1Co 12.4,9-11
INTRODUÇÃO
Entre
os dons espirituais concedidos a Igreja, encontram-se o dom da fé, os dons de
curar, e operação de maravilhas que podem ser denominados de Dons de Poder.
Nesta lição, definiremos a palavra poder, veremos quais os propósitos de Deus
através destas habilidades espirituais, e, por fim, destacaremos detalhadamente
cada um destes dons e sua função para edificação do corpo de Cristo.
I. DEFINIÇÃO DA PALAVRA PODER
A
palavra poder no grego é: “dúnamis”, que significa: “força,
energia, habilidade, poder”, mas que normalmente se refere a algum
agente de poder ou força capaz de realizar um determinado trabalho. Nosso
vocábulo “dinamite” se deriva desse termo grego; e isso ilustra a
natureza da palavra. Tal palavra era usada para indicar “milagres” e
“maravilhas”, isto é, “feitos” que requerem poder
extraordinário e sobre-humano (Mt 7.22; 11.20,23; 13.54). Nos trechos de Atos
3.12 e 4.7, essa palavra é empregada para indicar o poder que Pedro usou a fim
de curar o aleijado. Em Atos 1.8, o poder referido é o do Espírito Santo, que
seria dado aos crentes primitivos no dia de Pentecostes (CHAMPLIM, 2004, p.
311).
II. DEFINIÇÃO E PROPÓSITO DOS DONS DE
PODER
Em
(1Co 12.9,10) o apóstolo Paulo fala do segundo grupo dos dons espirituais: o
dom da fé; os dons de curar e operação de maravilhas. Eles podem ser
classificados didaticamente como Dons de Poder. Como o próprio
nome já diz, estes são dons que transmitem poder, através de operações
sobrenaturais. Por isso, apesar de distintos entre si, existe uma estreita correlação
entre eles, inclusive em seus aspectos visíveis, ou seja, em seus resultados.
Assim como os outros dons, estes também “são recursos extraordinários que o
Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito, colocou à disposição da Igreja,
visando: a) o aperfeiçoamento dos santos; b) a ampliação do
conhecimento, de poder e da proclamação do povo de Deus; e, c) chamar a
atenção dos incrédulos à realidade divina” (ANDRADE, 2006, p. 150).
III. OS DONS DE PODER
1. O dom da fé
(1Co 12.9a).
A palavra fé no
hebraico é: “heemim” e, no grego é: “pisteuõ”. A
Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a
prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1). O dom da fé “é a
capacidade concedida pelo Espírito Santo para o crente realizar coisas que
transcendem à esfera natural, visando o benefício e a edificação da igreja”
(RENOVATO, 2014, p. 45). Algumas considerações devem ser feitas a respeito desse
dom: a) Esse tipo de fé não são todos que possuem (1Co 12.7-9) e b) ele
nada tem a ver com a chamada confissão positiva nem com a força do pensamento
positivo, pois é um dom que atua sob o controle do Espírito e não do homem (1Co
12.7,11). Como o termo fé é recorrente na Bíblia, destacaremos no quadro abaixo
os vários tipos de fé que existem:
TIPOS DE FÉ
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DEFINIÇÃO
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Natural
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O
conhecimento produzido pela detida observação da natureza, via de regra,
conduz o ser humano a crer na existência de Deus. Este tipo de fé pode ser
encontrado, por exemplo nos filósofos gregos que, embora desconhecessem os
escritos dos profetas hebreus, lograram descobrir, nalgum ponto de suas
especulações, a presença imarcescível do Criador de todas as coisas (Rm
1.19-21).
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Salvífica
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Proveniente
da proclamação do Evangelho, esta fé leva-nos a receber a Cristo como o nosso
único e suficiente Salvador (Jo 3.16). A fé salvadora só nasce no coração
humano através da pregação do evangelho (Rm 10.13,16). Sem a mensagem da cruz
não pode haver fé salvadora.
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Aspecto do Fruto
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Elevadíssima
confiança em Deus desenvolvida a partir de uma íntima comunhão com o Espírito
Santo (Gl 5.22). É uma fé constante, paciente e regular; independe de
circunstâncias (Hb 3.17,18); ela nasce como resultado de um singular
relacionamento do crente com a Palavra de Deus.
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Dom
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O
dom da fé diz respeito a uma fé sobrenatural que capacita o crente a crer em
Deus, para a realização de milagres extraordinários como a cura de doenças,
ressurreição de mortos ou a realização de coisas impossíveis pelos meios
naturais. O Dom da Fé é a capacitação sobrenatural do crente para crer e
realizar o impossível no nome do Senhor (Mt 17.20; At 3.6,7; 14.9,10).
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2. Os dons de curar (1Co 12.9a).
“Este
dom é multiforme na sua constituição e na sua operação. É uma sublime mensagem
para os enfermos não importando a sua doença. São dons de manifestação de poder
sobrenatural pelo Espírito Santo para a cura de doenças e enfermidades do
corpo, da alma e do espírito para crentes e descrentes” (GILBERTO, 2006, p.
197). A cura divina era parte fundamental no ministério de Jesus (Mt 4.23-25;
8.16; 10.1; Lc 4.14; At 10.38). O livro de Atos, o segundo tratado de Lucas,
nos mostra também que Pedro, Filipe, Estevão e Paulo eram tremendamente usados
por Deus com este dom (At 3.6-8; 6.8; 8.6-8; 19.11,12; 28.7,8; Rm 15.19; 1Co
2.4; 2Co 12.12).
A) Por
que dons?
É
interessante notar que todos os outros dons listados por Paulo estão no
singular. Mas os dons de curar estão no plural “E a outro...os dons de
curar” (1Co 12.9). Não há, portanto, um “dom de curar”, mas uma
variedade deles. A expressão “dons de curas” designa as variadas formas pelas
quais o Espírito Santo pode operar em diferentes ocasiões. Podem ser manifestos
através da pregação da Palavra, de outro dom, de uma palavra de ordem, da
imposição de mãos, da oração, dentre outras (At 3.1-8; 5.15,16; 9.32-34;
28.8,9).
B) Todos
têm este dom?
Os
dons de curar não são concedidos a todos os membros do corpo de Cristo (1Co
12.11,30), todavia, todos podem orar pelos enfermos, na autoridade do Nome de
Jesus, porque Ele prometeu realizar sinais que confirmam a Sua
Palavra (Mc 16.17,18), e havendo fé, os enfermos serão curados (Mt 21.22; Jo
11.40). Pode haver também cura de enfermidades através da unção com óleo,
conforme ensinou Tiago (Tg 5.14-16). É interessante destacar três verdades
sobre a cura: (1) a cura expressa a compaixão divina (Mt 14.14); (2) ela
encontra-se entre os benefícios divinos que compõe o pão dos filhos (Mc
7.24-30); e, (3) faz parte da obra redentora de Cristo (Is 53.4,5; Mt
8.16,17).
C) A
contemporaneidade dos dons de curar.
Embora
uma corrente da teologia cessacionista afirme que os dons do Espírito Santo não
são para os tempos hodiernos, mas estiveram restritos ao período apostólico, os
ensinos de Cristo e dos apóstolos mostram exatamente o contrário (At 2.39; I Co
12.28). A escassez ou pouca manifestação destes dons nos nossos dias pode ser
por algumas causas: a) Incredulidade (Mt 13.58; Ef 2.8; Rm 8.32; At
2.17); b) falta de interesse em buscar este dom (I Co 12.31; 14.1; II Tm
1.6); e, c) falta de temor, adoração e santidade (Pv 8.13; Js 3.5; At
2.43).
3. O
dom de Operação de Maravilhas (I Co 12.10).
Esse Dom
manifesta-se como os demais, de maneira sobrenatural, geralmente sendo uma
intervenção divina nas leis da natureza. É Deus modificando as leis naturais
para manifestar o seu supremo poder (Js 10.12-14; At 9.36-42; 20.9-12). Sempre
que o Dom de Operação de Maravilhas se manifesta, os resultados são imediatos e
visíveis (At 2.43; 8.5-8,13; 19.11). “A palavra 'maravilha' no grego: “teras”,
'algo estranho' que leva o observador a se maravilhar, sempre é usado no plural
e geralmente depois do termo: “semeia”, 'sinais'; o oposto ocorre
em At 2.22,43; 6.8; 7.36; em At 2.19, o termo 'teras' aparece
sozinho 'prodígios'. O sinal tem o propósito de apelar para o entendimento, a 'maravilha'
apela para a imaginação, o poder 'dúnamis' indica que sua fonte é
sobrenatural” (VINE, 2002, p. 774).
A) Propósitos
dos milagres.
Deus
não faz milagres apenas por fazer. Sempre que ele realiza algo sobrenatural e
extraordinário tem em mente alguns propósitos, entre os quais podemos citar:
PROPÓSITOS DE DEUS COM OS MILAGRES
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A glorificação do Seu Nome
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Os
milagres narrados nas Escrituras, tanto no Antigo como em o Novo Testamento,
objetivam a glória de Deus. Em nenhum momento encontramos os profetas e
apóstolos, buscando chamar a atenção para si (2Rs 5.15,16; At 3.8,12;
14.14,15).
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|
Dar uma resposta a necessidade humana
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Todos
os textos narrando os milagres realizados deixam bem claro que os mesmos
ocorreram em resposta a uma necessidade humana e em resposta ao sofrimento
humano (1Rs 17.5-7; 9-16; 2Rs 4, 5 e 6; Mt 8.23-27; Lc 7.11-17).
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Propiciar evidências para que haja fé em Deus
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Os
milagres operados pelos servos de Deus são uma clara demonstração do poder
divino. Todos eles tiveram como propósito específico despertar a fé no único
Deus Verdadeiro, que demonstra a sua graça e glória nas mais diferentes
situações na vida (1Rs 18.36-39; Jo 20.31).
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CONCLUSÃO
Sinais,
curas e milagres ocuparam parte importante do ministério de Cristo Jesus e dos
seus santos apóstolos, com a finalidade de confirmar a mensagem do evangelho
que pregaram. Este mesmo poder, permanece com a Igreja nos dias de hoje a fim
de que, se desenvolva espiritualmente e possa conduzir muitas vidas a
experiência da salvação.
REFERÊNCIAS
Ø
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø
GILBERTO, Antônio, et al. Teologia
Sistemática. CPAD.
Ø
RENOVATO, Elinaldo. Dons
Espirituais & Ministeriais. CPAD.
Ø
SOUZA, Estevam Ângelo de. Nos
Domínios do Espírito. CPAD.
Ø
ANDRADE, Claudionor de. Dicionário
Teológico. CPAD.
Ø
VINE, W.E, et al. Dicionário
Vine. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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