Ef 4.7-16
INTRODUÇÃO
Visando o aperfeiçoamento dos santos e a edificação do corpo
de Cristo, o Senhor Jesus deu a Igreja os dons ministeriais, a saber:
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores. Nesta lição,
estudaremos sobre o ministério apostólico, e veremos a definição do termo, sua
aplicação, o colégio apostólico, o apostolado de Paulo e também sobre a
atualidade desse ministério.
I. DEFINIÇÃO E
ORIGEM DOS APÓSTOLOS
“O termo deriva-se do grego e significa literalmente “enviado”.
A palavra é usada acerca do Senhor Jesus para descrever a Sua relação com Deus
(Hb 3.1; Jo 17.3). Os doze discípulos escolhidos pelo Senhor para treinamento
especial foram chamados assim (Lc 6.13; 9.10). Paulo, embora tivesse visto o
Senhor Jesus (1Co 9.1; 15.8), não tinha acompanhado os doze todo o tempo do Seu
ministério terrestre, e, consequentemente, não era elegível para um lugar entre
eles, de acordo com a descrição de Pedro sobre as qualificações necessárias (At
1.22). Paulo foi comissionado diretamente pelo próprio Senhor, depois de sua
ascensão, para levar o evangelho aos gentios” (At 9.1-15) (VINE, 2002, p. 407).
O título “apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo: “apostello”
significa: “enviar alguém em missão especial como mensageiro e
representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb
3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm
1.1; 2Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts
2.6,7). A Bíblia de Estudo Pentecostal (STAMPS, 2012, p. 1814) descreve três
aplicações ao termo:
1. O termo apóstolo no NT.
Era usado em um sentido geral, para um representante
designado por uma igreja, como, por exemplo, os primeiros missionários
cristãos. Logo, no NT o termo refere-se a um mensageiro nomeado e enviado como
missionário ou para alguma outra responsabilidade especial (At 14.4,14; Rm
16.7; 2Co 8.23; Fp 2.25). Eram homens de reconhecida e destacada liderança
espiritual, ungidos com poder para defrontar-se com os poderes das trevas e
confirmar o evangelho com milagres. Eles cuidavam do estabelecimento de igrejas
segundo a verdade e pureza apostólicas. Eles ariscavam suas vidas em favor do
nome de nosso Senhor Jesus Cristo e da propagação do Evangelho (At 11.21-26;
13.50; 14.19-22; 15.25,26).
2. O termo apóstolo no sentido especial.
Refere-se àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e
que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer
igrejas (os Doze, Paulo e outros). Eles tinham autoridade ímpar na igreja, no
tocante à revelação divina e à mensagem original do evangelho, como
ninguém mais até hoje. O ministério de apóstolo nesse sentido restrito
é exclusivo, e dele não há repetição (1Co 15.8).
3. Os apóstolos no
sentido geral.
Refere-se àqueles
que são enviados pelo Senhor Jesus e pela Igreja para levar as boas novas de
salvação a outros povos (Rm 10.13-17). Nesse sentido, existem homens
que exercem um trabalho apostólico. Podemos dizer que todo aquele
que realiza a obra missionária pode ser denominado de apóstolo. Eles são
extremamente necessários, pois, se as igrejas cessarem de enviar pessoas assim,
cheias do Espírito Santo, a propagação do evangelho em todo o mundo ficará
estagnada. Por outro lado, enquanto a igreja produzir e enviar pessoas,
cumprirá a sua tarefa missionária e permanecerá fiel à grande comissão do
Senhor Jesus (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20).
II. O COLÉGIO
APOSTÓLICO
Dá-se o nome de Colégio Apostólico ao grupo de doze homens que
foram chamados pelo próprio Senhor Jesus para segui-lo durante o seu ministério
terreno (Mt 10.2; Mc 6.30; Lc 6.13). “Foram três anos aproximadamente, em que
eles aprenderam as verdades de Deus com o maior Mestre da história. Após o seu
discipulado, aos pés de Cristo, e o recebimento do batismo com o Espírito Santo
(Lc 24.49; At 1.8), aqueles 12 foram enviados para proclamar o evangelho, ou as
Boas Novas de salvação (Lc 6.13). Eles constituíram a base ministerial para o
crescimento, o desenvolvimento e a expansão do Reino de Deus e da Igreja de
Cristo, por todo o mundo” (RENOVATO, 2014, p. 72).
1. Eles foram chamados por Jesus.
Em seu ministério, Jesus teve muitos seguidores (Mt 4.25;
9.36; 12.15; Mc 2.4,13; Lc 4.42; 5.1; Jo 6.2,22). Mas, os doze faziam parte de
um grupo especial: Eles foram chamados pelo Senhor Jesus para segui-lo e estar
com ele durante o seu ministério terreno (Mt 10.1-5; Mc 3.14; 6.7; Lc 6.13;
8.1).
2. Eles receberam autoridade espiritual.
Jesus deu aos doze autoridade para expulsar os espíritos
imundos, para curar os enfermos, limpar os leprosos e para ressuscitar os
mortos (Mt 10.1-8; Mc 3.13-15; Lc 10.1-9). Eles foram enviados, à princípio, as
ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.6); mas, após a ressurreição, o
Senhor lhes enviou para pregar ao mundo inteiro (Mt 28.16-20; Mc 16.14-20).
3. Eles possuíam
qualificações especiais.
Por ocasião da
eleição de Matias em lugar de Judas Iscariotes, o apóstolo Pedro enumerou
algumas exigências para o apostolado: ter sido testemunha ocular das obras, da
vida, da morte e ressurreição de Cristo (At 1.16-26; cf Jo 15.27).
III. O APOSTOLADO DE
PAULO
A conversão de Saulo ocorreu após a morte e ressurreição do
Senhor Jesus (At 9.1-18). Logo, ele não tinha as “credenciais” que eram comuns aos
demais apóstolos (At 1.21,22). Mas, o Senhor o chamou para este ministério,
embora ele se considerasse indigno como dizendo ser “o menor dos apóstolos”
(1Co 15.8,9). Paulo enfrentou muitas oposições por parte dos falsos mestres que
questionavam sua autoridade apostólica. Por essa razão, em suas epístolas, era
comum ele identificar-se como apóstolo: “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado
para apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (Rm 1.1); “Paulo,
chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão
Sóstenes” (1Co 1.1); “Paulo, apóstolo (não da parte dos
homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo (Gl 1.1). Além disso,
em suas cartas, ele ressalta repetidas vezes que foi chamado para ser o
“apóstolo dos gentios” (Rm 11.13; 15.15,16; Gl 1.16; 2.7,8).
1. O ministério apostólico de Paulo.
A vida de Paulo, seu fervor
missionário e seu zelo pela Igreja de Deus demonstram claramente o seu chamado
para o ministério apostólico, como veremos a seguir:
A) Na pregação do Evangelho.
O maior desejo do apóstolo Paulo era levar as boas novas de
salvação à toda criatura. Por isso, onde chegava, ele procurava sempre uma
ocasião para falar de Cristo, quer seja nas sinagogas (At 13.5; 14.1), nas
casas (At 20.20) e de cidade em cidade (At 14.6,7; 15.35). Nem mesmo a prisão
era impedimento para ele pregar o evangelho (Fp 1.12,13; 2Tm 2.9).
B) Na visita aos novos crentes.
Sua preocupação não era apenas evangelizar, mas também,
visitar os irmãos pelas cidades onde havia anunciado o Evangelho, para
exortá-los a permanecer na fé e encorajá-los em meio às perseguições e ao
sofrimento (At 14.21,22; 15.36).
C) No fato de deixar obreiros nas cidades onde havia pregado.
Após pregar o evangelho de cidade em cidade, o apóstolo Paulo
costumava deixar obreiros para cuidar do rebanho, como deixou Timóteo em Éfeso
(1Tm 1.3) e Tito em Creta (Tt 1.5).
D) Na orientação aos obreiros.
Pelo menos três, das treze cartas escritas pelo apóstolo
Paulo são denominadas de Epístolas Pastorais: 1Tm, 2Tm e Tt. Nestas cartas,
Paulo orienta aos obreiros sobre seus deveres e responsabilidades (1Tm 4.6-16;
5.1-25: 2Tm 3.10-17; 4.1-22; Tt 1.5-16; 2.1-10; 3.1-10); bem como as
qualificações para aqueles que desejam o episcopado (1Tm 3.1-16).
E) Na disposição
para sofrer por amor à Cristo.
Paulo estava
disposto a sofrer por amor a Cristo (At 20.22-24). Certa ocasião, quando
um profeta por nome Ágabo tomou a sua cinta, e lhe disse que ele seria preso,
Paulo respondeu: “...eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer
em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (At 21.11-13).
IV. A ATUALIDADE DO MINISTÉRIO APOSTÓLICO
“A princípio, era
considerado apóstolo somente aquele que pertencia ao grupo dos doze. Mais
tarde, com o desenvolvimento da Igreja, vemos Paulo defender, diante dos
gálatas, sua autoridade apostólica […]. Sendo um dom ministerial, segundo lemos
em Ef 4.8, podemos afirmar com segurança que os apóstolos jamais estiveram
ausentes da Igreja. Embora não mais recebam o título, continuam a realizar o mesmo
trabalho daqueles campeões que, de Jerusalém, espalharam a mensagem de Cristo
para o mundo. Como não considerar apóstolo a Willian Carey, ou a Daniel Berg e
Gunnar Vingren? Missionários, ou apóstolos, estes heróis de Deus continuam
ativos na expansão do Reino” (ANDRADE, 2006, p. 57). “Concluindo, podemos
afirmar com bastante fundamento escriturístico, que o ministério apostólico,
nos moldes do Colégio Apostólico, não existe mais. Porém, o ministério de
caráter apostólico, desenvolvido por missionários e evangelizadores, com a
finalidade de estabelecer igrejas, em diversos lugares, é perfeitamente atual”
(RENOVATO, 214, p. 81).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver,
o termo apóstolo significa “enviado”. Este título foi atribuído ao próprio
Cristo, aos Doze, a Paulo, além de outros. As qualificações necessárias para
ser apóstolo era ter sido testemunha ocular das obras, da vida, da morte e
ressurreição de Cristo. Hoje, já não existe apóstolos nos moldes do Colégio
Apostólico; mas, o ministério de caráter apostólico permanece e é desenvolvido
por missionários que estabelecem igrejas em diversos lugares do mundo.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor Correa de. Dicionário Teológico. CPAD.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. Dons Espirituais e Ministeriais. CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø VINE,
W. E. Dicionário Vine. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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