sábado, 9 de janeiro de 2021

LIÇÃO 02 – A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO PLANO DA REDENÇÃO (SUBSÍDIO)

 
 

 
 
Jo 16.7-13 
 
 

INTRODUÇÃO
Nesta lição destacaremos o significado da palavra redenção à luz das Escrituras; pontuaremos que no plano da salvação do ser humano a Trindade está envolvida; e por fim, elencaremos aspectos da atuação do Espírito no plano da redenção.
 
 
I. O QUE SIGINIFICA O TERMO REDENÇÃO
1. Definição etimológica e exegética.
A expressão redenção advém do latim “redemptio” que significa literalmente: “ato de resgate”. Ainda de acordo com Houaiss (p. 2407, 2001) redenção é: “ato ou efeito de remir; resgate; auxílio ou proteção que livra de situação difícil; salvação”. Duas principais palavras são utilizadas no AT para se referirem a redenção: “geullãh” que é usada indicando: a) quem pode resgatar (Lv 25.24,31,32,48); b) o que eles podem remir (Lv 25.26); c) quando (Lv 25.26,51,52); e, d) por quanto (Lv 25.26,51,52).
O outro termo é “pedut” usado para se referir à redenção em geral (Sl 111.9); a redenção dos pecados (Sl 130.7); ou a redenção do exílio (Is 50.2). Ambas as expressões significam: “remir, libertar, resgatar, remir, redenção”. Já no NT a palavra mais comum para redenção é: “lutrõsis” usada para indicar: a) o sentido de libertação acerca da nação de Israel (Lc 1.68; 2.38); e, b) acerca da obra redentora de Cristo que por sua morte trouxe libertação da culpa e poder do pecado (Hb 9.12) (VINE, pp. 261, 931 - acréscimo nosso).
 
2. Definição bíblica.
Redenção é o ato de redimir ou remir, que significa libertação, reabilitação, reparo e salvação. É quando através de um valor pago em dinheiro, adquire-se algo novamente, é o ato de resgatar, de tirar do poder alheio, do cativeiro. No NT, a redenção é estritamente uma atividade divina que é realizada por Jesus Cristo e através dele (Ef 1.7; Gl 3.13; 4.5). E seu principal significado é o resgate espiritual dos pecadores que estão escravizados no pecado (Mc 10.45 ver Sl 49.6-8), e essa libertação do pecador é assegurada com base no preço de resgate pago a Deus Pai (não ao Diabo) por Jesus Cristo em sua morte na cruz (Tt 2.14; Hb 9.12; 1Pd 1.18,19). Dessa forma, a redenção tem um significado triplo, que pode ser: a) pagar o preço do resgate (Hb 9.12); b) remover o pecador do mercado de escravos (Gl 3.13); e, c) livrar completamente um escravo ou prisioneiro, dando liberdade completa e definitiva (Cl 1.14).
 
 
II. A ATUAÇÃO DO DEUS PAI E DO FILHO NA REDENÇÃO
1. A redenção efetuada pelo Pai.
Sobre a redenção da humanidade, as Escrituras nos mostram que toda a Trindade esteve envolvida para a sua elaboração, execução e aplicação (1Pe 1.2). O Pai teve um papel fundamental na redenção da humanidade como segue: a) Ele nos conheceu de antemão e nos predestinou (Rm 8.29; 11.2; Ef 1.5,11); b) Ele nos escolheu e nos elegeu (Mt 24.31; Rm 8.33; Ef 1.4; 2Ts 2.13; 1Pe 1.2); c) Ele nos chamou e nos confirmou (Rm 8.28-30); d) Ele nos justificou e nos glorificou (Rm 8.30); e) Ele nos enviou o Seu Filho (2Co 5.19; 9.15); e por fim, f) Ele é o codoador (juntamente ao Filho) da graça e da paz (Rm 1.7; 1Co 1.3; 2Co 1.2; G11.3; Ef 1.2; Fp 1.2; Cl 1.2; 1Ts 1.1; 2Ts 1.2; 1Tm 1.2; 2Tm 1.2; Tt 1.4; Fm 1.3).
 
2. A redenção efetuada pelo Filho.
A redenção é um aspecto da morte de Cristo sobre a cruz, e como substituição tem o sentido de assumir a culpa, tem o sentido de pagar essa culpa assumida, ou seja, a redenção é aplicada no que diz respeito ao pecado e o débito que ele causa, que pode apenas ser pago com sangue (Hb 9.22 cf. Lv 17.11). Logo, para que o preço de pecado pudesse ser pago, era necessário derramamento de sangue de um cordeiro sem máculas (Jo 1.29; cf. Is 53.9; 1Pe 2.21-22). A ideia expressa nesse contexto é de prover liberdade através do pagamento de um resgate (Rt 3.9; Os 3.15; Is 43.3,10-14). Cristo é o Redentor da Raça humana e a ideia expressa é de comprar (Mt 13.44, 46; 14.15; Mc 6.36; Lc 9.13; cf. Gn 41.57, 42.5,7; Dt 2.6), “Por que fostes comprados por preço” (1Co 6.20; 7.23 ver também 1Co 7.23; 2Pe 2.1), que é o sangue do próprio Messias (Ap 5.9,10). Assim, por meio do pagamento, o redimido está livre (CHAFER, 2010, vol.3, p. 99).
 
 
III. A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NO PLANO DA REDENÇÃO
Com exceção da segunda e terceira epístola de João, todos os livros do NT contêm referências à pessoa e obra do Espírito Santo, onde podemos ler entre outras coisas, a sua atuação na vida de Cristo, dos pecadores e, principalmente dos servos de Deus. O NT descreve diversas atividades do Espírito Santo na experiência humana, vejamos algumas:
 
1. Convence o ser humano do pecado (Jo 16.7-11)
Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo, convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo. Convencer, nesse texto, significa: “levar ao conhecimento verdades que, de outra maneira, seriam postas em dúvida ou rejeitadas”. Quando o pecador ouve a palavra de Deus e crer ele é salvo (Rm 5.2; 10.17), de modo que, em paralelo à palavra da fé, está a operação do Espírito Santo, convencendo o pecador do seu real estado diante de Deus (Jo 16.8). Portanto, esse é o Seu primeiro trabalho na vida do ser humano: convencê-lo que é pecador. A luz da Bíblia, podemos afirmar que seria impossível o homem ser salvo, sem a ação do Espírito em sua vida.

2. Regenera o pecador arrependido (Jo 3.6-8).
A regeneração é o mesmo que nascer de novo, nascer do Espírito(Jo 3.6) ou seja, o milagre que ocorre na vida de todo aquele que teve um encontro com Cristo, tornando-o participante da natureza divina. Quem efetua a regeneração é o Espírito Santo, o qual, em certo sentido, funciona como alguém que traz à luz divina o pecador arrependido, introduzindo-o ao Reino de Deus (Jo 3.5,8). Através da regeneração, o homem passa a desfrutar de uma nova realidade espiritual, tornando-se uma nova criatura em Cristo (Tt 3.5; 2Co 5.17). A regeneração é a entrada do pecador arrependido para uma nova vida em Jesus, como ação do Espírito Santo (1Pe 1.3,23; 1Co 6.11).
 
3. Participa da justificação do homem pecador (1Co 6.11).
No NT encontramos evidências de que a obra do Espírito Santo também se faz sentir nesse estágio da redenção. Em 1 Coríntios 6.11, Paulo afirma: “[...] mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus”. Todas as obras citadas neste versículo podem ser aplicadas também ao Espírito Santo. A Justificação é indissociável da obra do Espírito Santo.
 
4. Atua na adoção do homem que se arrepende (Rm 8.15).
O Espírito Santo é chamado de “Espírito de Adoção” (Rm 8.15). O Espírito guia os que verdadeiramente, são filhos de Deus (Rm 8.14). Paulo em Gálatas 4.4-6 nos informa que fomos adotados por Deus, e no versículo 6, ele afirma: “E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai!”. Assim sendo, podemos concluir que a adoção é também uma obra do Espírito Santo.
 
5. Age na santificação.
A Santificação é obra graciosa do Espírito Santo no crente, durante toda a sua vida terrena transformado sua mente, seu coração e sua vida, segundo a imagem do Senhor Jesus Cristo: “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2Co 3.18; Cl 3.10)”. Na Santificação os nossos pecados são mortificados, por meio do Espírito Santo: “[...] mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Rm 8.13). Paulo ainda diz: “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados [...] pelo Espírito do nosso Deus” (1Co 6.11).
 
6. Insere o novo crente no corpo de Cristo (1Co 12.12,13).
Trata-se daquele ato divino do Espírito Santo pelo qual Ele batiza, ou seja, insere, coloca, o novo convertido no corpo de Cristo, identificando-o assim com a cabeça, o próprio Cristo e o Seu corpo que consiste de todos os cristãos salvos (Rm 6.2-4; Ef 2.22; 4.3-6; 5.30).
 
7. Sela o crente como propriedade de Cristo (2Co 1.21,22; Ef 1.13).
Todos os crentes salvos são selados pelo Espírito Santo no momento da sua conversão. O que não deve ser confundido com o batismo com o Espírito Santo. O selo é sinal de posse, propriedade: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus [...]” (2Tm 2.19), nós o recebemos no dia da nossa salvação como uma garantia para nossa redenção: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção” (Ef 4.30), por isto, o Espírito Santo é dado a nós como penhor (2Co 1.22), penhor é garantia, testemunho, caução, que somos propriedades de Deus.
 
8. Habita no salvo.
A palavra “habitar” no grego “oikeõ” que significa: “ocupar uma casa”, isto é, no sentido figurado, “habitar, residir, permanecer” (PALAVRA-CHAVE, 2009, p. 2316). No ato da regeneração, o Espírito Santo passa a habitar no crente (Ef 2.22). Esta união com Deus é chamada de habitação ou morada do Espírito em nós (Jo 14:17; Rm. 8:9; 1Co 6:19; 2Tm 1:14: 1Jo 2:27; 3.24; Ap 3:20). No AT, o Espírito agia entre o povo de Deus (Ag 2.5; Is 63.11-b), mas com o advento de Cristo e por sua mediação, o Espirito habita no crente, conforme profetizou nas Escrituras (Jr 31.31-34; Hb 10.14-17; Ez 36.26-27). Este privilégio é também reafirmado em (1Co 3.16; 6.19; 2Co 6.16; Gl 4.6). “É o Espírito quem aplica a obra da redenção em nós. Sem sua presença e ação, nenhum homem pode tornar-se um cristão. Passamos a pertencer a Cristo quando o Espírito habita e opera em nós”.
 
9. Gera o caráter de Cristo através do Fruto do Espírito.
Na epístola aos gálatas o apóstolo Paulo apresenta as evidentes marcas daqueles que experimentam o novo nascimento. Aqueles que se deixam dominar pelo Espírito Santo dão “fruto”. Um conjunto de virtudes (nove ao total) que autenticam a vida daquele que é regenerado: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.22).
 
10. Reveste de poder e concede dons espirituais.
Uma das principais atividades do Espírito Santo na vida do cristão é revesti-lo de poder (Lc 24.49), distribuindo dons espirituais (1Co 12.7-11) e, capacitando-o a testemunhar de Cristo (At 1.8).
 
 
CONCLUSÃO
Nas Sagradas Escrituras, tanto no AT como no NT, vemos de que a atuação do Espírito Santo para a redenção da humanidade é algo notório. Desse mesmo modo, Ele continua agindo, de maneira atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos servos de Deus, espalhados por todo o mundo, ainda hoje.
 
 
 
 
REFERÊNCIAS

Ø  BRUNELLI, Walter. Teologia para Pentecostais: Uma Teologia Sistemática Expandida Vol 2. CENTRAL GOSPEL.

Ø  CHAFER, Lewis Sperry, Teologia Sistemática. HAGNOS.

Ø  HOUAISS, Antônio. Dicionário da Língua Portuguesa. OBJETIVA.

Ø  WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Vol. 4. GEOGRAFICA.

Ø  VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

 

 

Por Rede Brasil de Comunicação.



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