1 Co 12.27-29; Ef 4.11-16
INTRODUÇÃO
Entre os dons ministeriais concedidos a Igreja, encontra-se o
dom ministerial de profeta. Nesta lição traremos a definição do termo profeta;
analisaremos as diferenças entre o ministério de profeta do Antigo do Novo
Testamento; e, por fim, destacaremos quais as características que qualificam um
profeta verdadeiro dum falso.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA PROFETA
1. No Antigo Testamento.
A palavra hebraica para profeta é: “nabi”, que
vem da raiz verbal: “naba”. Essa palavra significa: “anunciador”,
e por extensão, aquele que anuncia as mensagens de Deus, frequentemente
recebidas por revelação ou discernimento intuitivo. Os temos hebraicos:
“roeh” e “hozeh” também são usados. Ambos
significam “aquele que vê”, ou seja, “vidente”.
Todas as três palavras aparecem em 1Crônicas 29.29. “Nabi” é
termo usado por mais de trezentas vezes no Antigo Testamento. Alguns poucos
exemplos são (Gn 20.7; Êx 7.1; Nm 12.6; Dt 13.1; Jz 6.8; 1Sm 3.20; 2Sm 7.2; 1Rs
1.8; 2Rs 3.11; Ed 5.1; Sl 74.9; Jr 1.5; Ez 2.5; Mq 2.11) (CHAMPLIN, 2004, p.
423).
2. No Novo Testamento.
A palavra comumente usada é: “prophétes”, que
aparece por cento e quarenta e nove vezes, que exemplificamos com (Mt 1.22;
2.5,16; Mc 8.28; Lc 1.70,76; 7.16; Jo 1.21,23; 3.18,21; Rm 1.2; 11.3; 1Co
12.28,29; 14.29,32,37; Ef 2.20; Tg 5.10; 1Pe 1.10; 2Pe 2.16; 3.2; Ap 10.7;
11.10). O substantivo “propheteia”, “profecia”, é usado
por dezenove vezes no NT (Mt 13.14; Rm 12.6; 1Co 12.10; 13.2,8; 14.6,22; 1Ts
5.20; 1Tm 1.18; 4.14; 2Pe 1.20,21; Ap 1.3; 11.6; 19.10; 22.7,10,18,19). Essas
palavras derivam do grego: “pro”, “antes”, “em favor
de”, e, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém
que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”,
especialmente da vontade de Deus (CHAMPLIN, 2004, p. 424).
II. DIFERENÇA ENTRE
O PROFETA DO AT E DO NT
Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, o profeta era um
“porta-voz oficial da divindade, sua missão era preservar o conhecimento divino
e manifestar a vontade do Único e Verdadeiro Deus” (ANDRADE, 2006, p. 305).
Todavia, eles eram diferentes um do outro, como veremos abaixo:
1. O profeta no Antigo Testamento.
Os profetas foram homens que Deus suscitou durante os tempos
sombrios da história de Israel (2Rs 17.13). “No Antigo Testamento, este ofício
era de âmbito nacional. Quando Deus levantava um profeta, conferia-lhe a missão
de falar em seu Nome para toda a nação e até para povos estranhos” (RENOVATO,
2014, p. 84). Na Teologia, o período do surgimento dos profetas é nomeado de
“profetismo” aludindo ao “movimento que, surgido no Século VIII a.C., em
Israel, tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria,
denunciar injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança
messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido
iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista também é visto
como o último representante deste movimento” (ANDRADE, 2006, p. 305). Os
profetas veterotestamentários podem ser classificados como profetas orais e
literários.
PROFETAS ORAIS
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PROFETAS DA ESCRITA
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Foram
homens chamados para o ministério profético que não deixaram registros
escritos, embora que outros escreveram acerca deles e de suas profecias.
Dentre eles, destacamos: Gade (1Sm 22.5); Natã (2Sm 12.1); Aías
(2Rs 11.29); Senaías (1Rs 12.22); Azarias (2Cr 15.1); Hanani
(2Cr 16.7); Jeú (1Rs 16.1); Jaaziel (2Cr 20.14); Elias (1Rs
17.1); Micaías (1Rs 22.14); Eliseu (2Rs 2.1), etc.
|
Quase
todos os “profetas da escrita” escreveram depois de terem sido “profetas da
palavra”. Encontramos 17 livros proféticos no AT, sendo que cinco deles são
denominados de Profetas Maiores (de Isaías a Daniel) e doze de
Profetas Menores (de Oséias a Malaquias). São assim chamados, não por
causa da sua importância, e sim, pelo conteúdo do livro e pela duração de seu
ministério.
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A) Funções
exclusivas dos profetas do Antigo Testamento.
O profeta do AT era um homem que, além de transmitir a
mensagem de Deus tinha outras atribuições, tais como: a) ungir reis (1Sm
9.16; 16.12-13; 1Rs 19.16); b) aconselhar reis (1Sm 10.8; 21.18; 2Sm 12;
2Rs 6.9-12); c) ser consultado pelas pessoas (1Sm 9.8-10; 1Rs 14.5;
22.7; 22.18; Jr 37.7). Os oráculos dos santos profetas que estão no cânon
sagrado não estão à mercê de julgamento humano (2Pe 1.21).
2. O profeta
no Novo Testamento.
“Os profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do
Espírito Santo, e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual
e pureza da Igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito e
revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu
povo” (STAMPS, 2012, p. 1814). Portanto, os profetas são ministros
pregadores cuja prédica pode ser uma mensagem de edificação, exortação e
consolação dos crentes (1Co 14.3). Na Igreja Primitiva e em Antioquia
havia homens que exerciam este ministério (At 13.1). “Em Atos 15.23, temos o
profeta consolando, fortalecendo e aconselhando. É certo também que o título de
profeta poderia ser usado para designar o ministério de alguns obreiros, em
virtude da sua natureza sobrenatural, pela abundância da inspiração com que
proclamam os oráculos de Deus” (SOUZA, 2013, pp. 33,34). Eis algumas
características do ministério profético no NT: a) Proclamava e
interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina
(At 2.14-36; 3.12-26; I Co 12.10; 14.3); b) Exercia o dom de profecia
(At 13.1-3); c) Às vezes prediz o futuro (At 11.28; 21.10,11).
III. DIFERENÇA ENTRE
O DOM DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA
1. Dom de profeta (permanente).
A palavra “ministro” (1Co 3.5; 4.2; 2Co 3.6; 6.4) significa: um
servo de Deus que ocupa um “ministério” (1Co 4.1,2. 2Co 6.3), que é um
encargo constituído por Deus, que, da parte de Cristo (2Co 5.20), funciona na
“Igreja do Deus vivo” (1Tm 3.15). Segundo Atos 13.1 e 15.32, os profetas
constituíam o ministério da Palavra de Deus, impulsionado por inspiração
profética. Por meio dessa inspiração, esse ministério é acompanhado de
“edificação, exortação e consolação”, que são evidências da operação do
verdadeiro espírito da profecia (1Co 14.3). Observamos, assim, que o simples
uso do dom de profecia não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um
ministro da Palavra (At 21.9,10) (BERGSTÉN, 2007, pp. 115,116).
2. Dom de profecia (esporádico).
“Profecia é uma mensagem de Deus dada a pessoa a quem o
Espírito manifesta este dom. Tal pessoa deve transmiti-la exatamente como a
recebeu (Jr 23.28). A atitude de quem profetiza deve ser “A palavra que
Deus puser na minha boca essa falarei” (Nm 22.38-b). A mensagem
recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas
fiel e conscientemente (1Co 14.32). No momento em que a profecia é transmitida,
não é Deus quem está falando, mas é o homem quem está transmitindo o que de
Deus recebeu (1Co 14.29). Se fosse o próprio Deus falando, não haveria
necessidade de se julgar a mensagem como a Palavra nos orienta que faça” (1Co
14.29; 1Ts 5.21) (BERGSTÉN, 2007, p. 113 – grifo nosso).
IV. CARACTERÍSTICAS
DO VERDADEIRO E DO FALSO PROFETA
Em Mateus 24.11,
Jesus disse que, à medida que se aproximassem os últimos dias, surgiriam muitos
falsos profetas. Esses tais pregariam um evangelho misto, permissivo, e
deturpado, no intuito de conduzir os incautos ao erro sob o pretexto de terem
recebido novas “unções” e “revelações”. Abaixo destacaremos algumas
características do verdadeiro e do falso profeta para que possamos distinguir
um do outro:
PROFETA VERDADEIRO
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PROFETA FALSO
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Zelo
pela pureza da Igreja (Jo 17.15-17; 1Co 6.9-11; Gl 5.22-25)
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Aparência
de piedade, mas cheios de malícia interior (Mt 7.15)
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Profunda
sensibilidade diante do mal e capacidade de identificar e detestar a
iniquidade (Rm 12.9; Hb 1.9).
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Mercenários (2Pe 2.3) |
Profunda
compreensão do perigo dos falsos ensinos (Mt 7.15; 24.11,24; Gl 1.9; 2Co
11.12-15).
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Pregadores de heresias (2Pe 2.1). |
Dependência
contínua da Palavra de Deus para validar a sua mensagem (Lc 4.17-19; 1Co
15.3,4; 2Tm 3.16; 1Pe 4.11).
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Operadores de sinais para engano e autopromoção (Mt 24.11). |
Interesse
pelo sucesso espiritual do Reino de Deus e identificação com os sentimentos
de Deus (Mt 21.11-13; 23.37; Lc 13.34; Jo 2.14-17; At 20.27-31).
|
Gostam de ser louvados (Lc 6.26). |
CONCLUSÃO
Assim como nos
primórdios, a igreja atual, precisa que Deus continue levantando homens com o
dom ministerial de profeta, a fim de que usados pelo poder do Espírito Santo,
transmitam mensagens que venham produzir no povo de Deus o desejo de uma vida
de mais santidade, obediência irrestrita a Palavra de Deus e profunda comunhão
com Ele.
REFERÊNCIAS
Ø CHAMPLIN,
R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
Ø RENOVATO,
Elinaldo. Dons Espirituais & Ministeriais. CPAD.
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
Por Rede
Brasil de Comunicação.
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