deus em
nós levando-nos a produzir as obras da carne. (Ef 2.2,3; Gl 5.19-21).
Entretanto através do novo nascimento, Cristo é novamente formado em nós e
assim somos transformados constantemente de glória em glória, crescendo na
graça e no conhecimento de Jesus Cristo. (2Co 3.17,18).
1. O
fruto é o resultado da presença do Espírito Santo na vida do Cristão.
A
Bíblia deixa bem claro que todos recebem o Espírito Santo quando acreditam em
Jesus Cristo (Rm 8.9; 1Co 12.13; Ef 1.13-14). Um dos propósitos principais do
Espírito Santo ao entrar na vida de um Cristão é transformar aquela vida. É
a tarefa do Espírito Santo conformar-nos à imagem de Cristo, fazendo-nos mais e
mais como Ele.
2. A
pessoa é identificada pelo seu fruto.
Em
Mateus 7.15-23, deparamo-nos com declarações notáveis, proferidas pelo Mestre,
acerca da importância do caráter. Assim como nós, os falsos profetas são
reconhecidos pelo tipo de fruto que produzem (Mt 7.16-19). Jesus acrescentou
que algumas pessoas fariam muitas maravilhas, expulsariam demônios em seu nome,
porém, Ele jamais as conheceria (Mt 7.22,23). Como é possível? A resposta é
encontrada em 2 Tessalonicenses 2.9. Este trecho bíblico comprova ser possível
Satanás imitar milagres e dons do Espírito. Contudo, o fruto do Espírito
é a marca daqueles que possuem comunhão com o Senhor (Mt 7.17,18; 1Jo
4.8), e jamais poderá ser imitado.
CONCLUSÃO
Se
entregarmos todo o controle de nossa vida ao Espírito Santo, Ele,
infalivelmente, vai produzir o seu fruto em nós através de uma ação contínua e
abundante. Como cristão, tudo que concerne ao caráter santificado, ou seja, a
nossa semelhança com Cristo, é obra do Santo Espírito “até que Cristo seja
formado em vós” (Gl 4.19).
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Ø BRUNELLI, Walter, Teologia
para Pentecostais Vol. 2. CENTRAL GOSPEL.
Ø KELLER, Timothy. Gálatas
para você. VIDA NOVA
Ø STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø STOTT, John. A Mensagem
de Gálatas. ABU
Ø VINE, W.E et al. Dicionário
Vine. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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