Gl 5.19-25
INTRODUÇÃO
Após sua conversão o cristão precisará
evidenciar sua nova natureza, tais mudanças não advêm simplesmente de sua busca
por um caráter perfeito, antes por sua entrega plena ao Senhor que governará
sua vida. Na lição de hoje estudaremos como isso acontece, entenderemos a
importância do Fruto do Espírito e da batalha diária contra as obras da carne;
além de mostrar que o fruto do Espiro é o caráter de Cristo que se opõe as
obras da carne.
I. DEFINIÇÕES DO
TERMO FRUTO DO ESPÍRITO
1. Definição etimológica.
O termo fruto no Novo Testamento é a tradução do original: “karpos”,
que tanto pode significar “o fruto”, quanto “dar fruto”, “frutificar”
ou ser “frutífero” (Mt 12.33; 13.23; At 14.17) [...]. Para que o fruto
seja gerado, é necessário que haja uma relação de interdependência entre o
tronco e seus ramos (ARRINGTON; STRONSTAD, 2003, p. 15). O fruto do Espírito é
o que resulta da vida de plena comunhão com Cristo. “Quem permanece em
mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15.5) (BOYER, 1996, p.336). No
novo testamento, o fruto é mostrado como o fator determinante e relativo de um
caráter (ANDRADE, 1999, p. 163).
2. Definição Teológica.
O andar em Espírito é uma condição esperada daquele que
nasceu do Espírito (Jo 3). Não é um processo simples, antes, requer
consciência, determinação e o exercício da piedade (1Tm 4.8). É uma troca de
vida para a qual é necessária total dedicação, o que inclui oração, vigilância,
aprendizado da Palavra de Deus, comunhão cristã, adoração, testemunho de vida e
santificação (…) O cultivo de uma vida no Espírito requer resignação. Não é um
processo fácil; porém, é glorioso e é o que se espera de todo salvo (BRUNELLI,
2016, p. 352).
3. Aplicação das definições.
O fruto do Espírito é especificado nas Escrituras como sendo
um só, e este pode ser comparado a uma laranja, que é um fruto com vários
gomos. Na epístola aos gálatas o apóstolo Paulo apresenta as evidentes marcas
daqueles que experimentam o novo nascimento. Aqueles que se deixam dominar pelo
Espírito Santo dão “fruto”. Um conjunto de virtudes (nove ao total) que
autenticam a vida daquele que é regenerado: “Mas o fruto do Espírito é:
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.22-23).
II. AS OBRAS DA
CARNE E O FRUTO DO ESPÍRITO
Fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não
ainda da presença do pecado (Rm 7.18,23). No campo do nosso interior ainda se
trava uma guerra, um conflito permanente entre a carne e o Espírito. Eles são
opostos entre si. Paulo tratou da guerra interior que existe em cada cristão com
as suas duas naturezas (Rm 7.22.23; Gl 5.17). Nessa batalha “carne versus
espírito”, vencerá aquele que dermos a maior preferência (Gl 5.16).
Notemos as considerações que a Palavra de Deus traz sobre o andar na carne e o
andar no Espírito:
1. Andar na carne e o andar no Espírito.
Paulo adverte os crentes mostrando que os que vivem segundo a
carne, ou seja, uma vida dominada pelo pecado, jamais agradarão a Deus: “Portanto,
os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8). O viver na
carne opera morte (espiritual e física), mas o viver no Espírito conduz o
crente à felicidade, à vida eterna (Rm 8.11; 1Co 6.14). Paulo foi enfático ao
afirmar: “andai em Espírito” (Gl 5.16). O Espírito Santo nos
ajuda a viver em santidade e de maneira que o nome do Senhor seja exaltado.
Andar na carne, ou seja, ser dominado pela velha natureza adâmica, leva a
pessoa a portar-se de modo pecaminoso. Infelizmente, muitos crentes, como os de
Corinto, estão se deixando dominar pelas obras da carne (1Co 3.3). O conflito
espiritual interiormente no crente envolve a totalidade da sua pessoa. Este
conflito resulta ou numa completa submissão às más inclinações da ‘carne’, o
que significa voltar ao domínio do pecado; ou numa plena submissão à vontade do
Espírito Santo, continuando o crente sob o senhorio de Cristo (Rm 8.4-14). O
campo de batalha está no próprio cristão, e o conflito continuará por toda a
vida terrena, visto que o crente por fim reinará com Cristo (Rm 7.7-25; 2Tm
2.12; Ap 12.11)” (STAMPS, 1999, p. 1801).
2. As obras da carne, um contraste do viver no Espírito.
As obras da carne é o contraste entre o modo de vida do
crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa.
Carne do grego “sarx” é a natureza pecaminosa com seus desejos
corruptos, a qual continua no cristão após a sua conversão, sendo seu inimigo
mortal (Rm 8.6-8,13; Gl 5.17,21). Aqueles que praticam as obras da carne não
poderão herdar o reino de Deus (Gl 5.21). Por isso, essa natureza carnal
pecaminosa precisa ser resistida e mortificada numa guerra espiritual contínua,
que o crente trava através do poder do Espírito Santo (Rm 8.4-14; ver Gl 5.17).
Paulo diz: “Porque as obras da carne são manifestas […]” (Gl
5.19). A palavra traduzida por “conhecidas”, significa “claro e manifesto”. “A
carne propriamente dita, ou seja, a natureza pecaminosa é secreta e invisível;
mas as suas obras, as palavras e atos pelos quais se manifesta, são públicos e
evidentes” (STOTT, 2007, p.134). Por mais que alguém tente negar a
pecaminosidade do homem, as obras da carne é a clara evidência da sua
existência. Há várias listas de pecados semelhantes ao que o apóstolo faz
referência na epístola aos gálatas (Rm 1.18-32; 1Co 5.9-11; 6.9; 2Co 12.20,21;
Ef 4.19; 5.3-5; Cl 3.5-9; lTs 2.3; 4.3-7; 1Tm 1.9,10; 6.4,5; 2Tm 3.2-5; Tt
3.3,9,10). Essa lista, embora extensa, não é exaustiva, uma vez que Paulo
conclui dizendo: “[…] e coisas semelhantes a estas” (Gl 5.21).
III. A VIDA
CONTROLADA PELO ESPÍRITO
O Fruto do
Espírito desenvolve no crente um caráter semelhante ao de Cristo, que reflete a
imagem de sua pessoa e a natureza santa de Deus. O Fruto do Espírito são os
hábitos e princípios misericordiosos que o Espírito Santo produz em cada
cristão. Esses hábitos e princípios são o resultado de uma vida de comunhão com
Deus. Depois de liberto do pecado, o crente precisa desenvolver o Fruto do
Espírito (Rm 6.22). O ensino de Jesus a respeito da videira verdadeira mostra
que não pode haver um indivíduo que seja salvo e não produza o fruto do
Espírito Santo. Notemos o que acontece com uma vida controlada pelo Espírito
Santo:
1. Uma vida
frutífera.
Quando o crente
não se submete ao Espírito Santo, cede aos desejos da natureza pecaminosa. Mas,
ao permitir que Ele controle sua vida, torna-se um solo fértil, onde o fruto é produzido.
Mediante o Espírito, conseguimos vencer os desejos da carne e viver uma vida
frutífera. Para mostrar o quanto é acentuado o contraste entre as obras da
carne e o fruto do Espírito, o escritor aos Gálatas alistou-os no mesmo
capítulo (Gl 5). Desde que o Espírito Santo dirija e influencie o crente, o
fruto se manifestará naturalmente nele (Rm 8.5-10). Da mesma maneira acontece
ao ímpio, cuja natureza pecaminosa é quem o governa e a Palavra de Deus é
absoluta ao declarar que: “os que cometem tais coisas não herdarão o
Reino de Deus” (Gl 5.21b). Estas obras da carne são características dos
que vivem em pecado (Rm 7.20).
2. Uma vida de
maturidade e equilíbrio.
A Palavra de Deus
afirma que o crente é recompensado ao dar toda a liberdade ao Espírito Santo
para produzir, em seu interior, as qualidades de Cristo. O capítulo 1 de 2
Pedro trata da necessidade de o crente desenvolver as dimensões espirituais da
vida cristã. Com este crescimento, vem a maturidade e a estabilidade
fundamentais para uma vida vitoriosa sobre a natureza velha e pecaminosa do
homem (2Pe 1.10b.11).
3. Uma vida com os
dons espirituais junto ao o Fruto do Espírito. Os dons
espirituais e o Fruto do Espírito devem caminhar juntos para que a Igreja seja
plenamente edificada e o nome do Senhor, glorificado (Ef 2.10). Uma árvore é
identificada e conhecida mediante os seus frutos (Lc 6.44). Portanto, só
viremos a aferir a espiritualidade de um crente através de suas obras
realizadas mediante o Fruto do Espírito e não apenas por seus dons espirituais
(1Tm 5.25). Os dons estão relacionados ao que fazemos para Deus, enquanto o
fruto está relacionado ao que Deus, através do Espírito Santo, realiza em nós,
moldando-nos o caráter de acordo com a entrega do nosso inteiro ser a Ele, e de
conformidade com as demandas de sua Palavra (Mt 5.16).
IV. O FRUTO DO ESPÍRITO E O
TESTEMUNHO CRISTÃO
O fruto do
Espírito aparece quando deixamos Jesus Cristo agir em nossas vidas (Gl 2.20; At
17.28). Através do Fruto do Espírito Santo o caráter de Cristo é novamente
formado no homem. O pecado afetou consideravelmente imagem de Deus em nós
levando-nos a produzir as obras da carne. (Ef 2.2,3; Gl 5.19-21). Entretanto
através do novo nascimento, Cristo é novamente formado em nós e assim somos
transformados constantemente de glória em glória, crescendo na graça e no
conhecimento de Jesus Cristo. (2Co 3.17,18).
1. O fruto é o
resultado da presença do Espírito Santo na vida do Cristão.
A Bíblia deixa bem
claro que todos recebem o Espírito Santo quando acreditam em Jesus Cristo (Rm
8.9; 1Co 12.13; Ef 1.13-14). Um dos propósitos principais do Espírito Santo ao
entrar na vida de um Cristão é transformar aquela vida. É a tarefa do
Espírito Santo conformar-nos à imagem de Cristo, fazendo-nos mais e mais como
Ele.
2. A pessoa é
identificada pelo seu fruto.
Em Mateus 7.15-23,
deparamo-nos com declarações notáveis, proferidas pelo Mestre, acerca da
importância do caráter. Assim como nós, os falsos profetas são reconhecidos
pelo tipo de fruto que produzem (Mt 7.16-19). Jesus acrescentou que algumas
pessoas fariam muitas maravilhas, expulsariam demônios em seu nome, porém, Ele
jamais as conheceria (Mt 7.22,23). Como é possível? A resposta é encontrada em
2 Tessalonicenses 2.9. Este trecho bíblico comprova ser possível Satanás imitar
milagres e dons do Espírito. Contudo, o fruto do Espírito é a marca
daqueles que possuem comunhão com o Senhor (Mt 7.17,18; 1Jo 4.8), e
jamais poderá ser imitado.CONCLUSÃO
Se entregarmos
todo o controle de nossa vida ao Espírito Santo, Ele, infalivelmente, vai
produzir o seu fruto em nós através de uma ação contínua e abundante. Como
cristão, tudo que concerne ao caráter santificado, ou seja, a nossa semelhança
com Cristo, é obra do Santo Espírito “até que Cristo seja formado em vós”
(Gl 4.19).
REFERÊNCIAS
Ø ANDRADE,
Claudionor de. Dicionário Teológico.
CPAD.
Ø ARRINGTON,
F. L.; STRONSTAD, R. Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Ø BRUNELLI,
Walter, Teologia para Pentecostais
Vol. 2. CENTRAL GOSPEL.
Ø KELLER,
Timothy. Gálatas para você.
VIDA NOVA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Ø STOTT,
John. A Mensagem de Gálatas.
ABU.
Ø VINE,
W.E et al. Dicionário Vine.
CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
Atenção! Sugerimos ainda para esta lição o subsídio da Lição 01 do 1º Tri/2017. Será mais um auxílio para sua ministração e edificação. Click no link as obras da carne e o fruto do Espírito.
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