Jo 14.16-18,26; 16.14
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos de maneira introdutória a doutrina da Pneumatologia; estudaremos sobre
a interrelação do Espírito Santo com as pessoas da Trindade; notaremos o Espírito
Santo como um ser pessoal e divino; pontuaremos quais pecados podem ser cometidos
contra o Espírito Santo; e por fim, analisaremos a possibilidade da adoração ao
Paracleto Divino.
I. PNEUMATOLOGIA: O
ESTUDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO
1. A doutrina do Espírito Santo.
Na Teologia, a
doutrina do Espírito Santo é conhecida como “Pneumatologia”. O termo
vem de “pneuma” (ar, vento, espírito), cognato do verbo “pnéo”
(respirar, soprar) ou conhecida também como: “Pneumagiologia”. Já este termo
procede da junção de três palavras gregas: “pneuma” (espírito), “hagios”
(santo) e “logia” (estudo). Porém, o termo preferido dos estudiosos da
Bíblia é “Paracletologia”. A palavra, “parákletos” encontrada
apenas no evangelho e na epístola de João (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7; 1Jo 2.1),
procede de duas palavras gregas: “pará” (para o lado de), e “kaléo”
(chamar) que significa: “alguém que é chamado para estar ao lado de
outro para ajudá-lo como um advogado” (SILVA, 1996, p.11). “O
Espírito Santo é a pessoa específica da Trindade que mais atua em nós”
(SOARES, 2020, p. 14).
II. O ESPÍIRTO SANTO
E A INTERRELAÇÃO COM AS PESSOAS DA TRINDADE
O nome Espírito
Santo vem do hebraico “ruah kadosh” e do grego “pneuma
hagios”. Ele é Deus, igual com o Pai e o Filho, e formam uma só
divindade, pois eles são “allos” palavra grega que denota “da mesma natureza, da mesma espécie e da
mesma qualidade”; diferente de “heteros” que denota “ser de espécie diferente”. Ao chamar o
Espírito Santo de “allon parakleton”, Jesus afirmou que tudo quanto pode ser
afirmado a respeito de sua natureza pode ser dito do Espírito (HORTON, 2006, p.
2006).
1. O Espírito Santo e a Doutrina da Trindade.
As Escrituras
ensinam que Deus é um (Dt 4.35; 6.4; Is 37.16), contudo, a unidade divina é uma
unidade composta de três pessoas, que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito
Santo (Mt 28.19; 1 Co 12.4-6), que cooperam unidos em um mesmo propósito, onde não
existe nenhum tipo de hierarquia ou superioridade entre eles; não se tratando também
de três deuses (triteísmo) e nem três modos ou máscaras de manifestações
divinas (unicismo), antes, são três pessoas, mas um só Deus (Jo 10.30).
Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste
eternamente em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder,
glória
e majestade
e distintas em função, manifestação e aspecto [...] Uma só essência,
substância, em três pessoas [...] as três pessoas associadas em unidade e
igualdade (SOARES Org, 2017, p. 39,40 – grifo
nosso). Cremos que a doutrina da santíssima Trindade é uma verdade bíblica,
conforme definida no Credo de Atanásio: “A fé universal é esta: que adoremos um
Deus em trindade, e trindade em unidade; não confundimos as Pessoas, nem
separamos a substância”. O relacionamento do Espírito Santo com o Pai e com o
Filho revela a sua divindade e a sua consubstancialidade com Eles. Há um só Deus
que subsiste em três pessoas distintas (Mt 28.19, 1Co 12.4-6; 2Co 13.13; Ef
4.4-6; 1Pe 1.2) (SOARES Org, 2017, pp. 41,42).
2. O Espírito Santo e a doutrina Pericorese.
Pericoresis vem de
três termos grego: “peri” = “periferia”,
“coré”
= “coreografia ou dança” e “esis”
= “expressa uma ação”. Pericoresis é
a união íntima intratrinitariana entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou
seja, é a habitação das Pessoas da Trindade uma na outra. É uma dança eterna, harmônica e
perfeita das três pessoas da Santíssima Trindade”. O termo se refere à
mútua e íntima interpenetração das três pessoas da Trindade (Jo 10.30;
14.10,16,17,20,23; 17.5,21; 2Co 2.10,11) (SOARES, 2020, p. 24). Há uma absoluta
igualdade dentro da Trindade, e nenhuma das três Pessoas está sujeita, por natureza,
à outra, como se houvesse uma hierarquia divina [...]. A subordinação do Filho
não compromete a sua deidade absoluta e, da mesma forma, a subordinação do
Espírito Santo ao ministério do Filho e ao Pai não é sinônimo de inferioridade
(SOARES, Org, 2017, pp. 41,42 - grifo nosso). A tradição teológica tem
interpretado esta coabitação entre as pessoas da Trindade como “interpenetrados”
onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo não apenas envolvem um ao outro, mas eles
também entram um no outro, permeando-se entre si, e habitam um no outro
(SOARES, 2017, pp. 77,78). As três Pessoas são iguais e não há entre elas
primeiro e último. Existem diversos textos em que o Espírito Santo é citado na
Trindade como a primeira pessoa (Is 61.1; 1Co 12.4-6; Ef 4.4-6); como a segunda
pessoa (Mt 3.16,17; 1Co 12.12,13; 1Pe 1.2); e como a terceira
pessoa (Mt 28.19; At 10.38; 2Co 13.13; Mt 10.20; Rm 8.9; 1Co 2.11,12;
Gl 4.6). “Logo, o Espírito Santo é da mesma substância, da mesma espécie, de
mesmo poder e glória do Pai e do Filho” (SOARES Org, 2017, p. 67 –
grifo nosso).
III. O ESPÍRITO SANTO
COMO UM SER PESSOAL
Uma pessoa é um
ser consciente, com arbítrio próprio e, por isso, partindo do princípio que
apresenta plena capacidade mental, é responsável pelos seus atos. A Bíblia
ensina que o Espírito Santo é uma pessoa, pois possui características pessoais:
sentimento
(emoção),
intelecto
(inteligência)
e vontade
(arbítrio).
A Bíblia mostra o Espírito Santo como uma pessoa porque Ele:
Fala (2Sm 23.2;
Hb 3.7; Ap 2.7,11,17);
|
Guia (Jo 16.13;
At 8.29; Rm 8.14);
|
Pode ser
resistido (At 7.51);
|
Intercede (Rm
8.26);
|
Impede (At
16.6,7);
|
Pode-se mentir a
Ele (At 5.3,4);
|
Testifica (Jo
15.26; Rm 8.16);
|
Tem vontade (Jo
3.8; 1Co 12.11);
|
Tem emoções (Is
63.10; Ef 4.30);
|
Ama (Rm 15.30);
|
Lembra (Jo
14.26);
|
Pode-se
blasfemar dele (Mt 12.31,32);
|
Ensina (Ne 9.20;
Jo 14.26; 1Co 2.13);
|
Convence (Ne
9.30; Jo 16.7,8);
|
Realiza milagres
(At 8.39);
|
Revela (At
10.19-21; Ef 1.17);
|
Lidera (Jo
16.13,14);
|
Pode-se insultar
dele (Hb 10.29);
|
Escolhe (At
13.2; 20.28);
|
Julga (At
15.28);
|
Advoga (At
5.32);
|
Clama (Gl 4.6;
1Tm 4.1);
|
Envia (At
13.2-4);
|
Convida (Ap
22.17);
|
Tem inteligência
(Is 11.2);
|
Consola (Jo
14.16, 15.26; At 9.31);
|
Ele é bom (Sl
143.10).
|
IV. O ESPÍRITO SANTO
COMO UM SER DIVINO
A asseidade
serve para designar “o atributo divino segundo o qual um ser
existe por si mesmo e não precisa de outro para existir”. Assim como o
Pai e o Filho, o Espírito Santo é autoexistente.
Ou seja: ele não depende de nada fora de si para existir. Ele sempre existiu; é
um ser incausado: “[...] pelo Espírito eterno” (Hb 9.14). Em
toda a Bíblia, podemos ver claramente que o Espírito Santo é Deus (BERGSTÉN,
1999, p. 97). Vejamos alguns atributos divinos do Espírito Santo:
Ele é o Espírito
de Deus (Gn 1.2; 1Co 3.16, 6.11; 2Co 3.3);
|
Ele é o
Altíssimo (Lc 1.35);
|
Ele é o Espírito
de Cristo (Rm 8.9; 1Pe 1.11);
|
Ele é Criador
(Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.24,25,30);
|
Ele é o Espírito
de Jesus (At 16.7);
|
Ele é Eterno (Hb
9.15);
|
Ele é o Espírito
do Senhor (Jz 6.34; 15.14; 16.20; 2Sm 23.2,3);
|
Ele é Deus (At
5:3,4);
|
Ele é o Espírito
de seu Filho (Gl 4.6);
|
Ele gerou Jesus
(Mt 1.20; Lc 1.35);
|
Ele é o Espírito
de vida e da verdade (Rm 8.2; Jo 14.16,17);
|
Ele ressuscitou
Jesus dentre os mortos (1Pe 3.18);
|
Ele é o Espírito
da Graça e da Glória (Hb 10.29; 1Pe 4.14);
|
Ele estar junto
com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 2Co 13.13);
|
Ele é
Onipresente (Sl 139.7-10);
|
Ele é doador de
vida (Jó 33.4; Sl 104.30);
|
Ele é Onisciente
(Is 40.13; 1Co 2.10-12);
|
Ele é inspirador
da Bíblia (1Pe 1.11; 2Pe 1.21; 2Tm 3.16);
|
Ele é Onipotente
(Lc 1.35; 1Co 12.11);
|
Ele é o Espírito
lá do Alto (Is 32.15).
|
V. PECADOS CONTRA O
ESPÍRITO SANTO
Além da blasfêmia
contra o Espírito Santo, considerado o mais grave dos pecados, há outras
ofensas. Vejamos:
1. Resistir ao Espírito Santo (At 7.51).
Este foi o pecado
que caracterizou os filhos de Israel quer no Antigo, quer no Novo Testamento. O
que significa resistir ao Espírito Santo? Significa opor-se, consciente e
premeditadamente, contra a ação regeneradora e santificadora do Espírito: “[...]
vós
sempre resistir ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”.
2. Entristecer o Espírito Santo (Is 63.10; Ef
4.30).
Entristecer o
Espírito Santo é opor-se a Ele; é ignorar-lhe a vontade e adotar o mundanismo
como norma de vida. Aos irmãos de Éfeso, exorta Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo
de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção” (Ef 4.30).
3. Blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12.32;
Hb 10.29).
Os fariseus diziam
grosseiramente, que Jesus expulsava os demônios com o poder de Belzebu. A
advertência que lhes dirigiu o Senhor foi mais do que enérgica; foi sentencial:
“Portanto,
eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada aos homens” (Mt 12.31). A
explicação do sumo sacerdote, Eli, ao repreender os seus filhos profanos: “Pecando
homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o homem contra o
SENHOR, quem rogará por ele?” (1Sm 2.25).
VI. A ADORAÇÃO AO
ESPÍRITO SANTO
A Declaração de Fé
das Assembleias de Deus cita o Credo Niceno-Constantinopolitano ao afirmar a
adoração ao Espírito Santo: “Cremos no Espírito Santo, o Senhor e vivificador,
o que procede do Pai e do Filho, o que juntamente com o Pai e o Filho é adorado
e glorificado” (apud SOARES Org, 2017, p. 70 - grifo nosso). “O Espírito Santo
é objeto de nossa fé, oração e adoração” (SOARES, 63a EBO- IEADPE, 2019, p.
51). O Espírito Santo não é apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa
oração e adoração (HORTON, 1996, p. 177 – grifo nosso). “Sobre a ‘comunhão com
o Espírito Santo’ (2Co 13.13), a Bíblia mostra que Ele é não apenas objeto de
nossa fé, mas também de nossa oração e adoração” (SOARES, 2020, p. 18).
Portanto, quando adoramos a Deus estamos glorificando as três pessoas
simultaneamente como bem ensina a Harpa Cristã número 10: “Glória, glória ao
Pai bendito, glória, glória a Jesus; glória dai ao Santo Espírito. Ao Deus
trino, nossa luz”.
1. Uma pessoa divina é digna de adoração.
É comum dizer que
o Espírito Santo não deve ser adorado porque “ele glorifica a Cristo”.
É, na verdade, um pensamento equivocado, pois se Ele é Deus, nisso por si só,
a sua adoração é aceitável, não existe na fé cristã um deus de segunda
categoria, um que deve ser adorado e outro não [...] (SOARES, 2020, p. 25 –
grifo nosso). Somos ordenados a adorar a Deus (Sl 18.3; 48.1; Mt 4.10, Ap
19.10; 22.9). O Espírito Santo é chamado de Senhor nas Escrituras: “Ora,
o SENHOR é o Espírito” (2Co 3.17 - ARA). Se, então, o Espírito Santo é
Deus (2Sm 23.2,3), como uma pessoa da Trindade, então, Ele é digno de adoração.
O Espírito Santo possui a natureza da divindade - Ele compartilha os atributos
de Deus. Ele não é nem angélico nem humano, mas na sua essência Ele é divino
(At 5.3,4). Paulo mostra claramente que as três pessoas da Trindade são
adoradas: O Pai (Gl 1.3-6); o Filho (Gl 1.7-12); e, o Espírito Santo (Ef
1.13,14). Nestas passagens percebemos a Divindade nas três pessoas de maneira
distinta em prol da salvação do homem. Em todas as três funções os três são
dignos do mesmo louvor, glória e adoração.
CONCLUSÃO
Sendo o Espírito
Santo Deus, seria impossível defini-lo ou descrevê-lo em Sua plenitude. Por
isso, procuramos apenas descrever alguns atributos, bem como algumas de suas
atividades que foram registradas nas Sagradas Escrituras sem esquecer-nos, no
entanto, de que esta atuação não se limita às experiências que foram
registradas nas páginas das Escrituras; pois, Ele continua agindo, de maneira
atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos servos de
Deus, espalhados por todo o mundo.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø PEARLMAN,
Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Vida.
Ø BÉRGSTEN,
Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø SOARES,
Ezequias. O Verdadeiro Pentecostalismo. CPAD.
Ø HORTON,
Stanley. O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. CPAD.
Ø SOARES,
E. (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø HORTON,
Stanley. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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