At 13.1-4
INTRODUÇÃO
Vimos em lições
anteriores que o Senhor Jesus entregou à Sua Igreja, a missão de proclamar as
boas novas de salvação (Mc 16.15), discipular os novos convertidos (Mt 28.19),
ensinar a Palavra de Deus (Mt 28.20), realizar missões transculturais (At 1.8),
além de outras. No entanto, seria impossível a Igreja cumprir a sua missão aqui
na terra, sem o poder do Espírito Santo. Por isso, Jesus disse aos discípulos,
antes de sua ascensão: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu pai;
ficai, porém, na cidade de Jerusalém até que do alto sejais revestidos de
poder” (Lc 24.49). Veremos nesta lição a necessidade do batismo com o Espírito
Santo; a atuação do Espírito Santo na igreja Primitiva; e, finalmente, a ação
do Espírito Santo na Obra Missionária.
I.
A NECESSIDADE DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO
À luz das Sagradas
Escrituras, podemos afirmar que o batismo no Espírito Santo é imprescindível
para que a Igreja cumpra a sua missão na Terra.
1. O que é o
Batismo no Espírito Santo.
“É um revestimento
e derramamento de poder do Alto, com a evidência física inicial de línguas
estranhas, conforme o Espírito Santo concede, pela instrumentalidade do Senhor
Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e
eficiência no serviço para Deus” (Lc 24.49; At 1.8; 10.46; 1Co 14.15,26)
(GILBERTO, 2008, p. 191). “Jesus comunicou aos seus discípulos, antes da sua
morte, que receberiam o poder pelo batismo no Espírito Santo, que o Pai havia
de enviar (Jo 14.16,17,26; 15.26; 16.7,13). Por isso é uma bênção chamada de
‘promessa do pai’ (At 1.4,5; Lc 24.49). Essa bênção prometida distingue-se da
experiência da salvação. Devemos observar que Jesus ordenou aos seus discípulos
que buscassem o revestimento de poder (Lc 24.49), mas eles já eram crentes”
(BERGSTÉN, 2006, pp. 96,97). Por isso, não podemos confundir o batismo no
Espírito Santo com a conversão ou novo nascimento, pois, aqueles que foram
revestidos de poder, já eram salvos (At 2.1-4; 8.14,17; 9.17; 19.1-6).
2. O propósito do
Batismo no Espírito Santo.
A finalidade
principal do batismo no Espírito Santo é o “revestimento de poder” (Lc
24.49) para tornar o cristão numa fiel testemunha de Cristo (At 1.8).
Percebemos claramente a importância desse revestimento na experiência do
apóstolo Pedro. Antes do Pentecostes, na ocasião do julgamento de Jesus perante
o sinédrio, temendo a morte, Pedro afirmou que não conhecia a Jesus, negou que
era Seu discípulo, chegando inclusive a jurar e a praguejar (Mt 26.69-75; Mc
14.66-72; Lc 22.54-62; Jo 18.12-27). Mas, depois do Pentecostes, quando foi
proibido pelos líderes religiosos de Israel de falar de Jesus, diante do
sinédrio, ele disse: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos
antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos
visto e ouvido” (At 4.19,20). Em outra ocasião, ele afirmou: “Mais
importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Após a experiência
pentecostal, Pedro nunca mais foi o mesmo!
3. A
contemporaneidade do Batismo no Espírito Santo.
O Batismo com o
Espírito Santo não foi uma experiência exclusiva dos dias dos apóstolos. É uma
bênção divina para todos aqueles que realmente experimentam o novo nascimento
(Jo 3.5), e por isso, é uma doutrina bíblica que deve ser ensinada para toda a
igreja (Mt 3.11; Mc 1.8; 16.17; Lc 3.16; Jo 1.33; At 1.5, 8; 2.4; 10.44-47;
11.15-16; 19.4-6; 1Co 12.10, 28-30; 13.1). Embora que alguns grupos evangélicos
denominados de “cessacionistas” tentem negar o Batismo no Espírito Santo
através da evidência inicial do falar em outras línguas, bem como sua
atualidade para os dias atuais, podemos afirmar com bases bíblicas, históricas
e, através da experiência pessoal que esta promessa é para todos os salvos, de
todas as épocas, e não apenas para os cristãos primitivos (At 2.39).
II.
A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA PRIMITIVA
Desde o Dia de Pentecoste que o
Espírito Santo atua “na” e “através” da Igreja. Vejamos alguns exemplos.
1. Na pregação do
Evangelho.
O Espírito Santo capacitou os
discípulos a pregar o Evangelho. Vejamos:
- No dia de Pentecostes, Pedro cheio do Espírito Santo pregou o evangelho, e, naquele dia, quase três mil almas se renderam a Cristo e foram batizadas (At 2.14-41). Após a cura do coxo à porta do templo (At 3.1-8) o número de discípulos chegou a quase cinco mil (At 4.4) e Lucas diz que a multidão dos que criam, crescia cada vez mais (At 5.14).
- Em Atos 4.1-23 Pedro e João foram levados à presença do Sinédrio para explicar com que poder eles haviam curado o paralítico (At 4.7). Depois que foram julgados, Pedro e João contaram aos demais apóstolos o que lhes tinha acontecido diante do sinédrio (At 4.23) e juntos oraram, pedindo ao Senhor que olhasse para as ameaças da liderança religiosa de Israel, e que lhes concedesse ousadia para que eles pudessem pregar a Palavra e operar prodígios e maravilhas (At 4.29,30). “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus” (At 4.31).
- A Igreja primitiva, todos os dias, no Templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de pregar a Palavra de Deus (At 5.42; 13.5; 14.7; 16.32).
- No capítulo 6 de Atos, o médico Lucas registra que foram escolhidos sete varões cheios do Espírito Santo para servirem como diáconos (At 6.3). Um deles foi Estêvão, que, quando pregava, os judeus incrédulos “não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At 6.10).
- Filipe era também um dos sete varões cheios do Espírito Santo (At 6.5). Em Atos 8.29 Lucas afirma que o Espírito Santo guiou Filipe para pregar ao Eunuco, que vinha lendo as Escrituras em sua carruagem, mas, sem entender. E, após a pregação e o consequente batismo do eunuco, o Espírito Santo arrebatou a Filipe, que se achou em Azoto, e, por onde passava, ele anunciava o evangelho (At 8.39,40).
2. Na operação de
milagres e maravilhas.
Os apóstolos, pelo
Espírito Santo, não apenas pregaram com ousadia a Palavra de Deus, mas, também,
realizaram sinais e prodígios, como veremos a seguir:
- O médico Lucas diz: “E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos” (At 5.12).
- Estêvão, um dos sete diáconos, cheio de fé e de poder “...fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8).
- Em Samaria, além da pregação do evangelho (At 8.5) havia sinais, prodígios e maravilhas: “E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia, pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados” (At 8.6,7) de forma que havia grande alegria naquela cidade (At 8.8).
- O apóstolo Pedro foi usado por Deus para operar sinais e maravilhas: Na autoridade do Nome de Jesus ele curou o paralítico à porta do Templo (At 3.1-8); curou um paralítico por nome Eneias (At 9.32-35); ressuscitou Dorcas (At 9.36-42). Lucas diz, ainda: “de sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados” (At 5.15,16).
- O apóstolo Paulo também foi poderosamente usado por Deus par operar milagres e maravilhas. Na autoridade do Nome de Jesus, ele libertou uma jovem que era possessa de um espírito maligno (At 16.16-18); curou um paralítico em Listra (At 14.8-10); ressuscitou o jovem Êutico (At 20.9-12); curou o pai de Publio, na Ilha de Malta (At 28.8), além de outros milagres extraordinários. “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam” (At 19.11,12).
3. A atuação do
Espírito Santo na Obra Missionária.
A obra de missões
está estritamente ligada a ação do Espírito Santo. O missionário Shóstenes
Pereira, na sua obra: Fundamentação Bíblica para a Evangelização (2022, p.116),
afirma que: “É impossível pensar na obra da evangelização sem a presença do
Espírito Santo na vida dos evangelizadores. Ele é a força motriz que impulsiona
a propagação da Boas Novas a todos os povos, em todos os tempos, em todos os
lugares e em todas as situações”. Vejamos ainda a ação do Espírito na obra
missionária:
- Na igreja de Antioquia, o Espírito Santo chamou e também enviou os primeiros missionários para uma missão transcultural “[...] apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado. E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia [...]” (At 13.2,4).
- O Espírito Santo também guiou os missionários. Quando aos judeus rejeitaram a Palavra do Senhor, Paulo voltou a sua atenção para os gentios (At 13.46-48) e tornou-se o “apóstolo dos gentios” (Rm 11.13; 1Tm 2.7; 2Tm 1.11). Em outra ocasião, o Espírito Santo impediu que Paulo, Silas e Timóteo pregassem na Ásia em Bitínia, conduzindo-os a Macedônia (At 16.6-10), onde diversos milagres ocorreram, tais como: a conversão da família de Lídia (16.13-15); a libertação de uma jovem que tinha um espírito de adivinhação (16.16-18); o terremoto que abalou o cárcere (16.25,26); e a conversão do carcereiro de Filipos, juntamente com a sua família.
- O mesmo Espírito também revelou a Paulo os sofrimentos que lhe sobreviria, no exercício da obra missionária: “E, agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, senão o que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações” (At 20.22,23; 21.4,11).
- O Espírito Santo também deu autoridade para Paulo e os demais apóstolos enfrentarem as oposições por parte de Satanás. Quando Elimas quis perverter a fé do procônsul Sérgio Paulo, o apóstolo Paulo, cheio do Espírito Santo disse-lhe: “Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora, contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. No mesmo instante, a escuridão e as trevas caíram sobre ele, e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão” (At 13.4-12).
- O Espírito Santo também guiou os apóstolos no primeiro concílio de Jerusalém, quando os missionários trouxeram aos apóstolos que estevam em Jerusalém as questões acerca do rito mosaico, que estava sendo exigido para os gentios. Nesta ocasião, o apóstolo Tiago diz: “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias” (At 15.29).
CONCLUSÃO
Assim como o poder
do Espírito foi fundamental para os cristãos primitivos, semelhantemente, o
mesmo poder pentecostal é indispensável para a Igreja nos dias atuais. Mais do
que nunca devemos buscar este poder sobrenatural, para que possamos cumprir a
Missão que Cristo nos confiou, até que Ele venha nos buscar para nos levar para
junto de Si.
REFERÊNCIAS
Ø BERGSTÉN,
Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
Ø GILBERTO,
Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. CPAD.
Ø GONÇALVES,
José. O Corpo de Cristo: Origem,
Natureza e Vocação da Igreja no Mundo. CPAD.
Ø PEREIRA,
Shóstenes. Fundamentação Bíblica para
a Evangelização. BEREIA.
Ø STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.
CPAD.
Por
Rede Brasil de Comunicação.