Sl 63.1-8
INTRODUÇÃO
Na
lição desta semana, estaremos refletindo sobre o avivamento na vida pessoal.
Contrariamente ao que algumas correntes teológicas defendem, alegando que o
“avivamento” só pode ser vivenciado “coletivamente”, esta lição vai mostrar o
avivamento na vida pessoal do salmista, servindo como paradigma para nossa
análise, além de refletirmos sobre algumas disciplinas espirituais que nos
ajudarão a mantermos uma vida avivada. E por fim, aprenderemos que precisamos
manter o equilíbrio e entendermos que o fruto e os dons do Espírito Santo devem
estar presentes todos os dias de nossa vida.
I. AVIVAMENTO NA VIDA DO SALMISTA
1. Contexto do Salmista.
Este
Salmo tem sido chamado de “Cântico de
confiança”. Atribui-se a Davi quando no deserto de Judá. Isso tem sido
interpretado como a fuga de Davi de Saul, ou de Absalão (I Sm 22 e 23, ou II Sm
15 a 17). Seja qual for as circunstâncias, o Salmo é uma expressão de profunda
devoção, comunhão e dedicação a vontade de Deus.
2. “Ó Deus, tu és o meu Deus, de
madrugada te buscarei (...)” (v.1).
O
Salmista expressa sua comunhão com Deus. Sua intimidade é demonstrada em seu
relacionamento de profunda devoção, e seu anseio por sua presença. Buscar de
“madrugada” tanto pode indicar o sacrifício de uma vigília, quanto o da
metáfora de um momento de dificuldade.
3. “A minha alma tem sede de ti, a minha
alma te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água,” (v.1).
Neste
texto, o Salmista faz uso de elementos da natureza para descrever seu clamor e
anelo desesperado por sua presença. Reconhece sua debilidade, sua condição
diante de Deus, deixando claro que Seu Deus, é o maior bem de sua vida. Ter
sede por Deus e sua presença, é uma característica de um servo avivado.
4. “para ver a tua fortaleza e a tua
glória, como te vi no santuário.” (v.2).
Por
força das circunstâncias, o salmista estava distante do templo no deserto,
entretanto, seu coração desejava experimentar o sobrenatural de Deus em Sua
vida. Desejar experiências profundas com Deus, é um indicativo de uma vida
avivada.
5. “porque a tua benignidade é melhor do
que a vida, os meus lábios te louvarão.” (v.3).
Para
o escritor sagrado, o Senhor é a razão de sua existência. A benignidade de Deus
se constitui num bem maior, por isso, em gratidão, fará de seu coração e vida,
um verdadeiro santuário de adoração e gratidão a Deus (v.4).
6. “A minha alma se fartará(...) e a
minha boca te louvará com alegres lábios, (...)” (v. 5).
Fé,
esperança, confiança, gratidão e adoração, são frutos de uma vida avivada por
Deus. Não se pode demonstrar tais expressões, sem que se tenha uma vida de
intimidade com Deus.
7. “quando me lembrar de ti na minha
cama e meditar em ti nas vigílias da noite. (...)” (v.6).
Priorização
de momentos devocionais com Deus, oração, meditação em sua Palavra, são
atitudes de verdadeiros crentes avivados. O salmista sabia que, viver sem
nutrir uma comunhão com Deus, seria o seu maior erro.
II. DISCIPLINAS ESPIRITUAIS CRISTÃ PARA UMA VIDA AVIVADA
Disciplinas
espirituais são os exercícios espirituais, prescritos na Bíblia Sagrada, cujo
objetivo é proporcionar ao crente uma intimidade singular com o Pai Celeste,
levando-o ao avivamento e mantendo-o nele, com o fim de glorificar a Deus (Mt
5.16). Eis algumas disciplinas espirituais:
1. A Oração.
A
vida consiste de hábitos, tanto bons quanto maus. Os hábitos mais produtivos
são fruto da disciplina, prática e aplicação. Enquanto a oração não for um
hábito bem firmado e não tiver se tornado parte do estilo de vida do crente,
sua vida será infrutífera e sem efeito apreciável. Os grandes homens de oração
da Bíblia foram pessoas de rígidos hábitos de oração. O rei Davi escreveu: “De
tarde e de manhã e ao meio dia orarei; e clamarei; e ele ouvirá a minha voz”
(Sl 55.17). A respeito de Daniel foi escrito: “Entrou em sua casa (ora havia em
seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes no dia se punha
de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como antes costumava
fazer” (Dn 6.10). Daniel tinha hábitos de oração tão fixos, que nenhuma
circunstância da vida tinha permissão para interrompê-los. Orações regulares
era um costume habitual entre os judeus, pois estabeleciam três períodos de
oração para todos os dias como nos casos citados de Davi e Daniel. Nos tempos
neotestamentários, esses horários eram às nove horas da manhã, às três da tarde
e ao pôr do sol. Embora, para alguns a prática tivesse se deteriorado para nada
mais do que um ritual (Mt 6.5,16). Para a igreja primitiva, os horários fixos
de oração foram seguidos fielmente. Somos informados de que “Pedro
e João subiam juntos ao templo à ora da oração, a nona” (At 3.1). O
apóstolo Paulo exorta: “Orai sem cessar” (1 Ts 5.17).
2. A Leitura da Palavra.
Priorizar
a leitura e meditação das Escrituras sempre foi uma atitude dos grandes homens
de Deus. No A.T. Moisés destacou em relação ao livro da lei: “E o
terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida [...]” (Dt
17.19); a Josué, o Senhor enfatizou que a meditação em sua Palavra, deveria ser
constante: “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia
e noite [...]” (Js 1.8), o que o sucessor de Moisés não o fez
apenas de modo pessoal, mas transmitiu também para o povo (Js 8.34,35); o
salmista diz que a meditação diária das Escrituras, é decorrente do prazer que
se nutre em relação à Palavra de Deus: “Antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR,
e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.3; ver Sl 119.97), como
também, parte de uma decisão resoluta: “Em teus preceitos meditarei e olharei
para os teus caminhos” (Sl 119.15). No período pós cativeiro, foi de
extrema importância o comprometimento do sacerdote Esdras quanto a leitura e
meditação das Escrituras para sua preparação espiritual (Ed 7.10), como para o
ensino público necessário para a restauração de Jerusalém (Ne 8.5-9). No N.T, o
Senhor Jesus critica os religiosos de sua época porque “Não conheciam as Escrituras e nem
o poder de Deus” (Mt 22.29).
3. O Jejum.
Essa
prática vem desde o AT onde o povo de Israel jejuava por diversas razões (Sl
69.10; 2Sm 12.16). O próprio Cristo praticava a disciplina do jejum e ensinava
que a mesma devia fazer parte da vida consagrada do cristão. A igreja do NT praticava
o jejum (At 13.2,3; 14.23; 27.33). Antioquia é uma clara demonstração de que os
crentes primitivos jejuavam (At 12.2,3; 2Co 6.5). Portanto, o Jejum deve ser
realizado com exercício espiritual.
4. Cantar Louvores.
O
louvor a Deus deve fazer parte da disciplina espiritual, pois o apóstolo Tiago
nos diz “Se está alguém alegre, cante louvores (...)” (Tg 5.13). Tanto no A.T.
como no N.T., a música esteve presente no culto de Israel e da Igreja primitiva
((Nm 10:1-10; Jz 7:22; Jô 38:7; Ef. 5:19; 1 Tm 3:16; At 16:25). Não é por acaso
que o maior livro da Bíblia é um hinário (Salmos).
5. O Culto doméstico
O “culto
doméstico” é definido como “uma reunião da família, sob a liderança dos pais
cristãos, com a finalidade de cultuar a Deus no lar” (RENOVATO, 2013, p. 115).
No lar, os conceitos mais importantes da vida são ensinados e o caráter da
família e principalmente dos filhos, é formado. Por isso, devemos compreender e
ensinar sobre a importância do culto doméstico. Ele se constitui uma importante
disciplina, não só para um avivamento individual, bem como, coletivo. (Dt
6.5,7-9; 20.5; Js 7.14; 24:15).
III. FRUTO DO ESPÍRITO: IMPRESCIDÍVEL PARA UMA VIDA CRISTÃ AVIVADA
É
comum algumas pessoas pensarem que ser “cheio do Espírito Santo”, esteja
unicamente relacionado ao uso dos dons espirituais pela igreja, conforme (Rm
12.3-8; 1 Co 12.4-11;28-30; Ef.4.11; 1 Pe 4.10,11). Entretanto, observando com
mais atenção, verificaremos que viver “cheio
do Espírito Santo”, envolve também a produção do fruto do Espírito, pois
diz respeito ao caráter do crente que é nascido de novo (1 Cor 13; 2 Co 5.17;
Col 3.1-3; Ef. 4,22-6.20; Rm 6.4-23). O apóstolo Paulo escreveu aos corintos “Andai
em amor, e procurai com zelo os
melhores dons espirituais, principalmente o de profetizar” (1 Co 14.1).
Isso evidencia que, para o apóstolo, o fruto e os dons deveriam andar no mesmo
compasso na vida de cada crente salvo. O cristão avivado precisa atentar para o
equilíbrio, e perceber que “Andar em Espírito” (Gl 5.16), diz
respeito a minha conduta moral, espiritual e o meu testemunho perante minha
família, igreja e sociedade. Paulo nos recomenda “E não se embriaguem com vinho,
pois isso leva a devassidão, mas deixem-se encher do Espírito” (Ef.
5.18 - NAA). Isso é tão claro nas Escrituras, que o apóstolo, logo após sua ter
escrito sobre “ser cheio”, passa a orientar princípios morais e espirituais a
serem utilizados no relacionamento entre os cônjuges (Ef 5.22-330); dos pais
com os filhos (Ef. 6.4), dos filhos com os pais (Ef. 6.1-3), do empregado para
com o patrão (Ef. 6.5-8); e do patrão para com o empregado (Ef. 6.9). Portanto,
manter o equilíbrio “dons e fruto” deve ser o propósito
de todo cristão avivado. Sem esse equilíbrio, um conceito de uma vida de
plenitude no Espírito fica deficitário.
CONCLUSÃO
Com isso, concluímos que viver “cheio do Espírito Santo” não
deve ser uma opção, porém, o objetivo de nossa vida. Deus tem dispensado para
sua igreja: os dons e o fruto. Portanto, ele requer que façamos bom uso de
tudo que disponibilizou, e acima de tudo, busquemos a cada dia, viver uma vida
de plenitude do Espírito Santo.
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE. Claudionor Corrêa de. Fundamentos
Bíblicos de um Autêntico Avivamento. CPAD.
Ø BEACON, COMENTÁRIO BÍBLICO, Vol. 3.
CPAD.
Ø BRANT, Robert e Zenas J. Bricket. O
Espírito nos ajuda a orar. CPAD.
Ø CONDE, Emílio. Histórias das Assembleias de Deus
no Brasil. CPAD.
Ø CHAMPLIN, Norman. O Antigo Testamento Interpretado.
Vol 4. HAGNOS.
Ø KINDNER, Derek. Introdução e Comentário, Sl 1-72.
VIDA NOVA.
Ø RENOVATO, Elinaldo. Aviva
a Tua Obra. CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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