1Co 12.12-27
INTRODUÇÃO
Nesta lição
aprenderemos sobre as características inerentes da Igreja de Cristo à luz das
Escrituras, tanto na dimensão espiritual como social; destacaremos também o
aspecto presente como futuro da Igreja do Senhor; e, por fim, veremos algumas
correções a serem feitas de falsas concepções sobre a natureza da Igreja.
I. DEFINIÇÃO DA
PALAVRA NATUREZA
1. Definição.
De acordo com
Houaiss (2001, p. 1998), o termo natureza entre outros significados, refere-se
a: “combinação específica das qualidades originais, constitucionais ou
nativas de um indivíduo; caráter inato; aquilo com compõe a substância do ser;
essência”.
II. A IGREJA
INVISÍVEL E VISÍVEL
A Igreja é um
organismo vivo invencível (Mt 16.18), santo, dinâmico e ligado à cabeça que é
Cristo (Ef 1.22, 23). A igreja, portanto, vive em duas dimensões: espiritual
e social. Vejamos a diferença entre elas:
1 Igreja invisível.
A igreja universal
ou invisível consiste em todos os discípulos de Cristo, quer estejam vivos ou
mortos em todo o mundo e em todos os tempos. Algumas vezes a Bíblia usa a
palavra “igreja” no sentido universal
para falar de todo o povo que pertence a Cristo, não importa de onde ele possa
ser. A Igreja invisível não é um edifício construído com blocos e cimento, mas,
um edifício construído com pedras vivas (1Pe 2.5). Estas “pedras vivas” são chamadas os santos e membros da família de Deus
(Ef 2.19-22).
2. Igreja visível.
A igreja local ou
visível consiste em cristãos que se reúnem num determinado lugar. Eles podem
ser identificados e contados (At 2.41; 4.4; 8.1; 9.31; Rm 16.1,14,15; 1Co
16.19; Cl 4.15). Frequentemente, a palavra igreja é usada para descrever uma
congregação local ou assembleia de santos em um determinado lugar geográfico: “[…]
à igreja de Deus que está em Corinto […]” (1Co 1.2; Rm 16.5).
A) A Bíblia ensina
a necessidade de uma igreja local organizada.
As Escrituras
apresentam o modelo bíblico para os cultos: “Por que isto? Deus não é
Deus de confusão, mas de paz, na igreja dos santos” (1Co 14.33). A
Bíblia nos ensina que: “Não abandonando a nossa congregação, como é
costume de alguns […]” (Hb 10.25). A igreja de Cristo é composta por
crentes de todas as eras e tempos que se reúnem com cultos, liturgias,
ministérios, lideranças, coletas, contribuições e etc (At 2.46,47; 1Co 14.6;
6:1-6; 13.1-2; Ef 4.11-12; Hb 13.17; 1Co 16.1; Rm 15.26; 2Co 9.1-13; Hb 7.8; Lc
11.42). A Igreja é o Corpo de Cristo (Cl 1.24; Ef 1.22-23; 4.12). Assim
como o corpo não pode sobreviver separado da cabeça, não podemos viver sem
nosso cabeça, Jesus Cristo (Ef 5.23; Cl 1.18).
B) A Bíblia ensina
que o Senhor colocou homens para administrar a sua Igreja.
Desde o AT o
Senhor instituiu homens para liderar (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15). A
hierarquia ministerial não existe com a pretensão de um ser melhor que o outro,
mas para o Altíssimo manter a ordem: “Lembrai-vos dos vossos pastores,
que vos falaram a palavra de Deus […]” (Hb 13.7). Paulo falou: “E
rogamo-vos, irmãos, que reconheceis os que trabalham entre vós e que presidem
sobre vós no Senhor, e vos admoestam” (1Ts 5.12). Ainda podemos ver: “Os
presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra,
principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina” (1Tm 5.17). O
próprio Jesus constitui homens para a liderança do ministério: “E Ele
mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores […]” (Ef 4.11-13 ver At
20.24,28, Jo 21.17). Paulo ainda disse: “Ora, vós sois o corpo de Cristo,
e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja […]” (1Co
12.27,28). Segundo o modelo do NT os pastores representam os fiéis e hão de dar
conta do rebanho: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles […]”
(Hb 13.17). Seguir ao Senhor Jesus presume-se em pertencer ao seu
rebanho e conquanto tenhamos pastores (Ef 4.11; Hb 13.7; Jr 3.15).
III. A IGREJA
MILITANTE E A TRIUNFANTE
A Igreja é a
assembleia dos santos fundada por Cristo e que, por isso, reúne todos os seus
seguidores. Então todos os membros que o professam atualmente na terra ou o
professaram e já se encontram salvos (no céu) fazem parte desta Igreja que é
militante e triunfante. Façamos algumas considerações sobre elas:
1. A Igreja
militante ou atuante.
A Igreja militante
(da terra) designa os membros que vivem hoje sobre a terra, membros estes que
lutam incansavelmente contra os poderes do diabo, do mundo e da própria carne: “Combati
o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (2Tm 4.7 ver ainda 2Co
10.2-5; Gl 5.17; 1Ts 2.2; 1Pd 2.11). Ela está militando em uma guerra constante
(2Tm 2.3-12; Ef 6.11,12; Fp 1.27, 30; Hb 10.32; 12.4). O apóstolo Paulo nos diz
que: “Ninguém que milita (luta) se embaraça com negócios desta vida, a
fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém milita, não é
coroado se não militar legitimamente” (2Tm 2.4,5). Na presente
dispensação, a igreja militante é convocada para uma guerra (2Co 10.3), e de
fato nela está empenhada (Ap 22.7). Na Igreja militante existe uma luta diária (Ap
2.7); “Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo” (Mt
24.13; Mc 13.13). O apóstolo Paulo disse: “Milita a boa milícia da fé, toma
posse da vida eterna, […]” (1Tm 6.12). Militar a boa milícia significa
combater o bom combate. É suportar as aflições e sem ceder as tentações (1Tm
1.18-20, 4.8; Hb 10.32).
2. A Igreja
triunfante.
Ela é composta
pelos salvos que “dormiram no Senhor” (1Ts 4.13,14). Ela já está
com o Senhor, onde os brados de guerra se transformaram em cânticos triunfais.
A luta é finda, a batalha está ganha, e os santos reinam com Cristo para todo o
sempre (2Tm 4.8). Assim sendo, a Igreja triunfante (no céu) designa aqueles
membros já falecidos que se encontram salvos, e que têm a alegria indescritível
de estar no gozo celeste: “E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado
pelos anjos para o seio de Abraão [...]” (Lc 16.22 ver ainda Hb 1.14).
A Igreja triunfante é vitoriosa e estará para sempre com Jesus, onde não haverá
mais labor, militância e nem regimento algum: “E Deus limpará de seus
olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor
[...]” (Ap 21.4).
IV. ERRÔNEAS
CONCEPÇÕES A RESPEITO DA NATUREZA DA IGREJA
1. A Igreja não é
os desigrejados.
Na
contemporaneidade tem surgido um movimento heterodoxo chamado de “desigrejados” que podemos definir este
grupo como os “sem igreja”. Por
motivos diversos, eles não são filiados a qualquer instituição convencional de
culto religioso cristão e são contrários a qualquer tipo de liderança. Defendem
que a fé cristã pode ser exercida fora da comunhão da Igreja com o seguinte
lema: “Jesus, sim; Igreja, não” usando os seguintes textos (Mt 18.20; Ap 18.4).
Posicionam-se contra as igrejas convencionais e suas lideranças. No entanto, o
modelo bíblico mostra que: a) a Bíblia ensina que a primeira igreja
local foi iniciada pelos apóstolos (At 15.22,23); b) existe a necessidade
de uma igreja local organizada (1Co 14.33; Hb 10.25); e, c) o Senhor
colocou homens para administrar a sua Igreja (Êx 18.25,26; Ne 8.4-6; Jr 3.15;
Hb 13.7; 1Ts 5.12; 1Tm 5.17; Ef 4.11-13 ver At 20.24,28, Jo 21.17; 1Co
12.27,28).
2. A Igreja não é
o Reino de Deus.
Segundo Andrade
(2006, p. 318), o Reino de Deus é: “o cômputo de todas as bênçãos,
promessas e alianças que o Todo Poderoso, de conformidade com os seus
conselhos, destinou aos que recebem a Cristo Jesus. É o plano de Deus em ação,
operando em favor dos que hão de herdar a vida eterna”. Portanto, a
igreja, não é o Reino de Deus em sua plenitude, porém a sua expressão entre os
homens. Como bem afirmou um respeitado erudito, “a Igreja não é senão o
resultado da vinda do Reino de Deus ao mundo por intermédio da missão de Jesus Cristo”.
Como igreja, ela não proclama a si mesma, e sim o Reino de Deus (At 14.22; 1Ts
2.12; Cl 1.13,14).
3. A Igreja não é
Israel.
Alguns teóricos
advogam à luz de Gálatas 6.16 que a Igreja substituiu Israel no plano de Deus o
que chamam de “teologia da substituição”. Segundo eles “Deus
transferiu para a Igreja todas as promessas de sua aliança com Israel, de modo
que todas as promessas ainda não cumpridas serão concretizadas na Igreja”
(LAHAYE, 2010, p. 372). No entanto, é preciso destacar que a Bíblia nunca
afirmou tal coisa. Observa-se assim, que existem promessas de Deus exclusivamente
para com a nação de Israel. Notemos: a) aliança abraâmica: Diz
respeito da terra e a descendência (Is 10.21,22; Jr 30.22; 32.38; Ez
34.24,30,31; Mq 7.19,20; Zc 13.9; Ml 3.16-18); b) aliança davídica: Fala
a respeito do rei, do trono e da casa real (Is 11.1,2; 55.3,11; Jr 23.5-8;
33.20-26; Ez 34.23-25; 37.23,24; Os 3.5; Mq 4.7,8); e, c) aliança palestina:
Trata-se da ocupação da terra prometida (Is 11.11,12; 65.9; Ez 16.60-63;
36.28,29; 39.28; Os 1.10-2.1; Mq 2.12; Zc 10.6).
CONCLUSÃO
Concluímos que a
Igreja é o ajuntamento dos santos de todos os tempos e lugares, aqueles que professaram
sua fé em Cristo, ela é tanto local (visível) como também universal
(invisível). Por fim, vimos que a Igreja como povo de Deus não se encaixa em
alguns modelos contemporâneos e heréticos, pois como povo eleito deve viver em
comunidade desfrutando da comunhão como os santos como ensina a Bíblia
submetendo-se a liderança constituída por Deus.
REFERÊNCIAS
Ø BERGSTÉN,
E. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø BARBOSA,
José Roberto Alves. O Cremos da
Assembleia de Deus. EDITORA REFLEXÃO.
Ø SILVA,
Esequias Soares da (Org.). Declaração
de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
Ø COSTA,
Paulo R. F. da. Manual de Doutrina das
Assembleias de Deus no Brasil. CPAD.
Ø GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática vol. 2.
CPAD.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.
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